Reforma política, uma necessidade urgente

Adriana Nalesso

Adriana Nalesso*

Nós, trabalhadores e trabalhadoras, precisamos estar atentos ao que acontece no Congresso. É lá que se decidem questões importantes e que têm reflexos em nossas vidas. No momento, temos uma grande ameaça: o Projeto de Lei 4330, que libera a terceirização para qualquer atividade. Se isso for aprovado, é quase a extinção da categoria bancária: os bancos poderiam terceirizar gerentes, caixas, analistas. Todos com salários menores e sem os direitos que conquistamos em anos e anos de lutas.

Esse projeto estava arquivado. Mas o novo presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, o colocou de novo em pauta e quer fazer a votação a qualquer custo.Por que esse interesse todo?

A campanha de Eduardo Cunha arrecadou 6,8 milhões de reais de empresas de vários ramos da conomia: mineração, bebidas, telefonia… e bancos! Bradesco, Pactual, Santander e Safra deram 1,3 milhão de reais para o deputado. Agora estão cobrando a fatura.

“Doações” de empresas para campanhas eleitorais acabam custando muito caro para o país. Os números são assustadores. O Bradesco financiou, além do Sr. Cunha, mais 113 deputados eleitos, num total de 20,3 milhões de reais. O Itaú contribuiu para a eleição de 84 deputados, investindo 6,5 milhões. Outros 42 deputados foram financiados pelos dois bancos.

Os banqueiros não gastam essa dinheirama por espírito cívico. Nem empresários de outros ramos. Eles querem congressistas que atendam a seus interesses. Por isso, somos contra o financiamento empresarial. O Sr. Cunha, evidentemente, não. Ele defendeu a admissibilidade da Proposta de Emenda Constitucional – PEC – 352/13, que consagra esse modelo.

Se a PEC não passar, a decisão ficará para o Supremo Tribunal Federal. Lá já existe maioria contra o financiamento de campanhas pelas empresas. Mas o ministro Gilmar Mendes pediu vistas do processo há quase um ano, paralisando o seu andamento. A manobra dá tempo para a maioria conservadora do Congresso. Devolve, Gilmar!

A reforma política não é um tema abstrato, que só interessa aos partidos e aos detentores de mandatos. Tem tudo a ver com a gente. Reduzir a influência do poder econômico. Atacar a corrupção eleitoral. Garantir que a vontade do eleitor se expresse da melhor maneira. Isso leva a um Congresso melhor e a governantes mais próximos do povo.

* Adriana Nalesso é Vice-presidenta do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

Fonte: Adriana Nalesso