Formando para formar

A CUT-RJ realiza nos dias 08 e 09 de abril o Módulo I do Curso de Formação de Formadores – FF. O curso visa capacitar transformar formadores sindicais em multiplicadores e é formado por quatro módulos. O módulo II acontece nos dias 06 e 07 de maio e os módulos seguintes em junho e julho, em datas ainda a confirmar. Os conteúdos serão apresentados pelos educadores Beto Crispim (da Escola Sindical 7 de Outubro-CUT) e Helder Molina (Assessor de Formação da CUT-RJ).


 


Para participar, o candidato deve se comprometer a cursar todos os quatro módulos e ter ligação orgânica com atividades de formação sindical – ser diretor ou funcionário da área em sua entidade. Nos intervalos entre os módulos deverão ser desenvolvidas atividades de pesquisa e estudos. Ao concluir a 4ª etapa, o aluno deverá ser capaz de organizar cursos de Organização e Representação Sindical de Base.


 


São oferecidas 30 vagas para este curso e as inscrições vão até 04 de abril. O candidato deverá preencher e enviar para a Secretaria de Formação da CUT-RJ a ficha de inscrição (baixe aqui).


 


Mais informações na Secretaria de Formação da CUT-RJ (2196-6700).

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Processo de equiparação do BB com BACEN pendurado em erros técnicos

Já se passaram 23 anos desde que os empregados do BB no município do Rio de Janeiro entraram na justiça pleiteando a incorporação do Adicional de Caráter Pessoal à equiparação salarial com os empregados do BACEN conquistada em 1986. Na época, sindicatos de todo o Brasil acionaram o banco e as decisões proferidas pela Justiça Trabalhista foram das mais variadas. O processo ajuizado pelo Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro chegou ao Tribunal Superior do Trabalho, que, em 1993, deu ganho de causa aos funcionários. Em 1995 o TST proferiu uma súmula para uniformizar as sentenças dali por diante, negando a pretensão dos sindicatos à incorporação do ACP para os efeitos da equiparação. Mas, como o processo do Rio de Janeiro já estava transitado em julgado, com reconhecimento de mérito favorável aos empregados, parecia que a causa estava ganha, mas o banco nunca pagou as diferenças devidas.


 


Em 1998, o BB ajuizou ações rescisórias contra todos os processos que perdeu. No caso do processo do Rio de Janeiro, o prazo de ajuizamento de ação rescisória seria esgotado em 1995 e o TRT não acatou a ação, mas o banco recorreu ao TST, que interpretou de outra forma a questão dos prazos e reconheceu o pleito do banco. O processo foi, então, remetido ao TRT para apreciação de outros tópicos e o julgamento foi favorável ao BB, por apenas um voto de diferença.


 


O Seeb Rio, então, remeteu novamente a ação rescisória ao TST para contestar a decisão do Tribunal Regional, alegando que o processo ajuizado pelo BB tinha outras falhas. Um dos problemas era a falta da cópia integral da decisão anterior do próprio TST. Esta tecnicalidade é a esperança dos funcionários representados pelo sindicato no processo. A base da discussão é que os ministros do TST precisam dispor de toda a informação existente sobre a questão para que possam proferir uma decisão embasada.


 


No último dia 1º aconteceu em Brasília uma audiência deste processo, na SDI-II – Subseção II da Seção Especializada em Dissídios Individuais do TST. O relator, ministro Emanuel Pereira, deu parecer contrário à pretensão do sindicato, orientando seus colegas a acatarem a ação rescisória do BB. O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, que está prestes a deixar a SDI-II, antecipou seu voto, acompanhando o relator. Mas o ministro Luiz Phillipe Vieira de Mello Filho pediu vistas do processo, solicitando também as gravações em áudio e vídeo do julgamento anterior. Com o pedido, as manifestações dos demais ministros ficam suspensas. Não foi marcada uma nova data para o julgamento. A audiência do dia 1º foi acompanhada por Sérgio Farias, representante titular da Federação na CEE/BB, e por Rita Motta, diretora do Seeb Rio.


 


Além da questão jurídica


 


A batalha judicial de 23 anos tem uma justificativa econômica. Embora não haja cálculos atualizados, o banco alega que somente a ação do Rio de Janeiro implicaria numa despesa da ordem de R$ 19 bilhões. Os sindicalistas não chegaram a fazer uma projeção do valor, este montante foi citado na tribuna pelo advogado contratado pelo BB, Almir Pazzianotto, ex-ministro e ex-presidente do TST. Pazzianotto se autointitulou “advogado do povo”, já que representava os interesses de toda a sociedade brasileira contra uma ação que poderia levar o BB à falência.


 


O comportamento do banco, nestes 23 anos, tem sido o de partir para a contestação na Justiça. Em razão desta demora, o valor da ação é alto, já que, sobre o original incidem juros de 1% ao mês. Na época do ajuizamento da ação este era um índice baixo, mas hoje é alto. E ainda incide correção monetária pela TR. “Somente em 1997 o banco fez uma proposta de negociação, oferecendo-se a pagar a diferença de equiparação referente ao ano de 1989. Os valores variavam de acordo com o salário do funcionário, mas a maior parte do pessoal receberia entre R$ 100 mil e R$ 200 mil”, relata Cleyde Reis Magno, diretora de Assuntos Jurídicos do Seeb Rio. Fora esta proposta, o banco sempre insistiu na tese de que o pagamento era indevido e vem fazendo tudo para evitar pagar as diferenças.


 


A última tentativa do banco, depois de perder o mérito, foi lançar mão da ação rescisória, um instrumento legal que permite rever a decisão de um processo transitado em julgado, ou seja, que já tenha sido levado até a última instância. Este tipo de ação deve ser usado quando um princípio constitucional ou legislação específica é contrariado por uma decisão do Tribunal Superior. “Se a ação rescisória for banalizada, passa a funcionar como recurso. Este instrumento é – ou, pelo menos, deveria ser – uma exceção, somente raros casos aceitam este tipo de ação”, informa José Eymard Loguercio, advogado que representa o Seeb Rio junto ao TST.


 


Um Tribunal em transformação


 


A estratégia do BB inclui a contratação de um ex-ministro que ocupou a presidência do TST num período em que muitas decisões estavam alinhadas com a política vigente. “Naquela época, o apelo econômico das causas se sobrepunha aos aspectos trabalhistas”, destaca Sayonara Grillo, assessora jurídica da Federação, que, em sua tese de doutorado, esmiuçou a configuração e as decisões do Tribunal na época. O estudo – depois transformado no livro “Relações Coletivas de Trabalho – Configurações institucionais no Brasil contemporâneo” (Ed. LTR, 1ª edição, abril/2008) – demonstra como o órgão, com aquela configuração, era um dos mais susceptíveis a argumentos não jurídicos, considerando, nas decisões, questões subjetivas como valores pessoais, econômicos, impactos sociológicos, etc.


 


Mas o TST vem passando por mudanças profundas nos últimos anos. A composição do Tribunal mudou muito, já que houve até alteração do número de ministros. Em 1999, a Emenda Constitucional 24 reduziu o número de ministros de 27 para 17, com a extinção da representação classista, que ocupava dez assentos. Em 2004, com a Emenda Constitucional nº 45, o TST voltou a ter 27 ministros, todos nomeados segundo os mesmos critérios. Ao longo de todo este tempo, também houve aposentadorias e alguns ministros que ainda eram da época da ditadura militar foram substituídos. “Nos últimos sete anos, houve uma mudança forte na composição do Tribunal e se vê claramente as disputas político/teóricas. Alguns dos ministros se formaram no contexto da Constituição de 1988, que consolidou o regime democrático. É um Tribunal mais aberto e mais sensível ao povo, à sociedade, embora ainda seja conservador”, analisa Sayonara.


 


Para a advogada, o pedido de vistas do ministro Vieira de Mello Filho demonstra esta mudança na reconfiguração institucional. “O discurso proferido pelo ex-ministro Pazzianotto durante o último julgamento é o mesmo dos anos 90. Se esta ação rescisória tivesse sido ajuizada naquela época, período de hegemonia neoliberal, muito provavelmente já teria sido julgada, com ganho de causa para o banco, pela tendência que havia de desconsiderar aspectos jurídicos quando o valor da causa era alto. Hoje, os ministros estão até revendo jurisprudências antigas em alguns casos e estão mais sensíveis às questões processuais”, analisa Sayonara.


 


O advogado José Eymard Loguercio, que além de vir acompanhando este processo, também tem larga experiência em julgamentos do TST, destaca que esta mudança pode ser favorável aos bancários. “Nos anos 90 o Tribunal aceitou muitas ações rescisórias, principalmente em situações em que havia questões econômicas envolvidas. Nós temos chance de ganhar esse processo se o Tribunal examiná-lo com o mesmo rigor que examina casos similares. Recentemente o TST extinguiu uma rescisória do Banco Itaú exatamente por ter faltado a mesma peça que está faltando no processo instaurado pelo BB. A diferença é que naquele caso faltou o acórdão inteiro e, aqui, falta uma folha. Mas também há inúmeras outras decisões do TST dizendo que a cópia incompleta se equipara à ausência da cópia”, pondera Eymard.


 


O X do problema


 


O Sindicato dos Bancários de Campos recentemente conquistou um acordo no processo de equiparação para os bancários de sua base. O acerto foi feito no TRT-RJ durante a última Semana Nacional de Conciliação e envolveu pagamento da equiparação a 548 bancários ou seus herdeiros – já que cerca de 80 empregados faleceram ao longo destes 23 anos – num montante que chegou a R$ 62,5 milhões em valores brutos. No caso do Rio de Janeiro, em que o número de interessados passa de dez mil, os valores são muito mais altos e não é possível ignorar que este é um dos principais entraves. “Nos processos contra órgãos públicos, os ministros têm mais cautela. Mas isso não significa que desconsideram o direito”, pondera Sayonara.


 


Entre os funcionários, a demora de 23 anos provoca uma imensa angústia. “Há colegas que chegaram a ter o aumento reconhecido em suas carteiras de trabalho sem, no entanto, terem recebido nenhum centavo.  Passamos pela fase de cálculo pelos peritos, criando a expectativa de recebimento por milhares de colegas”, relata Rita Motta, diretora do Seeb Rio. Para o movimento sindical a questão principal, hoje, é a falta de flexibilidade do banco. “Se o caso chegou ao TST, que afirma que está fazendo um julgamento totalmente técnico, e não político, e o Banco do Brasil alega que não tem como pagar, porque não se abre um canal de negociação? É um absurdo o Conselho Diretor do banco, num governo democrático, adotar esta postura autoritária e se recusar a negociar, apostando todas as fichas no Tribunal”, pondera Sérgio Farias, diretor da Federação e membro titular da CEE/BB.

Fonte: Da Redação – FEEB RJ/ES

Manifestantes pedem saída do prefeito


FELIPE CARUSO
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS


Cerca de 300 pessoas fecharam nesta terça-feira a principal rua de Teresópolis, protestaram em frente à prefeitura e à Câmara Municipal, pedindo a saída do prefeito, Jorge Mário Sedlacek (PT).


A Força Nacional, presente na região serrana do Rio desde a tragédia das chuvas de janeiro, que matou cerca de 900 pessoas, utilizou bombas de efeito moral para tentar controlar a população.


Não houve feridos nem presos. A vidraça da entrada da Câmara Municipal foi quebrada. Até as 20h manifestantes ainda permaneciam na porta da Câmara vaiando os parlamentares e com gritos de ordem pedindo a saída do prefeito.


O movimento queria que os vereadores votassem o pedido de abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) entregue ontem para a investigação de uma série de contratações feitas sem licitação –o que é permitido quando há a decretação do estado de emergência, caso da cidade após as chuvas.


De acordo com os manifestantes, há indícios de corrupção nos contratos assinados após as enchentes.


“Uma vídeo locadora, por exemplo, com capital social registrado em R$ 80 mil e com sede num apartamento residencial se transformou numa empresa de engenharia que fechou contratos de aluguel de máquinas e caminhões por R$ 3,5 milhões”, disse um dos manifestantes, o radialista Marcos Vinicius Ramos.


Sedlacek não foi encontrado para comentar as acusações. De acordo com aliados, ele estaria fora da cidade.


O movimento juntou grupos sociais e políticos, que protestavam também contra o sistema de distribuição de cestas básicas, a falta de pagamento de aluguel social, os buracos nas ruas da cidade, e vários outros problemas.











Rafael Andrade/Folhapress
Membros da Força Nacional impedem a entrada de manifestantes na Câmara de Vereadores de Teresópolis, no Rio
Membros da Força Nacional impedem a entrada de manifestantes na Câmara de Vereadores de Teresópolis, no Rio



 


 

Fonte: Folha Online

O poder da internet: fatos x versões

Os últimos acontecimentos políticos no norte da África constituem ocasião singular para observação do papel da mídia no mundo contemporâneo. Da nova e da velha mídia.

Embora seja mais fácil e simpático estabelecer, sem mais, uma relação de causalidade direta entre as novas TICs e a derrubada, por exemplo, do velho ditador egípcio, talvez seja prudente não precipitar conclusões.

A palavra do especialista

Quando esteve no Brasil, a convite do Centro Ruth Cardoso, aquele que muitos consideram a maior autoridade mundial da chamada “sociedade-rede”, Manuel Castells, em entrevista à Folha de São Paulo conduzida dentro do controvertido enquadramento de “decepção com o papel da internet no processo eleitoral brasileiro”, declarou às vésperas do primeiro turno das eleições de 2010:

“O Brasil segue uma dinâmica assistencialista em que da política se esperam subsídios e favores, mais do que políticas. A situação econômica do país melhorou consideravelmente. (…) A renovação do sistema político exige que as pessoas queiram uma mudança, e isso normalmente ocorre quando existem crises. A internet serve para amplificar e articular os movimentos autônomos da sociedade. Ora, se essa sociedade não quer mudar, a internet servirá para que não mude” [grifo meu; cf. http://www1.folha.uol.com.br/poder/801906-se-um-pais-nao-quer-mudar-nao-e-a-internet-que-ira-muda-lo-diz-sociologo-espanhol.shtml].

Recentemente, diante das manifestações populares na Tunísia e no Egypto, perguntado se estava surpreso pela mobilização social, Castells respondeu:

“Na verdade não. No meu livro ‘Comunicação e Poder’, dediquei muitas paginas para explicar, a partir de uma base empírica, como a transformação das tecnologias de comunicação cria novas possibilidades para a auto-organização e a auto-mobilização da sociedade, superando as barreiras da censura e repressão impostas pelo Estado. Claro que não depende apenas da tecnologia. A internet é uma condição necessária, mas não suficiente. As raízes da rebelião estão na exploração, opressão e humilhação. Entretanto, a possibilidade de rebelar-se sem ser esmagado de imediato dependeu da densidade e rapidez da mobilização e isto relaciona se com a capacidade criada pelas tecnologias do que chamei de “auto-comunicação de massas” [grifo meu; cf. http://www.outraspalavras.net/2011/03/01/castells-sobre-internet-e-insurreicao-e-so-o-comeco/ ].

Embora se referindo a situações radicalmente distintas, Castells indica que as TICs – redes sociais, celulares e outros – não causam os movimentos sociais mas funcionam como “condição necessária” para a ampliação e articulação deles. E, por óbvio, é necessário que as TICs estejam suficientemente (?) difundidas na sociedade em questão, seja ela o Brasil ou a Tunísia.

A velha mídia
Por outro lado, comentando depoimento da Secretaria de Estado Hillary Clinton no Comitê de Política Externa do Senado dos Estados Unidos, no dia 2 de março, no qual ela afirmou que os EUA estavam perdendo a “guerra da informação” (sic) para a rede Al Jazeera, o jornalista político escocês-estadunidense Alexander Cockburn, um dos editores do jornal CounterPunch, lembrou:

“(…) há uma florescente pequena indústria da internet que afirma que a derrubada de Mubarak ocorreu por cortesia do comando Twitter-Facebook dos EUA. O New York Times publicou numerosos artigos sobre o papel do Twitter e do Facebook enquanto ignora ou vilipendia ao mesmo tempo Julian Assange e Wikileaks. Por certo, em qualquer discussão sobre o papel da internet na convocação dos levantes no Oriente Médio, deveria se dar o maior crédito ao Wikileaks. Mas Wikileaks, junto com Twitter e Facebook, tornam-se quase insignificantes em comparação com o papel exercido pela Al Jazeera. Milhões de árabes não podem tuitar e não estão familiarizados com o Facebook. Mas a maioria vê televisão, o que significa que todos assistem à Al Jazeera, a qual detonou o “artefato explosivo improvisado” que estourou sob a Autoridade Palestina, a saber, o conjunto de documentos conhecidos como Palestine Papers” [cf. http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17511 ].

Para Hillary e para Cockburn a “guerra da informação” continua sendo travada e disputada, de fato, no território da velha televisão.

Ainda Gramsci
Todas essas considerações são apenas para repetir a cautela que tenho reiterado em relação às interpretações que atribuem, sem mais, poderes mágicos e revolucionários às novas TICs.

Nos “Cadernos de Cárcere” quando Antonio Gramsci (1891-1937) comenta sobre a “crise de autoridade” (Selections of the Prison Notebooks; International Publishers, New York, 1971; págs. 275-276), embora, por óbvio, as circunstâncias fossem outras e seja necessária uma pequena adaptação no texto, penso que se aplica ao nosso momento histórico a idéia de que “o velho está morrendo e o novo apenas acaba de nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece” (a frase original correta é: “A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparece”).

Um pouco de cautela talvez não nos leve a conclusões precipitadas sobre o real poder das novas TICs. E, mais importante, evite erros graves na avaliação e na formulação de políticas públicas para as comunicações.



Venício A. de Lima é professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado) e autor, dentre outros, de Liberdade de Expressão vs. Liberdade de Imprensa – Direito à Comunicação e Democracia, Publisher, 2010.


Fonte: Carta Maior

A arquitetura é política

Por Suzana Velasco




Richard Rogers já pensava em sustentabilidade quando poucos tinham noção do que essa palavra significava. Mas para o prestigiado arquiteto britânico, de 77 anos, arquitetura sustentável não diz respeito apenas a economia de energia, mas a um modelo de cidade onde haja interação social e qualidade de vida. Vencedor do Prêmio Pritzker em 2007, Sir Rogers se tornou célebre 30 anos antes, quando o Centro Georges Pompidou foi inaugurado, em Paris. Feito em parceira com o italiano Renzo Piano, o projeto ousava revelar as estruturas internas do edifício, como as escadas e os condutores de água e ventilação, no que ficou conhecido como arquitetura hightech. No Rio, onde na sexta-feira deu uma conferência no Centro Cultural Correios — parte da programação da exposição “A cidade somos nós”, organizada pelo Institute for Transportation & Development Policy, com apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) —, ele conversou com O GLOBO sobre os desafios das grandes cidades, a tecnologia na arquitetura e alguns dos projetos atuais de seu escritório, Rogers Stirk Harbour + Partners.

O GLOBO: A sustentabilidade é uma das questões centrais em sua arquitetura. Como adequar grandes cidades, como o Rio, a essa preocupação?
RICHARD ROGERS: Existe um modelo para uma cidade sustentável, que é uma cidade compacta,
que não ultrapasse certas fronteiras, e onde as pessoas possam andar a pé, de bicicleta, de transporte público. Não de carro. Nova York, que costumava ser “a” cidade do carro, está mudando. Se ela pode mudar, o Rio também pode. Los Angeles tem provavelmente mais avenidas do que qualquer outra cidade e, consequentemente, mais congestionamentos do que qualquer outra cidade. Claro que o carro é útil, mas não é a resposta. Na cidade, trabalho e prazer têm que viver juntos, e também pobres e ricos. Aqui faltam as duas coisas. Deveria haver uma lei proibindo condomínios fechados, onde o espaço publico é usado privadamente. As sociedades precisam ser misturadas. O bom design também é muito importante, porque existe uma ligação direta entre a qualidade de vida social e a qualidade física.

Ao receber o Prêmio Pritzker, o senhor disse que as “cidades não acontecem, elas são feitas”. Como equilibrar o planejamento de uma cidade com a espontaneidade dos encontros que ela deve ter?
Os espaços públicos devem ser planejados, mas não no sentido de criar algo completamente novo. Estou mais interessado na regeneração, em reequipar os subúrbios, por exemplo, com uma praça central, estações de ônibus, hospitais, mas de forma a inserilo no que já existe. As favelas têm que ter escolas, centros de saúde. Se eles estarão num prédio novo ou não, não importa.

É isso que o senhor pensou para Paris?
O presidente Sarkozy pediu que dez grupos dessem sugestões para Paris, mas não numa competição, e sim como uma consulta política. E a arquitetura é política. Londres é formada por vilas que de certo modo buscam um centro. Paris, como a maior parte das cidades, começa do centro e vai se expandindo em volta, ficando mais e mais pobre. O que chamamos de Paris tem apenas dois milhões de pessoas. Os pobres, que vivem ao redor, são sete, oito milhões. Uma questão crítica para os subúrbios é como criar áreas com estações de ônibus, hospitais, escolas, construídos em lugares onde as pessoas possam se
encontrar e tomar um café. O mesmo deveria ser feito aqui, readequar o que já existe, em vez de expandir o que já existe. O Brasil tem muita terra, as cidades começam a se espalhar em todo lugar, mas elas deveriam ser contidas.

E o que poderia ser feito para as Olimpíadas no Rio?
Uma das razões pelas quais Londres ganhou a disputa para ser sede das próximas Olimpíadas é que tínhamos um plano estratégico muito bom. A estrutura olímpica foi levada às áreas mais pobres de Londres, algumas delas entre as mais pobres da Inglaterra e da Europa Ocidental. Foi um catalisador para enriquecer e mudar essas áreas. A parte mais importante das Olimpíadas não são as Olimpíadas. Claro
que elas têm que funcionar, mas são bilhões para 17 dias. O desafio é fazer uso dos Jogos para mudar a qualidade de vida na cidade. Barcelona foi a primeira que fez isso. Los Angeles foi um caos. Houve protestos nas ruas, porque nenhum dinheiro foi para as áreas pobres. É crucial que isso seja feito aqui. Não precisa ser apenas um plano estratégico, mas a criação de uma série de espaços públicos. As Olimpíadas têm que ser uma oportunidade para mudar a vida das pessoas nas favelas. É um dever. O problema mais sério na sociedade hoje é a desigualdade entre pobres e ricos.

Seu escritório está desenvolvendo um grande projeto para Sydney, na Austrália. O senhor poderia explicar como será essa nova ocupação urbana?
É um bairro de uso misto junto ao centro da cidade, de um milhão de metros quadrados, com residências, escritórios, espaços para cultura. De frente para a linda baía. Como no Rio, ali era a área portuária, com contêineres. Mas você não precisa colocá-los no meio da cidade, pode mover o porto. Barcelona tem a mesma história. A cidade não chegava ao mar porque eram quilômetros de área vazia. Os prefeitos viram que era preciso conectar a cidade com o mar e construíram uma faixa, deslocando o porto um pouco para cima. O mesmo aconteceu em Londres, em que o melhor desenvolvimento é em volta do Rio Tâmisa, onde o porto costumava ficar.

O senhor quase não participou do concurso para projetar o Centro Georges Pompidou, que hoje é um edifício emblemático de Paris e um de seus projetos mais conhecidos. Por quê?
Porque venho da esquerda (risos). Não sabia se concordava com a construção de um centro cultural na primeira grande concorrência de arquitetura em Paris. Mas, por sorte, frequentemente estamos errados. A melhor coisa que fizemos no Pompidou foi construir uma piazza fantástica. É importante como se usa o espaço público. A gente desejava um lugar para todas as pessoas, de todas as idades e crenças, pobres e ricos. E você precisa ter flexibilidade, porque não sabe o que vai acontecer. A ideia era que o Pompidou fosse um arcabouço, como um robô, e que o fato de as coisas mudarem não fosse um problema. O lugar poderia abrigar outras instituições, como uma universidade.

O Centro Georges Pompidou revela toda a estrutura interna do edifício, e por isso se tornou um símbolo do que ficou conhecido como arquitetura high-tech…
É um rótulo. Eu não fico muito feliz com ele. A tecnologia sempre foi usada por arquitetos, como nas igrejas góticas com seus arcos em direção ao céu. Darmos mais importância a ela tem a ver com a linguagem da arquitetura, de passar uma imagem clara sobre a função do edifício.

Como a tecnologia tem sido usada em favor do meio ambiente na arquitetura?
Prédios que eram guiados pela geometria, que ainda é muito importante na arquitetura, hoje têm que responder ao ambiente: onde está o sol, onde está o vento, onde está o rio. Prédios que eram cubistas no começo da arquitetura moderna agora estão se tornando mais reativos, e nesse sentido, mais uma vez, como robôs.

Não há uma contradição simbólica entre a exaltação da tecnologia, que foi e ainda é uma grande fonte de danos ao meio ambiente, e a ideia de sustentabilidade?
Não acredito nisso. Não faz sentido criticar prédios construídos numa época pré-ambiental, quando não se tinha a consciência da importância da conservação de energia e do uso de energia natural: o sol, o vento, a terra. Agora sabemos, então devemos ser responsabilizados. Mas há formas de usar vidro e aço de maneira mais consciente. E talvez devêssemos usar mais madeira, já estamos usando. Nós temos um conhecimento acumulado e devemos responder a ele… O problema do estilo é que ele não responde às necessidades. O estilo é como o artista abstrato. Mas não sou um artista abstrato, sou um arquiteto que lida com problemas sociais, globais, políticos, pessoais — a sua casa, a minha casa. Eu não devo carregar ideias preconcebidas do problema. Eu tenho que resolver o problema, e nessa solução há certas coisas que gosto mais de fazer do que outras, um certo estilo.


Então o senhor é um crítico da arquitetura moderna?
(Silêncio). Não, depende de como é feito. E também não devemos julgar algo fora de sua época.

Voltando à ideia dos símbolos, a Torre 3, que seu escritório projetou em Nova York, não tem como escapar de um simbolismo: é um dos edifícios que estão sendo construídos no local onde estava o World Trade Center. O senhor pensou nisso ao fazer o projeto?
Você tem que estar numa situação em que isso é possível. Alguns dos melhores arquitetos foram convidados para os projetos na área. Mas o fato é que a torre é apenas um edifício de escritórios. Podemos fazê-lo mais ou menos elegante. Gastamos dez anos de dinheiro desperdiçado discutindo o que deveria estar lá quando poderíamos ter feito algo de melhor qualidade. Esse é o verdadeiro simbolismo. Fizemos o melhor dentro de tremendas limitações. Não estou sendo negativo, acho que os prédios terão uma excelente qualidade… Mas seria diferente se o prefeito e o governo tivessem assumido uma responsabilidade pública sobre essa situação única.

Fonte: Blog do Sergio Vitro

Quem dá mais?

 


Sérgio Cabral tentará, pela terceira vez, dia 18 de abril, leiloar os restos mortais do Banco do Estado do Rio de Janeiro. Espera arrecadar uns R$ 900 milhões.
O pacote inclui uma barra de ouro. É que o banco que comprar terá direito a operar por três anos a folha de pagamentos dos servidores do estado.

Fonte: Blog do Ancelmo – O Globo Online

Privatização da Clin já tem data para acontecer

 




por Renato Onofre


A Prefeitura de Niterói marcou para março o edital de licitação que vai delegar à iniciativa privada os serviços da Companhia de Limpeza Urbana de Niterói (Clin). No entanto, o Executivo ainda não tem data para a audiência pública que havia, segundo representantes da sociedade, se comprometido a realizar antes de iniciar o processo licitatório. Orçada em R$ 1,6 bilhão, a privatização da empresa é alvo de protesto de funcionários e entidades de classe.


Em novembro, O FLUMINENSE informou, com exclusividade, as mudanças que estavam para ocorrer na Clin. Ontem, o Fórum em Defesa da Clin Pública e dos Trabalhadores Contra a Privatização anunciou que vai visitar os distritos para mobilizar os trabalhadores.


“Chegou a hora de mobilizar as bases para protestar contra a privatização da empresa. Estão vendendo uma história para os trabalhadores que não condiz com a realidade. Eles têm que entender que o que está em jogo é o emprego deles”, afirma Vinicius Codeço, membro da coordenação do Fórum.


Apesar das garantias dadas pelo o Executivo no final do ano passado, onde o próprio prefeito Jorge Roberto Silveira (PDT) garantiu que não haveria demissões, a possibilidade da perda do emprego mobilizou os 2,5 mil funcionários concursados da Clin.


Para o vereador Renatinho (Psol), a forma como a Prefeitura conduz o processo de concessão alimenta o temor na categoria.
“Na suposta audiência pública, onde teriam que ser respondidas questões vitais, a Prefeitura se omitiu de abrir o debate. Um absurdo”, protestou o parlamentar.


A audiência, realizada no dia 3 de janeiro, é uma das maiores reclamações dos representantes do Fórum. Eles não reconhecem a reunião como oficial, alegando que nenhum questionamento foi respondido na ocasião, e afirmam que o representante da Clin confirmou que haveria outra audiência antes que o processo de licitação fosse aberto.


A possibilidade de uma nova consulta popular está registrada na ata da sessão. O representante do município, Samuel de Souza Junior, admitiu aos cerca de 200 funcionários e representantes sociais que poderia haver outra audiência, se necessário.


Procurada, a Clin não confirmou a possibilidade de realização de uma nova audiência. A empresa limitou-se a afirmar que “todos os trâmites necessários estão obedecendo rigorosamente as legislações pertinentes, inclusive tendo sido realizada Audiência Pública”. Já a Prefeitura voltou a afirmar que não haverá nenhum corte de funcionários, inclusive comissionados. E declara que a concessão visa otimizar a gestão dos serviços da Clin. 


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Comentários

Esta matéria possui 8 comentário(s)


  1. Alex M Fontes – 31/01/2011 – 21:31

    O JRS é fantástico !!! A cidade e as pessoas ainda não se recuperaram das chuvas de Maio/2010, dado que a prefeitura é de uma inércia que rivaliza a sua própria incompetência e irresponsabilidade (criminosa) e lá vem ele dar mais um prejuízo a cidade, num total descaso e falta de respeito ao cidadão-eleitor-contribuinte. Se a audiência pública ainda não foi marcada mas o Edital já tem data de lançamento marcada pressupõem-se que não importa o que o cidadão ache ou deixe de achar a CLIN será privatizada … Logo, a audiência é uma farsa, pró-forma para “inglês ver”.


  2. Visitante – 01/02/2011 – 08:59

    Os serviços de coleta de lixo da Clin pioraram muito. Aliás estão horríveis. Mas acredito que estão licitando mais serviços além da coleta de lixo, já que esse custo (R$ 1,6 bi/ano) é uma loucura de alto só para coleta de lixo!


  3. algusto – 01/02/2011 – 09:25

    ele sabe que ja esta de saida e quer afundar ainda mais a cidade!


  4. luciano – 01/02/2011 – 13:37

    O DITADOR DO EGITO ESTÁ POR UM FIO POR MUITO MENOS. POR QUE ENTÃO JORGE ROBERTO CONTINUA SENDO PREFEITO SE JÁ ESTÁ MAIS DO QUE PROVADO QUE ELE É INCOMPETENTE E IRRESPONSÁVEL PARA TAL CARGO? PREPAREM-SE PARA UM DRAMA DO LIXO SIMILAR AO DAS CIDADES ITALIANAS VITIMADAS PELA AÇÃO DE MÁFIAS BEM PARECIDAS COM AS NOSSAS. JÁ ESTOU ACHANDO QUE UMA BOMBA NUCLEAR FARIA MENOS ESTRAGOS NA CIDADE DO QUE ESSE PREFEITO E SEUS LACAIOS…


  5. andrea – 01/02/2011 – 13:42

    A cidade de Niterói está entregue as baratas! O senhor Jorge Roberto Silveira tem como objetivo destruir a cidade sorriso. Parebéns, está conseguindo!


  6. Ermes Lucas – 01/02/2011 – 14:08

    Essa criatura que impede que Niterói tenha um prefeito tentou privatizar o Campo de São Bento, a Praça Getúlio Vargas, a Praia de Icarai, uma rua de Icaraí, o acesso de Jurujuba ao Cafubá através de um túnel e agora tenta privatizar a CLIN.
    Parece que o único objetivo dele, além de impedir que Niterói tenha um prefeito, é privatizar tudo que é público por aqui.


  7. Visitante – 01/02/2011 – 14:33

    É lamentável o descontrole do dinheiro publico,e o prefeito só achar saída transferido sua concessão para o particular, no final quem paga as contas são os funcionários e os moradores de Niterói.


  8. Felipe – 08/02/2011 – 18:33

    E o pessoal que passou no concurso público no meio de 2010???pelo visto o concurso foi feito só para arrecadar dinheiro!isso é uma vergonha!!



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Fonte: O Fluminense

CUT retoma defesa do fim do imposto sindical

 



No encontro de hoje (11/03) no Palácio do Planalto entre a presidente Dilma Rousseff e as centrais sindicais, a CUT vai retomar a proposta de se acabar com o imposto sindical obrigatório, que seria substituído por uma contribuição negociada com os trabalhadores de cada sindicato.



Além da redução da jornada de trabalho, do fim do fator previdenciário e da correção da tabela do Imposto de Renda, a CUT, na contramão das outras centrais sindicais, principalmente da Força Sindical comandada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), cobrará da presidente Dilma o envio ao Congresso de projeto acabando com a cobrança compulsória do imposto sindical.


Nos últimos três anos, as principais centrais receberam mais de R$ 200 milhões do imposto. A CUT, como maior central, ficou com a maior fatia: R$ 26,7 milhões em 2009. Mas a central quer tirar poder da Força, que depende muito mais do imposto obrigatório. A CUT também não perderia muitos recursos, com o novo tipo de imposto (chamado de negocial), já que tem uma rede de sindicatos mais fortes que as centrais menores.


É em março que todo trabalhador com carteira assinada tem descontado um dia de trabalho, independentemente de ser sindicalizado ou não. Em 2008 a arrecadação foi de R$ 1,3 bilhão.


Parceira da Força Sindical em 2008, quando acabou aderindo ao pesado lobby pela aprovação da cobrança compulsória, a CUT quer agora retomar o assunto -isso depois de três anos recebendo o repasse automático do imposto. Mas está isolada.


Hoje, a CUT cobrará de Dilma o cumprimento do acordo fechado em agosto de 2008 entre governo e dirigentes sindicais, por ocasião da aprovação no Congresso do repasse automático do imposto para as centrais.


O acordo, defendido pela CUT na ocasião, previa o envio de projeto do Executivo ao Congresso para acabar com o imposto sindical e criar a contribuição da negociação coletiva, a ser aprovada em assembleia.


Fonte: Jornal O Globo

Fonte: SISEJUFE e O Globo

A má aula da London School of Economics

 




ELIO GASPARI

QUAL A DIFERENÇA entre a Maison Dior e a London School of Economics? Uma delas mostrou que é rápida e séria. Ambas são casas de grife. Uma ensina os povos a se vestir. A outra ensina as nações a gerir suas economias. Depois da Segunda Guerra, Dior mandou as mulheres vestirem saias longas, rodadas, e assim elas fizeram, da duquesa de Windsor a Evita Perón.


Com 16 prêmios Nobel no currículo, a London School of Economics era a casa de Friedrich Hayek quando ele escreveu “O Caminho da Servidão” ensinando que o planejamento central da economia levava os países à ditadura e à ruína. Infelizmente, não o ouviram logo. Passaram pela LSE John Kennedy, José Guilherme Merquior e o atual presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos. FHC ganhou um título de doutor honoris causa e Mick Jagger, matriculado, caiu fora.


Nas últimas semanas, tanto a Maison Dior como a LSE foram confrontadas com maus passos. O estilista John Galliano (uma espécie de Tiririca da alta-costura), deu-se a comentários antissemitas e, em duas semanas, foi suspenso e posto na rua. Já a LSE teve que explicar por que deu um titulo de doutorado a Saif al Islam, o filho querido de Muammar Gaddafi, e levou dois anos para comprovar que ele praticara pelo menos 17 plágios.


Em 2009, depois de ter diplomado o moço, a LSE aceitou uma promessa de US$ 2,45 milhões feita por Gaddafi e Saif deu à escola mais US$ 488 mil. Se isso fosse pouco, o professor David Held, orientador do herdeiro, fez uma viagem à Líbia às custas de um programa do papai.


O diretor da LSE, Sir Howard Davies, amealhou US$ 50 mil assessorando o fundo soberano líbio. Levou o capilé em 2007, mas se esqueceu de contar. Na sexta-feira, apanhado, pediu demissão, dizendo que “foi um erro”. Erro nada, foi cobiça colonial.


A LSE anunciou que devolveria o dinheiro líbio. Demitir gente como a Maison Dior fez com Galliano, nem pensar. Investigar os critérios que a escola usa para receber doações, muito menos. Fez-se tudo à moda dos clubes. Gaddafi sempre foi Gaddafi, a LSE é que não era exatamente o que se pensava.


Quando a poeira da Líbia assentar, talvez se comece a discutir as relações incestuosas entre universidades, centros de pesquisa e órgão de imprensa com ditadores. Príncipes sauditas espargem dinheiro em instituições americanas como se fossem tâmaras.


O Cazaquistão abarrota publicações respeitáveis com parolagens autocongratulatórias que elas classificam como “informes especiais”. Isso para não se falar nos seminários de fancaria frequentemente montados nas capitais do circuito Elizabeth Arden. Se cada seminário desses anunciar quanto custa cada sábio-palestrante, lances como o da LSE dificilmente se repetirão.


A sabedoria convencional ensina que na Jordânia e na Síria funcionam governos policiais e corruptos. Está entendido que o rei Abdula 2º e o presidente Assad são ditadores, mas suas mulheres parecem Cinderelas de um novo tempo. A rainha Rania é ambientalista e tuiteira, com MBA pela Universidade Americana do Cairo, passagens pelo Citibank e pela Apple. É amiga de Nicole Kidman e da infalível Naomi Campbell. Festejou seus 40 anos com 600 convidados globais. Eles brindaram no deserto, pisando em areias umedecidas por jorros de pipas d’água.


Na Síria reina Asma, mulher do presidente Assad. Estudou no King’s College de Londres e passou pelo fundo de derivativos do Deutsche Bank e pelo JP Morgan.


Ela se dedica a amparar o desenvolvimento rural. É o rosto cosmopolita do governo. Seu marido tem outros interesses: com tecnologia pirata paquistanesa e assistência da Coreia do Norte, montava um reator nuclear que produziria plutônio, e, com ele, umas bombinhas. Em setembro de 2007, a aviação israelense detonou-o.


Os ditadores de todo o mundo sabem que universidades ilustres e empresários endinheirados gostam de polir celebridades. O filho de Gaddafi só se tornou um quindim azedo para a London School of Economics porque ela aceitou seu dinheiro na época errada. Seus doutores precisam de uma consultoria da Maison Dior.


MEMÓRIA


O Itamaraty diz que foi surpreendido porque Muammar Gaddafi listou o Brasil entre os eternos amigos da sua Líbia. Gaddafi pode ser louco, mas devia ter motivos para achar que a diplomacia brasileira estava ao seu lado.


Noves fora ter sido chamado por Lula de “amigo, irmão e líder”, Gaddafi deve saber do que Nosso Guia estava falando quando afirmou o seguinte, em dezembro de 2003: “Quero dizer ao presidente Gaddafi que, ao longo dessa trajetória política, assumi muitos compromissos políticos. Fizemos alguns adversários e muitos amigos. Hoje, como presidente da República do Brasil, jamais esqueci os amigos que eram meus amigos quando eu ainda não era presidente da República”.


Do que Lula não esqueceu, e hoje ninguém quer lembrar, só ele e Gaddafi sabem.

O SONHO DA PRAIA


Se e quando o companheiro Obama vier ao Brasil, ele gostaria de passar alguns momentos numa praia do Rio. Tarefa aparentemente fácil, exigirá atenção do Itamaraty, pois em 2004 o presidente russo Vladimir Putin tinha o mesmo interesse e, enfurecido, perdeu o programa.


Ele foi retido por Nosso Guia no Planalto, chegou ao almoço no Itamaraty com duas horas de atraso, comeu batatas fritas frias e só desceu no Rio à noitinha.


Putin, como muitos turistas russos, queria realizar o sonho do personagem do romance satírico “As 12 Cadeiras” obcecado por uma caminhada pela praia do Rio, todo vestido de branco.
Bender foi retido pelo regime soviético. Putin, pela etiqueta retardatária de Nosso Guia.

REPRISE


Se os fuzileiros americanos desembarcarem na Líbia, estarão revivendo uma ação militar lembrada todas as vezes em que é cantado o hino dos “marines”. Sua letra começa louvando os soldados que ocuparam “dos salões de Montezuma às praias de Trípoli”.


Em 1801, o presidente Thomas Jefferson atacou a Líbia, enfrentando os piratas que infestavam o sul do Mediterrâneo. Pela primeira vez, a bandeira americana foi hasteada no estrangeiro. O trecho do hino incomoda até hoje os nacionalistas árabes e mexicanos, por conta da referência à tomada de sua capital, em 1847.

Fonte: Blogo do JAM

Bilionários brasileiros: dos 12 novos, dez são banqueiros

A lista da revista Forbes com as pessoas mais ricas do mundo inclui trinta bilionários brasileiros. Eike Batista, o multiempresário, continua na 8ª posição, com um aumento de R$ 3 bi em sua fortuna em relação ao ano anterior.


Dos doze novos brasileiros listados pela publicação, apenas dois não são ligados a empresas do ramo financeiro: o casal Edson e Dulce Godoy Bueno, da Amil. Todos os outros são banqueiros ou herdeiros de banqueiros. Só o grupo Itaú/Unibanco contribui com sete nomes para esta seleta lista.


No topo da lista ficou, pelo segundo ano seguido, o empresário mexicano Carlos Slim, que, no Brasil, detém parte da operadora de TV por assinatura Net e controla a Claro e a Embratel. O segundo lugar ficou com Bill Gates, da Microsoft. Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, pulou da 212ª para a 52ª posição na lista. O brasileiro naturalizado americano Eduardo Saverin, co-fundador da rede social, entrou na lista pela primeira vez este ano.


Confira a lista bilionários brasileiros:
































































































































































 


Nome


Patrimônio


Fonte de receita



Eike Batista


US $ 30 Bi


Mineração e petróleo


55º


Jorge Paulo Lehman


US $ 13,3 Bi


AmBev


68º


Joseph Safra


US $ 11,4 Bi


Banco Safra


158º


Marcel Herrmann Telles


US $ 6,2 Bi


AmBev


173º


Dorothea Steinbruch & família


US $ 5,8 Bi


CSN


185º


Carlos Alberto Sicupira


US $ 5,5 Bi


AmBev


193º


Antonio Ermirio de Moraes & família


US $ 5,3 Bi


Grupo Votorantim


247º


Aloysio de Andrade Faria


US $ 4,3 Bi


Banco Alfa


323º


Abilio dos Santos Diniz


US $ 3,4 Bi


Pão de Açúcar


347º


Alfredo Egydio Arruda Villela Filho


US $ 3,2 Bi


Itaú


347º


Ana Lucia de Mattos Barretto Villela


US $ 3,2 Bi


Itaú


376º


Antonio Luiz Seabra


US $ 3,0 Bi


Natura


376º


Andre Esteves


US $ 3,0 Bi


Banco Pactual/Panamericano


376º


Fernando Roberto Moreira Salles


US $ 2,6 Bi


Unibanco


440º


Joao Moreira Salles


US $ 2,6 Bi


Unibanco


440º


Pedro Moreira Salles


US $ 2,6 Bi


Unibanco


440º


Walther Moreira Salles


US $ 2,6 Bi


Unibanco


459º


Rubens Ometto Silveira Mello


US $ 2,5 Bi


Cosan/açúcar e álcool


488º


Moise Safra


US $ 2,4 Bi


setor bancário


564º


Elie Horn


US $ 2,1 Bi


Cyrela (setor imobiliário)


595º


Jayme Garfinkel & família


US $ 2,0 Bi


Porto Seguros


595º


Maria de Lourdes Egydio Villela


US $ 2,0 Bi


Itaú


595º


Edson de Godoy Bueno


US $ 2,0 Bi


Amil


651º


Dulce Pugliese de Godoy Bueno


US $ 1,9 Bi


Amil


736º


Guilherme Peirão Leal


US $ 1,7 Bi


Natura


782º


Liu Ming Chung (chinês naturalizado brasileiro)


US $ 1,6 Bi


Nine Dragons (Papel)


879º


Joao Alves de Queiroz Filho


US $ 1,4 Bi


Hypermarcas (bens de consumo)


879º


Lina Maria Aguiar


US $ 1,4 Bi


Grupo Bradesco (herdeira)


938º


Julio Bozano


US $ 1,3 Bi


Banco Bozano, Simonsen


1 057º


Lia Maria Aguiar


US $ 1,1 Bi


Grupo Bradesco (herdeira)

Fonte: Forbes


 


Com informações da Forbes 


 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES