Sindicatos filiados aprovam propostas e encerram greve

Em assembleias realizadas pelos sindicatos da base, a proposta da Fenaban e as aditivas do BB e da Caixa foram aprovadas pelos bancários. Em quatro sindicatos – Campos, Macaé, Nova Friburgo e Teresópolis, as assembleias foram realizadas na manhã desta segunda-feira, dia 17, e as agências abriram em seguida. Em Itaperuna os bancos também funcionaram no primeiro dia da semana, mas a assembleia aconteceu na véspera, domingo 16. Os demais sindicatos realizaram assembleias à noite e o funcionamento dos estabelecimentos bancários será normalizado a partir de terça-feira, dia 18.

A greve que durou 21 dias foi a maior dos últimos 20 anos. Em todo o país, a paralisação chegou a atingir 9.250 unidades no dia mais intenso. Interditos proibitórios, manobras jurídicas e uso de força policial, como sempre, foram usados para enfraquecer o movimento. Mas os bancários, mais uma vez, mostraram por que são uma das categorias de ponta entre os trabalhadores brasileiros, mantendo a mobilização que levou a conquistas importantes. Pelo oitao ano consecutivo a categoria obteve aumento real, com ganho de 1,5 % acima da inflação. O piso dos bancários foi valorizado, com aumento pelo segundo ano seguido, atingindo R$ 1.400. E, apesar das ameaças de desconto de dias parados feita pelos patrões desde o início da campanha nacional, a mobilização conseguiu também que compensação do período não trabalhado fosse incluída na Convenção Coletiva.

No Espírito Santo, outra vitória importante foi a conquista do acordo aditivo do Banestes, depois de cinco anos. A postura do governo do estado finalmente mudou, havendo abertura ao diálogo. O novo aditivo do Banestes trouxe, inclusive, o retorno do abono assiduidade de três dias, direito que os banestianos perderam há mais de 15 anos. Saiba mais sobre o acordo do Banestes na matéria do Seeb-ES, clicando aqui.

Veja o quadro de assembleias dos sindicatos filiados à Federação:






































































































Sindicato Fenaban BB Caixa Assembleia
realizada em
Retorno
ao trabalho
Angra dos Reis Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10
Baixada Fluminense Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10
Campos Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Manhã 17/10
Espírito Santo Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10
Itaperuna Aprovada Aprovada Aprovada 16/10 17/10
Macaé Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Manhã 17/10
Niterói Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10
Nova Friburgo Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Manhã 17/10
Petrópolis Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10
Rio de Janeiro Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10
Sul Fluminense Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10
Teresópolis Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Manhã 17/10
Três Rios Aprovada Aprovada Aprovada 17/10 – Noite 18/10

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

BB: aumento do piso, ampliação do VCP e redução na trava

A negociação específica do BB, que aconteceu após a última mesa da Fenaban, trouxe avanços na proposta apresentada aos trabalhadores. O piso também foi aumentado, a exemplo do que foi definido na negociação geral. O novo valor será de R$ 1.760, havendo reflexo em toda a curva do PCR (interstícios). Cada letra M (mérito) passará ao valor de R$ 97,35. O VCP, que era de apenas 4 meses, foi ampliado para até um ano para funcionários que retornam de licença saúde. A trava para concorrência dos bancários com posto efetivo a uma comissão baixou para um ano. Com estes e outros avanços, a Comissão de Empresa e o Comando Nacional orientam a aprovação da proposta nas assembleias.

Sérgio Farias, representante da Federação na CEE/BB, destaca que a valorização do piso é importante para uma boa parcela dos funcionários. “Isto vai ter reflexo para cerca de 60 mil trabalhadores, o que representa mais da metade do funcionalismo”, informa o dirigente. O BB também propôs retroatividade no mérito na carreira do PCR até 1998.

Conforme prometido no início da negociação, o reajuste segue o valor apresentado pela Fenaban, de 9 % . Para os dias parados, também valerá a regra da mesa geral: não desconto, com compensação até 15 de dezembro e abono do restante após esta data.

A proposta do banco apresenta uma conquista importante para os bancários, já que BB ameaçou impor retrocessos. “O banco ameaçou descontar os dias parados e não conceder aumento real. Mas a força da mobilização, que atingiu mais de 50 % dos funcionalismo, fez o banco recuar e garantiu o aumento real de 1,5 % e a compensação dos dias de greve no mesmo modelo apresentado na mesa da Fenaban’, destaca Sérgio Farias.

Veja os valores de PLR:













Escriturário: R$ 3.571
Caixas, atendentes e auxiliares: R$ 3.912
Demais Comissionados: de 1,62 a 3 salários, incluído o módulo bônus


 


Outras conquistas

O representante da Federação também aponta como avanço o aumento do número de funcionários elegíveis ao programa de aprimoramento. “Antes, pouco mais de 55 mil empregados podiam receber o benefício, mas, pela nova proposta, este número vai passar dos 68 mil. O valor também aumenta, indo de R$ 200 para R$ 215”, informa o sindicalista. O programa de bolsas de estudo também será ampliado, com 1 mil para graduação e 500 para pós.

Veja aqui a matéria publicada pela ContrafCUT com mais detalhes sobre a proposta do BB.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Caixa: novo aumento do piso e PLR social mantida

A negociação específica com a Caixa, realizada após a reunião da Fenaban, entrou pela madrugada de sábado. O resultado foi positivo, com avanços importantes como a valorização do piso pelo segundo ano seguido – após 90 dias, o novo contratado entra na referência 203 da tabela, passando a receber R$ 1.826. A PLR social, inovação da campanha nacional de 2010, também foi mantida e vai gerar a distribuição linear de 4 % do lucro líquido, além da regra básica definida na mesa da Fenaban. Este adicional será pago mesmo que a soma da PLR geral da categoria com a específica ultrapasse 15 % do lucro do banco, como está definido na Convenção Coletiva.

Estes dois pontos foram destacados pelos sindicalistas por representarem avanços importantes. Quanto ao salário de ingresso, a Caixa seguiu a Fenaban no aumento do piso, mas o valor é maior. “Os bancários da Caixa passaram a ter o maior piso da categoria. Ainda não alcançamos o valor definido do Dieese, como reivindicamos, mas é um avanço importante. O movimento sindical vai continuar lutando pela valorização do piso nos próximos anos”, salienta Ricardo Maggi, representante da Federação na CEE/Caixa.

O sindicalista também destaca que o pagamento da PLR social pelo segundo ano consecutivo contribui para a discussão a respeito deste benefício. Este é um grande avanço, principalmente se considerarmos as limitações da Caixa por ser uma empresa pública”, destaca Maggi. O dirigente acrescenta, ainda, que ficou definido que a primeira parcela da PLR será paga com base no lucro do primeiro semestre. “Esta medida corrige distorções de anos anteriores, quando a parcela inicial ficava abaixo das expectativas. Isto gerava muita insatisfação e provocava uma chuva de reclamações”, lembra.

Outro avanço comemorado pelos representantes dos trabalhadores é a contratação de 5 mil novos funcionários através de concurso público até o final do ano que vem.

A proposta apresentada pela Caixa na reunião de sexta-feira foi considerada positiva pelo Comando Nacional e a Comissão de Empresa, que orientam a aprovação nas assembleias.

Mais pontos

O representante da Federação também aponta um avanço importante na questão da saúde do trabalhador, que é a garantia de manutenção de função em caso de afastamento. Antes a função só era assegurada no retorno se o afastamento não passasse de 15 dias. A remuneração era mantida durante a licença, mas era comum os gestores retirarem a titularidade do trabalhador afastado quando ele voltava a trabalhar. Agora, o empregado pode ficar até 180 dias de licença e ter sua função de volta quando retornar. “Este avanço atende a uma reivindicação que sempre colocamos na mesa permanente de saúde”, informa o sindicalista.

Uma conquista política importante, na avaliação de Maggi, é a concordância do banco em mudar seu estatuto para permitir o acesso a cargos no Conselho de Administração a empregados que nunca exerceram função de gestor. “Este avanço permite, por exemplo, que dirigentes sindicais também participem do Conselho”, destaca o dirigente.

Uma mudança que interessa principalmente à base da Federação é o reajuste linear de R$ 60 que será pago aos Auxiliares de Serviços Gerais, além do reajuste de 9 % . Somado a vantagens pessoais e adicionais por tempo de serviço, este valor pode chegar a R$ 106. Os Auxiliares estão concentrados no Rio de Janeiro –quase 90 % do total nacional – e estão estagnados há dez anos no topo de sua tabela de referência, não podendo mais receber promoções por mérito. “A proposta não atende às expectativas desse grupo, mas demonstra que, finalmente, a Caixa reconhece que precisa encontrar uma forma para compensar e valorizar estes empregados. Grande parte desse pessoal tem função gratificada inclusive de Gerência. Entendemos, também, que este avanço abra a possibilidade de ampliar a discussão”, comemora Maggi.

Veja aqui a matéria publicada pela Contraf, com mais detalhes sobre a proposta da Caixa.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Greve arranca aumento real, PLR maior, valorização do piso e compensação dos dias parados

Os 18 dias de greve forçaram a Fenaban a apresentar uma proposta melhor aos bancários. Na reunião que aconteceu na última sexta-feira, dia 14, os banqueiros ofereceram 9 % de reajuste, o que inclui um aumento real de 1,5 % , piso de R$ 1.400, parcela fixa da PLR de R$ 1.400 com PLR adicional máxima de R$ 2.800. Os dias de greve não serão descontados, mas compensados até 15 de dezembro, como aconteceu no ano passado. “Foi uma grande vitória conquistarmos o não desconto dos dias parados, já que a Fenaban ameaçou, desde o início das negociações, que este ano não aceitaria o acordo de compensação”, ressalta Nilton Damião Esperança, representante da Federação no Comando Nacional.

Outros avanços não econômicos foram a inclusão de cláusula que proíbe que bancários façam transporte de numerário e impede os bancos de divulgarem rankings individuais de atingimento de metas nas agências. A mobilização dos bancários também conquistou a regularidade das reuniões das mesas temáticas de terceirização, saúde do trabalhador, igualdade de oportunidades e segurança bancária, que passarão a ser realizadas a cada três meses.

Mobilização e vitória

A greve deste ano foi a maior dos últimos 20 anos, chegando a paralisar de mais de 9.250 agências em todo o país. “Mais uma vez ficou provado que os banqueiros só concedem aumentos e avanços com muita mobilização dos bancários. Quero parabenizar os sindicatos filiados à Federação por sua atuação, construindo uma greve forte, mesmo com algumas tentativas dos bancos de enfraquecer nosso movimento. Nossa base ajudou a respaldar o Comando Nacional na mesa de negociação, com um grande número de agências paradas”, destaca Nilton.

Mas os bancários não estão felizes por terem parado por 18 dias. “A greve prolongada é responsabilidade dos banqueiros, que adotaram um comportamento inflexível e insistiram na proposta rebaixada”, enfatiza Nilton Damião. O Comando Nacional chegou a publicar uma carta aberta à população explicando o motivo do movimento paredista se alongar, ressaltando a intransigência durante as negociações. De fato, foram muitos dias de silêncio desde 23 de setembro, quando os patrões colocaram na mesa a proposta de reajuste de 8 % . A greve começou no dia 27 e os banqueiros só procuraram os trabalhadores para reabrir as negociações depois que o Comando Nacional protocolou um pedido de audiência com o presidente da Fenaban, Murilo Portugal, e com a presidenta Dilma Roussef.

Nilton Damião Esperança destaca como uma importante conquista a valorização do piso salarial dos bancários, que já ocorre pelo segundo ano seguido. “Numa época em que temos tantos jovens sendo contratados pelos bancos, muitos em seu primeiro emprego, é importante que o salário inicial seja valorizado, já que isso vai se refletir em toda a curva salarial. Valorizar o piso é garantir que o trabalhador bancário tenha a recomposição de seu poder aquisitivo, que foi perdido na década de 90”, salienta Nilton.

Orientação

A orientação do Comando Nacional é de que os sindicatos defendam nas assembleias a aprovação da proposta apresentada pela Fenaban e o encerramento da greve.

Veja aqui a íntegra da proposta patronal apresentada na última sexta-feira.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Do Fundo do Poço

Vira e mexe, volta à baila o  tema da descriminalização das drogas. Uns opinam que com o sinal verde e a  legalização da venda e do consumo o narcotráfico perderia espaço e a saúde  pública cuidaria melhor dos dependentes, a exemplo do que se faz em relação ao  alcoolismo.


 Outros alegam que a maconha deveria ser liberada, mas  não as drogas sintéticas ou estupefacientes como crack, cocaína e ópio. 


 Não tenho posição formada. Pergunto-me se legalizar o plantio e  o comércio da maconha não seria um passo para, mais tarde, se deparar com  manifestações pela legalização do tráfico e consumo de cocaína e  ecstasy…


 Presenciei, em Zurique, no início dos anos 90, a  liberação do consumo de drogas no espaço restrito da antiga estação  ferroviária de Letten. Ali, sob auspícios da prefeitura, e com todo  atendimento de saúde, viciados injetavam cocaína, ópio, heroína, a ponto de o  local ficar conhecido como Parque das Agulhas. Em 1995, encerrou-se a  experiência. Apesar do confinamento, houve aumento do índice de viciados e da  criminalidade.


 Nem sempre o debate se pergunta pelas causas da  dependência de drogas. É óbvio que não basta tratar apenas dos efeitos. Aliás,  em matéria de efeitos, a minha experiência com dependentes, retratada no  romance “O Vencedor” (Ática), convenceu-me de que recursos médicos e  terapêuticos são importantes, mas nada é tão imprescindível quanto o afeto  familiar.


 Família que não suporta o comportamento esdrúxulo e  antissocial do dependente, comete grave erro ao acreditar que a solução reside  em interná-lo. Sem dúvida, por vezes isso se faz necessário. Por outras é o  comodismo que induz a família a se distanciar, por um período, do parente  insuportável. Dificilmente a internação resulta, além de desintoxicação, em  abstenção definitiva da droga. Uma vez fora das grades da proteção clínica, o  dependente retorna ao vício. Por quê?


 Sou de uma geração que, na  década de 1960, tinha 20 anos. Geração que injetava utopia na veia e,  portanto, não se ligava em drogas. Penso que quanto mais utopia, menos droga.  O que não é possível é viver sem sonho. Quem não sonha em mudar a realidade,  anseia por modificar ao menos seu próprio estado de consciência diante da  realidade que lhe parece pesada e absurda.


 Muitos entram na droga  pela via do buraco no peito. Falta de afeto, de autoestima, de sentido na  vida. Vão, pois, em busca de algo que, virtualmente, “preencha” o  coração.


 Assim como a porta de entrada na droga é o desamor, a de  saída é obrigatoriamente o amor, o cuidado familiar, o difícil empenho de  tratar como normal alguém que obviamente apresenta reações e condutas  anômalas.


 Do fundo do poço, todo drogado clama por transcender a  realidade e a normalidade nas quais se encontra. Todo drogado é um místico em  potencial. Todo drogado busca o que a sabedoria das mais antigas filosofias e  religiões tanto apregoa (sem que possa ser escutada nessa sociedade de  hedonismo consumista): a felicidade é um estado de espírito, e reside no  sentido que se imprime à própria vida.


 O viciado é tão consciente  de que a felicidade se enraíza na mudança do estado de consciência que, não a  alcançando pela via do absoluto, se envereda pela do absurdo. Ele sabe que sua  felicidade, ainda que momentânea, depende de algo que altere a química do  cérebro. Por isso, troca tudo por esse momento de “nirvana”, ainda que  infrinja a lei e corra risco de vida.


 Devemos, pois, nos  perguntar se o debate a respeito da liberação das drogas não carece de ênfase  nas causas da dependência química e de como tratá-las. Todos os místicos, de  Pitágoras a Buda, de Plotino a João da Cruz, de Teresa de Ávila a Thomas  Merton, buscaram ansiosamente isto que uma pessoa apaixonada bem conhece:  experimentar o coração ser ocupado por um Outro que o incendeie e arrebate.  Esta é a mais promissora das “viagens”. E tem nome:  amor.

Frei Betto é escritor, autor, em parceria com  Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de “Conversa sobre a fé e a ciência”  (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.

Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

Greve dos Bancos ? Eu vou sobreviver… (ARTIGO)




 





A onda de greves, como não poderia deixar de ser, está causando um tremendo transtorno na minha vida. Por conta da parada da ECT, meus calçáveis desejos de consumo a caro custo realizados via Pag-Fácil, vão tardar a surgir no portão aqui do prédio, costumeiramente escoltados pelos simpáticos e exaustos homens e mulheres, vestidos de amarelo e azul. E o meu dinheiro, então? ! Sozinho… Abandonado à própria sorte nas agências, sem o manuseio cauteloso dos bancários… Meu Deus, por que esta gente não protesta trabalhando? Por que não protestam por e-mail, por carta (por carta já não dá, senão é mais trabalho). A resposta é simples: porque isso não surte efeito, não resolve o problema deles, só o meu. Todo mundo sabe que aquilo que não causa prejuízo, não mexe no bolso de ninguém, não incomoda. E para chamar a atenção de gente que movimenta muito dinheiro, como os banqueiros, especialmente, só mexendo com o dinheiro deles. E mexendo bem, porque estamos falando de gente que lucra milhões, bilhões anualmente. Lucro mesmo, limpinho, sem desconto de INSS, IR, etc… Senão vejamos: alguém aí já leu alguma notinha dando conta de banco que teve prejuízo? É só procurar: no final de cada ano ou no começo do próximo, sempre sai uma notícia pequenina, escondidinha na editoria de Economia dos jornais, anunciando o lucro vultoso de algum conglomerado bancário.  Tem banco aqui da província mesmo que vai tão bem a ponto de ser a salvação da lavoura para os apuros do Estado. Li tudo nos tablóides, menos a notícia de bancos repartindo lucros com funcionários. Ah, o mundo ideal…


           Confesso que ser bancária nunca foi um dos meus desejos concretos. Primeiro porque no concurso para a carreira sempre tem matemática e eu, como muitos da área da comunicação, ignoro o termo e o significado deste na minha existência, desde o traumático vestibular. Depois, por achar o ambiente burocrático dos bancos um tanto cerceador para a minha suposta irreverência. Mas enfim, eu tinha uma certa inveja desta categoria, mantinha no imaginário a idéia de que os bancários viviam envoltos em plenitude por conta da combinação entre estabilidade, bom salário, ambiente de trabalho diferenciado e a possibilidade concreta do apartamento próprio em praticáveis prestações.  Meu tolo engano começou a se desfazer quando entrei em contato mais próximo com o Sindicato dos Bancários, em função do meu trabalho, e ao ler o artigo esclarecedor do Juremir Machado sobre este tema, publicado no Correio do Povo.


O confronto com a realidade destes trabalhadores e trabalhadoras  pôs em pé o meu belo cacheado. A notícia de que esse povo convive com a pressão freqüente da exigência de metas exageradas, defasagem de salários e, acima de tudo, enfrenta o terrível assédio moral, que adoece não só o corpo, mas a alma das pessoas, me fez compreender e apoiar um pouco mais a luta que eles estão empreendendo.


Fui vítima de assédio moral no ambiente de trabalho por muito tempo. Sei o estrago que isso provoca na auto-estima, na imagem que o funcionário tem de si próprio e da função que exerce.  É como no triste caso da Anorexia, quando o doente, por mais esquálido que já esteja, vê a própria imagem distorcida no espelho, obesa, e não se alimenta para não engordar ainda mais. No assédio moral funcional, o espelho é o empregador; e a imagem distorcida que ele oferece é a de um funcionário incompetente, preguiçoso, incapaz, que precisa trabalhar ainda mais para reverter aquele quadro. E o empregado assimila essa mensagem.


Na prática, o patrão que assedia moralmente não exige só o esforço acima da capacidade do trabalhador, quer o sangue dele. E no caso dos bancos, está conseguindo. Segundo dados do Sindicato, que me deixaram com a juba ainda mais eriçada, a cada vinte dias, um bancário comete suicídio, sem falar da quantidade deles que segue em tratamento com antidepressivos e acompanhamento médico e terapêutico. Bela carreira a almejar, não acham?!


Não é a toa que a greve dos bancos ocorre de forma organizada em todo o país e ganha força com a adesão massiva dos funcionários. Não é a toa que o Sindicalismo da categoria é forte: o inimigo é imponente e capitalizado.


Os bancários estão corretos: dar um “Basta” a este absurdo é necessário e urgente. São mais 19 dias para a próxima morte. E se para evitar que mais vidas e sanidades se percam será preciso que eu caminhe umas quadras a mais para sacar os meus caraminguás diários, que eu espere um tanto mais na fila, que os meus raros depósitos demorem mais para cair naquela conta, que é mais do banco do que minha, de tantos juros que me cobram: tudo bem… Eu vou sobreviver. E quero, sinceramente, que os colegas trabalhadores bancários também possam. Por isso, gente, só descruzem os braços nas agências para sinalizar o “Basta”. Até a vitória!  Afinal, “a ganância dos bancos tem de acabar”.


Andréa Farias é jornalista, gaúcha e mora em Porto Alegre-RS

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Correios: TST considera greve não abusiva e determina retorno ao trabalho

A Seção Especializada em Dissídios Coletivos (SDC) do Tribunal Superior do Trabalho acaba de decidir que a greve dos empregados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) não é abusiva. Com o julgamento, a categoria deve retornar ao trabalho a partir da 0h de quinta-feira, 13 de outubro. A SDC fixou reajuste salarial de 6,87 % a partir de agosto de 2011; aumento real no valor de R$80,00 a partir de 1º de outubro de 2011; vale extra de R$575,00, a ser pago no mês de dezembro de 2011, aos trabalhadores admitidos até 31 de julho de 2011; vale alimentação de R$ 25,00; e vale-cesta de R$ 140,00.


Dias parados


O ponto mais discutido do julgamento foi o tratamento a ser dispensado aos 24 dias de paralisação (que, com o acréscimo do repouso semanal remunerado, representam 28 dias). O relator, ministro Maurício Godinho Ddelgado, propunha a compensação total, por meio de trabalho aos sábados e domingos, e a devolução dos seis dias já descontados pela ECT. A segunda corrente, liderada pelo presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, defendia que, de acordo com a Lei de Greve (Lei nº 7783/1989), a paralisação significa a suspensão do contrato do trabalho, cabendo, portanto, o desconto integral dos dias parados. No final, prevaleceu a corrente liderada pelo corregedor-geral da Justiça do Trabalho, ministro Barros Levenhagen, que autoriza o desconto de sete dias e a compensação dos demais 21.


A compensação será feita até maio de 2012, aos sábados e domingos, conforme necessidade da ECT, observada a mobilidade de área territorial (na mesma região metropolitana e sem despesas de transporte para o trabalhador), e convocadas com pelo menos 72 horas de antecedência.


De acordo com o ministro Maurício Godinho Delgado, relator do dissídio na SDC, o direito de greve foi exercido pelos empregados da ECT dentro dos limites legais e não houve atentado à boa-fé coletiva. O ministro afirmou que “não se teve notícias de grandes incidentes durante todo o movimento da categoria profissional, nas mais de cinco mil unidades da empresa”.


(Augusto Fontenele e Carmem Feijó)


Processo: DC 6535-37.2011.5.00.0000



A Seção Especializada em Dissídios Coletivos é composta por nove ministros. São necessários pelo menos cinco ministros para o julgamento de dissídios coletivos de natureza econômica e jurídica, recursos contra decisões dos TRTs em dissídios coletivos, embargos infringentes e agravos de instrumento, além de revisão de suas próprias sentenças e homologação das conciliações feitas nos dissídios coletivos.

Fonte: TST

Rio e SP paralisam call center do Santander

Em uma ação coordenada pelos sindicatos do Rio de Janeiro e de São Paulo, o atendimento telefônico do Santander ficou completamente paralisado durante todo o dia na última sexta-feira, dia 07. Nos dois call centers, somente alguns supervisores subiram para seus postos de trabalho. No Rio, as mesas ficaram de tal modo congestionadas que o atendimento foi inviabilizado.

No Rio de Janeiro, ao contrário de outros anos, quando a polícia pressionou o piquete, a ação da PM foi exemplar. Convocados pelo advogado do banco, que chegou por volta das 09h, os policiais chegavam, verificavam que o movimento estava ocorrendo pacificamente e que a porta de entrada não estava impedida e iam embora. Isso chegou a acontecer quatro vezes. Os supervisores do call center, que entraram, também ligaram para denunciar à polícia que o piquete estava criando confusão, mas nada disso foi constatado pelos policiais. A única exigência da PM foi que o volume do carro de som, que chegou por volta das 10h, fosse reduzido. “Um dos policiais chegou a dizer que registraria no seu relatório que não encontrou nenhum problema no piquete”, relata Luiza Mendes, diretora da Federação e funcionária do Santander.

A paralisação de sexta-feira foi uma grande vitória, já que a adesão foi maciça. “Só entrou quem chegou antes do piquete, e, mesmo assim, foi pouca gente, já que o turno das 07h tem poucos funcionários. Eles saíram ao fim de sua jornada e só ficaram lá os supervisores”, acrescenta Luiza. A dirigente informa também que, por volta das 17:30, os bancários que ainda estavam nas proximidades do prédio foram embora espontaneamente. “Isso demonstra que o pessoal do call center está inconformado com o tratamento que recebe do banco. Eles têm metas cada vez mais altas, têm que atender os clientes e ainda vender produtos, tudo isso dentro de um tempo máximo de atendimento que é estipulado pelo banco. E, apesar de toda esta pressão, não são remunerados pelas vendas, como acontece com os bancários que trabalham nas agências. É muita injustiça e o pessoal não aguenta mais”, pondera a sindicalista.

No Rio de Janeiro, trabalham no prédio do call center cerca de 800 bancários, em vários turnos. Além das ligações telefônicas para os clientes regulares e do segmento alta renda, o serviço de processamento das operações de internet banking para pessoa física e jurídica, o telemarketing ativo, uma agência Van Gogh e um setor de RH também funcionam no prédio.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Vereadores de municípios da base apoiam a greve dos bancários

A greve da categoria bancária tem recebido apoio de vereadores de vários municípios da base da Federação. Veja os parlamentares que já discursaram e os que propuseram aprovação de moções de apoio:


 


Discursaram em tribuna apoiando o movimento grevista os seguintes vereadores:



  • Claudio Mello (PT), de Teresópolis
  • Eliezer Tavares  (PT), de Vitória-ES
  • Leonardo Giordano (PT), de Niterói
  • Reimont Otoni (PT), do Rio de Janeiro (veja vídeo aqui

 


Moções de apoio propostas:



  • Nova Friburgo – iniciativa do vereador Cláudio Damião (PT) (veja aqui)
  • São Gonçalo – iniciativa do vereador Marlos Costa (PT) (veja aqui)

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Niterói: sindicato enterra a intransigência e a ganância dos banqueiros

Caixão, velas e até o “João Caveirão”, simbolizando a morte, marcaram a manifestação realizada na tarde do último dia 06 pelo Sindicato dos Bancários de Niterói. O ato simbólico de enterrar a intransigência e a ganância dos banqueiros atraiu a atenção da população do município. Dirigentes sindicais de todos os bancos com agências em Niterói se revezaram ao microfone do carro de som.

Os sindicalistas expuseram não só das reivindicações da categoria, mas também das dificuldades enfrentadas pelos bancários em seu dia a dia. “Estamos fazendo o enterro simbólico do sistema financeiro, da Fenaban e de todos os bancos, em função destes dez dias de greve e do silêncio dos patrões, que demonstra o descaso para com a categoria bancária. O descaso não é pelos dirigentes sindicais ou os sindicatos, mas pela a categoria bancária, que decidiu pela greve em assembleia”, esclareceu Fabiano Júnior, presidente do sindicato.

A manifestação saiu da frente da agência do Bradesco da Av. Amaral Peixoto, onde funciona a diretoria regional do banco, e seguiu até o terminal das Barcas. Durante o ato, uma niteroiense pediu a palavra e manifestou sua solidariedade à greve, destacando que os clientes e usuários sofrem muito com as tarifas, os juros e o mau atendimento prestado pelos bancos em razão da escassez de funcionários.

O ato reforça a disposição de luta dos trabalhadores depois de tantos dias de greve. Em Niterói, uma consequência positiva foi a inversão da pauta da imprensa, que vinha destacando os casos isolados de dificuldades enfrentadas por alguns clientes. Nos jornais de sexta-feira, as matérias deram destaque ao mote da manifestação: a intransigência dos patrões prolonga a greve.

A Fenaban não fez nenhum contato com o Comando Nacional dos Bancários depois da última negociação, realizada no dia 23 de setembro, mantendo as propostas colocadas na reunião. “Este reajuste de 8 % é infinitamente inferior à expectativa dos bancários em função da lucratividade e do crescimento do sistema financeiro”, argumenta Fabiano Júnior. Com a manifestação, o sindicato dos Bancários de Niterói levou à população o lado da greve que a imprensa ainda não havia mostrado. “Este enterro simboliza o que bancários e clientes e usuários pensam dos banqueiros. E mostra que a categoria está forte para continuar com a greve até os bancos apresentarem uma proposta aceitável”, analisa o dirigente.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES