Marcelo Rodrigues, presidente da CUT-Rio: “Temos que aumentar a democracia participativa”

Foto: Nando Neves

O presidente da CUT-Rio, Marcelo Rodrigues – conhecido como Marcelinho da CUT – conversou com nossa reportagem sobre a conjuntura nacional e os desafios do movimento sindical. Campanha salarial dos bancários, reforma trabalhista, reforma da previdência, ódio de classe, golpe, formação de lideranças e os desafios da esquerda para enfrentar o golpe fizeram parte da conversa. Confira:

 

Qual a perspectiva para a campanha salarial dos bancários nesta conjuntura?

Os bancários vão ter que se organizar ainda mais. Por não haver pauta econômica, vamos poder discutir mais os direitos, uma pauta que às vezes fica escondida atrás da econômica. Vamos ter que falar que a Campanha Nacional dos Bancários não é só salário, a tarefa das entidades sindicais é trazer esta percepção. A perspectiva quanto a avanços é difícil, só a luta vai garantir. Estão tirando todos os direitos de todos os trabalhadores e imaginar que os banqueiros vão ser bonzinhos e não vão tirar os direitos é imaginar que o Lobo Mau ficou bonzinho também. A mobilização é fundamental este ano, porque os direitos estão indo pelo ralo.

Ano passado tivemos uma greve de 30 dias que provocou grande desgaste para o movimento sindical. A conjuntura já era desfavorável, mesmo que não no nível que está hoje. E além da campanha nacional temos toda a conjuntura das reformas. Do que será preciso lançar mão este ano para enfrentar a resistência dos banqueiros às reivindicações dos bancários?

O que todo mundo está percebendo é que, neste momento, a unidade da classe trabalhadora é fundamental. Não podemos imaginar que a Campanha Nacional vai ser só dos bancários. Temos que incorporar as mais diversas categorias. E este é o papel da CUT, enquanto central sindical: envolver as categorias para que as pessoas percebam que o problema de uma categoria é o problema de todas. Temos que exercer mais a solidariedade militante. O bancário tem que perceber que pode ajudar o petroleiro, que pode ajudar o eletricitário, que pode ajudar o metalúrgico… e a gente tem que criar uma grande rede de solidariedade entre as categorias para começar a enfrentar o discurso de que o bancário em greve e o banco fechado é para prejudicar a população. Se nós tivermos um grande número de categorias envolvidas, participando direta ou indiretamente da greve dos bancários, nós começamos a dialogar com a população. E se a gente ganhar a população e a opinião pública – não a opinião publicada – a gente avança e o poder de negociação com o banqueiro aumenta também. Eles podem ter dinheiro, mas nós temos uns aos outros. E é com isso que temos que contar.

Vemos muitas pessoas, inclusive de esquerda, assistindo a todas estas mudanças e perguntando onde estão os sindicalistas, onde está a CUT. Mas os sindicalistas e as centrais – principalmente a CUT – sempre estiveram fazendo a resistência às mudanças. Onde estas entidades estão errando para que as pessoas tenham esta ideia de omissão e como evitar que esta situação aconteça?

A comunicação se concentra nas mãos de poucos e, infelizmente, boa parte da esquerda ainda se informa pelo Jornal Nacional. Quando se diz que a greve geral do dia 30 de junho não foi tão grande quanto a do dia 28 de abril, vemos as pessoas reproduzindo o que o Jornal Nacional disse. Pessoas de esquerda repetindo estas informações no dia seguinte. É surreal imaginar que, no mundo da informação rápida, conectada, do enfrentamento dos grandes meios de comunicação, boa parte da esquerda ainda se informe pelo Jornal Nacional e o Bom Dia Brasil. A análise de conjuntura destas pessoas é igualzinha ao editorial do JN. Ainda tem gente dentro da esquerda organizada, hoje, que defende a condenação do Lula num processo absurdo. É de uma estreiteza não perceber quem está sendo condenado não é o Lula, mas a classe trabalhadora, de quem o Lula é um símbolo. Nesse momento condenar Lula é dizer “vocês trabalhadores têm que voltar para a senzala, não podem ter direitos. Como um peão ousou virar presidente da República, vocês não podem ter esta ousadia, têm que voltar para seu lugar.”

