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Demissões e rotatividade reduzem salário médio do bancário, diz economista

   Foto: Jailton Garcia – Contraf-CUT
Por
Fábio Jammal Makhoul, Carlos Vasconcellos e Alessandra Mota


A política de demissões e a alta rotatividade nos bancos privados está achatando o salário médio dos bancários, apesar de as campanhas vitoriosas terem conquistado ganhos salariais acima da inflação. A preocupante comparação foi feita pelo economista Nelson Karam, coordenador de educação sindical e diretor da Escola de Ciências do Trabalho do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em exposição realizada nesta sexta-feira, primeiro dia da 15ª Conferência Nacional dos Bancários.


Segundo Karam, que fez a apresentação no Painel sobre Remuneração e Emprego, a luta dos bancários rendeu 85,3 % de reajuste salarial desde 2004, valor 16,2 % acima da inflação. No piso, a valorização foi ainda maior: 116,2 % de aumento, 35,6 % a mais que a inflação.


“Entretanto, é preciso observar que a remuneração média dos bancários hoje é menor que em 2000”, afirma. Há treze anos, o salário médio dos bancários era de R$ 4.961,77. Em 2011, último dado disponível, a remuneração média caiu levemente para R$ 4.743,59.


A estagnação do salário médio é causado pela política de rotatividade dos bancos, que demitem funcionários com maiores salários e contrata novos bancários com ganhos menores. “E o pior é que nos últimos anos o ritmo das contratações não está acompanhando o das demissões”, disse.


Concentração de renda


Enquanto a remuneração média dos bancários segue estagnada, o lucro dos bancos cresceu espantosos 128 % de 2002 para cá. A parte conquistada pelos funcionários nesta lucratividade também caiu. Em 2002, os bancários ficavam com 43 % do lucro, enquanto os acionistas abocanhavam 34 % . Em 2011, a parte dos funcionários caiu para 38 % , enquanto a dos acionistas subiu para 40 % .


Hoje, um executivo da diretoria do Itaú ganha 234,27 vezes mais que um funcionário recebe com o piso. No Santander, o executivo ganha 145,67 vezes o piso. E essa desvalorização dos bancários é inversamente proporcional ao aumento do trabalho nos bancos.


Considerando apenas um dos indicadores de produtividade, cada bancário abria 83 contas correntes em 1996. Em 2011, eram 302 contas abertas por cada bancário. Isso mostra que o trabalho aumentou, mas a parte que o empregado recebe do lucro caiu”, explica Karam.


O economista defendeu que os bancários incluam nos debates da campanha nacional os chamados ganhos de produtividade, que levam em consideração não somente o crescimento dos lucros, mas também o aumento da produtividade no setor e dos ganhos dos executivos dos bancos.


Aumento da terceirização preocupa


Segudo Nelson Karam, apesar do crescimento no saldo do emprego do setor bancário nos últimos dez anos, tem crescido muito o número de trabalhadores terceirizados, em função da ampliação dos correspondentes bancários.


Em 2003, havia pouco mais de 36 mil trabalhadores terceirizados nos bancos. Em 2012, o número saltou para mais de 332 mil. Karam enfatiza que a situação poderá se agravar, caso seja aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), o Projeto de Lei 4330, que escancara as terceirizações, inclusive em atividades-fins.


“A regulação das terceirizações proposta por esse projeto não interessa à classe trabalhadora”, disse.


Ampliação de crédito


Outro dado que preocupa, segundo o especialista, é que apesar do saldo médio do emprego ter crescido 24 % de 2000 a 2011, nos últimos meses, os números revelam uma retração. Na opinião de Karam, esta situação pode ser revertida não somente em função da alta lucratividade do setor, mas também devido ao potencial de ampliação do crédito.


“Há um grande potencial a ser explorado no mercado brasileiro. O país carece de crédito em setores sociais, como o imobiliário e de saneamento básico, por exemplo”, afirma. Para ele, o crescimento do emprego nos bancos públicos, especialmente na Caixa Econômica Federal, é um exemplo de que é possível expandir as contratações e continuar ampliando os lucros.


Karam lembra que de março de 2012 a março de 2013 os bancos privados apresentaram redução de postos de trabalho, o que não ocorreu no Banco do Brasil e principalmente na Caixa. O Itaú apresentou saldo negativo de 6.679 no período e o Bradesco, 2.309. Já a CEF apresentou saldo positivo de 7.423 e o BB, de 261.


No Brasil, o crédito chega a alcançar 50 % do Produto Interno Bruto (PIB). Houve um crescimento a partir da política de redução de juros do governo. Mas o índice ainda é bem inferior ao dos países mais desenvolvidos. Nos EUA, a relação entre crédito privado e PIB é de 191 % e na Inglaterra, de 186 % .


Na opinião do economista, o problema é que os bancos brasileiros preferem o ganho fácil proporcionado pelos juros altos do que ampliar o crédito para investimentos sociais.


Inflação sob controle


Para Karam, o discurso de que a inflação está fora de controle, disseminado na mídia, interessa aos bancos, que ganham com a elevação das taxas básicas de juros.


“A inflação hoje está localizada em alguns setores e não é fruto do aumento do consumo. Além disso, os preços elevados são também resultado da concentração e dos oligopólios observados em alguns setores da economia, como bancos e supermercados”, ressaltou.


 

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários

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Tecnologia e modelo de gestão levam ao isolamento, alerta psicanalista

   Foto: Jailton Garcia – Contraf-CUT
Por Juliana Satie e Rodolfo Wrolli


Saúde e condições de trabalho foram os temas que iniciaram os debates da 15ª Conferência Nacional dos Bancários nesta sexta-feira 19, em São Paulo. O assunto é um dos que mais preocupa a categoria. A conferência, que se estende ao sábado e domingo, aprovará a pauta de reivindicações da categoria, a ser entregue à federação dos bancos (Fenaban).


O professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA/USP), Wilson Amorim, apresentou conclusões prévias de uma pesquisa que busca identificar como a gestão por competências, praticada pelas empresas, afeta as relações de trabalho tanto dentro das corporações – como os bancos – como nas negociações coletivas.


A gestão por competências envolve a avaliação de características como organização, liderança, visão de negócio, trabalho em equipe, multifuncionalidade, dentre outros.


Falta integrar formação e educação


Uma das conclusões tiradas do estudo é que, no Brasil, uma política pública que integre a formação profissional ao sistema nacional de educação é ausente. Essa função, segundo Amorim, está relegada a escolas como o Sesi e o Senai – administradas pela iniciativa privada – ou a universidades corporativas.


“Ao trabalhador cabe a ideia de que ele próprio deveria se preocupar com seu desenvolvimento profissional, o que cabe no discurso da individualização do contrato de trabalho. É cada um por si e, de maneira geral, os governos e as empresas ficam distantes desse processo”, explica.


Dentro do sistema financeiro, o professor traçou um paralelo entre as décadas de 1990 e 2000. Na última década do século 20, Amorim lembra que houve uma redução drástica na quantidade de bancários, decorrente das políticas neoliberais, como as privatizações dos bancos estatais, fusões de bancos e enfraquecimento do movimento sindical, por exemplo.


Já os anos 2000 foram marcados, de acordo com Amorim, pelo aumento da renda dos trabalhadores e a retomada dos níveis de emprego. “Do ponto de vista coletivo, houve aumento do poder dos sindicatos. Se você tem elevação do número de trabalhadores, a pressão pelo salário se torna positiva e é por isso que os aumentos reais se sucederam. Não é por outra razão que houve greves desde 2002”, avalia o pesquisador.


Amorim ressaltou que nesse meio tempo o trabalho dentro dos bancos mudou, e um aspecto relevante para essa mudança é a exigência para a qualificação. “A gestão de competência baliza a carreira do bancário. Ele só vai subir de cargos dentro do banco se tiver determinadas competências adquiridas por meio de certificações, cursos, faculdades ou programas de desenvolvimento interno do banco”, diz Amorim.


Os perigos da ‘gestão por competência’


De acordo com dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que representa as instituições que atuam no mercado de capitais brasileiro, desde 2003 foram realizados mais de 518 mil exames para certificação, como o CPA-10 – que permite aos bancários comercializar e distribuir produtos de investimento para o público investidor -, o que prova a avidez dos bancários pela formação específica e dos bancos pela gestão de competência.


O pesquisador acrescenta que algumas instituições financeiras, como o Bradesco e o Banco do Brasil, já estão se preparando para a realidade da gestão de competências com cursos para os seus funcionários. “A gestão de competências formata a carreira do indivíduo porque ela mexe no desenvolvimento, nas características que são descritas para a contratação do sujeito, e em algum momento, a empresa ainda vai fazer uma avaliação de desenvolvimento”, explica.


Para Amorim, a principal conclusão tirada do estudo é que a certificação resulta de uma negociação setorial exclusiva dos bancos e que exclui o trabalhador. “É estranho que a gestão de competência envolva meio milhão de trabalhadores, que afete o mercado de trabalho e o processo de carreira dentro das instituições financeiras e, no entanto, o movimento sindical e os trabalhadores sejam alijados das decisões que envolvam esse tema”, conclui o pesquisador.


Adoecimentos


O psicólogo Roberto Heloani, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), falou sobre o adoecimento da categoria, uma consequência do assédio moral e do isolamento do trabalhador, causado pelas novas formas de trabalho.


Heloani abordou vídeo do Sindicato dos Bancários da Paraíba, exibido antes do debate, e que traz o depoimento de uma funcionária do Banco do Brasil, demitida depois de 26 anos de dedicação à empresa. “A pessoa sacrifica sua vida pessoal, seus entes queridos por amor à empresa e se sente traída quando não vê o reconhecimento do seu trabalho. A traição é uma das formas mais efetivas de sofrimento e causa adoecimento, como a depressão”, explicou o psicólogo.


Segundo ele, a demissão de um funcionário dedicado causa medo a todos na empresa e transforma o ambiente de trabalho em um local ideal para a prática do assédio moral, já que todos sentem que podem ser os próximos desligados. “É dever do empregador cuidar do bem- estar de seus colaboradores, mas para os bancos é comum banalizar algumas práticas abusivas, com insultos, processos de avaliação sem critérios, além disso, vale qualquer coisa para atingir a meta”, criticou.


Heloani também denunciou o alto índice de suicídios de bancários e alertou para os perigos causados pelas novas formas de trabalho e as novas tecnologias, que deixam as pessoas isoladas. “Cada vez mais o trabalho é feito de forma burocratizada e impessoal, o que deixa as pessoas cada vez mais sozinhas e propícias a doenças psíquicas.”


Ele explicou que quando as pessoas estão em grupo, têm ‘proteção psíquica’, pois ao sinal de ameaças de alguma crise depressiva, o grupo ‘abraça’. “A prática isolacionista aos poucos faz com que as pessoas se vejam como inimigos e contamina todas as relações, inclusive as pessoais.”

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários

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Pagamento via celular já funciona no Brasil e ameaça emprego bancário

  Foto: Jailton Garcia – Contraf-CUT


Por Renata Silver


Durante a mesa sobre Terceirização e Reestruturação Produtiva na 15ª Conferência Nacional dos Bancários, nesta sexta-feira (19), a economista Vivian Machado Rodrigues, da subseção Dieese na Contraf-CUT, falou sobre o “mobile payment”, sistema que usa celulares, smartphones e tablets para operações de compra e pagamento.


Há duas modalidades. Uma foi introduzida pela operadora brasileira Oi na Nigéria e no Quênia e realiza pagamentos por intermédio de mensagem SMS, com o uso de uma senha criptografada que autoriza a transação. “O usuário compra créditos para seu celular e os utiliza não só para serviços de telefonia e internet, mas para compras e pagamentos diversos”, explica Vivian.


O usuário tem uma conta de pagamentos, mas não uma conta bancária, e essas operações não passam por instituições financeiras, mas pela empresa de telefonia.


A outra tecnologia, já usada no Japão, chama-se NFC, ou pagamento por proximidade. O celular funciona como uma carteira virtual capaz de realizar operações de até quatro cartões diferentes. Nessa modalidade, a operação é feita através de um banco.


O que vai funcionar no Brasil é um modelo híbrido que mistura as duas tecnologias. A Medida Provisória 615, editada em 17 de maio, autoriza o funcionamento dessas operações, definindo os papéis das empresas envolvidas no processo. O Banco Central ficará encarregado dos pormenores da regulamentação. O Ministério das Comunicações, a Anatel e o Conselho Monetário Nacional também estão envolvidos na implantação do sistema.


O “mobile payment” tem apoio do governo federal, que deverá incluir até benefícios como o Bolsa Família no sistema que usa SMS. “A justificativa é que essa modalidade de pagamento permitiria a inclusão financeira, principalmente das pessoas de baixa renda, que não têm acesso a bancos. No caso do sistema NFC, a expectativa é que tenha maior aceitação junto aos mais jovens, que já vivem conectados”, informa a economista.


Ameaça ao emprego


O sistema já está ativo em algumas praças. O Banco do Brasil opera em parceria com a Oi em estados do Nordeste e deve expandir o sistema para todo o Brasil no segundo semestre. O Bradesco também deve começar a operar em breve, através da operadora Claro. A Caixa tem parceria com a Tim e a Mastercard e o início da operação está previsto para 2013. “Mas a MP e as normativas do Banco Central determinam que as transações sejam feitas entre todos os bancos e todas as operadoras, numa plataforma integrada. E isso, por enquanto, ainda não acontece”, destaca Vivian.


O problema é que esse sistema ameaça o emprego bancário, porque a nova tecnologia pode mudar completamente a estrutura das instituições financeiras. “As agências representam custo e hoje o conceito de banco é marca. Com o mobile payment elas não serão mais necessárias. Foi por isso que o governo desonerou os smartphones e os tablets. E, como todo mundo carrega celular em bancas de jornal, elas se tornarão o novo correspondente bancário”, alerta Vivian.


 

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários

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CUT e PT defendem reforma política e plebiscito na Conferência dos Bancários

   Foto: Jailton Garcia


Por: Evando Peixoto, Fábio Jammal e Renato Godoy


O Brasil precisa realizar uma reforma política urgente, com mudanças que vigorem já na próxima eleição, no ano que vem. E a população precisa ser ouvida, através de um plebiscito que aponte o novo modelo político e eleitoral do país.


Essa é a opinião do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) e do presidente da CUT, Vagner Freitas. Os dois comandaram os debates sobre a reforma política realizados nesta sexta-feira 19, primeiro dia da Conferência Nacional dos Bancários. Ambos defenderam o financiamento público de campanha e alterações no modelo de representação. Entre as principais propostas está o polêmico fim do Senado (veja mais no quadro ao fim da matéria).


Berzoini afirmou que o Partido dos Trabalhadores já colhia assinaturas para uma reforma política antes das manifestações populares, de junho. Os atos, segundo ele, trouxeram mensagens difusas, mas levantaram a questão da baixa representatividade política, uma crise presente em todas as democracias do mundo.


“O atual modelo precisa ser debatido. E o centro do debate é o fim do financiamento privado de campanha. Temos de permitir maior igualdade e este deve ser o foco dos trabalhadores”, afirmou o deputado que faz parte da comissão especial da Câmara que discute a reforma política.


A esse grupo, o parlamentar deve levar três propostas: o estabelecimento de um teto de gastos em campanhas eleitorais, equivalente a um terço da média de despesas da última eleição; a proibição da contratação de cabos eleitorais e o fim do sigilo bancário nas contas das candidaturas, para estabelecer maior transparência dos gastos. Há amparo legal para que essas três medidas possam começar a valer já em 2014.


Conservadorismo vai disseminar a confusão


Tanto Vagner Freitas quanto Berzoini apontaram que o processo de plebiscito envolverá muita disputa política, já que o conservadorismo tende a disseminar a confusão entre a população, dizendo que o financiamento público tiraria verbas da saúde e da educação para financiar políticos.


“Na verdade, o financiamento público devolveria a soberania ao povo, garantida na Constituição, que afirma: ‘todo o poder emana do povo’, mas hoje o poder emana do povo, mas é intermediado pelo poder econômico’, reforçou Berzoini.


Para Vagner Freitas, se a sociedade não se mobilizar para pressionar o Congresso, a reforma política não sairá do papel. “Pode ter certeza que a maioria dos parlamentares, que só têm compromisso com os seus mandatos, vão enterrar a reforma política”, disse.


Vagner afirmou que a CUT defende a realização do plebiscito para que a população possa apontar a direção que a reforma política deve seguir. O presidente da CUT, que é bancário, aproveitou a Conferência Nacional da categoria para lançar uma nova ideia da central. “Se os políticos não fizerem o plebiscito, a CUT vai fazer. Vamos coordenar uma ampla consulta popular para ouvir a opinião dos trabalhadores. Este nosso plebiscito pode não ter amparo legal ou valor jurídico. Mas tem valor político. Ele vai mostrar ao Congresso quais as mudanças que o povo quer”, afirmou.


A mãe de todas as reformas


Para Vagner Freitas, a reforma política é a mãe de todas as reformas, mas ela não valerá de nada se o Brasil não estabelecer um novo marco regulatória para a mídia. “A chamada grande imprensa é de direita e não dá voz para a esquerda ou mesmo para os mais pobres. Aliás, esta reforma política será de extrema importância para mostrar quem é de esquerda e quem é de direita, pelas propostas que cada um vai defender”.


A presidenta do Sindicato de São Paulo, Juvandia Moreira, que mediou a mesa de debates sobre a reforma política, afirmou que a conferência dos bancários um momento oportuno para colocar esta discussão de “fundamental para a classe trabalhadora”.


Para ela, a sociedade não se sente representada pelo Congresso Nacional apesar de ter votado, pois “quem o elege efetivamente é o capital”. Um exemplo disso é que hoje no Congresso há apenas seis trabalhadores rurais, e 220 representantes do agronegócio. “Que chance tem um líder popular de ser eleito?”, questiona a dirigente.


Contra o PL 4330


Para o presidente da CUT, a tramitação do PL 4330, que libera a terceirização, é um exemplo da necessidade de reforma política, pois a bancada dos empresários é muito mais representativa do que a dos trabalhadores, em função do predomínio do poderio econômico nos processos eleitorais.


“Se não conseguirmos fazer essa reforma agora, a próxima oportunidade pode demorar muito. O papel do movimento sindical e social é a mobilização das massas pela reforma política. A sociedade clama por uma participação que não pode se restringir ao voto. É preciso chamar a população para debater os rumos das políticas públicas. Temos que ter instrumentos de participação popular”, defendeu Vagner.


O dirigente também ressaltou que a melhor alternativa é o plebiscito, não o referendo. “Acho que o referendo é um bom instrumento. Mas nesse momento, o plebiscito seria melhor, pois a população formularia as políticas, enquanto no referendo, apenas diria sim ou não a propostas do Congresso”, explicou, ressaltando que a reforma política é um problema dos trabalhadores, sim.


“É um problema nosso porque interfere diretamente na nossa vida. Voto não é tutela para gerenciarem nossa vida como bem entenderem. Precisamos da reforma política, e precisamos mais: de uma reforma tributária com menos impostos para os pobres e mais para os ricos, com imposto sobre grandes fortunas para financiar políticas públicas”.


Mobilização em 30 de agosto


Vagner Freitas abordou também o processo de mobilização conjunta das centrais sindicais em defesa da pauta dos trabalhadores e convocou os bancários a voltarem às ruas para novos protestos em 30 de agosto. Segundo ele, o governo até tem negociado com as centrais sindicais, mas sem atender as reivindicações que lhe são apresentadas.


“Vamos intensificar a pressão iniciada no dia nacional de luta que fizemos em 11 de julho, com foco em três questões que consideramos fundamentais: fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e fim da terceirização, que passa pela rejeição ao PL 4330”, ressaltou o presidente da CUT.


A exemplo dos protestos do dia 11 de julho, a mobilização convocada para o dia 30 de agosto conta novamente com o envolvimento de todas as centrais sindicais do país.


Principais propostas da CUT para reforma política


* Fim do Senado
* Combate à corrupção tornando-a crime inafiançável e fim da imunidade parlamentar para crimes penais e de corrupção
* Financiamento de campanha exclusivamente público
* Voto proporcional em lista partidária, com alternância de sexo, definidas em convenções partidárias democráticas e transparentes
* Diminuição do número de assinaturas para projetos de Iniciativa Popular e mecanismos de facilitação de coleta. Essas propostas teriam tramitação prioritária
* Inclusão de mecanismos para a democratização do Poder Judiciário

Fonte: Rede de Comunicação dos Bancários

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Boas-vindas ao Papa Chico

Frei Betto*


Querido papa Francisco, o povo brasileiro o espera de braços e coração abertos. Graças à sua eleição, o papado adquire agora um rosto mais alegre.


O senhor incutiu em todos nós renovadas esperanças na Igreja Católica ao tomar atitudes mais próximas ao Evangelho de Jesus que às rubricas monárquicas predominantes no Vaticano: uma vez eleito, retornou pessoalmente ao hotel de três estrelas em que se hospedara em Roma, para pagar a conta; no Vaticano, decidiu morar na Casa Santa Marta, alojamento de hóspedes, e não na residência pontifícia, quase um palácio principesco; almoça no refeitório dos funcionários e não admite lugar marcado, variando de mesa e companhias a cada dia; mandou prender o padre diretor do banco do Vaticano, envolvido em falcatrua de 20 milhões de euros.


Em Lampedusa, onde aportam os imigrantes africanos que sobrevivem à travessia marítima (na qual já morreram 20 mil pessoas) e buscam melhores condições de vida na Europa, o senhor criticou a “globalização da indiferença” e aqueles que, no anonimato, movem os índices econômicos e financeiros, condenando multidões ao desemprego e à miséria.


Um Brasil diferente o espera. Como se Deus, para abrilhantar ainda mais a Jornada Mundial da Juventude, tivesse mobilizado os nossos jovens que, nas últimas semanas, inundam nossas ruas, expressando sonhos e reivindicações. Sobretudo, a esperança em um Brasil e um mundo melhores.


É fato que nossas autoridades eclesiásticas e civis não tiveram o cuidado de deixá-lo mais tempo com os jovens. Segundo a programação oficial, o senhor terá mais encontros com aqueles que ora nos governam ou dirigem a Igreja no Brasil do que com aqueles que são alvos e protagonistas dessa jornada.


Enquanto nosso povo vive um momento de democracia direta nas ruas, os organizadores de sua visita cuidam de aprisioná-lo em palácios e salões. Assim como seus discursos sofrem, agora, modificações em Roma para estarem mais afinados com o clamor da juventude brasileira, tomara que o senhor altere aqui o programa que lhe prepararam e dedique mais tempo ao diálogo com os jovens.


Não faz sentido, por exemplo, o senhor benzer, na prefeitura do Rio, as bandeiras dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. São eventos esportivos acima de toda diversidade religiosa, cultural, étnica, nacional e política.


Por que o chefe da Igreja Católica fazer esse gesto simbólico de abençoar bandeiras de dois eventos que nada têm de religioso, embora contenham valores evangélicos por zerar divergências entre nações e promover a paz? Talvez seja o único momento em que atletas da Coreia do Norte e dos EUA se confraternizarão.


Como nos sentiríamos se elas fossem abençoadas por um rabino ou uma autoridade religiosa muçulmana?


Nos pronunciamentos que fará no Brasil, o senhor deixará claro a que veio. Ao ser eleito e proclamado, declarou à multidão reunida na Praça de São Pedro, em Roma, que os cardeais foram buscar um pontífice “no fim do mundo.”


Tomara que o seu pontificado represente também o início de um novo tempo para a Igreja Católica, livre do moralismo, do clericalismo, da desconfiança frente à pós-modernidade.  Uma Igreja que ponha fim ao celibato obrigatório, à proibição de uso de preservativos, à exclusão da mulher do acesso ao sacerdócio.


Igreja que reincorpore os padres casados ao ministério sacerdotal, dialogue sem arrogância com as diferentes tradições religiosas, abra-se aos avanços da ciência, assuma o seu papel profético de, em nome de Jesus, denunciar as causas da miséria, das desigualdades sociais, dos fluxos migratórios, da devastação da natureza.


Os jovens esperam da Igreja uma comunidade alegre, despojada, sem luxos e ostentações, capaz de refletir a face do Jovem de Nazaré, e na qual o amor encontre sempre a sua morada.


Bem-vindo ao Brasil, papa Chico! Se os argentinos merecidamente se orgulham de ter um patrício como sucessor de Pedro, saiba que aqui todos nos contentamos em saber que Deus é brasileiro!


* Frei Betto é escritor, autor de “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.
www.freibetto.org     twitter: @freibetto.






Copyright 2013 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária (
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Fonte: Frei Betto

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Centrais sindicais lembram 30 anos da greve geral contra a ditadura

   Foto: Marcos Manocchi/CUT


As centrais sindicais que integram o grupo de trabalho Ditadura e repressão aos trabalhadores e ao movimento sindical, da Comissão Nacional da Verdade (CNV), farão um ato público na segunda-feira (22), no Sindicato Nacional dos Aposentados, no centro da capital paulista, para lembrar a greve geral de 1983, que levou 3 milhões de trabalhadores para as ruas.


Segundo o coordenador da Comissão Nacional de Memória Verdade e Justiça, da CUT, Espedito Solaney, o ato busca incorporar os sindicatos na agenda da CNV e ajudar na luta por reparação para as vítimas da ditadura. “Sindicalistas de base tiveram seus mandatos cassados, vários desapareceram, vários foram exilados. Queremos a reparação moral, política e material para todos que foram vítimas e foram violados em seus direitos humanos fundamentais.”


Em entrevista à Rádio Brasil Atual, Solaney diz que o grupo de trabalho destacou 11 temas a serem estudados referentes à ditadura, como repressão às greves, a legislação “antissindical e antissocial” e o levantamento de sindicatos que sofreram intervenção, durante e após o golpe.


O coordenador diz que a política de arrocho salarial implementada ao longo da ditadura rebaixou o salário mínimo “em mais de 50 % “, o que significou uma perda “imensurável” para os trabalhadores: “Parte dos filhos deles ficou raquítica, não se desenvolveu física e intelectualmente. A lei de arrocho salarial veio de encontro à campanha de reposição salarial iniciada com o João Goulart”.


O relatório final do grupo de trabalho deve ser concluído em novembro de 2014. As centrais incluirão no relatório o pedido de reparação aos trabalhadores, feita pelas empresas que colaboraram com a ditadura, inclusive em forma de indenização, a exemplo do que ocorreu na Argentina, onde houve reparação e condenação de generais.


Para o secretário das Políticas Sociais da CTB, Rogério Nunes, empresários que colaboraram com a perseguição de trabalhadores também devem pagar indenização. “Quem comete crime deve pagar pelos seus atos. Muitos empresários faziam listas exclusivas proibindo determinados trabalhadores de trabalhar, fazendo eles ficarem na extrema pobreza por perseguição. Os trabalhadores não tiveram condição de sobrevivência.”

Fonte: Rede Brasil Atual

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Contraf-CUT se reúne com Fenacrefi e entrega pauta dos financiários

A Contraf-CUT, federações e sindicatos entregaram nesta terça-feira, dia 16, à Fenacrefi (Federação Nacional de Instituições de Crédito, Financiamento e Investimentos), em São Paulo, a pauta de reivindicações prioritárias dos financiários para a campanha interestadual de 2013.


Os financiários reivindicam reajuste de 12,30 % , composto pela reposição da inflação de 6,95 % medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) entre 1º de junho de 2012 a 31 de maio de 2013, mais 5 % de aumento real, Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de três salários mais o valor fixo de R$ 4.989,26 e o valor do salário mínimo nacional (R$ 678) para cada uma das seguintes verbas: auxílio-refeição, cesta-alimentação e auxílio-creche/babá.


Durante o encontro, dirigentes sindicais propuseram a criação de comissão paritária – composta por representantes dos financiários e das financeiras – para discutir questões relacionadas à saúde do trabalhador.


Os sindicalistas reivindicaram ainda que mais empresas façam adesão ao instrumento de combate ao assédio moral e suspenda o regime de terceirização nos setores de teleatendimento, autoatendimento, cobrança, cartão de crédito, concessão de crédito e administração dos dados cadastrais e contábeis.


“Estamos empenhados para combater as incongruências do setor financeiro. Assim como os bancários, os financiários também sofrem com assédio moral e difusão da terceirização”, afirma Ivone Silva, secretária-geral da Contraf-CUT.


Outra exigência do movimento sindical é a unificação da data- base para todos os financiários. A categoria possui data base em 1º de junho, diferentemente dos bancários, que têm o dia 1º de setembro em todo o país. A Fenacrefi representa os estados do Ceará, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Paraná.


O diretor Paulo Garcez representa os financiários da base da Fetraf-RJ/ES na mesa de negociação com a Fenacrefi.

Fonte: Contraf-CUT

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Gerente do BB de Quissamã e sua família sofrem sequestro

Bandidos ficaram algumas horas na agência e renderam também os outros bancários da unidade
 
O gerente do BB de Quissamã, no norte fluminense, e sua família sequestrados na noite de quarta-feira, 17. Eles foram mantidos reféns na própria residência, na cidade vizinha de Macaé, município-sede do sindicato dos bancários. Os bandidos usavam coletes da polícia federal e renderam o gerente em uma falsa blitz na estrada que liga Quissamã a Carapebus. A família permaneceu toda a noite em poder dos sequestradores.


Na manhã desta quinta-feira, 18, o gerente foi levado à agência, escoltado pelos bandidos. À medida que os empregados iam chegando para o trabalho eram informados do assalto e dominados pelos marginais. Os assaltantes levaram o dinheiro e fugiram.


Assim que souberam do sequestro, os diretores do Seeb-Macaé foram até a agência para acompanhar o atendimento às vítimas.


A agência de Quissamã foi assaltada em maio de 2001. Na ocasião, assaltantes passaram pela porta lateral da guarita do prédio da prefeitura e quebraram o vidro de uma janela da unidade para entrar.

Fonte: Seeb-Macaé

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Bancários de Campos abraçam asilo centenário


O prédio histórico onde funciona o Asilo Nossa Senhora do Carmo, em Campos, está caindo aos pedaços e pede socorro. Na última terça-feira a diretoria do Sindicato dos Bancários de Campos se uniu a diversas entidades e cidadãos num abraço simbólico ao edifício, que abriga 60 idosos e idosas.


O asilo funciona no prédio desde 1904, mas a construção é de 1846. O casarão é conhecido por diversos nomes – Casa do Engenho Santo Antônio e Casa da Fazenda Grande do Beco, entre outros – e pertenceu ao Barão de Carapebus, Joaquim Pinto Neto dos Reis, que foi o primeiro promotor do município. Foi tombado em 1946 pelo Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional.


A combinação das limitações de obras em prédio tombado e das necessidades especificas de uma entidade de amparo a idosos gerou um impasse. O prédio está interditado há 20 anos e não se chegou a uma solução temporária de abrigo para os internos para que as reformas sejam iniciadas. Enquanto isso, o prédio se deteriora e os internos vivem em situação precária.


O abraço simbólico foi a forma da sociedade campista demonstrar sua indignação com a situação do prédio e dos idosos residentes. “Não se pode conceber que numa cidade como a nossa, cuja Prefeitura recebe mais de um bilhão de Reais por ano só com receitas de royalties do petróleo, um patrimônio de tal importância fique neste estado. Isto sem falar nas pessoas, todos idosos e idosas que são atendidas neste local e que correm o risco de não terem para onde ir,” criticou o sindicalista Paulo Robeson, diretor da Contraf-CUT, presente ao ato.  

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Executivo de relações sindicais do Santander se reúne com dirigentes da base

O novo executivo de relações sindicais do Santander, Luís Cláudio Xavier, visita a Fetraf-RJ/ES no próximo dia 24, às 14h. Ele vem se apresentar aos dirigentes e conhecer a situação dos funcionários Santander na base da entidade.


Estão convocados os presidentes dos sindicatos filiados e os integrantes da COE interestadual do Santander no Rio de Janeiro e Espírito Santo. O vice-presidente da Fetraf-RJ/ES, Nilton Damião Esperança, solicita que os dirigentes cheguem mais cedo, às 11h, para a realização de uma reunião preparatória.


Mais informações com Nilton ou com o diretor Paulo Garcez.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES