Foto: Sérgio Cardoso
Só a união de todos os trabalhadores conseguirá reverter o quadro de exploração e de desigualdade social imposto pelo capital financeiro. Essa foi a tônica do ato de lançamento da Campanha Salarial 2011 dos bancários, que aconteceu na manhã desta sexta-feira, 26, e percorreu às ruas do Centro de Vitória. A atividade, que também integra a Jornada Nacional de Lutas no Espírito Santo, contou com a presença dos trabalhadores do campo e da cidade, que se utilizaram de alegorias circenses e do teatro para evidenciar os problemas e os desafios enfrentados pela classe trabalhadora.
O agente financeiro, Marcos Salazar, 51 anos, era um dos que passava na rua durante a manifestação e se mostrou favorável ao ato. “Lá no Chile, as pessoas estão indo às ruas e as coisas estão acontecendo. Aqui no Brasil parece que a maioria se acomodou. Esses atos são importantes porque fazem a gente parar um pouco para refletir”, declarou. Altas taxas de juros, filas nos bancos, baixos salários, educação e saúde de má qualidade, corrupção, falta de segurança, morosidade na política de reforma agrária e avanço dos agrotóxicos e do agronegócio foram alguns temas abordados durante a manifestação.
“Enquanto quase 45 % do Orçamento Geral da União é utilizado para pagar a dívida pública do país e garantir o lucro dos banqueiros, o resto da população fica abandonada à própria sorte. E mais, ainda é forçada a pagar altos juros e ser mal atendida nos bancos. Essa lógica do parasitismo e da agiotagem legalizada tem que acabar. O capital financeiro não pode continuar sugando o nosso sangue”, defendeu Carlos Pereira de Araújo, secretário geral do Sindicato dos Bancários/ES.
“Só com a união do campo e da cidade conseguiremos construir uma sociedade mais justa e igualitária. Nós, da Via Campesina, declaramos aqui nossa condição e disposição de continuar a construir essa aliança com os bancários e com todos os outros trabalhadores urbanos presentes. E que todos os capitalistas nos ouçam, sejam eles do setor financeiro ou do agronegócio, porque a gente está nas ruas para lutar”, afirmou Dione Albani da Silva, da direção do MPA.
Arthur Moreira, representante do Conselho de Diretos Humanos do ES, também participou da atividade e parabenizou os presentes. “É com o trabalhador na rua que a gente consegue resistir às investidas do grande capital. A luta pelo crédito, pela terra, pelo salário digno, pelo acesso à saúde e à educação de qualidade é uma luta pela garantia dos direitos humanos. Esse é um momento fundamental para a democracia capixaba”, disse.
Comissão entrega minuta específica do Banestes
Reunidos na Praça Oito, os manifestantes percorreram a Avenida Princesa Isabel rumo ao edifício Pallas Center, onde uma comissão formada pelos diretores do Sindicato dos Bancários e por representantes dos movimentos sociais se reuniram com o diretor administrativo do Banestes, Bruno Curty Vivas, para entregar a minuta específica dos banestianos.
“Em 2009, estávamos todos juntos na luta vitoriosa contra a venda do Banestes. Só que essa luta não termina aqui. Não basta o banco ser estadual, ele tem que ter um caráter público, ampliando os recursos e o crédito subsidiado para os pequenos agricultores, ao invés de gastar fortunas financiando as grandes empresas que já têm isenção fiscal do governo. Por isso, nada mais justo que os movimentos sociais entregarem com a gente a minuta, reforçando nossa pauta social”, declarou Jessé Alvarenga, coordenador geral do Sindicato.
Curty Vivas se comprometeu a entregar a minuta ainda hoje ao presidente do Banestes, Bruno Negris, – que estava em outra reunião – e marcar uma a primeira reunião de negociação com o Sindicato no início de setembro. “O Banestes é o único banco público que não tem acordo específico no Brasil. Apostamos na seriedade e no compromisso dessa nova direção do banco para conseguirmos avançar nas negociações”, ressaltou Idelmar Casagrande, representante do Espírito Santo no Comando Nacional dos Bancários.
A minuta do Banestes incluiu cláusulas como a reposição das perdas ocorridas no período de setembro de 1994 a agosto de 2011; revisão e reformulação da Estrutura de Cargos e Remuneração (ERC), visando à correção de distorções existentes e o pagamento retroativo de todas as verbas devidas; suspensão da implantação de qualquer processo de terceirização; garantia da eleição de um diretor representante (DIREP) dos empregados com assento na Diretoria Executiva; seleção interna; aumento da contribuição do banco para a Fundação Baneses (15 % ); o retorno da contribuição patronal para os aposentados na Banescaixa, entre outras.
Bandes
A minuta dos bancários do Bandes também seria entregue durante o lançamento da Campanha Salarial 2011. No entanto, devido ao falecimento de João Vitor Oliveira Balestrassi, filho do presidente do banco, Guerino Balestrassi, ocorrido nesta semana, o ato de entrega foi adiado.
Pauta Nacional
A pauta nacional de reivindicações da categoria foi entregue à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no dia 12 de agosto, em Brasília. Os bancários reivindicam reajuste salarial de 12,8 % , PLR de três salários mais R$ 4.500, piso do Dieese, aumentos nos vales refeição e alimentação e no auxílio-creche/babá para R$ 545 cada, cesta-alimentação de um salário mínimo, Plano de Cargos e Salários para todos, preservação do emprego, respeito à jornada de seis horas, mais segurança nas agências e regulamentação do Sistema Financeiro Nacional.
Além do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Conselho Estadual dos Direitos Humanos (CDDH-ES), também participaram do ato o Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do ES (Sindipúblicos) e o Comando de Greve do Ifes (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo).
Fonte: Seeb-ES