Santander dificulta investimento da PLR em previdência complementar

A possibilidade existe, mas os meios, não. O Santander oferece aos funcionários a possiblidade de investir a PLR como aporte no fundo de pensão, mas o procedimento é confuso e é difícil obter informações claras. As regras do fundo não permitem aportes por parte do funcionário, exceto da participação nos lucros, que sai junto com a folha de pagamento. E o pagamento tem que ser direto, sem que os valores passem pela conta do empregado.

Uma funcionária do banco tentou, desde o início de setembro, encaminhar os formulários para indicar sua intenção de aplicar a PLR com aporte no fundo, mas só conseguiu no último minuto, nesta segunda-feira, 18. Como o pagamento dos empregados do banco sai dia 20, o prazo estava apertado. A bancária buscou fazer tudo com antecedência, mas o formulário do pedido exige que seja indicado o valor a ser aportado. Como ninguém tem acesso a estes valores antes do pagamento – e ainda é preciso calcular o imposto de renda – a empregada não tinha como preencher este campo.

Diante da necessidade de cumprir o prazo, a bancária informou um valor estimado. Dias depois recebeu a informação de que o montante que deveria receber era diferente do informado, o que inviabilizava o aporte. Foi então que começou a buscar solução.

Depois de descobrir que não há telefone de contato com o fundo de pensão, a funcionária passou por atendimento em vários setores, sem obter a informação necessária. Acabou optando por informar o mesmo valor da PLR do ano passado, sem saber se o aporte pode ser de um valor inferior ao total a ser recebido. Enviou o formulário preenchido e ficou na expectativa do resultado. Horas mais tarde, foi informada de que o pedido não havia sido aceito, por ter sido enviado depois do prazo.

Olho na PLR

O que mais chama atenção é que resolver a questão é simples. Basta habilitar o sistema para aceitar a opção “valor integral” no campo correspondente. Assim, qualquer que fosse o montante a ser recebido como PLR, todo ele seria imediatamente investido no fundo de pensão.

A suspeita da funcionária é que o banco esteja de olho na PLR dos empregados. Esta impressão ficou clara quando uma das atendentes dos serviços telefônicos informou que havia outras opções de investimento além do aporte no fundo de pensão. O investimento em previdência é menos interessante ao banco, que não tem a mesma oportunidade de investir o dinheiro dos correntistas.

Não foi a primeira, nem a última. Apenas mais uma informações sobre o fundo de pensão do Santander que fica guardada a sete chaves pelo banco. A diferença é que as regras continuam, como sempre, flutuando ao sabor do vento.

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES