Os empregados da Caixa Econômica Federal realizaram, no sábado, dia 27, no auditório do Sindicato dos Bancários do Rio, o seu Encontro Estadual. O coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/CEF), Jair Pedro abriu os debates dando um informe sobre as negociações dos trabalhadores com a direção do banco e destacou a importância da mobilização dos funcionários na defesa do papel social da Caixa enquanto empresa pública e dos direitos e reivindicações dos funcionários por melhores condições de saúde e de trabalho.
“Os bancos públicos têm tido um papel importante no enfrentamento das crises econômicas, mas é preciso também garantir aos bancários melhores condições de saúde e de trabalho. Tem sido positiva a criação de mais agências e a contratação de novos funcionários, em função do crescimento da economia do país, mas precisamos preservar também a qualidade das condições de trabalho”, disse.
Jair criticou o problema da terceirização e da expansão do correspondente bancário, que resultam num processo de precarização do trabalho. “Os projetos de Lei que regulamentam o correspondente bancário e escancaram a terceirização colocam em risco a própria existência da categoria”, acrescenta.
O sindicalista destacou que há empregados que sofrem com a falta de condições mínimas de trabalho. “Há setores em que os bancários trabalham em locais em condições precárias, geralmente nos subsolos das unidades, em meio à sujeira, umidade e até a presença de ratos”, critica.
Em relação à Fundação dos Economiários Federais (Funcef), Jair defendeu o fim do voto minerva no conselho dos participantes do fundo de pensão dos empregados da Caixa. “Para avançar nas questões da Funcef é preciso por fim ao voto minerva que faz com que os interesses da empresa acabem se sobrepondo aos dos trabalhadores. Outro desafio nosso é aumentar o número de sócios, especialmente os novos funcionários. Hoje cerca de 3.600 bancários não são associados à entidade”, afirma.
Para Jair, o direito dos empregados de eleger um conselheiro na Funcef, conquistado no governo Lula em 2010, foi um avanço importante, mas o estatuto da Caixa faz uma série de exigências, como a do conselheiro ter ocupado um cargo de direção em uma empresa do mesmo porte do banco ou cargo gerencial na empresa, o que limita a participação e dificulta escolha dos trabalhadores. “O estatuto precisa ser mudado, pois elimina a possibilidade de participação de quase 90 % dos empregados no conselho da Funcef”, ressalta.
Outra preocupação dos empregados é a chamada reestruturação da empresa. “Não há um processo de redução de mão de obra, mas na hora de transferir um funcionário de setor o banco precisa respeitar as pessoas, que muitas vezes já têm sua vida estabelecida nas cidades e bairros em que moram e as mudanças podem representar um transtornos para as famílias dos bancários”, afirma.
Jair considera que a estratégia de mobilização das campanhas salariais tem sido vitoriosa, através da consolidação da mesa única junto com toda a categoria sem abrir mão das negociações específicas. “Com esta estratégia conquistamos nos últimos anos aumento real de salários, a PLR em substituição a antiga PRX, que vinculava a participação dos lucros às metas, além da PLR Social, da cesta alimentação e da criação da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP)”, destaca.
O diretor da Contraf-CUT Sérgio Amorim destacou a importância do movimento sindical intensificar a mobilização para pressionar também as negociações permanentes.
“A direção da Caixa tem sido intransigente nas mesas permanentes, o que frustra o bancário e acaba enfraquecendo a participação dos empregados nas atividades de mobilização. Precisamos atrair os empregados durante todo o ano para a mobilização e não somente no período de campanha salarial”, disse.
Amorim criticou ainda os critérios de descomissionamento e defendeu mais transparência e objetividade na Promoção Por Mérito implementada pela empresa. Em relação aos itens debatidos pelo Grupo de Trabalho sobre Saúde, o sindicalista criticou a postura da direção do banco nas negociações. “A Caixa precisa cumprir sua parte e garantir melhorias no sistema de saúde de seus funcionários. A categoria precisa pressionar o banco a debater com os bancários e não apenas informar suas decisões. Só assim vamos melhorar nosso plano de saúde e avançar em questões como a ampliação da rede credenciada e a melhora nas condições de atendimento”, conclui.
O diretor da Federação dos Bancários RJ/ES Ricardo Maggi, defendeu a inclusão de um número maior de empregados no processo de Promoção Por Mérito. “Muitos companheiros não têm sido promovidos porque a Caixa não garante condições e tempo para que o funcionário cumpra o mínimo de 70 horas no curso do Universidade Caixa”, critica. Maggi criticou os critérios de promoção da empresa. “O banco hoje impõe um clima de terror, inclusive com a prática de assédio moral e ameaças de perda de função caso as metas abusivas da empresa não sejam atendidas. Queremos um critério transparente e justo. Já apresentamos ao banco uma proposta baseada em um estudo do Dieese e que atende às reivindicações dos bancários”, acrescenta.
O sindicalista destacou ainda a participação dos empregados e dos sindicatos nas Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipats) e nos cursos dos cipeiros como avanços importantes nas luta por melhores condições de saúde e de trabalho.
Representantes para o Conecef
Os empregados da Caixa elegeram no Encontro Estadual os delegados para o 29º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef), que será realizado de 17 a 19 de Maio, em São Paulo. A escolha dos representantes leva em consideração a proporção de votos das chapas concorrentes e a participação das forças políticas para garantir um congresso nacional mais democrático e participativo.
Fonte: Seeb-Rio