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PRESERVAR A MEMÓRIA


“A memória abre expedientes que o direito considera arquivados” (Walter Benjamin).

O Brasil viveu 21 anos (1964-1985) sob ditadura militar. A esdrúxula Lei da Anistia pretende colocar uma pedra sobre as atrocidades cometidas naquele período contra os que lutavam por liberdade e democracia. E há escolas e universidades que ainda ignoram o terrorismo de Estado vigente no Brasil ao longo de duas décadas.

No entanto, as vítimas não se calam. Não admitem clandestinizar a dor de seu sofrimento e a de tantas famílias de mortos e desaparecidos. Segundo Primo Levi, sem memória da injustiça não há justiça possível.

No momento em que o governo Dilma Rousseff aprova a Comissão da Verdade é preciso lembrar que funciona em São Paulo o Núcleo de Preservação da Memória Política. Surgiu em 2007, no contexto das atividades do Fórum Permanente de Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, fundado para defender os interesses dos ex-prisioneiros políticos e perseguidos durante a ditadura.

Em 2008, logrou que o antigo prédio do DEOPS, no Largo General Osório, se transformasse em Memorial da Resistência. Desde então, promove ali os Sábados Resistentes. É o primeiro projeto museológico de memória no Brasil.

Em 2009, tornou-se uma instituição independente. Propõe-se a mobilizar pessoas interessadas na abertura dos arquivos da ditadura, preservar a memória das vítimas, incrementar a cultura de respeito aos direitos humanos, propiciar formação política às novas gerações.

Hoje, o Núcleo Memória é membro da Coalizão Internacional de Museus de Consciência em Lugares Históricos.

O objetivo do Núcleo Memória é preservar a luta pela liberdade e democracia; dignificar a história dos brasileiros que se empenharam nesse sentido; colher depoimentos e fontes documentais que permitam fortalecer o resgate histórico; e conhecer o passado recente da história do Brasil.

Empenha-se também em promover a recuperação dos lugares emblemáticos em que foram praticadas violações aos direitos humanos; realizar eventos culturais relacionados à resistência e à memória; exigir dos poderes públicos a preservação e divulgação dos arquivos existentes; valorizar os lugares simbólicos de atos da resistência democrática; participar de intercâmbios de experiências similares em outros países, em especial no MERCOSUL.

O Núcleo  integra o Conselho Consultivo do Projeto “Memórias Reveladas” do Arquivo Nacional.

Participe do Núcleo Memória: www.nucleomemoria.org.br <http://www.nucleomemoria.org.br> ¤ [email protected], Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2.344 – conj. 45 – São Paulo – SP – 01402-000. Tel.: (11) 2306 4801

Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.
 


 
Copyright 2012 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

NOTAS DE FALECIMENTO

Faleceu na noite do último dia 22 Georgina Pinheiro dos Santos Barra, mãe do Secretário de Finanças do Seeb Angra dos Reis, Nelson Pinheiro Júdice. Conhecida como D. Mocinha, a idosa foi vítima de complicações de seus problemas cardíacos. A Federação envia suas condolências ao companheiro e sua família.


 


A diretoria da Federação lamenta o falecimento de Josefina Bortolotto Kaezer, mãe do diretor Jonas Kaezer. D. Nininha, como era conhecida, vivia em Mar de Espanha-MG, e voltava a pé do culto na igreja Batista com duas filhas, Edna e Elza. Quando aguardavam para  atravessar a rua, um vizinho e conhecido de longa data, dirigindo alcoolizado e sem habilitação, invadiu a calçada e atropelou as três mulheres. A idosa faleceu na hora e as duas filhas foram levadas para o hospital na cidade vizinha de Juiz de Fora, de onde só tiveram alta 8 dias depois. Além de Jonas, Edna e Elza, D. Nininha tinha mais sete filhos, além de netos, bisnetos e até um tataraneto. Lúcida e forte, ela estava prestes a completar 95 anos e a família já organizava a festa para celebrar a data. O sepultamento ocorreu no dia seguinte, 13 de fevereiro.


 


O sindicalista Jonas agradece aos amigos e companheiros de luta pelo apoio que tem recebido neste momento difícil.


 


A diretoria e os funcionários da Federação enviam seus sentimentos e deseja que o pronto restabelecimento de D. Edna e D. Elza e que a família encontre o consolo para tão grande perda.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Salve o dia 24 de fevereiro!

Rita da Costa Pereira *


Em 2010 o Brasil e o mundo assistiram a um grande acontecimento histórico. Pela primeira vez na história da política brasileira uma mulher assume o Poder Executivo Federal. Dilma Roussef foi eleita presidenta da República Federativa do Brasil.

De tão novo o fato, houve dúvidas até em relação à variação de gênero da palavra: não seria presidente? Não, é presidenta mesmo.

Já acostumados à “nova” ideia, de uma mulher presidenta, seguimos sem nos perguntar quando foi e como foi a conquista desse direito.

Os movimentos pelo sufrágio feminino no Brasil começaram a surgir na década de 1920, mas tomaram força na década de 1930, período que foi um marco na mudança política do Brasil. Getúlio Vargas assumiu o poder com a difícil tarefa de reorganizar a economia brasileira após a instabilidade provocada pela crise da bolsa americana, em 1929. Essa nova ordem trouxe transformações importantes no mundo do trabalho e uma classe trabalhadora operária emergiu desse processo. Com o aparecimento dos operários de fábrica, veio o discurso socialista. No que tange à mulher, os socialistas não viam mudança da realidade feminina sem a suplantação do capitalismo. Porém, o movimento feminista via a emancipação social feminina através da conquista de sua cidadania e por isso lutava pelo sufrágio feminino.

Uma das principais bandeiras de luta das feministas do período era a conquista do direito ao voto. A participação política era vista como uma forma de emancipação da mulher, o que nos remete à ideia da igualdade entre os sexos. A participação das mulheres na política, através do voto e do direito a serem eleitas como governantes em seus países e cidades, as toranavam, pelo menos politicamente, iguais perante os homens.

Nesse contexto, em 24 de fevereiro de 1932, as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto e em 1934, o direito de serem eleitas. O Código Eleitoral Brasileiro, através do Decreto nº 21,076, definiu o seu eleitorado : “Art. 2º É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem DISTINÇÃO de sexo, alistado na forma deste código”.

Imprtante ressaltar que saímos na frente de outros paise das Américas, com exceção dos Estados Unidos, em que alguns estados adotaram o voto feminino a partir de 1896. Na Argentina e no México, esse direito só foi conquistado em 1946. E no país da Revolução de 1789, a França, as mulheres só conquistaram esse direito em 1944.

A liderança que lutou pela conquista do voto feminino durante as décadas de 1920 e 1930 tem nome e sobrenome: Bertha Lutz. Ela fundou, em 1922, a FBPF – Federação Brasileira pelo Progesso Feminino, que, dentre outros objetivos, pretendia promover a educação e a profissionalização das mulheres. Funcionária do Museu Nacional, Lutz dedicou sua vida profissional à causa da emancipação feminina. Graduou-se em Ciências Naturais pela universidade de Sorbonne, em 1918, e sua trajetória de luta acabou dando a ela uma cadeira na Câmara dos Deputados, que foi perdida quando do fechamento do Congresso Nacional, em 1937, com a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas.

Olhando hoje para as esferas de poder de nosso país, talvez não tenhamos a dimensão da importância dessa data para nossa história. Afinal, vereadoras, deputadas, senadoras e presidenta já foram incorporadas à nossa história política. Mas não nos esqueçamos que essa conquista foi fruto de um longo processo histórico, desencadeado por homens e mulheres comprometidos com a causa da igualdade de gêneros.

24 de fevereiro de 2012: 80 anos de uma grande conquista para as mulheres brasileiras.


 


 


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* Rita da Costa Pereira é graduada em História pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em História Contemporânea pela Universidade Cândido Mendes

Fonte: Rita da Costa Pereira

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A Glória da arte

Paulinho Santos *


 


 


Aconteceu, durante os dias 27 de janeiro a 05 de fevereiro de 2012, um evento artístico inédito para o local e que movimentou a Praça Paris, na Glória, RJ, até então relegada a atividades diurnas, com um contingente de pessoas que nunca tinham tido motivo ou estímulo para frequentar a praça. Famílias, casais de todas as idades, idosos, crianças, turistas do Brasil e de todo o mundo e fotógrafos amadores e profissionais passeando despreocupadamente pela Praça e pelo bairro sem medo ou pressa. Como foi bom ver a arte movendo as pessoas, numa festa alegre e segura.


 


O artista plástico italiano Giancarlo Neri espalhou pelos jardins da praça 9 mil globos de luz chineses brancos, que mudavam de cor, trazendo para o Rio a instalação que já exibiu em Roma, Madri e Dubai. A ideia da obra “Máximo silêncio em Paris” (o nome da versão carioca é uma citação da instalação original, de 2007, apresentada no Circo Massimo de Roma, durante evento chamado Notte Bianca) começou quando a mulher do artista comprou numa loja popular um globo para sua casa. Ela percebeu que o globo mudava de cor quando a luz estava acesa, e esse fato despertou em Giancarlo o desejo de montar uma obra de arte utilizando esses globos.


 


O resultado foi uma instalação singela, com os globos formando um mar de luzes e cores pelos jardins da Praça, atraindo a atenção e a visitação de milhares de pessoas, que lotaram a Praça das 19h às 00h durante uma semana. Durou pouco, mas deixará marcas no bairro e na cidade.


 


Pude visualizar a instalação diariamente do alto, da janela do meu apartamento, localizado em frente à Praça, e também a visitei por quatro noites. De cima, a visão era fantástica, com as luzes dos globos contrastando com todas as outras luzes do bairro, em torno da Praça. De perto, era simplesmente emocionante.


 


Foi impressionante constatar o poder da arte. Simples bolas coloridas iluminadas e o mundo ficou mais leve, naquele momento, para todos que visitaram a praça, e que foram tocados pela beleza da instalação. Os sorrisos de encantamento dos visitantes era uma demonstração clara de que a arte, para tocar a alma, não requer sofisticação ou grandes rebuscamentos. Basta a sensibilidade e o talento do artista, que entram em sintonia com o olhar do espectador, fazendo a conexão e a transmissão da emoção que se pretende atingir.


 


Este evento foi, para mim, uma demonstração clara de que o poder público pode, de forma racional e em parceria com entidades privadas, transformar a cidade para melhor, sem onerar o contribuinte e sem agredir visualmente o espaço público com publicidade ostensiva. Temos alguns recentes exemplos de parcerias equivocadas, como as bicicletas de aluguel da orla, que ferem o senso estético e agridem o bom senso em prol de um retorno econômico para a empresa patrocinadora, através da publicidade com a pintura e a exibição de sua logomarca na frente e na lateral das referidas bicicletas. No caso da instalação na Praça, a maioria dos visitantes nem deve ter sabido que havia o patrocínio de uma operadora de telefonia, que viabilizou a montagem.


 


As praças e jardins da cidade precisam ser ocupadas pela população para justificarem a sua existência. E para isso, é preciso que o município e o estado garantam limpeza,


 


manutenção e segurança, dia e noite, de todos os logradouros. A cidade tem que ser, cada vez mais, um espaço de uso coletivo, com o ordenamento e a racionalização do trânsito, com a melhoria da qualidade e a extensão do transporte coletivo, garantindo a plena circulação da população.


 


Quando as condições adequadas se apresentam, a população responde, prestigiando e valorizando as iniciativas positivas. Encerrada a instalação, a frequência cotidiana de pessoas na praça aumentou, o que demonstra que os bons e belos espaços públicos, depois de descobertos, passam a fazer parte da agenda dos cariocas. Ganha a cidade e ganham os moradores dela, pois a circulação e a ocupação desses espaços cria um círculo virtuoso, que só traz benefícios a todos.


 


Caminhando pelas ruas da cidade, principalmente no Centro, vemos a quantidade de espaços públicos que são desperdiçados para uso pela população, com ruas mal cuidadas, mal iluminadas, casario em péssimo estado de conservação, enfim, com um ar de abandono que desestimula a visitação e a circulação das pessoas. Essa situação pode e precisa ser revertida.


 


Iniciativas como essa do Máximo silêncio em Paris devem ser estimuladas pelo poder público, contribuindo para humanizar e transformar a cidade e a população com a magia da arte, justificando o título de Cidade Maravilhosa.


 


Nós, cariocas, agradecemos.


 


 


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* Paulinho Santos é bacharel em Letras e fotógrafo amador

Fonte: Paulinho Santos

COE-BMB reivindica novo critério para PLR e implementação de PCS

Representantes da Comissão de Empresa do BMB se reuniram com executivos de RH do banco no último dia 09, em Belo Horizonte. Foram discutidas pendências relativas a vários temas, inclusive a PLR, que será paga no próximo dia 17. O valor não foi informado, mas o banco já adiantou que os resultados foram insatisfatórios e deverá haver impacto negativo sobre a PLR. O movimento sindical reivindicou que sejam revistos os critérios para definição do valor a ser pago como participação nos lucros. Ficou acordado que haverá nova reunião no dia 06 de março para tratar do assunto.

Uma velha reivindicação dos trabalhadores também esbarrou na inflexibilidade do banco: a inclusão do cônjuge e dos agregados no plano de saúde sem ônus para o bancário. Atualmente, maridos e esposas podem ser incluídos, mas o preço pago pelo serviço é alto demais. O banco alegou que esta mudança acarretaria impactos econômicos e os sindicalistas solicitaram que sejam feitos estudos atuariais para verificar a variação do custo. Os representantes do banco ficaram de levar a reivindicação para a direção da empresa.

Outra demanda antiga, a implementação de um Plano de Cargos e Salários, teve uma resposta um pouco mais positiva. O banco admitiu o problema e informou que já está sendo feito um esforço para resolvê-lo o quanto antes. “Existiu há muito tempo um Plano de Cargos e Salários, mas foi extinto. Na época, foi produzido até um livreto explicativo”, lembra Marlene de Miranda, representante da Federação na COE-BMB. “A criação de um PCS estimula e motiva os funcionários, é preciso criar um novo modelo com urgência”, ressalta a sindicalista.

A reivindicação do reajuste do auxílio-educação ficou sem resposta objetiva. O valor das bolsas está em R$ 200 e o movimento sindical quer que haja um reajuste retroativo a 2011 no mesmo percentual usado para reajuste salarial. Os executivos do banco presentes à reunião comprometeram-se a levar a demanda à direção.

Ultrapassado

A segurança bancária foi tratada também na reunião. O BMB ainda mantém equipamentos de autoatendimento que são abastecidos por uma abertura frontal. Isso expõe o bancário que faz a retirada de documentos e abastecimento de dinheiro, já que ele é obrigado a ficar no hall, em meio aos clientes e usuários. Miguel Pereira, representante da Contraf na reunião, ressaltou que o BMB é o único banco do país que ainda não adotou o modelo de caixa eletrônico com abastecimento traseiro. Os representantes do banco pediram que seja enviado mais um ofício, endereçado ao Departamento de Segurança da empresa, solicitando a mudança. Miguel orienta aos sindicatos que encaminhem às Delegacias de Segurança Pública ofícios exigindo a troca dos equipamentos do banco.

Para Marlene de Miranda, a reunião foi produtiva em razão do preparo dos sindicalistas. “A pauta foi discutida ponto a ponto antes de nos reunirmos com o banco. Foi importante também a participação do representante da Contraf, Miguel Pereira, que contribuiu com informações sobre o que acontece em outros bancos, o que amplia os conhecimentos dos membros da COE”, ressalta a dirigente.

A reunião do último dia 09 foi um desdobramento da anterior, ocorrida em novembro de 2011. No próximo encontro, marcado para 06 de março, o banco deverá apresentar as respostas às demandas colocadas pelos sindicalistas.

Participaram da reunião, além de Marlene de Miranda, pela Federação, e Miguel Pereira, da Contraf, Magaly Fagundes, da Fetraf-MG, e Sérgio Marola, do Sindicato dos Bancários de Patos de Minas.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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BARTÔ, O MAGO DA PALAVRA

O coração de Bartolomeu Campos de Queirós (1944-2012),  pleno de amor e arte, parou na madrugada de 16 de janeiro. Meu querido amigo  Bartô transvivenciou. Entrou em “encantamento”, diria Guimarães  Rosa.


Bartô tinha 67 anos e mais de 70 livros  publicados. A ele dediquei meu mais recente romance, Minas do ouro:  “Para Bartolomeu Campos de Queirós nascido, como eu, na mesma terra mineira,  no mesmo ano, no mesmo mês, no mesmo dia, e condenado, como eu, à mesma sina:  escrever.”


Em 2003, mereci dele a dedicatória do  livro Menino de Belém. Era um mago da palavra. Não fazia poesia, não  escrevia prosa – criava proesia. Sua prosa é arrebatadoramente poética,  como o comprova seu último romance Vermelho amargo, de forte conotação  autobiográfica.


Sua mãe morreu aos 33 anos, de câncer, quando ele  tinha 6. Lembrava-se que ela sofria dores atrozes, a ponto de o bispo  autorizar que se apressasse a morte dela com uma injeção. Às vezes a dor era  tanta que ela se punha a entoar canto lírico. Bartô, por vezes, ligava para  sua amiga Maria Lúcia Godoy, cantora lírica, para que ela cantasse para ele ao  telefone.


Equivocam-se os que classificam sua obra  de literatura infantil, embora tenha angariado os mais importantes prêmios  nacionais e internacionais neste gênero. Sua escrita é universal, encanta  crianças e adultos. Como artesão da palavra, trabalhava cuidadosamente cada  vocábulo, cada frase, até extrair toda a polissemia possível, assim como a  abelha suga o néctar de uma flor.


Bartô morava em Belo Horizonte, no apartamento que  pertenceu à poeta Henriqueta Lisboa – cuja estátua se ergue à porta do prédio,  na Savassi. Gostava da solidão. Precisava dela para escrever. Chegava a pedir  à cozinheira que saísse mais cedo. E só admitia que o silêncio fosse quebrado  pela música, que ele escutava deitado no chão.


Nos últimos anos, mais lia do que escrevia. E o fazia  com um prazer quase luxurioso. Narrou-me como se deleitava em abrir um novo  livro, reformular suas ideias e conceitos, adquirir novos conhecimentos… 


Tornou-se escritor por acaso. Estudava comunicação e  expressão em Paris, quando lhe pediram enviar um texto a um concurso, que o  premiou. Mas custou a se assumir como autor. Para ele, isso era secundário. A  prioridade era o emprego no MEC, num departamento de investigação de qualidade  de ensino, que o obrigava a viajar Amazônia afora. Seu chefe, Abgar Renault,  lhe dava toda liberdade.


Nos últimos anos, pouco saía de casa. Desde que se viu  obrigado a fazer hemodiálise três vezes por semana, caminhava a passos miúdos,  os ombros curvados e, no rosto, a perplexidade diante dos mistérios da vida. A  fala era contida, proverbial, mesmo quando fazia palestras. Seus silêncios  ecoavam.


Fazia questão de não abandonar o cigarro  e tomar um chope antes de submeter-se à hemodiálise. Dizia que, assim, o  tratamento seria compensado…


Seu ponto de encontro era a Livraria Quixote, na rua  Fernandes Tourinho, onde há um espaço em homenagem a ele. Ali revia amigos,  lançava livros, tomava café da manhã. Foi ali que nos vimos pela última vez,  na véspera do Ano-Novo, quando me deu de presente o romance epistolar A  sociedade literária e a torta de casca de batata, de Ann Shaffer e Annie  Barrows.


Há três anos ele me propusera um projeto  literário a quatro mãos: uma troca de correspondência sobre literatura,  conjuntura política, vivências. Nunca o efetivamos. Em nosso encontro de fim  de ano respondeu-me quando indaguei o que andava escrevendo: “Cartas para mim  mesmo.”


Bartô contava que, quando criança, ficava  intrigado com o mistério de como pouco mais de vinte letras podem registrar na  escrita tudo que a cabeça pensa… Orgulhoso, disse que aprendera a escrever  com o avô, marceneiro, que morava em Pitangui (MG). Tirara a sorte grande na  loteria e, assim, trocou a madeira pela literatura. Ao se sentir inspirado,  tomava em mãos o lápis próprio para marcar medidas na madeira e redigia suas  histórias nas paredes da casa. Quando o avô morreu, tiraram da parede da sala  o relógio em forma de oito. Era o único espaço vazio de  textos…


Bartô era um artista profundamente  espiritualizado. Desde que morou em Paris tornou-se devoto de São Charbel  (1828-1898), libanês, canonizado em 1997. Disse que o escolhera porque é um  santo de poucos devotos e, portanto, mais disponível para atender às suas  preces…  E mostrou-me a estampa do monge de longas barbas  brancas.


Meu único consolo é a certeza de que  Bartolomeu Campos de Queirós vive, agora, imortalizado em suas obras  literárias. Reproduzo aqui o que escrevi a ele, em maio de 1998, após ler  Escritura: “Sua escrita é canto, luz, vereda e afago. Cada frase  lindamente esculpida! Proíba-se de tudo o mais para só escrever, porque é a  sua única e irrecorrível sentença de vida.”

Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear  estrelas” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.

 
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Fonte: Frei Betto

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MEU NOME É MEDO

      Meu propósito é dominar corações e mentes. Incutir em cada um o medo do outro. Medo de estender a mão, tocar em cumprimento a pele impregnada de bactérias nocivas.
      Medo de abrir a porta e receber um intruso ansioso por solidariedade e apoio. Com certeza ele quer arrancar-lhe algum dinheiro ou bem. Pior: quer o seu afeto. Melhor não ceder ao apelo sedutor. Evite o sofrimento, tenha medo de amar.
      Quero todos com medo da comunidade, do vizinho, do colega de trabalho. Medo do trânsito caótico, das rodovias assassinas, dos guardas que intimidam e achacam. Medo da rua e do mundo.
      Convém trancar-se em casa, fazer-se prisioneiro da fragilidade e da desconfiança. Reforce a segurança das portas com chaves e ferrolhos; cubra as janelas de grades; espalhe alarmes e  eletrônicos por todos os cantos.
      Faça de seu prédio ou condomínio uma penitenciária de luxo, repleta de controles e vigilantes, e no qual o clima de hostilidade reinante desperte, em cada visitante, uma ojeriza ao prazer da amizade.
      Tema o Estado e seus tentáculos burocráticos, os pesados impostos que lhe cobra, as forças policiais e os serviços de informação e espionagem. Quem garante que seu telefone não está grampeado? Suas mensagens eletrônicas não são captadas por terceiros?
      O mais prudente é evitar ser transparente, sincero, bem humorado. Sua atitude pode ser interpretada como irreverência ou mesmo ameaça ao sistema.
      Fuja de quem não se compara a você em classe, renda, cultura e cor da pele; dos olhos invejosos, da cobiça, do abraço de quem pretende enfiar-lhe a faca pelas costas.
      Tenha medo da velhice. Ela é prenúncio da morte. Abomine o crescimento aritmético de sua idade. Jamais empregue o termo “velho”; quando muito, admita “idoso”.
      Tema a gordura que lhe estufa as carnes, a ruga a despontar no rosto, a celulite na perna, o fio branco no cabelo. É horrível perder a juventude, a esbeltez, o corpo desejado!
      Tenha medo da mais terrível inimiga: a morte. Ela se insinua quando você fica doente. Saiba que ninguém está interessado em sua saúde. Em seu bolso, sim. Basta adoecer para verificar como haverão de humilhá-lo os serviços médicos e os planos de saúde.
      Não se mova! Por que viajar, abandonar o conforto doméstico e se arriscar num acidente de ônibus, navio ou avião? Nunca se sabe quando, onde e como os terroristas atacarão. Quem diria que numa bucólica ilha da pacífica Noruega o terror provocaria um genocídio?
      Meu nome é medo. Acolha-me em sua vida! Sei que perderá a liberdade, a alegria de viver, o prazer de ser feliz. Mas darei a você o que mais anseia: segurança!
      Em meus braços, você estará tão seguro quanto um defunto em seu caixão, a quem ninguém jamais poderá infligir nenhum mal, nem mesmo amedrontá-lo.
 
Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do poder” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.



 


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Fonte: Frei Betto

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SALVAR VIDAS OU O CAPITAL?

 O melhor Papai-Noel do mundo mereceram 523 instituições financeiras europeias quatro dias antes do Natal: 489 bilhões de euros (o equivalente a R$ 1,23 trilhão), emprestados pelo BCE (Banco Central Europeu) a juros de 1 % ao ano!


 Curiosa a lógica que rege o sistema capitalista: nunca há recursos para salvar vidas, erradicar a fome, reduzir a degradação ambiental, produzir medicamentos e distribui-los gratuitamente. Em se tratando da saúde dos bancos, o dinheiro aparece num passe de mágica!


 Há, contudo, um aspecto preocupante em tamanha generosidade: se tantas instituições financeiras entraram na fila do bolsa-BCE, é sinal de que não andam bem das pernas…


 Quais os fundamentos dessa lógica que considera mais importante salvar o Mercado que vidas humanas? Um deles é este mito de nossa cultura: o sacrifício de Isaac por Abraão (Gênesis 22, 1-19).


 No relato bíblico, Abraão deve provar a sua fé sacrificando a Javé seu único filho, Isaac. No exato momento em que, no alto da montanha, prepara a faca para matar o filho, o anjo intervém e impede Abraão de consumar o ato. A prova de fé fora dada pela disposição de matar. Em recompensa, Javé cobre Abraão de bênçãos e multiplica-lhe a descendência como as estrelas do céu e as areias do mar.


 Essa leitura, pela ótica do poder, aponta a morte como caminho para a vida. Toda grande causa – como a fé em Javé – exige pequenos sacrifícios que acentuem a magnitude dos ideais abraçados. Assim, a morte provocada, fruto do desinteresse do Mercado por vidas humanas, passa a integrar a lógica do poder, como o sacrifício “necessário” do filho Isaac pelo pai Abraão, em obediência à vontade soberana de Deus.


 Abraão era o intermediário entre o filho e Deus, assim como o FMI e o BCE fazem a ponte entre os bancos e os ideais de prosperidade capitalista dos governos europeus – que, para escapar da crise, devem promover sacrifícios.


 Essa mesma lógica informa o inconsciente do patrão que sonega o salário de seus empregados sob pretexto de capitalizar e multiplicar a prosperidade geral, e criar mais empregos. Também leva o governo a acusar as greves de responsáveis pelo caos econômico, mesmo sabendo que resultam dos baixos salários pagos aos que tanto trabalham sem ao menos a recompensa de uma vida digna.


 O deus da razão do Mercado merece, como prova de fidelidade, o sacrifício de todo um povo. Todos os ideais estão  prenhes de promessas de vida: a prosperidade dos bancos credores, a capitalização das empresas ou o ajuste fiscal do governo. Salva-se o abstrato em detrimento do concreto, a vida humana.


 O espantoso dessa lógica é admitir, como mediação, a morte anunciada. Mata-se cruelmente através do corte de subsídios a programas sociais; da desregulamentação das relações trabalhistas; do incentivo ao desemprego; dos ajustes fiscais draconianos; da recusa de conceder aos aposentados a qualidade de uma velhice decente.


 A lógica cotidiana do assassinato é sutil e esmerada. Aqueles que têm admitem como natural a despossessão dos que não têm. Qualquer ameaça à lógica cumulativa do sistema  é uma ofensa ao deus da liberdade ocidental ou da livre iniciativa. Exige-se o sacrifício como prova de fidelidade. Não importa que Isaac seja filho único. Abraão deve provar sua fidelidade a Javé. E não há maior prova do que a disposição de matar a vida mais querida.


 A lógica da vida encara o relato bíblico pelos olhos de Isaac. Este não sabia que seria assassinado, tanto que indagou ao pai onde se encontrava o cordeiro destinado ao sacrifício. Abraão cumpriu todas as condições para matar o filho. Subjugou-o, amarrou-o, colocou-o sobre a lenha preparada para a fogueira e empunhou a faca para degolá-lo.


 No entanto, inspirado pelo anjo, Abraão recuou. Não aceitou a lógica da morte. Subverteu o preceito que obrigava os pais a sacrificarem seus primogênitos. Rejeitou as razões do poder. À lei que exigia a morte, Abraão respondeu com a vida e pôs em risco a sua própria, o que o forçou a mudar de território.


 Se não mudarmos de território – sobretudo no modo de encarar a realidade -, como Abraão, continuaremos a prestar culto e adoração a Mamom. Continuaremos empenhados em salvar o capital, não vidas, e muito menos a saúde do planeta.

Frei Betto é escritor, autor de “Sinfonia Universal – a cosmovisão de Teilhard de Chardin” (Vozes), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.



 
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Fonte: Frei Betto

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DITADURA ECONÔMICA

A pobreza já afeta 115 milhões de pessoas nos 27 países da União Europeia. Quase 25 % da população. E ameaça mais 150 milhões de habitantes.
 Na Espanha, a taxa de desemprego atinge 22,8 % . Grécia e Itália encontram-se sob intervenção branca, governados por primeiros-ministros indicados pelo FMI. Irlanda e Portugal estão inadimplentes. Na Bélgica e no Reino Unido, manifestações de rua confirmam que “a festa acabou”.
 Agora, o Banco Central da União Europeia quer nomear, para cada país em crise, um interventor de controle orçamentário. É a oficialização da ditadura econômica. Reino Unido e República Tcheca votaram contra. Porém, os outros 25 países da União Europeia aprovaram. Resta saber se a Grécia, o primeiro na lista da ditadura econômica, vai aceitar abrir mão de sua soberania e entregar suas contas ao controle externo.
 A atual crise internacional é muito mais profunda. Não se resume à turbulência financeira. Está em crise um paradigma civilizatório centrado na crença de que pode haver crescimento econômico ilimitado num planeta de recursos infinitos… Esse paradigma identifica felicidade com riqueza; bem-estar com acumulação de bens materiais; progresso com consumismo.
 Todas as dimensões da vida – nossa e do planeta – sofrem hoje acelerado processo de mercantilização. O capitalismo é o reino do desejo infinito atolado no paradoxo de se impor num planeta finito, com recursos naturais limitados e capacidade populacional restrita.
 A lógica da acumulação é mais autoritária que todos os sistemas ditatoriais conhecidos ao longo da história. Ela ignora a diversidade cultural, a biodiversidade, e comete o grave erro de dividir a humanidade entre os que têm acesso aos recentes avanços da tecnociência, em especial biotecnologia e nanotecnologia, e os que não têm. Daí seu efeito mais nefasto: a acumulação ou posse da riqueza em mãos de uns poucos se processa graças à desposessão e exclusão de muitos.
 A questão não é saber se o capitalismo sairá ou não da enfermaria de Davos em condições de sobrevida, ainda que obrigado a ingerir remédios cada vez mais amargos, como suprimir a democracia e trocar o voto popular pelas agências de avaliação econômica, e os políticos por executivos financeiros, como ocorreu agora na Grécia e na Itália.
 A questão é saber se a humanidade, como civilização, sobreviverá ao colapso de um sistema que associa cidadania com posse e civilização com paradigma consumista anglossaxônico.
 Estamos às vésperas da Rio+20. E ninguém ignora que esta casa que habitamos, o planeta Terra, sofre alterações climáticas surpreendentes. Faz frio no verão e calor no inverno. Águas são contaminadas, florestas devastadas, alimentos envenenados por agrotóxicos e pesticidas.
 O resultado são secas, inundações, perda da diversidade genética, solos desertificados… Há na comunidade científica consenso de que o efeito estufa e, portanto, o aquecimento global, resulta da ação deletérea do ser humano.
 Todos os esforços para proteger a vida no planeta têm fracassado até agora. Em Durban, em dezembro de 2011, o máximo que se avançou foi a criação de um grupo de trabalho para negociar um novo acordo de redução do efeito estufa… a ser aprovado em 2015, e colocado em prática em 2020!
 Enquanto isso, o Departamento de Energia dos EUA calculou que, em 2010, foram emitidas 564 milhões de toneladas de gases de aquecimento global. Isto é, 6 % a mais do que no ano anterior.
 Por que não se consegue avançar? Ora, a lógica mercantil impede. Basta dizer que os países do G8 propõem, não salvar a vida humana e do planeta, mas criar um mercado internacional de carbono ou energia suja, de modo a permitir aos países desenvolvidos comprar cotas de poluição não preenchidas por outros países pobres ou em desenvolvimento.
 E o que a ONU tem a dizer? Nada, porque não consegue livrar-se da prisão ideológica da lógica do mercado. Propõe, portanto, à Rio+20 uma falácia chamada “Economia Verde”. Acredita que a saída reside em mecanismos de mercado e soluções tecnológicas, sem alterar as relações de poder, reduzir a desigualdade social e criar um mundo ambientalmente sustentável no qual todos tenham direito ao bem-estar.
 Os donos e grandes beneficiários do sistema capitalista – 10 % da população mundial – abocanham 84 % da riqueza global e cultivam o dogma da imaculada concepção de que basta limar os dentes do tubarão para que ele deixe de ser agressivo…
 
Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de “O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade” (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.



 


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Fonte: Frei Betto

Direção do Itaú chama sindicato de Niterói para negociação

 

A forte mobilização do Sindicato que fechou agências do Itaú em Niterói e São Gonçalo, na quarta e quinta-feira, 25 e 26 de janeiro, resultou num convite pela direção do Banco Itaú para uma reunião de negociação e discussão sobre a paralisação em São Paulo no dia primeiro de fevereiro.

O contato foi realizado pela Diretoria de Recursos Humanos em São Paulo e também pelo Diretor de RH do Rio de Janeiro, Bruno. O encontro está agendado para 11 horas da manhã de quarta-feira, 01 de fevereiro, na capital paulista.

O presidente do Sindicato dos Bancários de Niterói e regiões, Fabiano Júnior, viajará até São Paulo para discutir com os banqueiros os problemas das demissões em massa que vem ocorrendo nos últimos meses.

Em dois dias, o Seeb-Niterói fechou cerca de 30 agências do Itaú no Centro de Niterói, em São Gonçalo e em Alcântara em forma de protesto contra a política de demissões do banco.

A diretoria da entidade afirma que apesar das negociações, o sindicato está atento aos futuros acontecimentos. Nas demissões, há casos de bancários com mais de 25 anos de serviços prestados ao banco que perderam seus empregos. Outros casos envolvem funcionários que adquiriram com o trabalho doenças por lesão por esforço repetitivo.

A paralisação das dezenas de agências demonstrou que o Sindicato não tolerará os desmandos das instituições sem respeitar as leis e o mínimo de consciência social envolvendo seu quadro de funcionários. O Seeb-Niterói foi o primeiro sindicato no Estado a paralisar agências bancárias em 2012.

Da redação Seeb-Niterói
Crédito/Foto: Willian Chaves – Antiga agência do Banerj no Centro de São Gonçalo na tarde desta quinta-feira,26.

Fonte: Da Redação – Seeb Niterói