Caixa anuncia 2 mil contratações, enquanto prepara PDV para dez mil

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, anunciou que vai abrir contratação de 2.500 aprovados no concurso de 2014. A empresa vinha protelando as contratações e foram ajuizadas Ações Civis Públicas pelo Ministério Público do Trabalho para exigir as convocações dos concursados. Dias antes, foi divulgado em matéria do Estado de São Paulo que a Caixa estaria preparando mais um PDV, com objetivo de desligar dez mil funcionários.

A Caixa vem reduzindo seu quadro de pessoal com sucessivos PDVs. Desde março de 2015 a novembro de 2018 foram 12.934 funcionários desligados. E, apesar de uma cláusula no Acordo Coletivo de 2014/2015 determinar a contratação de 2 mil funcionários, não houve convocação de aprovados.

O problema maior é que, com mais um PDV a caminho, duas mil contratações não dão nem para começar a reduzir os problemas de pessoal da Caixa. “Há uma severa escassez de mão de obra que provoca sobrecarrega de trabalho e, como consequência, adoecimento do corpo funcional. A situação não é nova, mas vem se agravando com os PDVs sucessivos ao longo dos últimos anos”, ressalta José Ferreira, diretor do Seeb-Rio.

Alvo específico

Seriam elegíveis ao programa de desligamento 24 mil funcionários contratados em 1989 e que atingem condições de se aposentar este ano. Com este público-alvo, é provável que seja um programa de aposentadoria, não de demissão. Mas, como estes empregados ainda estão pagando por perdas na Funcef, a expectativa é de que nem todos realmente desejem se aposentar agora. Com um programa de aposentadoria com alguns incentivos, a direção da Caixa espera que parte destes bancários prefira deixar a empresa.

Além dos incentivos, as incertezas quanto ao futuro podem estimular os empregados elegíveis a aderir ao PDV. O que há no horizonte é o caráter privatista do novo governo – e do presidente da empresa nomeado pelo Planalto – e a iminência da reforma da previdência. “São muitas incertezas e, por esta razão, uma boa parte dos funcionários que já atendem aos critérios para a aposentadoria deve optar por aderir”, avalia José Ferreira, diretor do Seeb-Rio.

O que a Caixa ganha com isso?

Se for atingida a meta, este novo programa vai levar a quase 25 mil o número de empregados a deixar a empresa desde 2015. As contratações não chegariam à maioria dos locais de trabalho. Como esta conta não fecha, sindicalistas tentam compreender as razões da direção da empresa.

O PDV deve resolver algumas questões pendentes ao diminuir o número de bancários pré-98, que têm benefícios negados aos empregados contratados após este ano. “Quando já não houver bancários com estes benefícios, não poderemos mais reivindicar isonomia”, destaca Sonia Eymard, diretora do Seeb-Rio. Outra questão que será resolvida com o desligamento dos antigos é a do Reg-Replan não saldado, na Funcef.

Quanto às contratações, não se sabe como serão. Se for respeitado o edital do concurso, haverá adesão ao Saúde Caixa e à Funcef nos moldes tradicionais. Mas há restrições impostas pela Agência Nacional de Saúde à inclusão de novos usuários do plano de saúde e pode haver, também, dificuldades quanto ao fundo de pensão.

O que se tem certeza é de que a Caixa quer se livrar de funcionários mais antigos e mais “caros” e contratar novos, com salário mais baixo. Nada diferente de qualquer banco privado.

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES