Primeira rodada com a Caixa trata de Conselho de Administração


Foto: Agnaldo Azevedo


 


A Contraf-CUT, federações e sindicatos abriram nesta quinta-feira 18, em Brasília, as discussões com a Caixa Econômica Federal acerca da eleição de um representante dos trabalhadores para o Conselho de Administração da empresa.


 


A representação de empregados em Conselhos de Administração das empresas públicas foi assegurada com a lei federal 12.353, sancionada pelo então presidente Lula no dia 12 de dezembro de 2010. A portaria com as instruções para efetivação da medida foi assinada pela presidenta Dilma Rousseff em 11 de março deste ano.


 


A abordagem inicial do assunto pelos representantes dos empregados e da Caixa envolveu adequações estatutárias que deverão ocorrer para cumprimento da lei, assim como questões relativas ao exercício da função de conselheiro eleito.


 


A empresa entende que o conselheiro representante deve ficar liberado de suas atribuições funcionais. Os representantes dos empregados, por sua vez, destacaram a necessidade de estrutura adequada ao cumprimento do mandato.


 


O que já se tem como assegurado é que o representante será eleito por voto direto, entre os empregados da ativa, por meio eletrônico, no sistema da Caixa. A comissão eleitoral será designada pelo presidente da Caixa, com representantes da empresa e dos empregados. O debate terá prosseguimento nos próximos encontros.


 


A rodada de negociação desta quinta-feira tratou também da extinção da área de compensação e suas consequências, do Sistema de Ponto Eletrônico (Sipon), da Comissão de Conciliação Voluntária (CCV), da estrutura da RET/PV e da atuação de empregados, de forma direta ou indireta, como correspondentes bancários, especialmente como correspondentes imobiliários.


 


Compensadores


 


A Caixa descartou a possibilidade de acatar a proposta feita anteriormente pela Contraf-CUT, assessorada pela Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), de incorporar o adicional noturno para o pessoal da compensação, setor em fase final de extinção.


 


Conforme dados da empresa, somavam 400 os empregados envolvidos com a atividade de compensação. Os que ocupavam função de compensador chegavam a 101, sendo que, entre eles, apenas 31 adquiriram direito à incorporação da função, por terem completado 10 anos no exercício da mesma.


 


Os representantes dos empregados insistiram com a empresa na necessidade de preservação do nível de rendimento do pessoal que contava com adicional noturno, alertando, sobretudo, para os problemas advindos de uma quebra orçamentária repentina. A empresa se comprometeu a continuar analisando o assunto.


 


Ponto Eletrônico


 


A Caixa informou que a proposta de implantação de login único para cada empregado está agendada na área técnica para análise no decorrer de setembro e que, caso seja viável, poderá ocorrer até dezembro.


 


CCV


 


A CEE/Caixa defendeu a mudança da tábua de sobrevida e da taxa de juros que estão sendo utilizadas para cálculos, a valor presente, dos montantes apurados nos acordos. A proposta é adotar a tábua AT-2000 e a taxa de juros de 5,5 % .


 


A Caixa ficou de fazer estudos comparativos entre o que está sendo praticado e que o que está sendo proposto pelos empregados. A empresa informou que manterá a CCV restrita a questões relativas ao tíquete-alimentação para aposentados.


 


RET/PV


 


A Caixa informou que vem realizado estudo sobre a segmentação da rede e que a antiga atividade de RET/PV deverá ser adaptada à nova realidade. A empresa informará sobre o desdobramento das discussões que estão sendo feitas internamente.


 


Empregados X correspondentes


 


A partir de relatos das entidades sindicais, a CEE/Caixa alertou a empresa para a proliferação de casos de empregados com atuação direta ou indireta como correspondentes bancários. Para as representações dos bancários, o entrelaçamento de atribuições funcionais com interesses pessoais é propício a praticas não recomendadas, com riscos para a credibilidade e a imagem da Caixa, especialmente em se tratando de correspondentes imobiliários.


 


A CEE/Caixa frisou que o problema é decorrência da estratégia de terceirização dos serviços, em detrimento da contratação de mais empregados.


 


Os representantes da Caixa ficaram de levar o assunto ao Conselho de Ética, para que seja devidamente investigado, e de tratar alguns aspectos do problema também no âmbito do Conselho Diretor.

O que esperar

O clima da negociação está diferente este ano e pode influenciar no andamento das discussões. “Tudo indica que teremos uma negociação difícil, já que a Caixa está com novo presidente”, alerta Luiz Ricardo Maggi, representante da Federação na CEE/CEF. Mas o dirigente ressalta que a negociação unificada favorece os bancários. “A negociação em mesa única nos protege de ter um reajuste diferente do restante da categoria. O governo já sinalizou que as empresas públicas e estatais não deverão conceder aumentos reais. Mas, como o índice é definido pela mesa da Fenaban, os bancários da Caixa deverão ter ganho acima da inflação”, avalia. Diante da situação, os sindicalistas recomendam que os funcionários da Caixa construam uma mobilização forte para pressionar a direção do banco a atender às reivindicações.

Fonte: Fenae, com FEEB-RJ/ES

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Economia fluminense


O Dieese convida para o Ciclo de Debates sobre investimentos, emprego e desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro, que acontece em quatro encontros de agosto a novembro. O primeiro debate acontece dia 31, às 14h, e tem como tema “Economia Fluminense – Evolução Histórica e Configuração Atual”.


 


O objetivo do ciclo de debates é discutir os impactos dos investimentos previstos e já em execução no estado sobre o mercado de trabalho e o modo de vida da população fluminense. Serão levantados questionamentos sobre a estrutura econômica do estado, o mercado de trabalho, as transformações em curso, a participação e interferência da população no processo e os impactos sobre a população e, em especial, os trabalhadores e organizações sindicais.


 


Os demais encontros acontecem nos dias 28 de setembro, 26 de outubro e 30 d novembro, sempre às 14h. Todos os debates serão realizados na sede do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro (Rua Evaristo da Veiga, 16 / 17º andar). Os interessados devem confirmar presença pelo telefone 2518-4332 ou pelo e-mail [email protected].


 


 


Saúde do Trabalhador



A Secretaria de Saúde do Trabalhador da CUT-RJ convida para a palestra com Jorge Cursio, integrande do Programa de Saúde do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo do encontro é discutir as conferências Municipal e Estadual de Saúde. A palestra acontece no auditório da CUT-RJ no próximo dia 23, a partir das 14h.


 


 


Bancários da Câmara de Vitória



O vereador vitoriense Eliezer Tavares (PT) convida para uma Sessão Solene da Câmara Municipal de Vitória em comemoração ao Dia do Bancário. A sessão será no dia 24 de agosto, às 17 horas, no plenário da casa.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Definido calendário de negociações

 


A primeira rodada de negociações entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban acontece nos dias 30 e 31. Os membros do Comando fazem reunião preparatória na véspera. As negociações foram divididas em três temas: Emprego e cláusulas sociais; Saúde e condições de trablho; e Remuneração. 

Confira as datas:


 













30 e 31 / 08


Emprego e reivindicações sociais


05 e 06 / 09


Saúde e condições de trabalho


13 / 09

Remuneração

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Capitão Fenaban e seus banqueiros piratas tomam Centro do Rio no lançamento da Campanha Nacional 2011

Foto: Paulo d´Tarso



 


O lançamento da Campanha Nacional dos Bancários 2011 na base da Federação foi, mais uma vez, marcado pela irreverência. Versões de marchinhas de carnaval embalaram a performance da Cia. de Emergência Teatral que levou à Av. Rio Branco o ato-desfile com o tema Os piratas do Brasil ou o Brasil dos piratas?. Como sempre acontece, a população parou para ver o desfile, que atingiu seu principal objetivo: levar a campanha nacional para a rua.


 


Antes do ato-desfile, os presidentes dos sindicatos da base da Federação estiveram na sede do Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro e fizeram a entrega da minuta de reivindicações. Teophilo de Azeredo Santos, que presidiu a entidade patronal por 26 anos, recebeu o documento. O banqueiro ressaltou que a crise econômica internacional não atingiu o Brasil e que dar aumento aos bancários é obrigação. “Mas temos que discutir um acordo possível”, ressaltou Teophilo.


 


Os dirigentes sindicais destacaram que, este ano, além das tradicionais reivindicações, como índice de reajuste, PLR, saúde e segurança e combate ao assédio moral, uma grave questão se coloca para a Campanha Nacional dos Bancários: o projeto de lei que elimina restrições à terceirização e a nova normativa do BACEN sobre correspondentes bancários. “Estas mudanças podem fragilizar a categoria bancária e é nossa obrigação manter a mobilização para evitar que isto aconteça”, ressaltou Fabiano Júnior, presidente da Federação.


 


Representantes de todos os sindicatos filiados estiveram presentes, exceto pelo presidente do Sindicato dos Bancários de Três Rios e vice-presidente da Federação, Nilton Damião Esperança, que sofreu um acidente sem gravidade a caminho do Rio de Janeiro.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Bancários discutem correspondentes em audiência na Câmara dos Deputados

Foto: Hudson Bretas



 


Representantes da base da Federação participaram de uma audiência pública realizada na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados na tarde do último dia 16. A audiência foi convocada para discutir o projeto de lei que suspende as mudanças na legislação dos correspondentes bancários determinadas pelo Banco Central. Mais cedo, o movimento sindical fez uma manifestação em frente à sede do Bacen, que editou as normativas com as modificações que ampliam a atuação dos correspondentes.


 


O presidente da ContrafCUT, Carlos Cordeiro, teve assento na mesa e fez duras críticas à atuação do Bacen. “O Banco Central funciona hoje como um verdadeiro sindicato nacional dos bancos. Em vez de se preocupar com a sociedade e com o desenvolvimento econômico e social do país, age única e exclusivamente a serviço do sistema financeiro”, acusou Cordeiro. O sindicalista destacou que a mudança na legislação vai precarizar o trabalho, já que as tarefas tipicamente bancárias serão desempenhadas por trabalhadores que não terão a remuneração, a jornada e os benefícios assegurados pela Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários.


 


Chinelo


 


Criados para levar serviços bancários a áreas remotas do país nos anos 70, os correspondentes foram ampliando sua atuação, respaldados por uma legislação cada vez mais elástica. Para os bancos, estes estabelecimentos passaram a ser não só postos avançados, mas, principalmente, locais onde são atendidos os clientes e usuários que não interessam. Com a desculpa da capilaridade, aproveitam para fazer do correspondente bancário uma agência de segunda linha, para segmentar o atendimento. “As pessoas também ganham, porque os correspondentes levam comodidade ao atendimento, que é feito em locais próximos às residências, em horário de atendimento ampliado, em locais onde as pessoas podem frequentar com seus chinelinhos”, disse Gérson Gomes da Costa, representante da Febraban na audiência.


 


Entre os sindicalistas a fala de Costa, apesar de apenas expor em palavras o que já se pratica cotidianamente nos correspondentes, causou indignação. “Este depoimento deprimente sobre o vestuário dos usuários demonstra claramente a intenção de afastar a população de baixa renda das dependências bancárias”, avalia Nilton Damião Esperança, vice-presidente da Federação.


 


Além de inseguros, os correspondentes prestam mau atendimento, conforme relatou Amaury de Oliva, diretor-substituto do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça. Oliva informou que as reclamações contra correspondentes bancários são muito comuns. Uma das queixas mais frequentes a respeito destas instituições é relativa aos empréstimos. “Muitos deles (os correspondentes bancários) se aproveitam da ignorância da população de baixa renda e  negociam a quitação de uma dívida em troca de novos empréstimos para conseguir comissão”, relatou Amaury.


 


Alguns deputados integrantes da comissão argumentaram que as populações das cidades pequenas do interior precisam dos serviços dos correspondentes. Mas a deputada Erika Kokai (PT-DF), que foi presidenta do Sindicato dos Bancários de Brasília, ressaltou que a categoria não reivindica a extinção deste serviço. “Defendemos que os correspondentes continuem, mas sem precarização. Estão em risco a confiabilidade e o sigilo, que estão sendo transferidos para profissionais que não têm qualquer vínculo com as instituições financeiras”, destacou a deputada.


 


Lavagem


 


Pela manhã, o movimento sindical bancário realizou uma manifestação que contou com a lavagem da rampa de acesso do prédio do Banco Central. Com pai e filhos de santo, água de cheiro, rosas brancas e tambores, foi feito o “descarrego” contra as resoluções que tornaram ainda mais ampla a atuação dos correspondentes. “Hoje é o dia de dizermos um grande não à precarização do trabalho e ao nivelamento dos clientes e usuários somente pela renda. Pedimos transparência das decisões do Banco Central à sociedade, emprego decente e condições de atendimento adequadas para a população”, discursou Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT.


 


A diretoria da Federação e dos sindicatos filiados fez um esforço para enviar dirigentes a Brasília para as duas atividades. A delegação da base foi formada por sindicalistas da Baixada Fluminense, Campos, Espírito Santo, Itaperuna, Niterói, Nova Friburgo, Petrópolis, Rio de Janeiro, Sul Fluminense, Teresópolis e Três Rios. “Gostaria de parabenizar nossos sindicatos filiados, pela demonstração de união e luta demonstrada em Brasília contra os absurdos defendidos pelo Banco Central e por alguns deputados”, destacou Nilton Damião Esperança, vice-presidente da Federação.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Um grito mudo

Frei Betto


 


 


A foto do jornal me causou horror. A criança somali lembrava um ET desnutrido. O corpo, ossinhos estufados sob a pele escura. A cabeça, enorme, desproporcional ao tronco minguado, se assemelhava ao globo terrestre. A boca – ah, a boca! – escancarada de fome emitia um grito mudo, amargura de quem não mereceu a vida como dom. Mereceu-a como dor.


 


Ao lado da foto, manchetes sobre a crise financeira do cassino global. Em dez dias, as bolsas de valores perderam US$ 4 trilhões. Estarrecedor! E nem um centavo para aplacar a fome da criança somali? Nem uma mísera gota de alívio para tamanho sofrimento?


 


Tive vergonha. Vergonha da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reza que todos nascemos iguais, sem propor que vivamos com menos desigualdades. Vergonha de não haver uma Declaração Universal dos Deveres Humanos. Vergonha das solenes palavras de nossas Constituições e discursos políticos e humanitários. Vergonha de tantas mentiras que permeiam nossas democracias governadas pela ditadura do dinheiro.


 


US$ 4 trilhões derretidos na roleta da especulação! O PIB atual do Brasil ultrapassa US$ 2,1 trilhões. Dois Brasil sugados pelos desacertos dos devotos do lucro e indiferentes à criança somali.


 


Neste mundo injusto, uma elite privilegiada dispõe de tanto dinheiro que se dá ao luxo de aplicar o supérfluo na gangorra financeira à espera de que o movimento seja sempre ascendente. Sonha em ver sua fortuna multiplicada numa proporção que nem Jesus foi capaz de fazê-lo com os pães e os peixes. Basta dizer que o PIB mundial é, hoje, de US$ 62 trilhões. E no cassino global se negociam papéis que somam US$ 600 trilhões!


 


Ora, a realidade fala mais alto que os sonhos e a necessidade que o supérfluo. Toda a fortuna investida na especulação explica a dor da criança somali. Arrancaram-lhe o pão da boca na esperança de que a alquimia da ciranda financeira o transformasse em ouro.


 


À criança faltou o mais básicos de todos os direitos: o pão nosso de cada dia. Aos donos do dinheiro, que viram suas ações despencarem na bolsa, nenhum prejuízo. Apenas certo desapontamento. Nenhum deles se vê obrigado a abrir mão de seus luxos.


 


Sabemos todos que a conta da recessão, de novo, será paga pelos pobres. São eles os condenados a sofrerem com a falta de postos de trabalho, de crédito, de serviços públicos de qualidade. Eles padecerão o desemprego, os cortes nos investimentos do governo, as medidas cirúrgicas propostas pelo FMI, o recuo das ajudas humanitárias.


 


A miséria nutre a inércia dos miseráveis. Antevejo, porém, o inconformismo da classe média que, nos EUA e na União Europeia, acalentava o sonho de enriquecer. A periferia de Londres entra em ebulição, as praças da Espanha e da Itália são ocupadas por protestos. Tantas poupanças a se volatilizarem como fumaça nas chaminés do cassino global!


 


Temo que a onda de protestos dê sinal verde ao neofascismo. Em nome da recuperação do sistema financeiro (dirão: “retomada do crescimento”), nossas democracias apelarão às forças políticas que prometem mais ouro aos ricos e sonhos, meros sonhos, aos pobres.


 


Nos EUA, a derrota de Obama na eleição de 2012 revigorará o preconceito aos negros e o fundamentalismo do “tea party” incrementará o belicismo, a guerra como fator de recuperação econômica. A direita racista e xenófoba assumirá os governos da União Europeia, disposta a conter a insatisfação e os protestos.


 


Enquanto isso, a criança somali terá sua dor sanada pela morte precoce. E a Somália se multiplicará pelas periferias das grandes metrópoles e dos países periféricos afetados em suas frágeis economias.


 


Ora, deixemos o pessimismo para dias melhores! É hora de reacender e organizar a esperança, construir outros mundos possíveis, substituir a globocolonização pela globalização da solidariedade. Sobretudo, transformar a indignação em ação efetiva por um mundo ecologicamente sustentável, politicamente democrático e economicamente justo.


 







Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de “O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade” (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org twitter:@freibetto.


 


Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

Lançamento da Campanha Nacional dos Bancários 2011 no Rio de Janeiro e Espírito Santo

OS PIRATAS DO BRASIL OU O BRASIL DOS PIRATAS?


Os banqueiros que pilham a economia nacional, cobram juros e tarifas abusivos de seus clientes e exploram impiedosamente seus empregados são representados como piratas no ato-desfile de lançamento da Campanha Nacional 2011 dos Bancários no Rio de Janeiro e Espírito Santo. Comandados pelo Capitão Fenaban, os donos dos bancos, singram mares calmos a bordo de seu navio pirata. A alegoria, com quatro metros de altura e oito de comprimento vai ganhar a Avenida Rio Branco no início da tarde do próximo dia 18.


A performance que desce a Av. Rio Branco terá, além da alegoria de navio pirata, oito atores, bateria de escola de samba, carro de som e faixas. Representantes dos 13 sindicatos filiados à Federação dos Bancários do RJ/ES estarão presentes. O Capitão Fenaban, um pirata típico, com papagaio, luneta e gancho no lugar da mão, berra, do alto do navio, “lucro à vista”, enquanto canta marchinhas de carnaval com letras adaptadas. Uma atriz representando a economia nacional é perseguida por seis atores vestidos de piratas que fazem referência aos maiores bancos em atuação no Brasil. A concepção artística é de Marco Aurélio Hamellin e a realização é da Companhia de Emergência Teatral.


O lançamento da Campanha Nacional dos bancários com um ato-desfile é uma tradição da Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Antes da perfomance, será feita a entrega da minuta de reivindicações dos bancários ao Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro. Assim que os presidentes dos 13 sindicatos filiados retornarem, começa o ato, com uma queima de fogos. Em seguida os sindicalistas, atores, a bateria e a Cia. de Emergência Teatral começam a passeata, que segue pela Av. Rio Branco até a Praça Mário Lago (Buraco do Lume).


 


Ato-desfile de lançamento da
Campanha Nacional dos Bancários 2011


18 de agosto, a partir do meio-dia


Concentração nos fundos da Igreja da Candelária


Realização: Federação dos Bancários do RJ e ES e
Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Encontro reúne banerjianos no Rio de Janeiro

O VI Encontro Nacional dos Antigos Funcionários do Banerj reuniu, no último dia 13, cerca de 300 banerjianos na sede da Abanerj, em Jacarepaguá. O evento, anual, é a única oportunidade que muitos dos empregados do extinto banco têm de buscar respostas para suas dúvidas e esclarecimentos sobre as muitas pendências que ficaram depois da privatização do banco de fomento estadual.


Um dos assuntos debatidos foi o Projeto de Lei 3213/2010, de autoria do deputado estadual Gilberto Palmares, com co-autoria de Paulo Ramos e Edson Albertassi. O PL prevê que os banerjianos que sacaram sua reserva de poupança do PreviBanerj possam retornar ao fundo, desde que depositem novamente o valor sacado. A tônica deste debate foi a solidariedade, já que nem todos fizeram o saque, mas é preciso que a mobilização pela aprovação do projeto seja maciça.


Também foram dados informes sobre a ação contra o acordo assinado pela Contec e outras demandas judiciais.


Ronald Carvalhosa, diretor do Seeb-Rio, fez uma observação para um grupo específico de Banerjianos: os deficientes auditivos. Eles eram lotados no departamento de digitação do antigo banco, mas, com a privatização, foram espalhados pelas unidades. O Itaú parece querer se livrar destes bancários e já procurou alguns para fazer acordos de demissão. “Não assinem nenhum acordo sem, antes, procurar o sindicato”, recomenda Ronald. O sindicalista ressalta que um dos pontos mais negativos destes acordos é que, como encerram o contrato de trabalho, também excluem outros benefícios, como o direito ao plano de saúde. Os surdos presentes puderam acompanhar os debates e participar através de uma intérprete de Libras – Linguagem Brasileira de Sinais.


Outro informe importante foi sobre as eleições da Caberj, que estão se aproximando. Mais uma vez Ronald Carvalhosa fez um alerta: para que os bancários fiquem atentos às candidaturas de chapas que se apresentarem, para terem certeza de dar seu voto a um grupo realmente comprometido com os interesses do funcionalismo.


O clima do encontro é de reunião e ajuda não só a esclarecer dúvidas, mas a manter a mobilização. “À medida que perdemos nossas referências dentro do banco, este encontro passa a ser nossa referência”, ressalta Antônio Leite, diretor da Federação e ex-banerjianos.


A participação foi expressiva, com presença de membros de todas as entidades associativas do Banerj. Bancários de Angra dos Reis se fizeram presentes, bem como representantes da Federação e do Dieese.


Para o ano de 2012 o calendário do encontro muda: o evento será realizado no primeiro fim de semana de agosto.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Retiro espiritual (e literário)

 


Frei Betto

Passei a terceira semana de  julho em retiro espiritual com meus confrades dominicanos. No feriado de  Corpus Christi, fiz o mesmo, durante três dias, com grupos de oração  integrados por leigos.


 


Nesse mundo atordoado, notícias nos  perseguem em todos os cantos e recantos. Solicitações se multiplicam.  Retirar-se, recolher-se à solidão, estar consigo mesmo, é uma exigência  espiritual e intelectual. Muitos indígenas o fazem ao passar da adolescência à  idade adulta. Os esportistas se concentram nos dias precedentes a jogos e  disputas.


 


Se logro produzir tantos artigos e livros (53 títulos  em 35 anos. O 54o, um romance, sai no final deste mês) não é devido à equipe  de fradinhos que, como sugere Ricardo Kotscho, ocupa-se, no porão do convento,  a redigir, dia e noite, textos que assino. É graças a retiros literários. Pelo  menos 120 dias do ano reservados à criação literária. Evito a agitação urbana  e mantenho o celular desligado e a ansiedade contida.


Escrever,  como diria Thomas Edison, não é mera questão de inspiração, e sim de  transpiração. (João Ubaldo Ribeiro opina que a melhor inspiração é um fornido  cheque do editor…).


 


Para criar há que ralar. Ter a disciplina  de renunciar a convites, festas, atrações, viagens. E dedicar-se seriamente ao  trabalho de ler, escrever e pesquisar. Basta abrir as correspondências de  Balzac e Flaubert para se ter uma ideia de como se entregavam ciosamente ao  ofício literário.


 


Ah, quantas narrativas jamais nos chegaram por  ficarem retidas na imaginação de escritores que não se empenharam em virar  autores! Quantas obras-primas literárias sorvidas em tulipas de chope nos  bares da noite!


 


A preguiça é um dos sete pecados capitais. Nome  inadequado. Nada a ver com sombra, água fresca e jornal sem letras. Prefiro o  termo sugerido pelo monge Cassiano (370-435): acídia, latinização do grego  acédia.


 


Acídia é o desânimo de cultivar a vida espiritual. De  orar. De ler e meditar a Palavra de Deus. De praticar a virtude e superar o  vício. De abraçar os ensinamentos dos mestres espirituais.


 


Esta a  importância do retiro espiritual: distanciar-se do burburinho cotidiano,  livrar-se por uns dias da hipnose televisiva e do magnetismo internético,  deixar o celular desligado e conectar-se ao silêncio, ao íntimo de si mesmo,  para escutar melhor a voz divina e, assim, dilatar a capacidade de  amar.


 


Muitas vezes a resistência em retirar-se deriva do medo  (inconfessado) de encontrar a si mesmo. De  escutar a própria intuição, ouvir a voz do silêncio. É semelhante à  resistência à terapia. Assim como há quem julgue que ela “é para loucos”, há  quem considere que retiro “é para monges”.


 


Tenho amigos com  imensa dificuldade de desconectar-se do dia a dia. São compulsiva e  compulsoriamente antenados em tudo. Na verdade, ficam ligados no varejo. Não  conseguem se empenhar no atacado. Deixam escapar por entre os dedos os  talentos que possuem. Tornam-se, assim, presas fáceis da ansiedade e vítimas  do estresse. São aptos ao infarto, pois nem sequer conseguem mastigar devagar  o que ingerem.


 


Ainda que não haja oportunidade de fazer um retiro  espiritual, ao menos a manhã ou tarde de um domingo do mês deveria ser  reservada ao isolamento. Bastaria visitar uma igreja, desfrutar a  tranquilidade de um parque ou mesmo trancar-se em casa e  meditar.


 


Para o artista, retirar-se é imprescindível. A criação  exige distanciamento. Krajcberg refugia-se no sul da Bahia. Manoel de Barros,  numa fazenda do Mato Grosso. Adélia Prado, em Divinópolis (MG). João Gilberto  se impõe uma vida monástica em seu apartamento no Rio.


 


Talvez  por isso Javé, em sua sabedoria, tenha primeiro criado a luz e, por fim, os  seres humanos… Nossa excessiva tagarelice teria prejudicado a obra da  Criação. E como narrador invisível, Deus prefere ser conhecido por sua palavra  e obra. Assim como nós, leitores, conhecemos Camões, Machado de Assis e  Dostoiévski.


 


 





Frei Betto é escritor, autor, em parceria  com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de “Conversa sobre a fé e a ciência”  (Agir), entre outros  livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.


 


Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

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Terrorista louro de olhos azuis


 


Frei Betto

Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.


 


A mídia usamericana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.


 


Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo… alerta o preconceito infundido.


 


Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.


 


O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 mil civis, sem contar as mortes posteriores por efeito da contaminação.


 


Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.


 


Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental.


 


A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, adepto da fisicultura e dono de uma fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega dos EUA. Ele “é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes.


 


Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela OTAN sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?


 


Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?


 


O ser humano é a alma que carrega. Amy Winehouse tinha apenas 27 anos, sucesso mundial como compositora e intérprete, e uma fortuna incalculável. Nada disso a fez uma mulher feliz. O que não encontrou em si ela buscou nas drogas e no álcool. Morreu prematuramente, solitária, em casa.


 


O que esperar de uma sociedade em que, entre cada 10 filmes, 8 exaltam a violência; o pai abraça o filho em público e os dois são agredidos como homossexuais; o motorista de um Porsche se choca a 150km por hora com uma jovem advogada que perece no acidente e ele continua solto; o político fica indignado com o bandido que assaltou a filha dele e, no entanto, mete a mão no dinheiro público e ainda estranha ao ser demitido?


 


Enquanto a diferença gerar divergência permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.


 





Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de “Conversa sobre a fé e a ciência” (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.


 


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Fonte: Frei Betto