Sair do aeroporto e voltar para a rodoviária, deixar de ter carro. É o retrocesso social que a classe média quer.

Às vezes as pessoas não percebem que, por exemplo, um banqueiro não se incomoda tanto com pobre no aeroporto, porque ele voa de jatinho. A classe média, o segundo escalão do banco, continua voando em avião comercial. E eles enlouquecem de ver um sujeito preto e pobre, de chinelos, ao lado dele na poltrona do avião.

E nem é de chinelos, porque a classe trabalhadora procura se vestir de maneira apropriada, capricha no visual.

Durante a eleição dos aeroviários, um companheiro estava de mesário no aeroporto do Galeão e viu um senhor humilde, mas vestido direitinho, levando sua bagagem numa sacola plástica. Este homem não tinha mala, bolsa de viagem, mas conseguiu juntar o dinheiro para ir visitar a família que não via há muitos anos e estava levando três mudas de roupas numa sacola de mercado. É isso, a classe trabalhadora entendeu que pode entrar num avião, não é mais proibido.

Lula não conseguiu, durante seu governo, distribuir renda, como gostaríamos, dar moradia, cumprir os requisitos básicos da Constituição como nós gostaríamos. Nós avançamos, mas avançamos muito pouco. Mas ele conseguiu fazer uma coisa que ninguém ousou fazer, e é por isso que estão tentando condená-lo: dar dignidade ao pobre. O pobre passou a andar de cabeça erguida, a ter orgulho. Passou a entrar no shopping, no avião, e isso enlouquece a classe média.

A nova presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Ivone Silva, disse uma coisa muito interessante na sua cerimônia de posse: o ódio saiu do armário. E é o ódio de classe.

Saíram os vários ódios: o ódio de raça, o ódio de gênero, de orientação sexual. Antigamente faziam piadinhas, hoje é agressão, enfrentamento.

O pano de fundo é o ódio de classe. O sujeito pode ser negro, mas se estiver  numa outra classe, o preconceito contra ele é menor que contra o porteiro do prédio. A mulher pode estar tentando navegar na classe dominante, o ódio contra a empregada doméstica é maior. Eles odeiam imaginar que o sangue do trabalhador é vermelho como o deles.

E é uma classe média trabalhadora também, que depende do salário.

É uma classe media que só tinha uma certa aparência e viu que todo mundo tem a mesma aparência que eles. A classe média não perdeu. O que aconteceu nos últimos anos no Brasil é que diminuiu o abismo. Começamos a criar algumas pontes. São umas pontes frágeis, umas pinguelinhas, mas já é alguma coisa. Tanto é que o golpista, quando propõe a “ponte para o futuro”, usa este simbolismo, que o Lula falava o tempo todo. Os banqueiros falam que ganharam muito dinheiro no governo Lula, porque distribuir renda faz com que a classe dominante mesmo, os verdadeiros leões – donos de banco, empresários – ganhem muito dinheiro. Quando Lula falou que era uma marolinha, em 2008, foi uma marolinha mesmo.

A grande diferença de 2008 é que foi a primeira vez que o mercado interno segurou a economia. Em todas as outras grandes crises globais, o Brasil não tinha mercado interno.

Tem até uma entrevista do Serra, daquela época, dizendo que isso não ia dar certo. Ele defendia que tinha que segurar a economia, travar a inflação, mexer nas reservas, etc. o Lula fez o contrário da receita neoliberal. Criou uma nova jabuticaba, uma receita nova para enfrentar a crise. E deu certo.

Já estamos com o FMI dando palpite, fazendo as recomendações de austeridade. Austeridade que na Europa não deu certo, na Grécia, na Espanha… Que Portugal enfrentou e o país está saindo da crise, na frente de outros países.

Que não vai dar certo na Argentina, que o Macri está seguindo esta receita…

Já não tínhamos mais medo do FMI, e voltamos a ter. Nos anos 80 e 90 o FMI não saía daqui, e agora temos este fantasma de novo.

Vamos voltar a tirar os sapatos para entrar nos EUA…

Falar fino com os EUA e falar grosso como a Bolívia… as relações com o Mercosul já não são as mesmas. E a gente tem isso se refletindo também no grupo dos grandes, o comportamento dos líderes mundiais em relação ao presidente golpista não é bom.

Eles não o reconhecem, não veem legitimidade no Temer. Se pararmos para pensar, nossa democracia é muito recente. A Dilma foi a quarta presidenta eleita com voto popular. É muito recente e muito frágil.

Achamos que nossa democracia já estava consolidada.

Achamos e descobrimos que não estava. O Temer é uma vergonha para o Brasil e para a democracia. Nós o vemos dar entrevistas enquanto presidente da República, e é ridículo. Quando Dilma foi eleita, muita gente não gostava dela, mesmo na esquerda. “Ela é dura, é muito gerentona, e tal”. Mas votou, fez campanha não pela Dilma, mas pelo projeto. A Dilma estava lá como agente de um projeto político.

Por isso a  falácia de “quem votou na Dilma votou no Temer” não se sustenta.

Não se sustenta! As pessoas votaram num projeto. Vamos imaginar que a Dilma tivesse saído por qualquer outro motivo, por saúde, por exemplo. O princípio, a responsabilidade do Temer seria de continuar com um projeto político, porque as pessoas votaram num programa de governo. A responsabilidade do Temer era de tocar este projeto, porque foi nisso que as pessoas votaram. Quando ele faz um projeto completamente diferente, leva a cabo reformas que estavam fora daquele projeto em que as pessoas votaram em 2014…

Lança um documento, a “Ponte para o Futuro”, que é um projeto oposto.

Sim, ele mostra que é isso, um sujeito canalha, que não é de confiança. Ele estava numa chapa que tinha um projeto, um programa de governo. Se ele ou seu partido não concordava, ele não deveria estar naquela chapa.

Isso é bem típico do PMDB… não é exatamente uma surpresa.

O PMDB esteve em todos os governos desde que Cabral chegou aqui. Quando Pedro Álvares Cabral chegou, vieram ele, o Caminha, e uns quatro caras do PMDB. E eles estão no governo desde sempre. Estiveram no governo militar, o Temer é cercado de gente que era ministro do governo militar. Com a redemocratização entraram para o governo Sarney. Estavam no governo Collor, no governo FHC. No governo Lula, no governo Dilma. É muito complicado, porque o PMDB é, de fato, o maior partido do Congresso Nacional há décadas. Então, governar sem o PMDB é difícil. Por outro lado, governar sem ter um projeto de se livrar do PMDB é uma ingenuidade. Hoje, por mais necessário que seja ter mínimas alianças com o PMDB, temos que nos livrar dele. Eu não tenho purismos. Nós temos um projeto e aceitamos apoio de quem quiser subscrever este projeto. Mas, mais que o Lula candidato, mais que a presidência da República, temos que disputar as cadeiras do Congresso Nacional. Porque, aí, poderemos ter a tranquilidade de elegendo trabalhador como a maioria, mandar o PMDB às favas.

A eleição é daqui a pouco mais de um ano e sabemos que elegemos em 2014 o pior Congresso da história. A consequência disto é esta enxurrada de reformas que retiram direitos e impõem retrocessos. Os sindicatos e as centrais estão expondo os parlamentares que votaram contra os interesses dos trabalhadores. Este vai ser o mote do trabalho eleitoral em 2018?

Isso já é pauta da CUT, tanto é que estamos empilhando os processos. Cada vez que botamos as caras deles na rua, tomamos processo. Eles que mandem mais. Nós vamos fazer este debate no dia a dia e vamos expô-los durante a campanha eleitoral. Se acham que vão chegar em Caxias para pedir voto e não vai ter ninguém atrás deles com megafone dizendo que votaram pela reforma trabalhista, eles estão muito enganados. Na campanha de 2018 vamos para as ruas, mais do que fazer campanha para nossos candidatos, para mostrar às pessoas quem são aqueles que estão lá. Quem traiu a classe trabalhadora vai pagar caro.

Alguns candidatos se elegem através de associações com xerifes locais, como foi o caso do Eduardo Cunha. Ele é inexpressivo e não tem campanha no próprio nome, mas fez campanha com “xerifes” e “coronéis” locais, através de outros candidatos. Vai ser possível enfrentar estas lideranças locais?

Temos que conseguir. Não nos cabe sequer pensar em não fazer este enfrentamento. É necessário, quase obrigatório. Mas, sobretudo, temos que fazer um debate sobre aumentar a democracia participativa. Uma coisa que a Venezuela ensinou é que dá para discutir tudo com todos, fazer plebiscito. Por que em 2018 não temos uns cinco plebiscitos?

A Venezuela agora vai fazer um novo processo constituinte. A comissão tem 364 deputados territoriais, mais 181 constituintes setoriais, que se dividem em: 79 trabalhadores, 5 empresários, 8 indígenas, 24 estudantes, 8 agricultores, 5 deficientes, 28 aposentados e 24 conselheiros comunais. Os empresários vão ter seu assento para discutir a Constituição venezuelana, mas não são a maioria da população. E se não são a maioria da população, a representação deles tem que ser proporcional. O que a Venezuela faz é olhar para o que é o país e espelhar isto no processo que vai fazer a nova Constituição.

Na Venezuela dá para avançar nisso porque tem um processo de debate popular mais constante e mais antigo. Aqui no Brasil, não estamos preparados, ainda, porque o capital está pronto para comprar, como eles compram. Um exemplo é o Paulinho da Força. É metalúrgico, veio da fábrica, é oriundo da classe trabalhadora. E hoje se tornou um empresário milionário, foi cooptado pelo capital. O poder de cooptação do capital no Brasil ainda é muito grande.

Mas temos que avançar nos mecanismos de participação popular direta. Como uma reforma trabalhista que muda tanta coisa passa, sem que se faça um plebiscito, uma consulta popular? A mesma coisa com a reforma da previdência.

Nós precisamos reformar o sistema de previdência? Sim. Mas tem que começar por punição dura aos devedores. Só quando se punir duramente os devedores, poderá se mexer nas regras de aposentadoria de quem está na base da pirâmide. Hoje é impossível, não tem nenhum gênio que saiba o tamanho do déficit ou do superávit da previdência. O tamanho das fraudes é tão grande que impossibilita um cálculo real. Qualquer mudança tem que ser feita com um embasamento sólido.

E para chegar nisso, temos, primeiro, que discutir a previdência como ela é. Não se pode fazer de trás para frente. Não sei nem se, depois de se fazer uma devassa, cobrar dos devedores e começar a cobrar de verdade que os empresários e as camadas mais ricas paguem a previdência, se a gente não pode diminuir o tempo de contribuição.

Se acabar a desoneração da folha e uma série de favorecimentos aos empresários, que vêm sendo feitos.

Isso. Tem que fazer reforma da previdência? Certo, mas tem que fazer uma reforma à vera. Cobrar dos devedores, mexer nas alíquotas… depois de fazer isso tudo é que começa a conversar sobre trabalhador: se aumenta ou diminui o tempo, se mexe na contribuição. Com o quadro real do que é a previdência é que se pode decidir se vai se mexer ou não com a vida do trabalhador.

Eu acredito que nós, da esquerda, temos que avançar em não ter processos estanques. “Ah, não pode mexer nos direitos dos trabalhadores”. Com o princípio eu concordo. Mas qual a essência da discussão? “Não podemos aumentar em um dia sequer o tempo de contribuição para a aposentadoria.” Não vou discutir isso, vou discutir por que não se pode aumentar em um dia sequer. Eu discuto a reforma trabalhista dizendo que não pode ser feita como está porque vai gerar desemprego. Não porque “ah, coitadinho do trabalhador, vai ser penalizado, vamos lá protegê-lo”. Não, é porque vai gerar desemprego, vai ser ruim para a indústria, para o país, vai gerar subemprego, funcionários mais insatisfeitos, ganhando menos, menos dinheiro na economia… Temos que fazer a discussão porque, se não, parece uma coisa quase religiosa. “Temos que proteger o trabalhador, tadinho!” Não, nós temos que proteger o trabalhador e há motivo para isto. O motivo é que, se não proteger o trabalhador, teremos caos no país, a economia entrando em colapso e não teremos mais país.

Até a questão da segurança pública, que a classe média se preocupa tanto, mas não percebe que quando se tem crise e aumento do desemprego, há um aumento da violência também.

Sim. Temos que romper esta coisa, a esquerda parece virar igreja. “Precisamos proteger o trabalhador”. Mas pergunta para boa parte destas lideranças por que é preciso fazer isso. Por uma série de fatores que têm que ser discutidos. Quando a pessoa tem consciência do por que estar fazendo isso, trabalha com mais veemência, com mais vigor, mais vontade. Boa parte das nossas lideranças não tem esta consciência.

Então há a questão da formação das lideranças, que é o calcanhar de Aquiles do movimento sindical.

Sim. Vínhamos avançando muito na formação política dos dirigentes e nós começamos a perder isso, principalmente de 2013 para cá, com a intensificação dos ataques à classe trabalhadora. Porque começamos a ter que sobreviver, era um caixote por dia. Quando você entra no mar e começa a tomar um caixote atrás do outro, você não consegue nadar. Ficamos numa situação de sobrevivência e, neste momento, ainda estamos nisso. Mas eu digo e repito: não podemos perder a disputa dos corações e mentes da classe trabalhadora e, sobretudo, os corações e mentes dos nossos dirigentes. Eles têm que começar a perceber melhor o mundo e a ver a necessidade de avanço de formação para este mundo. Temos que estudar mais, discutir mais, ler mais, para avançar nisso.

Temos também no movimento sindical a situação de haver dirigentes que já estão há muito tempo dentro da estrutura, com faixa etária avançada, que não é a mesma dos trabalhadores da categoria. Temos um problema de renovação de lideranças. Como lidar com isso?

Eu sou otimista neste ponto, há sinais interessantes. A Ivone Silva ter ganho nos bancários de São Paulo é um símbolo. Ela é mulher, negra, fora do padrão de beleza para as mulheres. Como esta mulher vai para a mesa negociar com o banqueiro? Isto é um símbolo interessante, o bancário que está na base vai ver que não é um clubinho fechado. Temos que fazer mais símbolos destes. Eu mesmo, sou presidente da CUT com 36 anos, comecei com 34. Quem entrar para o movimento pode chegar a assumir postos de direção e estar à frente do movimento mesmo sendo novo. Claro que é difícil, sofremos ataques todos os dias e o fogo amigo é muito pior que o inimigo. Mas temos que enfrentar isso, e só assim vamos conseguir oxigenar. O movimento sindical tem que se aproximar da mulher, do negro, do LGBT, do jovem, para que percebam que não são decorativos.

Temos uma revitalização interessante do movimento estudantil, que sempre foi o celeiro das lideranças sindicais.

Sim, mas havia um abismo muito grande entre os dois. Os sindicatos falam pouco com as entidades estudantis, os grêmios. Vemos  poucos sindicatos nas “calouradas”, nas semanas temáticas das faculdades. No próprio congresso da UNE, havia poucas lideranças sindicais. Aqui no Rio temos uma experiência interessante entre o Sindicato dos Engenheiros e o Centro Acadêmico de Engenharia da UERJ. O sindicato, inclusive, disposto a mexer no estatuto para poder absorver os estudantes. Temos que fazer isto, principalmente sindicatos das categorias profissionais – engenheiros, enfermeiros, professores, etc. – têm que começar a olhar para suas estruturas para que os estudantes estejam dentro dela. Para que o estudante, quando sai da faculdade, não sabe para onde ir. Vai agora acontecer o Encontro Nacional dos Estudantes de Direitos e estamos fazendo, via CUT, uma ponte para o Sindicato dos Advogados participar. Temos que avançar. Mas é difícil e é demorado.