Reunidos no auditório da Federação no último dia 13, os dirigentes dos sindicatos filiados decidiram apoiar a candidatura do bancário Vagner Freitas para a presidência da CUT Nacional. O candidato visitou a sede da entidade e conversou com os sindicalistas, falando de sua experiência pessoal e sindical e expondo sua plataforma.
Filho de pai e mãe nascidos no interior paulista, Vagner faz parte da primeira geração de paulistanos da família. O pai, que estudou pouco, ainda trabalha como taxista e a mãe é dona de casa. Apesar das dificuldades, Vagner ressalta que seus pais sempre educaram os filhos para que fossem honestos e dignos. O sindicalista tem enorme orgulho da avó, que, numa época em que poucas mulheres trabalhavam fora, era operária, primeiro de uma cervejaria, depois de uma indústria têxtil.
Jovem bancário, Vagner entrou para a direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo em 1989, aos 22 anos. Mais tarde, quando chegou à presidência da CNB – Confederação Nacional dos Bancários, passou a pensar nacionalmente, percebendo melhor a importância de conhecer a categoria bancária de todo o país, com as particularidades regionais. Quando a situação jurídica da entidade ficou complicada e foi preciso criar outra confederação, a Federação do RJ/ES foi aliada de primeira hora. “Vagner ligou para cá e pediu nossa colaboração, já que, para a fundação de uma confederação, é preciso que haja, no mínimo, três federações. Nós atendemos ao chamado e enviamos a maior delegação para o congresso de fundação da Contraf”, lembra Fabiano Júnior, presidente da Feeb.
A relação de Vagner com os dirigentes da Feeb RJ/ES sempre foi pautada pelo respeito. “Aqui nesta Federação eu aprendi a conviver com as diferenças, já que a entidade reúne sindicalistas de vários matizes. Vocês me ajudaram a aprender a não ser sectário. E isso é muito importante para mim, neste momento, porque entendo que não é possível presidir a CUT com um olhar sectário, de tendência”, ressaltou Vagner. O candidato destaca que, com o crescimento das outras centrais sindicais em razão da divisão do imposto sindical, a CUT precisa se fortalecer. “Temos que discutir nossa unidade interna, porque nossos inimigos estão fora, não dentro. Ou se faz uma direção de unidade, ou não vamos poder enfrentar a disputa com as outras centrais”, avalia.
Princípios cutistas
Mas a CUT continua fiel ao princípio de ser contrária à cobrança do imposto sindical. Para Vagner, o desconto obrigatório de um dia do salário de cada trabalhador brasileiro a título de imposto sindical configura uma forma de financiamento público do sindicalismo, o que compromete a independência das entidades. “Não estamos interessados em discutir a divisão do quinhão do imposto sindical. A CUT tem que olhar para frente”, entende o sindicalista.
Outra característica da CUT que Vagner ressalta é o compromisso com todos os trabalhadores. “O movimento sindical cutista se organiza a partir dos sindicatos de base e da organização nos locais de trabalho. A CUT tem que estar nas demandas do dia a dia, é uma central de massa e tem que estar presente em todas as atividades dos trabalhadores. É fundamental a presença da Central nas campanhas salariais, na condução das principais políticas, mas são os sindicatos que constroem a CUT, ela não é maior do que cada uma das entidades filiadas.”, ressalta o sindicalista.
Para Vagner, um dos principais desafios da CUT no momento é discutir a diversidade e a inclusão de todos os trabalhadores e trabalhadoras. “Temos que nos debruçar sobre a questão da desigualdade e do preconceito. Esta é a trincheira em que o Brasil ainda tem que lutar. O país continua muito conservador e a CUT tem que trabalhar nisso nos próximos anos”, avalia.
Outra questão fundamental é a mudança do modelo sindical brasileiro, que o sindicalista considera mal discutido. Vagner cita a impossibilidade de associação livre e as constantes perseguições e até assassinatos de dirigentes como exemplos dos problemas do modelo. “A estrutura sindical brasileira atravanca o desenvolvimento do sindicalismo. Temos muitos sindicatos, mas talvez sem a representatividade que deveriam ter. Queremos sindicatos com representatividade, com trabalhadores sindicalizados e organizados”, defende. Vagner destaca que é imprescindível para esta mudança a ratificação da convenção 87 da OIT, que trata de liberdade de autonomia sindical. “Um movimento sindical forte ajuda a fortalecer a democracia”, conclui.
Mas, para Vagner, a atuação da central não deve se restringir às questões estritamente corporativas. “A CUT tem que mostrar quais as suas propostas para o Brasil. Sobre os principais problemas, como a reforma política, reforma tributária, organização sindical, da política agrária. Na nossa trajetória, sempre discutimos não só a questão da contratação de mão de obra, mas a transformação da sociedade, debatendo os assuntos que interessam ao país. Porque estes assuntos interessam aos trabalhadores que constroem o Brasil”, justifica o candidato.
Exemplo bancário
Como trabalhador do sistema financeiro, Vagner acredita que uma das contribuições que pode oferecer à CUT é a experiência de organização nacional. “Quando eu era presidente da CNB, tinha orgulho dos bancários serem a única categoria a ter um contrato coletivo nacional. Hoje isso me entristece, porque continuamos sendo os únicos”, revela. O candidato pretende se empenhar, caso escolhido para presidir a Central, para que a CUT continue perseguindo o objetivo de conquistar a contratação coletiva nacional para mais categorias.
Mas, para Vagner, apesar desta grande conquista e de tantos outros benefícios, os bancários não melhores ou piores que os trabalhadores de outros ramos. “A soma das experiências é que torna a CUT forte. A característica e a concepção de cada categoria fortalecem a central. Temos uma atuação importante em vários ramos e destacamos a nossa presença forte nos sindicatos de servidores públicos, que, aqui no Brasil, não têm direito garantido à organização. E temos também a organização dos metalúrgicos, que eu não posso deixar de citar, já que dela veio um presidente da república.
Vagner também destaca que a Central se faz na base, com suas entidades filiadas, e sua plataforma é de manter e ampliar esta atuação. “Entendo que a minha candidatura não é de corporação, mas de classe, da classe trabalhadora”, define. O sindicalista também anuncia que, na presidência da Central, pretende estar próximo aos trabalhadores, onde quer que estejam, e mostrar à sociedade a proposta cutista para o Brasil. “Temos que colocar a cara na rua e deixar bem claro quem é a CUT”, resume.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES