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BRADESCO: Sindicatos fazem Dia Nacional de Luta


Paralisação no Rio de Janeiro


Os sindicatos da base da Federação realizaram atividades no Dia Nacional de Luta no Bradesco, cumprindo o calendário definido pela Comissão de Empresa. As principais reivindicações, definidas no Encontro Nacional de dirigentes sindicais do banco, são a criação de um Plano de Cargos e Salários, a extensão do plano de saúde para os pais dos bancários e a concessão de auxílio-educação para os funcionários.


O movimento sindical já entregou uma pauta de reivindicações ao banco na semana passada, contendo estas e outras demandas. Até agora, o banco não se pronunciou a respeito. O objetivo dos sindicalistas é a construção de um Acordo Aditivo que garanta os benefícios, a exemplo do que existe em outros bancos.


No Rio de Janeiro, a paralisação também denunciou as demissões. “Já foram mais de cem demitidos desde o início do ano. Analisando as homologações se percebe claramente que o banco está demitindo os funcionários mais antigos e com salários mais altos”, denuncia Almir Aguiar, presidente do Seeb-Rio. As demissões, além de reduzirem os custos com salários, também baixam as despesas com o plano de saúde, já que os usuários mais jovens utilizam menos os serviços médicos.


Uma reivindicação antiga dos sindicalistas é que o Bradesco conceda auxílio-educação, mas o banco alega que já oferece serviços de educação através da Fundação Bradesco. Mas a entidade não oferece ensino universitário, somente escolaridade fundamental e média para os filhos dos funcionários. “O Bradesco contrata novos funcionários com até 27 anos, e exige que estejam cursando ou já tenham concluído o nível superior. Mas não oferece aos empregados a ajuda de custo para esta formação. É o único banco que não investe na qualificação dos funcionários”, informa Almir.


Na Baixada Fluminense houve manifestação na maior agência de Duque de Caxias  •  Em Campos foi feita panfletagem nas 3 agências do município-sede  •  No Espírito Santo houve paralisação de 24 horas nas três maiores agências da Grande Vitória – Centro Vitória, Praia do Canto e Centro Vila Velha  •  Os dirigentes de Macaé fizeram caravana com panfletagem nas agências da base  •  Na base de Niterói houve paralisação de 24 horas na maior agência do banco em São Gonçalo  •  Em Nova Friburgo houve caravana com panfletagem pelas agências e manifestação em frente à agência que não tem porta giratória no município-sede  •  O sindicato de Petrópolis fez manifestação e panfletagem na maior agência do banco em sua região  •  No Rio de Janeiro houve paralisação até o meio-dia nas seis agências do eixo da Av. Rio Branco, centro financeiro da cidade  •  Em Teresópolis foi feita panfletagem de materiais específicos para bancários e para clientes. Os sindicalistas já avisaram que toda quarta-feira, durante o mês de maio, haverá atividades no Bradesco  •  Em Três Rios o sindicato retardou em uma hora a abertura da principal agência do município-sede.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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ENTREVISTA: Luiz Dulci

As razões para o salto



O mineiro Luiz Dulci foi secretário-geral da Presidência da República durante os oito anos de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Professor de Língua Portuguesa e Literatura e ex-sindicalista, Dulci é membro fundador do PT e da CUT e acaba de lançar o livro “Um salto para o futuro: como o governo Lula colocou o Brasil na rota do desenvolvimento”.


A motivação para escrever o livro partiu de uma observação das obras sobre o tema que vinham sendo escritas desde que o PT chegou ao governo. “A maioria eram críticas, escritas por opositores, ou tratavam de questões específicas. Há também alguns livros muito bons, como o do jornalista André Singer, que foi porta-voz do governo, mas que são voltados para a Academia. Eu quis escrever um livro que falasse sobre o governo como um todo e que servisse para a militância, os sindicalistas, os ativistas dos movimentos sociais”, revela Dulci. A publicação do livro, pela editora da Fundação Perseu Abramo, é o enceramento de um longo percurso. O trabalho começou em 2010, mas Dulci precisou interromper a escrita, por uma série de motivos. Só foi possível retomá-lo em 2012.


Dulci tem percorrido vários estados para lançar o livro, a convite de sindicatos e militantes do PT. No último dia 18 foi realizado um debate para marcar o lançamento do livro no auditório do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro. Na ocasião, o ex-ministro concedeu à Federação a seguinte entrevista:



Luiz Dulci (à esquerda), com Almir Aguiar, presidente do
Seeb-Rio, durante lançamento do livro na sede da entidade


Seu livro analisa as mudanças por que o país passou desde que Lula chegou à presidência. É possível apontar se o Brasil mudou mais para dentro ou mais para fora?


Mudou tanto para dentro, e todas as pesquisas de opinião comprovam, quanto para fora. Na América Latina, na Europa, nos EUA, na Ásia, em âmbito internacional existe uma percepção de que o Brasil durante os oito anos de governo Lula e agora nos dois da presidenta Dilma, deu de fato um salto. Por isso usei este termo como título do livro, um salto histórico. O Brasil mudou de patamar. Não foi um crescimento, uma melhoria rotineira. O Brasil teve uma mudança qualitativa extraordinária neste período, foi uma mudança, de fato, excepcional. Então, o prestígio que o Brasil tem fora no mundo só seria possível se a maioria da população brasileira tivesse essa opinião tão favorável do governo Lula. Porque não seria possível, jamais, se a maioria dos brasileiros não achasse, como acha, que a vida melhorou muito, sustentar este prestígio fora do Brasil.


Temos ouvido que o governo Dilma é continuação do governo Lula. Concorda?


É o mesmo projeto, mas é outro governo, e é bom que seja assim. A Dilma tem um compromisso com o Brasil e os brasileiros equivalente ao do Lula, mas tem outra formação, outra trajetória, e isso é muito positivo – o primeiro a dizer isso foi o próprio Lula – que haja uma renovação. O Brasil já tinha o Lula como liderança, e agora tem o Lula e a Dilma. É uma riqueza, não um problema.


Ela está dando continuidade a todos os principais programas do governo Lula, estabelecendo metas até mais arrojadas para alguns. Nas pesquisas, também, todo mundo valoriza isso, que ela está fazendo avançar os programas do Lula, o que foi uma das razões por que a grande maioria dos brasileiros votou nela. As pessoas queriam que o governo Lula, não em termos de pessoas, mas de programas, continuasse. Além de dar continuidade ela está também criando coisas novas. O programa Ciência sem Fronteiras, por exemplo, é inovador. O Lula reduziu drasticamente a extrema pobreza no Brasil e ela agora identificou 16 milhões de brasileiros que ainda vivem abaixo da linha de pobreza para tentar eliminar a miséria através do programa Brasil sem miséria. E Dilma adotou também medidas muito corajosas, como a redução da taxa de juros, que só seria possível criando uma dialética saudável entre o setor financeiro público e o privado. Ela está reduzindo o preço da energia, tanto para a indústria quanto para os consumidores familiares, individuais. Eu diria que ela fez o que o povo queria, dando continuidade ao governo Lula, mas foi além. O governo dela tem aspectos inovadores. É por isso que eu acho que ela vai ser reeleita em 2014. Nada está ganho de antemão, mas, se o governo continuar tão bom quanto está e com tanto apoio, eu acho que ela tem chance de ser reeleita, inclusive, no primeiro turno.


Quando Lula foi eleito, levava décadas de esperança de vários segmentos da sociedade brasileira, não só os eleitores de última hora, mas, principalmente, aqueles eleitores históricos, a esquerda tradicional. Alguns segmentos desse eleitorado ficaram frustrados porque esperavam um avanço maior. O que faltou realizar?


Os oito anos de governo Lula, e mesmo nos dez anos de governos liderados pela esquerda, são um prazo curto, do ponto de vista histórico, para um país que teve governos de elite durante quase 500 anos. Acho que os resultados foram extraordinários. Para dar um exemplo só, entre tantos outros que se poderia citar, tirar 28 milhões de pessoas da pobreza e levar 39 milhões para a classe trabalhadora e para as classes médias é um resultado histórico extraordinário. O que outros países do mundo fizeram em um século, e o Brasil fez em dez anos. Mas é claro que seria impossível fazer tudo o que queríamos fazer pelo Brasil, e que precisa ser feito, em um governo, dois, ou mesmo em três. Então, é natural que os militantes de esquerda queiram mais. E eu acho que é positivo que queiram mais, porque evita que o governo se acomode. Os resultados, até agora, foram extraordinários. Não sou eu que estou dizendo, em qualquer pesquisa de opinião pelo menos 80 % da população considera o governo bom ou ótimo. Mesmo gente que não votou, por uma razão ou por outra, considera o governo muito bom, que o país está no rumo certo, que as coisas que estão sendo feitas são as que precisam ser feitas.



Mas tem um lado que é de aprendizado. A esquerda nunca tinha liderado um governo no Brasil. Tinha participado como coadjuvante muito secundário, por exemplo, no governo João Goulart. Mas liderado o governo, com o presidente e boa parte dos ministros e ministras, não. Então, tem um lado de aprendizado. Vamos aprendendo a fazer e, à medida que aprendemos, vamos fazendo cada vez melhor, conhecendo a máquina. As elites conhecem a máquina pública brasileira, mas as esquerdas não conheciam, nunca tinham dirigido a maquina, nunca tinham estado dentro do governo, da máquina administrativa.


E tem também a correlação de forças. A direita perdeu as eleições, mas não significa que ela não tenha nenhum poder. Ela tem muito poder, no parlamento, nos meios de comunicação, tem um poder econômico enorme, e não quer abrir mão disso. Quanto mais profundas forem as transformações, maior a resistência da direita. A resistência, agora, à redução da taxa de juros, foi enorme e continua sendo. Uma parte do capital financeiro brasileiro estava acostumada a viver de renda, comprando títulos da dívida pública, que são corrigidos pela Selic, em vez de financiar a economia real do país, e fizeram isso durante décadas. De repente, por uma iniciativa da Dilma – corretíssima e corajosa – os bancos brasileiros, se quiserem manter suas taxas de lucros, terão que investir na economia real do país. Não poderão mais aplicar em títulos do Tesouro, corrigidos pela Selic, e depois pressionar para corrigir os juros e não baixar a taxa Selic para manter os lucros.


Mesmo aqueles setores de ultra-esquerda – com os quais eu não concordo, não estou de acordo com os diagnósticos e as propostas deles – acabam contribuindo com suas lutas e mobilizações para criar uma correlação de forças favorável. É sempre bom para que o governo liderado pelo PT não se acomode nunca, seja obrigado a sempre se autoavaliar, veja o que pode fazer melhor. E até corrigir os erros, que também existem. A população acha que predominantemente é um sucesso, mas isso não significa que não haja erros. É natural que existam erros e é preciso que sejam apontados e corrigidos.


