Previdência: essa conta não é do trabalhador

Por Adriana Nalesso*

 

A cara de pau dos empresários brasileiros nós já conhecemos, mas eles conseguem sempre nos surpreender com suas declarações e atitudes.

Um anúncio de página inteira assinado pela Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – está sendo divulgado nos grandes jornais responsabilizando todos os brasileiros pelo déficit da Previdência.

Esse é mais um dos grandes absurdos que o governo está tentando empurrar para a conta dos trabalhadores. E os empresários, como um dos maiores patrocinadores do golpe, ajudam com prazer.

De acordo com levantamento da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, empresas devem R$ 426,07 bilhões à Previdência Social. O valor corresponde a quase três vezes o déficit alegado pelo governo Temer para justificar a reforma da Previdência. Somente os cinco maiores bancos, Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica devem juntos mais de R$ 1,3 bilhão.

O governo acabou de anunciar que não vai cobrar, mais uma vez, os R$25 bilhões sonegados pelo Itaú relativos à valorização do banco devido à fusão com o Unibanco. Parte desse dinheiro sonegado seria destinado ao pagamento da Previdência Social.

Será que ainda existe alguma dúvida de quem é a culpa do déficit da Previdência? Nós, trabalhadores, não temos somente a convicção, mas temos provas que o governo mente ao afirmar que a Previdência é deficitária. Se dívidas como a dos banqueiros e empresários fossem cobradas e o próprio governo pagasse a sua parte na conta, os trabalhadores não precisariam ser penalizados por um governo que tem como meta tirar todos os direitos adquiridos e nos transformar em máquinas operando com sua capacidade máxima.

Medidas como taxação de grandes fortunas, venda de imóveis da Previdência, que estão sem uso, melhoria da fiscalização e cobrança dos devedores já deixariam a Previdência com superávit, e, quem sabe, poderiam até pagar as aposentadorias milionárias do Temer (R$68.985), Sarney (R$109.892), Fernando Henrique Cardoso (R$67.450) e tantos outros que apoiaram o golpe e querem que o trabalhador pague pelas suas mordomias.

 

* Adriana Nalesso é presidenta do Sindicato dos Bancários Rio de Janeiro