Caixa: CEE discute saúde caixa e condições de trabalho em mesa permanente

Foi realizada no último dia 24, em Brasília, mais uma mesa de negociação permanente entre a representação dos empregados e a direção da Caixa Econômica Federal. Os principais focos foram a defesa do atual modelo de custeio do Saúde Caixa (70% das despesas assistenciais pagas pelo banco e aos usuários cabendo os outros 30%), manutenção dos direitos dos empregados, melhores condições de trabalho e defesa da Caixa 100% pública.

Antes mesmo do início das discussões os representantes dos trabalhadores fizeram um protesto contra a manobra que pretende dar ao Conselho de Administração mais autonomia em relação ao governo federal. Com esta mudança a Caixa teria características de gestão mais próximas das de um banco privado, valorizando o lucro em detrimento do cumprimento da função social. Este esforço tem a clara intenção de preparar a Caixa para a privatização. As mudanças no estatuto, que têm o mesmo objetivo, também foram alvo de repúdio.

Foi também entregue aos representantes da administração do banco um abaixo assinado com 26.864 assinaturas contra as mudanças no custeio do Saúde Caixa e demandando mais eficiência no Central de Atendimento do plano. Os sindicalistas exibiram cartazes com os dizeres “Saúde Caixa: eu defendo”.

A questão do Saúde Caixa é seria porque o governo lançou uma resolução que impõe restrições aos planos de saúde das estatais. A parcela custeada pela empresa passou a ter um teto apertado, os aposentados perderão o direito ao plano e os novos contratados não poderão entrar nos planos que são oferecidos aos empregados antigos. “Independente da função, do tempo de casa ou de ser da ativa ou aposentado, nesta campanha salarial temos que estar unidos e mobilizados para defender o Saúde Caixa e impedir mudanças que nos prejudiquem. Temos muito a perder”, ressalta Luiz Maggi, representante da Fetraf-RJ/ES na CEE-Caixa.

Avaliadores de penhor

A Caixa, mais uma vez, pretende retirar o adicional de insalubridade pago aos avaliadores de penhor. A empresa alega que, como os níveis de exposição aos produtos químicos é inferior ao estipulado pela Norma Regulamentadora correspondente, não há necessidade de pagar o adicional.

Mas a questão é que os Equipamentos de Proteção Individual oferecidos aos empregados não são adequados, o que faz com que não sejam usados. Os avaliadores ficam, assim, expostos aos danos causados pelos produtos. “As luvas oferecidas não permitem a manipulação de peças delicadas como joias e a máscara para evitar a inalação dos vapores não pode ser usada no atendimento ao público. Temos um número significativo de casos de avaliadores com problemas de saúde, principalmente respiratórios, dermatológicos e até de visão por causa da impossibilidade de usar o EPI. Nestas condições, o trabalhador acaba ficando exposto aos químicos, mesmo que os produtos não se enquadrem nos parâmetros definidos na NR”, esclarece Luiz Maggi, representante da Fetraf-RJ/ES na CEE/Caixa.

Condições de trabalho

Com os sucessivos processos de desligamento e aposentadoria realizados pelo banco nos últimos anos, o número de empregados caiu muito, piorando a já grave situação de escassez de mão de obra. Com a sobrecarga de trabalho, o índice de adoecimento aumenta. As práticas de gestão também estão mudando, com adoção de métodos que têm alimentado o assédio moral, piorando ainda mais o clima no banco.

A CEE cobrou novamente a instalação do Fórum Nacional de Condições de Trabalho e os fóruns regionais para tentar discutir a situação. “Sabemos que o Fórum não tem como mudar a política de contratações do banco. Mas precisamos de informação e o Fórum é o melhor caminho para obtermos os dados necessários para elaboração de propostas que minimizem os problemas”, argumenta Maggi.

Contencioso na Funcef

A Caixa insiste em não assumir a dívida com a Funcef e os trabalhadores se recusam a pagar a conta. A CEE foi informada de que o Jurídico do banco está discutindo com a administração do Fundo de Pensão qual a melhor forma de resolver o impasse, mas os trabalhadores estão sendo mantidos fora do debate. “Reivindicamos a criação de um GT tripartite para tratar do assunto, mas a empresa ignorou. É uma questão do interesse direto dos funcionários, que não podem ficar à mercê de uma decisão que não contemple nossas necessidades. Por isso, é importante que tomemos parte desta discussão”, defende o representante da Fetraf-RJ/ES.

PCDs

A política de não contratação de funcionários está fazendo a Caixa se distanciar cada vez mais da cota de pessoas com deficiência definida em lei. A legislação determina que as empresas com mais de 1.000 empregados deve destinar 5% de seus postos de trabalho a PCDs.

Os sindicatos sempre reivindicaram que a cota seja respeitada, mas as empresas não dão importância. Com as empresas públicas a defasagem era menor, já que o concurso público destina parte das vagas às PCDs. Mas o novo modelo de gestão e as diretrizes do governo ilegítimo têm dificultado o processo.

Durante a reunião os representantes da direção do banco informaram que a empresa não tem solução para esta situação.

Verticalização

A nova classificação de gerentes, que reúne sobre a nomenclatura GAN – Gerente de Atendimento de Negócios tanto os gestores que atendiam Pessoa Física quanto Pessoa Jurídica, está provocando descomissionamento. São 6.601 empregados com o cargo comissionado para 5.969 posições. Além da perda de função, há o problema da configuração e da quantidade de carteiras de clientes, o que deixa os gerentes em posição vulnerável. Além disso, houve agências que perderam funções de PJ, o que prejudica o atendimento das demandas dos clientes.

Time de vendas

O modelo permite que os gestores acompanhem a produção de suas equipes através do sistema, o que pode gerar a criação de ranking de desempenho. A Caixa informou que não orienta a exposição de ranking e concordou em emitir comunicado alertando para a proibição que consta na CCT, na cláusula 37. A data para emissão deste comunicado ainda não foi definida.

Incentivo à graduação

Apesar de constar do Acordo Aditivo a concessão de incentivo à graduação

Até o momento, a quantidade de bolsas para 2018 é praticamente zero, pois a Caixa ainda não disponibilizou o edital. Foi informado que a avaliação das áreas de interesse será de acordo com o planejamento estratégico adotado pelo banco. A previsão é de que a abertura de novas solicitações ocorra apenas a partir de julho. A julgar pelo que vem ocorrendo, a Caixa não cumprirá o Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2018, em vigor até 31 de agosto.

CPA-20

A Caixa passou a exigir que todos os gestores comerciais obtenham a certificação CPA-20. Quem não obtiver o certificado está sujeito à perda da comissão. O prazo acabou em 18 de maio e nem todos os gerentes conseguiram aprovação.

O problema é que a Caixa está exigindo demais. “Nenhum banco privado exige esta certificação para todos os gerentes. A Caixa está usando esta exigência para provocar descomissionamento em massa”, avalia Maggi.

Outro problema é que esta certificação não será de grande utilidade para muitos gerentes. “A CPA-20 é voltada para os bancários que trabalham com investimentos que só são interessantes para clientes de alta renda. Mas a maior parte dos correntistas PF do banco não se encaixa neste segmento. É um esforço grande, custoso e inútil, com o propósito claro de deixar muitos comissionados à mercê da retirada da função”, acrescenta o sindicalista.