DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO NO FSM

Na tarde desta quinta-feira, 26, um dos mais luxuosos hotéis de Caracas (Venezuela) cedeu espaço para um debate sobre a democratização da comunicação, com a presença do diretor da Telesul. A TV é uma proposta feita pelo Governo de Hugo Chávez como forma de integrar os países terceiro-mundistas da América. Como pano de fundo, a defesa irrestrita da comunicação como direito essencial do ser humano, pauta principal da Campanha Continental pelos Direitos à Comunicação. A conferência fez parte da programação do VI Fórum Social Mundial.

A maior parte das entidades que compuseram a conferência faz parte da campanha, a exemplo da Associação Latino-Americana de Educação Radiofônica (ALER) e da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (AMARC). Também participaram do debate a Associação Mundial de Comunicadores Cristãos (WACC) e a Associação para o Progresso das Comunicações (APC). A Agência Latino-Americana de Informação (ALAI) é outra instituição que compõe a Campanha.

Segundo o secretário-executivo da Organização Católica Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (OCLACC), Pedro Sánchez, que também compôs a mesa da Campanha, o principal elemento da nova comunicação é a participação popular. Segundo Sánchez, a democratização da comunicação pressupõe a instrumentalização da maioria da população com as ferramentas para produzi-la autonomamente. Ele disse que às vezes alguns meios que se denominam democráticos se esquecem desse elemento.

Segundo o diretor da Telesul, Aram Aharonian, o primeiro desafio da TV é ter conteúdo de qualidade em quantidade suficiente para ocupar a programação. Ele afirma ter encontrado dificuldade até mesmo para conhecer as produções que têm sido originadas na América Latina. Por isso, junto à Telesul, foi criada a Fábrica Latino-Americana de Conteúdos (Flacso), para impulsionar a produção, divulgação e distribuição do trabalho de produtores independentes.

Ainda assim, Aharonian garante não ter produções de qualidade de imagem e de conteúdo suficiente para garantir a programação. Segundo ele, a Telesul não produz material próprio, alem de jornais e informativos. O desafio que a televisão enfrenta hoje, segundo o diretor, é conseguir um programa infantil de 53 capítulos, de uma hora cada, para ser veiculado de segunda a sexta-feira. “Se não temos conteúdo próprio, vamos continuar passando o conteúdo do inimigo”, disse, referindo-se indiretamente à extensa produção audiovisual dos Estados Unidos.

O representante da ALER, Gerardo Lombardi, disse que as redes mundiais de comunicação não estão conformadas com as iniciativas que já existem, como é o caso da Campanha Continental e da campanha Cris (Communication Rights in the Information Society). Segundo ele, outro exemplo concreto de ramificação da comunicação foi a idéia de se transmitir a discussão do Fórum Social  Mundial em cadeia de rádios comunitárias e pela Internet, o que aconteceucom a conferência sobre a Campanha. Para Lombardi, se todas as ações ainda não são suficientes, pelo menos apontam para o “caminho certo”.

 


(Por Daniel Fonseca – Adital – em 27/JAN)

 

 

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