HAMAS VENCE ELEIÇÃO PALESTINA COM GRANDE VANTAGEM SOBRE O FATAH

RAMALLAH, Cisjordânia – Acostumado a usar a força para defender suas idéias, o Hamas conseguiu nesta quinta-feira uma vitória incontestável sem precisar derramar uma gota de sangue. O grupo radical islâmico, que pela primeira vez concorreu às eleições parlamentares nos territórios palestinos, derrotou com esmagadora vantagem o Fatah, partido do presidente Mahmoud Abbas.


O resultado deixa Abbas sob enorme pressão política. O primeiro efeito da vitória do Hamas foi a renúncia do primeiro-ministro palestino, Ahmed Qorei, e todo o seu gabinete. O pedido foi entregue ao presidente da Autoridade Nacional Palestina antes mesmo do resultado final ter sido divulgado. Mas Abbas anunciou que permanecerá no cargo.


O Hamas obteve 76 das 132 vagas no Parlamento, equivalente a 57,5% do total, quase o dobro das 43 que caberão ao Fatah (32,5%). As outras 13 cadeiras serão ocupadas por partidos menores. Caberá ao grupo extremista, que defende a destruição do Estado de Israel, montar o próximo governo.


 


EUA e Grã-Bretanha não querem negociar com Hamas


As pesquisas de boca-de-urna divulgadas após a eleição desta quarta-feira indicavam equilíbrio, até com ligeira vantagem do Fatah, mas já no início desta quinta, horas antes do anúncio oficial do resultado, o Hamas já se declarava vencedor. Imediatamente, simpatizantes do movimento saíram às ruas para celebrar a vitória.


A tomada de poder do Hamas, que defende a destruição de Israel, pode arrefecer as expectativas de se reiniciar as negociações de paz entre judeus e palestinos. Uma prova da tensão foi o conflito entre seguidores do Fatah e simpatizantes do Hamas na cidade de Ramallah na tarde desta quinta-feira. Houve disparos quando membros do Hamas tentavam pôr uma bandeira da organização no alto do prédio do Parlamento. Duas pessoas ficaram feridas.


Estados Unidos e Grã-Bretanha já declararam que não pretendem negociar com o Hamas, a não ser que o grupo radical abra mão da violência e das ameaças à soberania de Israel.


O líder do Hamas Mahmoud Zahar admitiu quarta-feira a possibilidade de formar uma coalizão com o Fatah, mas autoridades do partido do governo já revelaram nesta quinta que não desejam fazer qualquer tipo de aliança com o Hamas.


Também nesta quinta, o governo israelense pediu que a União Européia tenha uma postura firme contra o que chamou de ‘terrorismo governamental’ que pode se estabelecer na Palestina após a vitória do Hamas.


Mahmoud Zahar havia dito quarta-feira que aceitaria negociar futuramente com Israel, mas apenas se o Estado judeu aceitasse as condições impostas pelo Hamas, como a presença de um negociador neutro nas conversações.

 


(Fonte: Globo Online – em 26/Jan)

 

 

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