Caixa faz 157 anos com lucro recorde, mas ainda sob risco de privatização

O governo federal não vem falando em privatizar a Caixa, mas isso não significa que tenha desistido. A derrota da proposta de transformação da empresa estatal em S.A. na última reunião do Conselho Administrativo foi um revés importante, mas ainda há o caminho “oficial”, a aprovação do Congresso. Que tem votado com o governo em troca de liberação de milhões para emendas e leis de teor eleitoreiro.

O aporte de R$ 15 bilhões do FGTS para capitalizar a Caixa é visto como positivo por muitas lideranças sindicais, já que representa um fortalecimento do banco. Se não fosse capitalizada, a Caixa seria obrigada a reduzir o crédito para habitação, saneamento e infraestrutura. O senão é que os juros elevados pagos em troca do aporte sejam repassados para os tomadores de empréstimos.

A capitalização da empresa pelo governo pode afastar o aumento da contribuição dos empregados ao Saúde Caixa, já que a justificativa é a adequação ao Acordo de Basileia 3. Com o aporte, estas exigências já serão contempladas. A Caixa mudou o estatuto, limitando em 6,5% da folha o gasto com custeio dos benefícios de assistência à saúde. Com este limite, caso os gastos sejam maiores, terão que ser assumidos pelos trabalhadores. “Como temos um acordo de dois anos que inclui cláusulas relativas ao Saúde Caixa, nada poderá mudar até 31 de agosto. Até lá, vamos lutar para reverter esta alteração estatutária”, esclarece José Ferreira, bancário da Caixa e diretor do Seeb-Rio.

Lucro X demissões

A Caixa apresentou resultado recorde até o terceiro trimestre de 2017, alcançando R$ 6,2 bilhões de lucro. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o aumento foi de 84,5%. A queda nas despesas de intermediação financeira foi o carro-chefe do avanço, tanto no que se refere à despesa de captação (-21%) quanto à redução da Provisão para Devedores Duvidosos (-14,7%).

Mesmo com resultado elevado a empresa cortou 7.315 postos de trabalho, através de planos de aposentadoria antecipada e demissão voluntária. Houve também queda no número de clientes – entre Pessoa Física e Jurídica, foram 1.774.000 contas a menos. Em nove meses a Caixa abriu somente nove agências.

Aniversário

O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro faz ato nesta sexta-feira, dia 12, ao meio-dia, em frente ao prédio administrativo da Av. Almirante Barroso, para marcar o aniversário de 157 anos da Caixa. Em Campos, haverá ato em frente à maior agência da região, no centro da cidade, com distribuição da Cartilha em Defesa da Caixa 100% Pública.

 

Fonte: Fetraf-RJ/ES