Temos visto os setores conservadores fazendo muito barulho, se utilizando de todos os mecanismos que têm à sua disposição, principalmente a mídia, para criticar o governo petista. Este segmento aumentou ou é o mesmo grupo que está falando mais alto?


Eu acho que é o mesmo grupo que está radicalizando sua luta contra o governo. Não vejo que eles tenham ampliado seu apoio na sociedade. E vou mencionar novamente as pesquisas de opinião, porque eles gostavam tanto de falar das pesquisas quando, no passado, eram contrárias a nós, e agora fingem que as pesquisas não existem quando são favoráveis ao governo e contrárias à oposição conservadora. Eu acho que eles estão radicalizando, estão percebendo que este governo, liderado pelo PT – que alguns chamam de centro-esquerda, mas que é na verdade de esquerda-centro, porque é liderado pela esquerda e tem participação dos partidos de centro, sem o que não haveria maioria parlamentar, que é importante para dar continuidade – mas eles estão sentindo que a Dilma está com muito prestígio. O governo consegue identificar e enfrentar as dificuldades, o país está seguindo, apesar da crise internacional que é muito forte e acaba tendo impacto aqui também – não tem como, tem impacto até na China, que dirá no Brasil. Nós exportamos muito para a Europa, 25 % de nossas exportações são para lá, e a crise européia prejudica nossas exportações. Exportamos muito para a China, que, por sua vez, vende muito para a Europa. Se a Europa está em crise, a China vende menos para eles e compra menos de nós. Na economia globalizada o impacto sobre países exportadores, como o Brasil, é real.


Mas, apesar disso, o país segue. O nível de emprego está alto, apesar do PIB oscilar – tem ano que é maior, tem ano que é menor. É o mais alto da nossa história desde que é medido pelo Dieese. Os trabalhadores continuam tendo aumentos reais, a massa salarial está aumentando, o salário mínimo tem uma política permanente de valorização. Então as condições de vida seguem melhorando, e este é o principal critério. Por que a grande maioria da população tem uma opinião positiva do governo – pelo menos nas pesquisas atuais vemos que as pessoas querem a continuidade deste projeto no comando do país? Porque o principal critério de qualquer pessoa para avaliar se um governo é bom ou ruim é se as condições de vida estão melhorando, este é o critério central. Não há imprensa conservadora, por mais pesada que seja, por mais duros que sejam os ataques, as agressões, até mesmo pessoais – e a mídia conservadora brasileira é muito dura, cruel – que mude esta percepção.


Agora, por exemplo, a mídia está torcendo para a inflação voltar. Mas não vai voltar, o governo já tomou as medidas. O país continuará crescendo com a inflação sob controle. Mas tem horas em que se tem a impressão de que eles estão torcendo contra o Brasil. Não conseguem apresentar um programa econômico e social alternativo – até porque eles não têm esta vivência, o vínculo dos partidos conservadores é com as elites, não com as classes populares, como o PT, o PCdoB e outros. Então, não tendo alternativas econômicas e sociais, de certa maneira eles estão caindo na tentação de torcer contra o país para ver se governo afunda e eles aparecem. Agora, isso não dá certo, nunca deu. Não há um episódio na história do Brasil em que a oposição tenha torcido contra o país e isso tenha lhe dado votos. Porque uma parcela da população não tem muita escolaridade, não teve oportunidade de estudar, mas tem boa intuição política. Sabe avaliar quando um partido, seja de situação, seja de oposição, está apostando no país e quando está apostando contra.


Eu preferiria, sinceramente – sou do PT – uma oposição que disputasse no terreno das ideias e das propostas. Mas, infelizmente, os neoliberais do Brasil – até porque já foram governo e não conseguiram os resultados que conseguimos hoje – ficam muito constrangidos, eles não têm como comparar os governos deles e o nosso, os resultados são muito negativos para eles, são incomparáveis. Eles acabam apostando no “quanto pior, melhor”, que é ruim para o Brasil. Mas seguramente a população brasileira não apoiará este tipo de perspectiva. Nunca apoiou e não vai apoiar agora.


O presidente Lula tem origem política no sindicalismo e o senhor também, além de outros quadros que integraram a administração. O que esta experiência sindical levou de positivo para dentro do governo?


A contribuição do movimento sindical brasileiro, principalmente da CUT, mas também das várias outras centrais, para as transformações realizadas nos últimos dez anos foi muito grande. Eu faço questão de sublinhar isso. Por exemplo, a política de valorização do salário mínimo foi negociada pelo governo com as centrais sindicais. E se não tivesse sido negociada não haveria correlação de forças para implantar esta política que beneficia 42 milhões de trabalhadores, entre ativos e aposentados. Além de melhorar a vida de quem ganha salário mínimo, injetou na economia bilhões e ajudou a expandir o mercado interno e a promover o crescimento econômico do país. O programa do crédito consignado, com juros mais baixos e desconto na folha de pagamento, foi uma proposta levada pelas centrais e que o governo aceitou. Isso melhora a vida das pessoas, porque passam a ter crédito mais barato, mas também ajudou tremendamente a desenvolver a economia do país. Então, muitas das conquistas dos últimos 10 anos teriam sido literalmente impossíveis se não tivesse havido uma intensa mobilização do movimento sindical e também dos movimentos sociais – de mulheres, de combate ao racismo, e outros. Um governo de mudanças nunca faz as mudanças sozinho. Ele precisa da sociedade para promover as mudanças.


No que diz respeito à equipe de governo, tivemos a participação de muitos sindicalistas e pessoas oriundas do movimento social e de outras áreas. Havia cientistas, intelectuais, professores, médicos, trabalhadores rurais, artistas, como o Gilberto Gil, que deu uma contribuição extraordinária não só na área de cultura, mas como integrante da equipe de governo, com opiniões políticas e sociais muito criativas e úteis. No nosso caso, do presidente Lula, no meu, dos ministros Ricardo Berzoini e Luiz Gushiken, todos dois bancários, e de vários outros de origem sindical, a experiência de luta, de mobilização, de diálogo permanente com a sociedade foi central. Trouxe a ideia de que um governo de mudanças deve, antes de mais nada, dialogar. Com o funcionalismo público, quando reivindica ao governo, podendo atender ou não. Às vezes o funcionalismo está lutando e você pode atender 70 % da pauta, mas não pode atender os outros 30 % de imediato. Os governos conservadores não dialogam. Nós dialogamos sempre, podendo atender ou não, porque às vezes não podemos atender naquele ano, mas no ano seguinte podemos. Se há alguma dificuldade conjuntural, temos obrigação de explicá-la à categoria. É preciso construir as políticas públicas dialogando, seja com o funcionalismo, seja com outros setores.


Acho que foi em grande parte pela experiência dos sindicalistas que fizemos 73 conferências de políticas públicas, que começavam nos municípios, depois iam para os estados, e no final havia uma conferência-síntese em Brasília. Cerca de 5 milhões de  pessoas participaram, no país inteiro, destas 73 conferências – de saúde, educação, políticas para mulheres, reforma agrária, cultura, direitos humanos, educação, juventude. E estas conferências tinham muito debate, muita disputa, misturavam, às vezes, reivindicações possíveis de serem atendidas com propostas que até legalmente o governo não podia adotar. Eu me lembro do grande Paulo Freire, que foi fundador do PT, para nossa honra, que dizia isso: as classes populares precisam conhecer o Estado, como ele funciona, para ajudarem a dirigi-lo. As elites já conhecem, porque o comandaram por 500 anos. Mas as classes populares, não. O Lula dizia que nós precisávamos criar canais para que o movimento sindical, os movimentos populares e mesmo o cidadão possam dar opinião, fora do período eleitoral, sobre o que é melhor para o país.


O pessoal da direita ria. “Ah, o Lula está recebendo no palácio as mulheres, as empregadas domésticas, os homossexuais, os portadores de hanseníase, os sindicalistas, a população de rua.” Mas é claro! As elites sempre entraram no palácio, e continuaram entrando – porque têm direito de entrar, já que fazem parte da sociedade brasileira. A grande novidade do governo Lula e do governo Dilma é que, pela primeira vez, as classes populares, os pobres, os plebeus, também entraram. A “aristocracia” brasileira não saía do palácio. Desta vez, os pobres entraram, e entraram para levar suas reivindicações, o que é justo, e também para dar opinião sobre os rumos do país, para falar de economia, de política externa. Os empresários quando vão ao palácio – e têm direito de ir – não falam só das reivindicações deles, falam sobre tudo. Então, por que as classes populares não podem ter os mesmos direitos?


Lula cansou de ir encontrar com a marcha das mulheres camponesas da Contag, com os acampamentos do MST, e nem sempre nós estávamos de acordo com tudo que os movimentos estavam propondo. Mas, justamente quando havia alguma diferença é que nós fazíamos mais força para irmos lá conversar. E não íamos só para falar, mas para ouvir. E explicar, “vocês têm razão por isso, mas nossa avaliação é tal”. Isso criou uma sintonia, respeitando a independência dos movimentos, porque nós nunca pedimos a ninguém para deixar de reivindicar, pelo contrário. O Lula dizia: “quanto mais mobilizações vocês fizerem, mais correlação de forças nós vamos ter para fazer as transformações. Para estas coisas eu acho que contou muito a experiência sindical. É como eu falo no livro: faz muita diferença você mudar o país com a população e não só para a população. É para a maioria do povo, mas é também com a população, com o povo como sujeito. Paulo Freire dizia isso, e Lula traduziu, ele que gosta muito de futebol, falando: “Para um governo como o nosso, a população não pode estar na arquibancada, tem que participar do jogo durante os 90 minutos. E se tiver prorrogação, tem que continuar participando, ou não vamos conseguir fazer as mudanças.”

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Insustentabilidade dos agrotóxicos

Frei Betto *


O Brasil é o campeão mundial no uso de agrotóxicos no cultivo de alimentos. Cerca de 20 % dos pesticidas fabricados no mundo são despejados em nosso país. Um bilhão de litros ao ano: 5,2 litros por brasileiro!


Ao recorde quantitativo soma-se o drama de autorizarmos o uso das substâncias mais perigosas, já proibidas na maior parte do mundo por causarem danos sociais, econômicos e ambientais.


Pesquisas científicas comprovam os impactos dessas substâncias nas vidas de trabalhadores rurais, consumidores e demais seres vivos, revelando como desencadeiam doenças como câncer, disfunções neurológicas e má formação fetal, entre outras.


Aumenta a incidência de câncer em crianças. Segundo a oncologista Silvia Brandalise, diretora do Centro Infantil Boldrini, em Campinas (SP), os pesticidas alteram o DNA e levam à carcinogênese.


O poder das transnacionais que produzem agrotóxicos (uma dúzia delas controla 90 % do que é ofertado no mundo) permite que o setor garanta a autorização desses produtos danosos nos países menos desenvolvidos, mesmo já tendo sido proibidos em seus países de origem.


As pesquisas para a emissão de autorizações analisam somente os efeitos de cada pesticida isoladamente. Não há estudos que verifiquem a combinação desses venenos que se misturam no ambiente e em nossos organismos ao longo dos anos.


É insustentável a afirmação de que a produção de alimentos, baseada no uso de agrotóxicos, é mais barata. Ao contrário, os custos sociais e ambientais são incalculáveis. Somente em tratamentos de saúde há estimativas de que, para cada Real gasto com a aquisição de pesticidas, o poder público desembolsa R$1,28 para os cuidados médicos necessários. Essa conta todos nós pagamos sem perceber.


O modelo monocultor, baseado em grandes propriedades e utilização de agroquímicos, não resolveu e nem irá resolver a questão da fome mundial (872 milhões de desnutridos, segundo a FAO).


Esse sistema se perpetua com a expansão das fronteiras de cultivo, já que ignora a importância da biodiversidade para o equilíbrio do solo e do clima, fazendo com que as áreas utilizadas se degradem ao longo do tempo. Ele cresce enquanto há novas áreas a serem incorporadas, aumentando a destruição ambiental e o êxodo rural.


Em um planeta finito, assolado por desequilíbrios crescentes, a terra fértil e saudável é cada vez mais preciosa para garantir a sobrevivência dos bilhões de seres humanos.


Infelizmente não há meio termo nesse setor. É impossível garantir a qualidade, a segurança e o volume da produção de alimentos dentro desse modelo degradante. Não há como incentivar o uso correto de pesticidas. Isso não é viável em um país tropical como o Brasil, em que o calor faz roupas e equipamentos de segurança, necessários para as aplicações, virarem uma tortura para os trabalhadores.


Há que buscar solução na transição agroecológica, ou seja, na gradual e crescente mudança do sistema atual para um novo modelo baseado no cultivo orgânico, mantendo o equilíbrio do solo e a biodiversidade, e redistribuindo a terra em propriedades menores.


Isso facilita a rotatividade e o consórcio de culturas, o combate natural às pragas e o resgate das relações entre os seres humanos e a natureza, valorizando o clima e as espécies locais.


Existem muitas experiências bem-sucedidas em nosso país e em todo o mundo, que comprovam a viabilidade desse novo modelo. Até em assentamentos da reforma agrária há exemplos de como promover a qualidade de vida, a justiça social e o desenvolvimento sustentável.


Para fomentar esse debate e exigir medidas concretas por parte do poder público foi criada, em abril de 2011, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. Dela participam cerca de 50 organizações, como a Via Campesina, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da CUT no Estado de São Paulo (FETQUIM). Confira o site na internet: www.contraosagrotoxicos.org


A campanha visa a conquista da verdadeira soberania alimentar, para que o Brasil deixe de ser um mero exportador de commodities (com geração de grandes lucros para uma minoria, e imensos danos à população), para se tornar um território em que a produção de alimentos se faça com dignidade social e de forma saudável.


A outra opção é seguir nos iludindo com os falsos custos dos alimentos, envenenando nossa terra, reduzindo a biodiversidade, promovendo a concentração de renda, a socialização dos prejuízos e a criação de hospitais especializados no tratamento de câncer, como ocorre em Unaí (MG), onde se multiplicam os casos dessa gravíssima doença, devido ao cultivo tóxico de feijão.


* Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de “O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade” (Agir), entre outros livros.
www.freibetto.org  twitter: @freibetto.





Copyright 2013 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária (
[email protected])

Fonte: Frei Betto

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Segurança é precária em agências da região dos Lagos

A Polícia Federal tem deixado a desejar nos cuidados com a segurança das agências bancárias na região dos Lagos, no estado do Rio de Janeiro.  Primeiro, foi a aprovação do plano de segurança numa agência onde há janelas sem grades, que permitem a entrada através do vão da esquadria. “Um adulto passa facilmente se quebrar o vidro. A agência fica num local afastado, não há ninguém por perto para reparar se houver movimentos suspeitos. E, ainda por cima, a unidade fica numa via que é rota de fuga. Mas a PF aprovou o plano de segurança. Os bancários estão apavorados”, relata Suez Garcia Santiago, diretor da Federação.


Outro problema recente foi o recolhimento das armas dos vigilantes para regularização em pleno expediente bancário. “A PF verificou que as armas estavam com registro irregular e levou tudo para a sede, para corrigir a situação. A empresa levou outras armas para os vigilantes, mas houve um intervalo em que eles ficaram desarmados. Mesmo tendo sido por um período curto, é uma falha gravíssima na segurança. Se não fosse necessário que o vigilante trabalhe armado, isso não seria obrigatório”, pondera Suez.


Rotina de terror


Duas unidades do Itaú na região têm sido alvos de assaltos frequentes nos últimos anos. “Já houve vários assaltos nas agências de Unamar e Barra de São João, quase todos durante o expediente. Numa ocasião, a quadrilha quebrou o vidro da fachada a marretadas em plena luz do dia. Bancário nenhum quer ser transferido para estas agências”, relata o sindicalista.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Sindicatos paralisam BB em dia de greve nacional

O sindicato da Baixada Fluminense fez paralisação total na agência central de Duque de Caxias, onde funciona a superintendência para toda a região.


No Espírito Santo foram paralisadas 15 agências, sendo 14 na Grande Vitória e uma no interior, no norte do estado. No centro da capital o destaque foi para o prédio Pio XII, onde funcionam vários departamentos administrativos e a superintendência regional, além de três agências de grande porte, inclusive a que atende ao Setor Público.
 
No Rio de Janeiro foram fechadas agências do centro, com destaque para o eixo da Av. Rio Branco, centro financeiro da cidade. Nos bairros também houve agências fechadas, principalmente na Zona Sul e na região da Tijuca.


Sérgio Farias, representante da Federação na CEE/BB, vê a mão da direção do banco pesar sobre o funcionalismo. “Em muitas bases pelo país afora os bancários decidiram em assembleia pela não realização da greve. Os dirigentes perceberam que os comissionados foram orientados pelo banco a irem para a assembleia votar contra a paralisação. Sabe-se lá que ameaças estes trabalhadores receberam para agir desta maneira. Esta atitude do banco é um absurdo ainda maior no caso específico desta greve, que era um protesto contra o novo plano de funções gratificadas, que prejudica justamente os comissionados”, protesta o sindicalista.


 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Funcionários do BB se reúnem em encontro regional

O Encontro Estadual dos Funcionários do Banco do Brasil aconteceu no último sábado, 27, na sede da Federação. Foram abordados os principais temas que afetam o funcionalismo do banco.
 
Como acontece em muitos encontros, sempre surgem questionamentos sobre a Previ e a Cassi, e a organização do evento convidou representantes de ambas para particpar. Márcio de Souza, da Previ, esclareceu dúvidas sobre assuntos como as retiradas de recursos por parte do BB, que são referentes apenas aos rendimentos do montante aportado pelo banco ou de outras fontes previstas no estatuto do fundo. Fernanda Carísio, conselheira da Cassi, apresentou informações a respeito de questões como a cobrança irregular que os laboratórios faziam por medicamentos e insumos como material para testes de glicose e alimentação parenteral para acamados.
 
Um dos temas mais relevantes durante o evento foi o novo Plano de Funções Gratificadas, implantado unilateralmente pelo banco no final de janeiro. O PFG retira direitos, achata salários e ainda foi implantado sem nenhuma negociação com o movimento sindical. “O banco continua se recusando a negociar e o movimento sindical está aumentando a pressão – tanto é que teremos uma greve nacional de 24 horas no próximo dia 30. Não tem cabimento o banco impor um plano que prejudica os bancários e gera passivo trabalhista. Sem dúvida este será um dos principais temas discutidos no Congresso do BB”, avalia Sérgio Farias, representante da Federação da Comissão de Empresa do BB.  O coordenador da CEE/BB, William Mendes, traçou um panorama das conquistas que o funcionalismo do BB obteve na última década e explicitou que tudo que foi conquistado está ameaçado por este novo plano. William avalia que esta é a linha de uma direção que não tem nenhum compromisso com a empresa. “Essa diretoria trabalha somente por seus interesses. Eles ficam lá dois anos, depois saem com bônus milionários e vão para o mercado trabalhar em outras empresas. Os programas que implantam no banco só vão mostrar as conseqüências quatro, cinco anos depois, mas eles não vão mais estar lá para resolver os problemas. Eles se empenham para que o banco apresente os resultados que o governo exige, mas não se preocupam com o que vai acontecer depois”, avalia o coordenador da CEE/BB.  Luciana Vieira, diretora da Secretaria de Bancos Públicos do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, destaca que esta linha agressiva e irresponsável é a expressão clara da forma como o trabalhador é tratado pela classe patronal. “A nossa briga, enquanto trabalhadores, é contra o capital, que nos coloca abaixo da condição de máquinas. Para ele, não somos humanos, não temos necessidades, nem merecemos respeito. O que importa é o lucro que produzimos. Por isso é importante que os trabalhadores mantenham a unidade para que estejamos fortes para enfrentar os desmandos desta gestão temerária do BB e construir uma campanha nacional forte”, analisa Luciana.
 
Outro assunto que mobilizou os bancários foi o projeto de reestruturação que o banco vem implantando. No Rio de Janeiro, o plano atinge principalmente o CSL e o CSO, que funcionam no prédio do Andaraí. Os serviços estão sendo transferidos para outro local ou designados a trabalhadores terceirizados e o impacto sobre os cerca de 300 funcionários será violento. E, como o prédio já não pertence ao BB há mais de dez anos, a mudança deverá ser rápida e definitiva, afetando também o bairro do Andaraí, onde fica a dependência. “A reestruturação está acontecendo em vários estados, bancários estão sendo deslocados de um lugar para outro no país todo. A cada 15 dias estão vindo mudanças que afetam seriamente os funcionários, e este processo já vem acontecendo há algum tempo. Mas nada disso se justifica, não há necessidade de se transferir o serviço para outro local, já que, hoje, com a tecnologia que existe à disposição, a maioria das tarefas pode ser realizada em qualquer lugar. Este movimento constante de reestruturação dos serviços é mais uma estratégia nefasta desta diretoria que não tem nenhum compromisso com o Banco do Brasil”, pondera William.
 
Deliberações
 
Como vem acontecendo há vários anos, a plenária do encontro definiu que todas as teses apresentadas serão encaminhadas ao 24º Congresso Nacional dos Funcionários do BB, que acontece em São Paulo nos dias 17, 18 e 19 de maio. Durante o encontro regional foram eleitos os delegados do Rio de Janeiro para o evento nacional – os do ES já haviam sido eleitos no encontro capixaba. A Federação envia 34 delegados, sendo 29 do Rio de Janeiro e 5 do Espírito Santo, mais dois observadores – um de cada estado.
 
Ao todo, 89 bancários se credenciaram para participar do Encontro Estadual com poder de voz e voto. “Tenho visitado os estados e ficado satisfeito com o que tenho visto. Um encontro como ampla participação dos bancários, numa manhã de sábado bonita como esta, mostra que o funcionalismo está com disposição de luta”, avalia William Mendes. “Vamos agora partir para o Congresso Nacional do BB, onde será construída nossa minuta de reivindicações, e construir uma Campanha Nacional forte”, convoca o sindicalista.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Sindicato paralisa agências do Itaú em shoppings

Esta quinta-feira, 25, foi mais um dia de paralisação em agências do Itaú no Rio de Janeiro. Desta vez, foram atingidas oito agências com horário estendido localizadas em shopping centers da cidade.
 
A atividade transcorreu sem problemas. Mesmo os clientes e usuários reagiram bem, sobretudo quando eram informados pelos dirigentes dos motivos da paralisação. “O banco demite e ainda estende o horário. Por conta da sobrecarga de trabalho e do horário ampliado, tem bancário trabalhando das 09h até as 21h, isso não tem cabimento. Além de desrespeitar a legislação trabalhista, acaba com a saúde do funcionário”, relata Vera Luiza Xavier, diretora do Seeb-Rio.
 
O horário estendido de atendimento tem sido alvo de muitos protestos por parte dos sindicatos de todo o país. Mas é preciso que fique claro que o movimento sindical não está contra a população. “Sempre fomos favoráveis à ampliação do horário de atendimento ao público. Mas isso tem que ser acompanhado da implantação dos dois turnos de trabalho e da contratação de mais bancários. Do jeito que as coisas foram feitas, o trabalhador sofre e o banco lucra mais ainda”, pondera Vera.
 
Sem negociação
 
Desde o início do novo horário, o movimento sindical tem procurado a direção do Itaú para negociar, mas sem sucesso. “O banco não arreda pé. Houve umas poucas agências que voltaram ao horário normal, das 10h às 16h, mas foi por questões internas, porque, nelas, não estava valendo a pena manter o horário estendido. Não por respeito aos bancários”, relata a dirigente. Quando os sindicalistas colocam a outra opção, a da criação do segundo turno de trabalho com mais contratações, o banco também não cede. “Ou faz dois turnos, ou suspende o horário ampliado. Como está não pode ficar. Não há bancário que aguente esta sobrecarga de trabalho”, reivindica Vera Luiza.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Justiça reconhece responsabilidade do Santander por terceirizados da Qualy

Saiu na última sexta-feira, 12, a sentença da Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público do Trabalho contra a Qualy e o Santander. A melhor notícia é que a juíza incluiu o banco, atribuindo na sentença a responsabilidade solidária pelo pagamento das verbas devidas aos trabalhadores.


A juíza Patrícia Lampert Gomes citou na sentença a súmula 331 do TST, que dispõe sobre a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços. Mas a magistrada também considerou a relação direta do banco com os terceirizados, uma vez que os trabalhadores exerciam suas tarefas nas dependências do Santander, não passando pela sede da Qualy. A juíza destacou que, nestas circunstancias, o banco estava ciente da situação e que deveria “manter vigilância estrita sobre a forma e cumprimento do contrato pela empresa prestadora dos serviços em relação às suas obrigações legais”.


A Qualy, apesar de notificada oficialmente, nunca se fez representar durante o processo. Foi, então, julgada à revelia. Na prática, isso significa que, se a empresa não negou as acusações, admite a culpa.


Até mesmo a negativa em conceder tutela antecipada permitindo o sequestro de bens para garantir o pagamento é uma vitória. “A juíza entendeu que o Santander tem idoneidade financeira e que, não havendo risco do banco não dispor de recursos ou abandonar o país, não há motivo para sequestrar os bens. Isso mostra que a magistrada reconhece a responsabilidade subsidiária, porque, se a Qualy não arcar com o pagamento dos valores devidos, o Santander terá que pagar”, ressalta a advogada Ana Luiza Palmisciano, assessora jurídica da Federação.


Outra vitória para os trabalhadores foi reconhecido de que houve coação para que pedissem demissão. O MPT ouviu os depoimentos dos trabalhadores e anexou estes relatos ao processo. Para a juíza, ficou claro que houve “vício de vontade” nos pedidos de demissão, ou seja, que os funcionários foram forçados a pedir dispensa, para livrar a Qualy das multas rescisórias. A sentença determina que sejam feitos os procedimentos da dispensa sem justa causa: pagamento das multas rescisórias e liberação do saldo do FGTS para saque. Os salários do mês de agosto, também deverão ser pagos, já que os trabalhadores não estavam trabalhando porque o contrato com o Santander já tinha sido suspenso, mas ainda tinham vínculo empregatício com a Qualy. A juíza entendeu que, mesmo não tendo local para trabalhar, os trabalhadores estavam à disposição da empresa.


Igual, mas diferente


O Santander tentou de todas as formas se eximir da responsabilidade sobre a situação dos trabalhadores da Qualy e ainda apelou, tentando convencer a juíza a responsabilizar os sócios da terceirizadora, como pessoas físicas, pelo pagamento das verbas. Mas a magistrada foi firme na determinação da responsabilidade subsidiária. Esta atitude não só demonstra a falta de responsabilidade social do banco, mas também revela que as orientações são diferentes de acordo com o caso. “O Santander tem admitido a responsabilidade subsidiária em ações individuais. Em geral, o banco paga, mas faz acordos com os trabalhadores terceirizados, que aceitam receber um pouco menos do que o valor devido”, informa a assessora jurídica da Federação.


De fora, mas dentro


Todo o processo começou quando dirigentes da Federação, em visita a agências do Santander, ficaram sabendo dos problemas enfrentados pelo pessoal da limpeza. Foram feitas várias reuniões com os trabalhadores na sede da entidade. Foi a atuação dos sindicalistas da Federação junto ao Ministério Público do Trabalho que levou à instauração de procedimento investigatório. “O procurador responsável pelo caso já adiantou que vai continuar recorrendo à Federação para obter informações”, destaca a advogada Ana Luiza Palmisciano.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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HSBC faz mudança no plano de saúde, mas não garante direitos da lei 9.656

A Contraf-CUT, federações e sindicatos se reuniram nesta quinta-feira (11) com o HSBC, em São Paulo, para discutir as modificações implantadas unilateralmente, em janeiro último, pelo banco inglês no plano de saúde dos funcionários. As mudanças são prejudiciais aos bancários, retirando direitos do pessoal da ativa e dos aposentados.


O banco apresentou detalhadamente as mudanças feitas no plano. Além dos reajustes que encarecerão o custo dos trabalhadores, o banco está criando uma nova divisão entre os bancários: os que são beneficiados pela Lei Federal nº 9.656/98 e têm direito à manutenção do plano de saúde (seis meses a dois anos) em caso de demissão sem justa causa por contribuírem mensalmente e os que não terão a chance de contribuir e, por isso, não poderão usufruir da manutenção para além do que determina a convenção coletiva (máximo de 270 dias).


Os dirigentes sindicais reiteraram a reivindicação da última reunião sobre a necessidade de suspensão das alterações e que se estabeleça um processo negocial sério e efetivo. O HSBC tentou justificar as mudanças utilizando o discurso da sustentabilidade do plano a longo prazo e a manutenção dos benefícios dos trabalhadores. “Sabemos que, com as alterações, o HSBC irá diminuir os custos com provisionamento relativo ao plano de saúde dos não beneficiários da lei 9.656/98”, critica Alan Patrício, funcionário do HSBC e secretário de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT.


“O plano de saúde é o segundo maior custo do RH do HSBC no Brasil. As alterações vieram justamente para minimizar os valores provisionados, com o objetivo de melhorar a chamada eficiência do banco. Assim como os bancos utilizam a rotatividade para a diminuição do salário médio dos trabalhadores, o HSBC está tirando também os benefícios na saúde do trabalhador buscando ainda mais eficiência”, denuncia Alan.


Há mais de sete anos, o banco não negocia melhorias no plano de saúde com o movimento sindical. “Até 2005 havia uma negociação sistemática para discutir temas como reajuste, melhorias e ampliação dos benefícios no plano. De lá para cá, não houve mais negociação e as mudanças são feitas unilateralmente”, critica o diretor da Contraf-CUT.


O banco deve apresentar nova posição até a próxima semana. “Continuaremos mobilizados em todo o país”, ressalta Alan.


Teto máximo de R$ 182


Após mobilizações dos bancários em todo o país, o banco estabeleceu para o plano, durante a reunião desta quinta, o teto máximo de R$ 182, limitando as coparticipações. “Essa foi uma conquista, pois na proposta inicial do HSBC não havia teto: era ilimitado, o que gerava intranquilidade aos bancários”, destaca Alan.


Pressão judicial por acesso às informações do plano


A Contraf-CUT interpôs por intermédio do Sindicato dos Bancários de Curitiba e da Fetec do Paraná uma ação judicial com pedido de tutela antecipada visando obter acesso às informações referentes ao plano de saúde, como contratos, custos e quantidade de vidas.


“O plano é uma caixa preta. Não temos informações para analisar as mudanças feitas pelo banco”, afirma Alan. A liminar foi deferida e o banco tem prazo até o dia 22 de abril para apresentar as informações.



Fonte: Contraf-CUT

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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BB desmarca reunião e bancários fazem manifestação no edifício-sede


Em mais uma demonstração de desrespeito ao funcionalismo, o BB cancelou em cima da hora a reunião marcada para a manhã da última terça-feira, dia 09. O objetivo do encontro era discutir o novo Plano de Funções Gratificadas, implantado em 28 de fevereiro sem qualquer negociação com o movimento sindical.


Em resposta, os dirigentes sindicais fizeram uma manifestação em frente à sede principal do banco, o Sede I, no horário em que deveria estar começando a reunião cancelada. “O BB só telefonou para desmarcar no início da noite da segunda-feira. Como o encontro estava marcado para as 10h, a maioria dos integrantes da CEE já estava em Brasília, ou a caminho, quando isso aconteceu. Cancelar uma reunião em cima da hora é o cúmulo da falta de respeito. Esta postura vem permeando a relação da diretoria do banco não só com os representantes dos trabalhadores, mas com os todo o corpo funcional”, critica Sérgio Farias, representante da Federação na CEE/BB.


A resposta dos funcionários à intransigência do BB em negociar e ao tratamento desrespeitoso do banco será uma greve de 24 horas marcada para o próximo dia 30. “É importante que os sindicatos filiados façam assembleias para aprovar a paralisação, para que esta paralisação atenda às exigências da lei”, ressalta Sérgio.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES