Caixa reduz contratações e trabalhadores cobram mais empregados

Foto: Fenae
Sob a assessoria da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), a Contraf-CUT voltou a cobrar da Caixa Econômica Federal, nesta terça-feira(26), o aceleramento das contratações. Pelo Acordo Coletivo de Trabalho-ACT 2014/2015 a empresa deve contratar até o final do ano mais dois mil novos empregados. Entretanto, pelos números apresentados durante a mesa permanente de negociação, o ritmo de admissões está muito aquém das necessidades reais do banco.

De 1º de março a 30 de abril foram realizadas apenas 48 admissões e 1.341 desligamentos. O número de desligados pode ser ainda maior, considerando que nesta sexta-feira, 29 de maio, termina o prazo para os trabalhadores que aderiram ao Plano de Apoio a Aposentadoria (PAA) efetivar seu afastamento.

“Nós deixamos claro para a Caixa que além da contratação de mais dois mil novos empregados, nós queremos que faça também a reposição de todas as pessoas que estão deixando a empresa por conta do PAA”, destacou a coordenadora da CEE/Caixa e diretora de Administração e Finanças da Fenae, Fabiana Matheus.

Quando o ACT foi fechado em outubro do ano passado, não havia perspectiva de realização do PAA e a Caixa negava, nas negociações, que pretendia lançar um novo plano de apoio a aposentadoria. “O quantitativo de dois mil era para reduzir a carência de pessoal já existente nas unidades e que gera a sobrecarga de trabalho e adoecimento dos trabalhadores, e não para suprir vagas de um eventual PAA”, explica Genésio Cardoso, membro da CEE/Caixa.

Números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados(Caged) do Ministério do Trabalho, divulgados nesta terça-feira, confirmam a retração de contratações na Caixa. O banco que, até as pesquisas divulgadas anteriormente era o único a criar vagas enquanto os outros bancos demitiam, apresentou saldo negativo de 634 vagas a menos no mês de abril. Nos quatros primeiros meses de 2015, a Caixa cortou 977 empregos.

Contratando a passos lentos, a Caixa impõe condições precárias de trabalho e de atendimento à população. Membros da CEE/Caixa relataram, mais uma vez, o funcionamento de agências com número reduzido de pessoal, algumas delas com apenas cinco empregados. “Nós visitamos quatro agências no Ceará que funcionavam com apenas cinco empregados. Essa situação é grave e requer uma solução urgente”, destaca Marcos Saraiva, membro da CEE/Caixa e diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará.


 


A Caixa contesta a denúncia e alega que a média por unidade é de sete empregados e que não há previsão de redimensionamento do quadro de pessoal. A Comissão solicitou que o banco apresente na mesa permanente os conceitos da metodologia utilizada para definir o quantitativo de funcionários por unidade. Os interlocutores da empresa ficaram de avaliar com a área responsável a possibilidade de atender à reivindicação.

Outra questão que preocupa as representações dos trabalhadores e foi colocada em discussão, é a vinculação da lotação das unidades à produtividade. Os representantes da Caixa admitiram que este é um dos critérios levados em conta pela área de gestão ao definir novas contratações. Ou seja, faz parte da estratégia do banco reforçar o quadro de pessoal das agências que apresentam maior produtividade e rentabilidade.

Na avaliação da CEE, se a empresa mantiver essa política há risco de fechamento de agências e precarização do atendimento à população mais carente. “Não é essa atuação que defendemos para a Caixa. Defendemos um banco 100 % público, que tem um papel social importante, na execução de políticas públicas e que promove o desenvolvimento do país”, ressaltou Fabiana Matheus.

Para o diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e membro da CEE/Caixa, Dionísio Reis, as medidas adotadas pelo banco são incoerentes. “É uma lógica para retrair a empresa e não de crescimento. Como uma unidade com cinco empregados vai ser produtiva? Esta política da Caixa é incoerente”, questiona.

A Caixa informou que está fazendo um redimensionamento da rede de atendimento, por conta de restrições orçamentárias. Em 2015, deverá abrir 15 agências.

Cara de pau

O representante da base da Fetraf-RJ/ES na CEE/Caixa, Ricardo Maggi, faz uma dura crítica à postura da Caixa. “Depois de uma expansão significativa da rede no ano passado, a Caixa está cortando funcionários. Se já estava difícil, com média de 7 funcionários por agência, o que dificultava até a compensação de horas extras e os afastamentos por férias e licenças, com os cortes a situação fica crítica”, destaca o dirigente.

Para Maggi, estas medidas podem gerar uma crise no funcionamento do banco. “Além de prejudicar a população, já que o atendimento é prejudicado pela escassez de funcionários, os bancários também sofrem. A Caixa está criando um círculo vicioso de adoecimento por sobrecarga de trabalho que tende a levar a situação a um patamar insustentável”, frisa Maggi.

A previsão é de que, até o final de maio, o total de adesões ao PAA chegue a três mil. Além de não repor os funcionários que se aposentaram pelo PAA, o banco ainda está condicionando a lotação dos novos nomeados às agências que apresentarem melhores resultados comerciais. “Esta é uma filosofia de gestão de banco de mercado que despreza o papel social da Caixa de gestora dos programas sociais do governo”, destaca o dirigente, lembrando, ainda, que o BB já adotou um modelo de gestão focado na área comercial que está levando o funcionalismo a um alto índice de adoecimento físico e mental.

Os dirigentes suspeitam que o PAA já estivesse em elaboração ou, no mínimo, em estudos, quando o ACT foi fechado, em outubro de 2014. “Como um PAA não se implanta da noite para o dia, é possível que a Caixa já estivesse planejando o lançamento do programa quando acatou a reivindicação de 2 mil novas contratações até o final deste ano. Pior é que, além de possivelmente já ter em mente a substituição dos que aderissem ao PAA, a Caixa teve a cara de pau de negar que o plano estivesse em estudo”, critica Maggi.

Substituições

A Caixa tem adotado outras medidas que precarizam as condições de trabalho e restringem os direitos dos seus empregados. Uma delas foi a CE 055, em vigor desde 13 de abril, que restringe por períodos menores que sete dias, as substituições “em cascata” de empregados que executam temporariamente funções gratificadas e cargos em comissão.

No dia 7 de maio, a CEE/Caixa reivindicou em ofício encaminhado a direção da empresa a revogação desta circular. Na negociação permanente, os interlocutores do banco afirmaram que a empresa não pretende revogar a medida. Para a CEE, isso representa um desrespeito ao direito do empregado que substitui. A comissão manteve o pleito.

A Comissão Executiva dos Empregados cobrou também da Caixa o cumprimento da cláusula 56 do ACT, que prevê melhorias nas condições de trabalho dos tesoureiros. O segmento sofre com problemas de estrutura física, segurança, falta de pessoal e sobrecarga de trabalho, entre outros problemas.

A Caixa alegou que já foram implementadas algumas ações como a revisão das atividades com a melhoria dos processos, digitalização dos documentos, acertos operacionais, conta acerto centralizada na Gerência de Retaguarda. Para o segundo semestre está previsto conferência de cheques diretamente pela Giret e automação da rotina de custódia.

A situação das condições de trabalho dos tesoureiros vem sendo exaustivamente discutida desde o ano passado. “A Caixa não resolveu nem mesmo as questões mais urgentes, como o pagamento de 100 % das horas-extras independente da lotação da agência e o treinamento específico para os ocupantes do cargo. É revoltante que a Caixa, depois de tanta negociação, não cumpra o que foi acordado em mesa, ignorando o compromisso assumido com a representação dos trabalhadores”, critica Maggi.

Outro segmento que o banco ainda não contemplou é a tecnologia. Na ata de fechamento do acordo 2014/2015, a Caixa se comprometeu a apresentar até o final do primeiro semestre desse ano uma proposta de carreira da TI.

A coordenadora da CEE/Caixa lembrou que essa foi uma expectativa criada pela própria empresa na campanha salarial do ano passado. O vice-presidente da área prometeu aos trabalhadores da área o atendimento à sua reivindicação. Os representantes da Caixa informaram que está sendo feito estudo e que o tema será apreciado pelas instâncias do banco. A CEE solicitou celeridade no processo.

A CEE/Caixa pediu também informações sobre reestruturação da área meio. A empresa alegou que contratou uma consultoria para fazer melhorias de processos. “Na prática a reestruturação está acontecendo. Tem havido enxugamento da área meio e reivindicamos que a Caixa apresente aos trabalhadores como está se dando esse processo para fazermos uma discussão e evitar que os empregados sejam ainda mais prejudicados”, destaca Dionísio Reis, diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

A comissão também solicitou esclarecimentos sobre os contratos de vigilantes e telefonistas. Os representantes da Caixa alegaram que os contratos estão sendo renovados na medida em que vencem os prazos de vigência.

Fóruns Regionais e Condições de Trabalho

Ficou definida a prorrogação até 31 de agosto do prazo para conclusão dos trabalhos dos pilotos dos Fóruns Regionais de Condições de Trabalho. A prorrogação foi solicitada pela CEE/Caixa visando assegurar o aprofundamento dos debates. Os pilotos estão em andamento em Brasília, Campinas, Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo.

O objetivo é buscar medidas para prevenir e combater problemas relativos ao cumprimento da jornada de trabalho, assédio moral, cobrança por metas abusivas e falta de estrutura das unidades.

A criação desses fóruns regionais, integrados por representantes dos trabalhadores e do banco, foi um desdobramento das discussões realizadas no ano passado pelo Fórum Nacional de Condições de Trabalho, uma conquista da Campanha Nacional 2014 e das negociações permanentes.

Ficou agendada para 16 de junho a primeira reunião do Fórum Nacional de Condições de Trabalho.

Saúde Caixa

A Comissão Executiva dos Empregados referendou o acordo para destinação do superávit do Saúde Caixa com uma ressalva, que a redução da redução da coparticipação de 20 % para 15 % entre em vigor em 1º de julho deste ano. A Caixa defende que isto só ocorra a partir de janeiro de 2016 e informou que a reivindicação será levada para discussão.

A redução da coparticipação foi uma das três propostas sugeridas pelo grupo de trabalho, instalado em 30 de outubro do ano passado, para debater A metodologia de utilização do superávit do plano de saúde dos empregados da Caixa. O acordo prevê ainda estudo para estender aos dependentes dos beneficiários um dos programas de promoção a saúde utilizados pelo banco e a remoção por ambulância em situações de emergência.

“Nosso objetivo sempre foi construir uma proposta sustentável para o plano e que gere benefícios aos seus usuários”, destacou Fabiana Matheus.

Banco de Habilitados

A CEE/Caixa registrou na mesa permanente protesto contra o processo seletivo para o banco de habilitados. Segundo a representação dos empregados, falta transparência e credibilidade na seleção. Pelas regras estabelecidas unilateralmente pela empresa, os candidatos não podem recorrer dos resultados.

A comissão recebeu várias queixas referentes as provas para assistente júnior e assistente pleno, realizada no início deste mês. Problemas como cobrança indevida de conteúdo, questões mal redigidas e falta de local adequado para realização das provas foram relatados. “Logo após a primeira prova, recebemos inúmeras reclamações e esperamos ser ouvidos pela Caixa e contribuir com melhorias no processo de seleção”, destaca o diretor do Sindicato de Brasília, Wandeir Severo.

Foi reivindicado, pelos trabalhadores, que seja suspensa a trava de seis meses para garantir aos candidatos não aprovados nessa seleção, e que se sentiram prejudicados, possam se inscrever em novo processo. A Caixa ficou de levar para área responsável as denúncias e reivindicação das entidades.

Adiantamento odontológico

A Caixa confirmou que o adiantamento foi suspenso, porque vai ser revista sua metodologia. Os representantes dos trabalhadores solicitaram celeridade no posicionamento da empresa, porque o adiantamento foi criado para custear serviços que não são cobertos pelo Saúde Caixa.

Incorporação do REB

A proposta de metodologia para incorporar o REB ao Novo Plano, já aprova pelo Conselho de Administração da Caixa, ainda não foi enviada ao Dest, segundo informaram os representantes da Caixa.

Agência Barco

A Caixa informou que realizará na última semana de junho visitas técnicas nas agências barcos para averiguar as condições de funcionamento dessas unidades. A CEE/Caixa reivindicou que o trabalho seja acompanhado por representantes das entidades sindicais. Os representantes da empresa acataram o pedido.

Escala de Revezamento

A Caixa ajustou o Sipon na data limite (13 de abril) prevista na cláusula 19 do ACT 2014/2015, para atender as áreas que estão sujeitas a escala de revezamento.

Nova negociação

A próxima reunião da mesa permanente de negociação foi agendada para o dia 20 de julho.

Fonte: Fetraf-RJ/ES, com Contraf-CUT e Fenae