Cloviomar Cararine, do Dieese: “É preciso buscar outros parâmetros para o índice, além da inflação”

O economista Cloviomar Cararine, supervisor técnico do Dieese-RJ, esteve na 13ª Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo e apresentou uma análise de conjuntura. O objetivo da exposição é informar os bancários sobre o panorama em que vai se desenrolar a campanha salarial, para embasar as reivindicações. Após sua fala, Cararine conversou com a reportagem.


Os bancários são uma das categorias mais importantes que negociam no segundo semestre, ao lado dos petroleiros e dos metalúrgicos do ABC, que também têm data-base em 1º de setembro. Mas o Dieese analisa as negociações de muitas categorias e os resultados destes acordos servem de base para outros. “Olhando para as categorias que já fizeram sua campanha salarial, verificamos que a pauta de reivindicações da maioria é sempre a partir do reajuste que tiveram no ano passado. Como cerca de 97 % tiveram aumento real, este ganho ficou como referência para este ano. A maioria dos ganhos reais ficaram na faixa até 2 % , mas houve 15 % das categorias com aumento real que tiveram ganhos acima de 3 % ”, adianta Cloviomar. O economista também destaca que tem havido uma tendência de unificação das pautas de categorias que fazem negociações regionais ou por empresa. “Estamos vendo uma nova fase, um experimento de tentar criar um índice só para todo mundo. E aí, uma categoria ou um sindicato começa a pautar os outros”, informa.


Mas Cloviomar já identifica um “recado” que vem sendo dado pelo governo de não estimular reajustes altos para as categorias fortes de setembro. “Primeiro, acho, por causa do reajuste do salário-mínimo, em janeiro de 2012, que deve ser de 13 % . Outra leitura que se faz é, ainda, de que salário cria inflação. Sabemos que isso não é verdade, mas é tudo uma disputa”, avalia.


Outros parâmetros


Para o economista, a mentalidade de que salário gera inflação vem mudando muito em função da atuação dos sindicalistas, que não a aceitam mais e a vêm combatendo. “O movimento sindical entendeu e comprou essa ideia e tirou isso da pauta, parou de brigar por esta questão”, analisa. Mas o economista também lembra que a memória das altas taxas inflacionárias ainda é recente e influencia o pensamento. “A inflação está estabilizada praticamente desde 1994, quando foi lançado o Plano Real, e a inflação ainda não saiu do centro da meta. Mas se tem uma cultura da inflação e o próprio movimento sindical tem essa cultura e é preciso rompê-la”, analisa Cloviomar. Cloviomar destaca que uma das dificuldades das negociações é que os trabalhadores olham para trás, considerando as perdas, enquanto que os empresários olham para frente, pensando no quanto os reajustes vão onerar seus custos.


O economista entende que é possível discutir os reajustes com base em outros parâmetros, como produtividade do trabalho, os lucros que aquele trabalho gera e mudanças no volume de trabalho. A referência da inflação é geral, para a categoria toda, e as outras podem ser referencias específicas para aquela categoria ou região. O técnico do Dieese informa, por exemplo, que algumas categorias do estado do Rio de Janeiro estão usando a variação do índice regional de custo de vida para reivindicar seus reajustes. Já os bancários, que têm negociação nacional – e também pelo porte da categoria e importância política de sua representação sindical – podem usar, por exemplo, a participação do setor financeiro no PIB (veja gráfico). Além do crescimento puro e simples, o PIB bancário reflete o crescimento da economia, já que há mais dinheiro passando pelos bancos – e, em consequência, o volume de trabalho dos bancários também cresce.



Mercado de trabalho x remuneração


Outro ponto abordado pelo economista em sua exposição diz respeito ao nível de emprego e à remuneração. O mercado de trabalho bancário voltou a crescer desde que atingiu o patamar de pouco mais de 393 mil bancários em 2001. Mas as estatísticas mostram que a massa salarial média não teve aumento compatível com os reajustes da categoria no período, o que demonstra claramente que está havendo substituição de trabalhadores mais antigos por novos bancários, com remuneração inferior. Quanto à questão das fusões no setor bancário, que estão gerando demissões, Cloviomar aponta que há, sim, dispensas provocadas pela redundância, ou seja, a nova empresa passa a ter mais trabalhadores do que cargos. Mas o economista também pondera que a situação mais comum é a companhia aproveitar a fusão para enxugar a folha de pagamento. Cloviomar sugere que os sindicatos façam um trabalho de identificar a necessidade de trabalhadores por local de trabalho, com base no porte e no volume de trabalho de determinada agência ou departamento para, então, poder combater as demissões.


O economista defende que a produtividade e a lucratividade não são refletidas pelo valor de PLR pago pelos bancos. O que reflete estes indicadores é a meta definida pelos bancos. O que acontece é que a produtividade é definida antes de ser realizada, mas a remuneração por ela não acompanha o ritmo de crescimento das metas. “A intensificação do trabalho não está voltando para o trabalhador como salário, mas como gratificação – os programas próprios de remuneração variável.


Mesmo considerando todos os aspectos conjunturais, o economista ressalta que o mais importante fator que define o sucesso de uma campanha salarial não pode ser medido em números. “Tem tudo a ver com a capacidade de mobilização. Pode-se escolher  a melhor referencia possível, mas se não conseguir mobilizar a categoria, vai ganhar reposição da  inflação e mais nada, se conseguir ganhar a inflação. Cloviomar ressalta, ainda, que é preciso escolher uma referência que tenha vínculo com a relação do trabalho. “Sempre alertando que em período de baixa inflação, estabilidade de preços, é hora de discutir outras questões. “É possível, por exemplo, usar custos que estão fora da média. Trouxemos, na nossa exposição, a variação do custo de alimentação fora do domicílio, que aumentou muito, e pode ser uma referência para discutir o tíquete-refeição. Portanto, pode ser interessante negociar índices diferentes para salário e para benefícios”, exemplifica o técnico. Cloviomar dá o exemplo dos petroleiros, que costumam adotar esta estratégia para o tíquete-refeição e para o auxilio-educação.


Perigo lá fora


O detalhe difícil para as campanhas salariais do Brasil é a crise na Europa, já que os países do continente são grandes consumidores de produtos brasileiros. Com a redução do consumo pelos europeus, as exportações caem e influem no desempenho geral da economia. Com relação aos bancos, a questão também é severa, já que temos no Brasil bancos estrangeiros que vão usar os resultados do Brasil para compensar as perdas nos outros países, e isso ainda pode gerar ainda mais pressão por produtividade sobre os bancários brasileiros. “A crise não passou, ainda há muita coisa em disputa, alerta Cloviomar.


Mesmo com a crise internacional, é preciso olhar para a economia brasileira. ”Não temos mais o chamado “vôo da galinha”, que voa um pouquinho e cai, e voa novamente e torna a cair. Agora há uma certa estabilidade e estamos mudando de patamar. O Brasil vai se tornar uma potência. Agora a grande questão é distribuir a renda”, conclui o economista.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Seeb-Macaé comemorou 20 anos


Os trabalhadores dos estabelecimentos bancários de Macaé e Região tiveram uma noite de muita festa nesta quinta (21/07), face as comemorações dos 20 anos de fundação do Sindicato dos Bancários de Macaé e Região. Os bancários acompanhados de seus parceiros/as lotaram o salão de eventos da sede Social do Tênis Clube de Macaé. Estiveram presentes 407 pessoas, dentre elas, o Presidente e o Vice Presidente da FEEB RJ/ES, Fabiano Junior e Nilton Damião Esperança, o representante dos bancos Federais na FEEB RJ/ES, Ricardo Maggi, o Secretário Geral da FEEB RJ/ES, José Nilton, além dos presidentes dos Sindicatos de Nova Friburgo (Max Bezerra), Teresópolis (Aluísio), Campos dos Goytacazes (Rafanele Pereira), Niterói (Fabiano), Três Rios (Niltinho) e seus respectivos diretores.


No evento também foram homenageados os bancários fundadores do Sindicato e registrada a presença do vereador de Macaé, Danilo Funke e da presidente da OAB Macaé, Drª. Andréa Meirelles.

Fonte: Seeb-Macaé

Diretor da Federação conclui pesquisa sobre Previ

O diretor de Finanças da Federação, Sérgio Farias, acaba de concluir seu mestrado em Administração pela Universidade Estácio de Sá. Sérgio se debruçou sobre o período em que a Previ foi administrada por um grupo de executivos de orientação neoliberal que aprovaram a participação do fundo em vários investimentos malsucedidos. A dissertação trata do caso do Magic Park, um parque de diversões temático localizado na cidade de Aparecida-SP.


A pesquisa de Sérgio não só demonstrou que os investimentos tinham motivação política, mas também provou que a alegada competência na gestão que os neoliberais se atribuíam não é verdadeira. “Dizia-se, na época, que o movimento sindical era a “vanguarda do atraso”. No entanto, em minha passagem pelo conselho fiscal da Previ, representando os trabalhadores, testemunhei justamente o contrario. Vi que uma serie de investimentos feitos no fundo de pensão de 1995 a 1997, como o Magic Park, foram exemplos inegáveis de ingerência política e incompetência gerencial”, avalia Sérgio.


O resultado destes investimentos contribuiu para que a Previ tivesse grandes prejuízos que levaram o fundo a apresentar sucessivos déficits ao longo de vários anos. “A situação só foi revertida da gestão de Sérgio Rosa, que implementou os conceitos de governança corporativa na Previ e nas empresas participadas. Com isso ficou claro que o movimento sindical pode, sim, produzir quadros competentes e capazes de fazer mais do que a luta corporativa em prol de suas categorias”, conclui o dirigente.


Sérgio Farias informa que está à disposição dos sindicatos filiados para realizar palestras sobre o caso estudado em sua dissertação de Mestrado e a construção da governança corporativa na Previ e aguarda convites.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Moção de Apoio aos Músicos Demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira – OSB

Os 584 delegados, representando os 13 sindicatos de bancários filiados à Federação dos Bancários do RJ e ES, presentes à 13ª CONFERÊNCIA INTERESTADUAL DOS BANCÁRIOS DOS ESTADOS DO RJ e ES, realizada no dia 16 de julho de 2011, no ginásio do Colégio Plínio Leite, em Niterói, RJ, manifestam o seu irrestrito apoio à luta dos músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira e se solidarizam com suas principais reivindicações, que são:



– Pelo respeito às leis trabalhistas que regem as estruturas sindicais e readmissão imediata dos dirigentes sindicais afastados;


– Pela reintegração dos músicos demitidos por justa causa;


– Por um modelo de gestão da FOSB com a democrática e efetiva participação dos músicos.



13ª CONFERÊNCIA INTERESTADUAL DOS BANCÁRIOS DOS ESTADOS DO RJ e ES

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Funcionários do BNDES assinam novo Acordo de Jornada de Trabalho

Os funcionários do BNDES aprovaram na tarde da última terça-feira o Acordo de Jornada de Trabalho que, finalmente, organizou o banco de horas dos funcionários de uma forma menos injusta com a maioria do funcionalismo. A questão da caducidade de horas extras foi praticamente extinta. Embora alguns dos benefícios não sejam universais, ficando de fora os cargos mais elevados, o acordo é um avanço.


No BNDES o horário é flexível. A jornada de cada trabalhador é de sete horas por dia, mas o expediente do banco vai das 09h às 20h. Desde que o trabalhador cumpra sua jornada diária, não importa em que horário comece ou pare de trabalhar, dentro deste expediente, desde que não atrapalhe o serviço em seu setor. Dentro do período em que estão nas dependências do banco, os funcionários podem realizar diversas atividades durante o expediente, dentro de uma política de formação continuada e qualidade de vida que sempre norteou a relação com os empregados. Cada trabalhador pode, sem prejuízo de sua jornada, fazer cursos ou participar de atividades culturais. Mas, enquanto negociava este novo AJT, a posição de empresa foi de usar esta política contra o trabalhador. “Durante toda a negociação o banco tentou passar uma ideia de que o trabalhador não trabalha durante a hora extra”, relata Carlos Souza, diretor do Seeb-Rio que participou da negociação.


A ameaça a este benefício fez a temperatura subir na mesa de negociação. O sindicato e a Associação dos Funcionários – AFBNDES fincaram o pé e não admitiram recuar. “Esta conquista de qualidade de vida não pode ser usada contra o trabalhador na mesa de negociação. Não vamos aceitar que isso seja usado como moeda de troca pelas horas extras”, argumenta Mauro Bottino, vice-presidente da Associação dos Funcionários do BNDES. Mas o dirigente acredita que isto não estava, de fato, nos planos da administração. “Acho que isso foi um blefe de pôquer, um argumento de negociação. Seria um retrocesso tão grande, os funcionários receberiam tão mal, a rejeição seria maciça. Não vejo espaço para isso acontecer”, avalia.


Segundo Bottino, mesmo que o banco tentasse mexer na flexibilidade de jornada, a resistência dos empregados seria tamanha que geraria uma crise de grandes proporções dentro da instituição. O vice-presidente da AFBNDES lembra que, na negociação anterior, em dezembro do ano passado, a direção do banco tentou subir o tom e retirar benefícios, mas a reação dos empregados reverteu a situação. “Os funcionários deixaram claro nas assembleias que, se fosse para eliminar a flexibilidade da jornada, era preferível que o registro das horas extras fosse feito como manda a CLT e que todo o trabalho extraordinário fosse pago”, lembra Bottino. A administração sabia muito bem que a maioria dos funcionários realmente precisa trabalhar além da jornada e percebeu que pagar as horas extras seria pior, sairia mais caro. O banco, então, recuou e foi firmado este acordo com vigência curta, que venceu em junho.


Andando para frente


Pelo acordo antigo, sempre que um empregado fazia mais de 21 horas extraordinárias por mês, todas estas horas e mais as excedentes eram descartadas, não havendo nem pagamento, nem compensação. Ao final do ano, também havia descarte de todo o saldo do banco de horas que não fosse compensado até 31 de dezembro. Na contagem anual também havia problemas, já que o trabalhador que tivesse horas a compensar em dezembro podia ficar sem a folga caso seu gestor ou a necessidade do serviço impedisse, já que o saldo do banco de horas era zerado no final do ano. Mas o oposto não era verdadeiro: se um bancário tivesse trabalhado menos que as sete horas diárias devidas, sem compensar com trabalho extra em outra data, sofria desconto em seus vencimentos.


Com o novo AJT, o descarte de horas extras foi reduzido ao mínimo, permitindo que as horas não compensadas não sejam eliminadas. Foi criado um dispositivo que acumula as horas excedentes às 21 mensais num saldo diferente, que é fechado semestralmente. Caso o trabalhador tenha até sete horas neste registro separado, poderá tirar uma folga. No semestre seguinte a contagem é reiniciada e gera direito a até uma jornada completa de folga. “Não foi quebrado, efetivamente, o processo do descarte de horas, mas foi criado um limitador. O importante é que conseguimos quebrar o paradigma do descarte”, avalia Carlos Souza.


Um dos pontos mais polêmicos desta negociação foi o tratamento diferente dado aos funcionários de nível médio e os comissionados a partir do cargo de coordenador. Além de não terem direito à caixa de horas excedentes, foi mantida a proibição de compensarem o saldo em dezembro. “Trouxemos para a assembleia que a proposta tem avanços, quebra paradigmas, trata das horas descartadas. Hoje temos um mecanismo novo, há preservação do saldo para o ano seguinte. Mas deixamos claro que impedir que os executivos acumulem este saldo auxiliar é um ponto negativo”, ressalta Mauro Bottino. Mas, na avaliação do sindicato e da associação, este foi o acordo possível neste momento.


Uma das vantagens do acordo é que ficou claro também que ele não é fechado a revisões, caso seja necessário. “Ficou definido claramente que há um limite para resgatar, que é de sete horas, mas não está especificado se há limite para acumular. Há um lado operacional que eu acho que nem o banco também sabe ainda como fazer, isso tudo é novidade. Conforme for se aproximando o fechamento do semestre é que vai se verificar a demanda e pode ser preciso que nos sentemos à mesa de negociação novamente para olhar os números e definir o que fazer”, esclarece Bottino. “Na proposta aprovada há a previsão de que a negociação pode ser retomada a qualquer momento desde que as duas partes concordem. Vamos acompanhar, não vamos deixar tudo para daqui a dois anos”, adianta o dirigente.


Sem assédio


A ideia de trabalhar com qualidade de vida, adotada como política de pessoal pelo BNDES há muitos anos, vai na contra-mão da prática adotada pelas organizações. O assédio moral que é tão comum nos bancos comerciais, tanto privados quanto públicos, não faz parte da vida da maioria dos empregados do BNDES. Segundo Mauro Bottino o assédio até acontece, mas é por iniciativa individual de um ou outro gestor. “A Associação recebe algumas reclamações e, quando isso acontece, procuramos a administração para conversar e tentar resolver. Nem sempre conseguimos uma solução satisfatória, até porque os gestores têm sua autonomia. Mas não é esta a orientação da casa”, esclarece o dirigente. Por este motivo a ameaça de retirada destes benefícios mobiliza tão intensamente o funcionalismo do BNDES.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Ciclo fechado e amigos para sempre

 





Na semana passada foi extinta a área na qual trabalhei nos 10 últimos anos antes da “aposentadoria” (entre aspas porque sou aposentada, mas não estou aposentada!). Saí em 2009, quando já estava aposentada havia dois anos, mas continuava trabalhando. Minha vida pessoal tinha virado de ponta a cabeça três anos antes, todos os planos para a aposentadoria desmoronaram, fiquei um bom tempo perdida, sem rumo. O trabalho era essencial para me manter ocupada, mais do que isso, o convívio diário com os amigos foi imprescindível para manter meu equilíbrio. Muitos nem sequer se deram conta da minha tormenta emocional, nem faziam ideia do quanto me reconfortavam a companhia, a atenção e o carinho que me davam. Um ambiente de trabalho acolhedor, alegre, era tudo que eu precisava! Mas era preciso continuar caminhando, começar um novo ciclo, encontrar uma nova atividade a qual dedicar minha experiência, energia e curiosidade. Já havia retomado os estudos, descoberto algo que me interessava e precisava de tempo para me atualizar, para aprender. Foi muito difícil tomar a decisão de sair, apesar de estar insatisfeita com o trabalho naquele momento, não queria perder a companhia daqueles amigos.

Meu último dia de trabalho foi um dos momentos mais emocionantes que já vivi. Foi uma despedida cercada de carinho, que me deu a certeza de que as relações de amizade que construi naquele espaço ficariam comigo para sempre, como algo que você carrega com prazer e com a qual pode contar sempre que precisar.

Por isso foi uma semana sofrida, em que tive que acompanhar de longe, por e-mail, torpedo e telefone, a angústia e a tristeza de meus amigos. Foi um pequeno compartilhar de sentimentos, que senti como mais um encerramento, desta vez definitivo, de um ciclo profissional que começou há muitos anos.

As empresas já substituíram os ‘recursos humanos’ pelo ‘desenvolvimento de pessoas’, o ‘funcionário’ pelo ‘colaborador’. É uma pena que ainda sejam mudanças no campo do discurso, não da prática. Mas, é remando contra a maré que a gente muda, até mesmo os ambientes de trabalho capitalistas. Tive o prazer e o orgulho de trabalhar com pessoas que acreditavam ser possível ter alta qualidade profissional em meio a relações pautadas pelo respeito, carinho, acolhimento. Não foi à toa que organizamos uma central de atendimento de excelência, em que o cliente falava com o supervisor, não havia script engessado e o gerundismo era proibido! Fomos pioneiros no serviço de suporte às áreas de atendimento, usando bom-senso e flexibilidade para ajudar as equipes da ponta a resolverem os problemas trazidos pelos clientes. Infelizmente, as duas experiências foram substituídas por serviços mais automatizados, mais impessoais, mais ‘eficientes’. Fazíamos diferente e fazíamos bem! Essas experiências, nem sempre reconhecidas, acabarão por influenciar nas melhorias, que mais cedo ou mais tarde a evolução da sociedade irá cobrar.

Passados quase dois anos, ainda me emociono com o fim da área e me preocupo com o que acontecerá com os amigos que ficaram lá. Fico aqui torcendo para que todos possam reconstruir suas vidas profissionais, e que tenham o privilégio de encontrar um ambiente de trabalho tão bom quanto o que construímos juntos. Boa sorte!

 

Extraído do Blog da Julia em www.juliaguarilha.blogspot.com

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Deficientes nos bancos: TAC para quê?

Foi firmado em há pouco mais de um ano, em junho de 2010, um Termo de Ajuste de Conduta entre o MPT e os bancos para cumprimento da cota para Pessoas Com Deficiência estipulada na legislação. Para os bancos, que são empresas com mais de 200 funcionários, é preciso que 5 % sejam deficientes. Mas as empresas do sistema financeiro no Brasil estão burlando esta lei com uma manobra: contratar por seis meses as pessoas com deficiência pra, então, dispensá-los ou nunca efetivá-los de fato. Quando a deficiência é mais leve, o trabalhador é aproveitado, mas a contratação é precária, sem efetivação definitiva. Se o trabalhador tiver uma deficiência mais severa, a chance de contratação é nula. “O que acontece é que os bancos estão evitando pagar a multa por não cumprimento do TAC contratando estes trabalhadores, mas não é dada uma oportunidade real de trabalho”, denuncia João (nome fictício), bancário com deficiência que participou da 13ª Conferência Interestadual do RJ/ES.


A prática comum também é de que, durante os seis meses de treinamento, este bancário recebe somente a metade de salário e benefícios. A contratação é precária e muitas vezes não há lotação definitiva num determinado local de trabalho. Como se isso não bastasse, estes bancários também não recebem participação nos programas próprios de remuneração variável.


O bancário com deficiência que participou da conferência regional levou ao evento propostas para serem anexadas à minuta de reivindicações que atendem a algumas das demandas dos PCDs. Ele nos concedeu entrevista durante o evento. Apesar de sua baixa visão, João consegue trabalhar em agência, lidando diretamente com o público. Mas é obrigado a usar equipamentos comprados com o próprio dinheiro para superar a falta de adaptação dos computadores oferecidos pelo banco.


A contratação por apenas seis meses acaba sendo desastrosa para a vida do trabalhador. “Quando somos contratados, ficamos obrigados a abrir mão do BPC, beneficio previdenciário pago pelo INSS aos deficientes, no valor de um salário mínimo mensal. Só que, quando somos dispensados pelo banco, perdemos direito ao BPC, já que a previdência entende que, já que conseguimos um emprego, temos condições de trabalhar. Depois dos seis meses de seguro-desemprego, ficamos sem nada”, denuncia João. Para reconquistar o direito ao benefício previdenciário, o trabalhador tem que entrar na justiça e provar que não foi aproveitado pela empresa justamente em razão de sua deficiência.


Para João, o aproveitamento dos deficientes na estrutura do banco deve observar suas possibilidades. “Alguém com deficiência auditiva total, por exemplo, pode não se adaptar ao trabalho com o público, mas pode trabalhar, por exemplo, na retaguarda ou num departamento administrativo”, defende. Mas, em muitos casos, isto não resolve, já que faltam equipamentos adaptados. “Às vezes precisamos de adaptações especiais que o banco não fornece. Eu, por exemplo, não tenho tela ampliada no computador e sou obrigado a usar uma lupa, que é minha, eu comprei. E é preciso manter sempre o material, para que ele não me falte. Por isso, defendo que o salário dos PCDs seja um pouco mais elevado, para que possamos arcar com este tipo de despesa”, reivindica. Entre as reivindicações propostas pelo bancário estão também a adoção de valores diferentes para os tíquetes, uma remuneração mais elevada que a dos demais bancáriso para o custeio dos equipamentos e coberturas especiais nos planos de saúde.


Para o cliente ou usuário com deficiência, os bancos também não são cenários nada amigáveis. “É difícil termos os equipamentos e itens como estratos ampliados ou extratos em Braile”, denuncia. E não há treinamento dos bancários para atender às pessoas deficientes. Para o trabalhador, a presença de funcionários com deficiência nas agências ajuda a sensibilizar toda a empresa para o atendimento aos PCDs.


João propõe que, além de pressionar os bancos a cumprirem a legislação e as determinações do TAC, os sindicatos também se empenhem pela criação de uma comissão tripartite – MPT, sindicato e empresa – para fiscalizar a colocação dos PCDs nos bancos.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo realizaram conferência regional no último sábado

A 13ª Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo foi realizada no último sábado, dia 16, e definiu a delegação que vai representar a base da Federação na Conferência Nacional, que acontece no fim do mês. Os delegados da base da Federação ouviram exposições que servem de subsídio para a discussão dos quatro temas principais da Campanha Nacional de 2011:  Emprego e remuneração; saúde e condições de trabalho; igualdade de oportunidades; e sistema financeiro nacional. A Conferência teve a participação de 584 bancários, sendo 130 mulheres.


A Conferência Interestadual foi aberta pelo Quinteto de Metais composto por músicos  demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira e músicos em formação da OSB Jovem, que está com as atividades – e as bolsas – suspensas. O grupo executou o Hino Nacional e duas músicas do repertório erudito. Em seguida, a presidente do Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro, Deborah Cheyne – também demitida da OSB – discursou, revelando aos presentes a atual situação calamitosa por que passa o maior e mais importante grupo sinfônico do país. A crise, que é fruto dos desmandos de um maestro com tendências ditatoriais e de um Conselho Curador formado por empresários – inclusive banqueiros – revela práticas bem conhecidas dos bancários, como o corte sumário de pessoal, ignorando a experiência e os anos de dedicação dos trabalhadores.


A mesa de abertura foi composta por representantes dos dois estados e também muitos convidados que evidenciaram o caráter político do evento. Os vereadores e bancários Cláudio Damião (PT-Nova Friburgo), Cláudio Mello (PT-Teresópolis), Danilo Funke (PT-Macaé) e Reimont Otoni (PT-Rio de Janeiro), mais os vereadores Marlos Costa (PT-São Gonçalo) e Roberto Monteiro (PCdoB-RJ) representaram o parlamento municipal fluminense. O dirigente sindical Cláudio José, presidente do Sindicato dos Vigilantes de Niterói, reafirmou a necessidade dos bancários e vigilantes se unirem na luta por mais segurança e melhores condições de trabalho para as duas categorias, que trabalham ombro a ombro e estão sujeitas aos mesmos riscos. O movimento dos bombeiros do Rio de Janeiro, que ainda estão em luta por melhores salários e condições de trabalho, foi representado pelo Sargento Nascimento, integrante do comando dos trabalhadores. Nascimento ressaltou que o governador está comprometendo o bom funcionamento do estado ao tratar com desdém categorias importantes como os bombeiros, policiais, professores, enquanto oferece vantagens aos empresários.


A programação expositiva começou com uma análise de conjuntura feita pelo técnico do Dieese-RJ Cloviomar Cararine, que abordou questões relativas ao mercado de trabalho – tanto geral como o dos bancários – e demonstrou os resultados das negociações salariais do ano passado e do primeiro semestre deste ano. Uma análise da economia do país nos últimos anos e nos primeiros seis meses de 2011 também foi apresentada. Estas informações servem para embasar as discussões a respeito de um dos temas-macro da Campanha Nacional, emprego e remuneração.


O tema Saúde e condições de trabalho foi discutido em seguida, em mesa apresentada por Edilson Cerqueira, diretor da Federação, Almir Aguiar, presidente do Seeb-Rio, Ricardo Lontra, diretor de saúde do Sindicato dos Bancários de Nova Friburgo, e Adilma Nunes, diretora do Seeb-Rio e psicóloga. Os expositores ressaltaram que o tradicional adoecimento dos bancários por LER/DORT tem sido superado pelo aumento cada vez maior da ocorrência de transtornos mentais, com uso também crescente de medicamentos “tarja preta” pela categoria, em razão do desgaste emocional causado pela pressão pelo cumprimento de metas e o assédio moral nos locais de trabalho. Também foi ressaltado o péssimo tratamento dispensado pelos peritos do INSS aos trabalhadores adoecidos, o que acaba agravando o estado de saúde dos segurados e, muitas vezes, retardando e até impedindo a recuperação. Edilson Cerqueira ressaltou que o movimento sindical de todas as categorias está se mobilizando e contactando parlamentares, o Ministério do Trabalho e até o Judiciário para exigir a correção da conduta dos peritos da previdência social.


A mesa seguinte foi relativa ao tema Sistema Financeiro Nacional, com discussões sobre as recentes resoluções do Banco Central a respeito dos correspondentes bancários. O BaCen vem atuando como legislador ao determinar o funcionamento do SFN. A mesa foi composta pelo secretário de organização da Contraf-CUT, Miguel Pereira, pela assessora jurídica da Federação, Sayonara Grillo, e pelo diretor da Federação Paulo Garcez. Este último destacou de maneira enfática o risco que a categoria bancária corre com a publicação das últimas decisões: “Estas resoluções podem ser mais desastrosas para os bancários do que foi a informatização nos anos 90”, avaliou o sindicalista.


A mesa seguinte foi sobre o tema Igualdade de Oportunidades, apresentada por Iraciny da Veiga, diretora para Questões da Mulher da Federação, e Almir Aguiar, presidente do Sindicato do Rio de Janeiro. Foi apresentado o Caderno de Igualdade de Oportunidades, lançado pela Contraf. Iraciny e Almir também falaram do histórico das discussões sobre o assunto – sempre puxado pelos bancários – e da resistência dos banqueiros a negociar e avançar no tema.


Em seguida o diretor para Bancos Privados da Federação, Euclides Netto, fez uma apresentação sobre mudanças climáticas e leu o Manifesto em Defesa do Meio Ambiente, aprovado pelo plenário. A diretora do Seeb-Rio Vera Luiza Xavier leu uma carta endereçada a Roberto Setúbal, presidente do Itaú/Unibanco, com críticas severas à estratégia do grupo de demitir funcionários para gerar mais lucro para os acionistas. A proposta de Vera, de que todos os sindicatos filiados e a Federação assinassem a carta, foi aprovada pelo plenário. Em seguida, os presentes à 13ª Conferência Interestadual aprovaram uma moção de apoio aos músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira.


O último ponto de pauta foi o debate sobre estratégia e propostas para a Campanha Salarial. Representantes das forças políticas que atuam na base da Federação apresentaram suas ponderações. A aclamação da chapa única de delegados aconteceu em seguida, encerrando o evento.


A 13ª Conferência Interestadual foi transmitida ao vivo pela Internet, numa parceria entre a Federação e os sindicatos do Rio de Janeiro e Niterói, nos sites e nos perfis das entidades no Facebook e no Twitter. Os vídeos estão disponíveis nos canais da Federação (http://www.ustream.tv/channel/feeb-rj-es) e do Seeb-Rio (http://www.ustream.tv/channel/bancario). 


Leia aqui o texto do Manifesto em Defesa do Meio Ambiente
Leia aqui o texto da carta a Roberto Setúbal, presidente do Itaú/Unibanco

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Manifesto em Defesa do Meio Ambiente

Niterói, 16 de julho de 2011



Em 2010, A Federação dos  Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo e a Central Única dos Trabalhadores (CUT-RJ) assinaram o “protocolo de Intenções”, documento este em que as entidades se comprometem a neutralizar suas emissões de carbono. Em conformidade com o documento assinado a Federação já vem tomando algumas medidas no sentido de reduzir suas de CO2, provocadas pelas atividades do dia a dia. A proposta do manifesto em defesa do Meio Ambiente é de conclamar e chamar a atenção da categoria bancária para a importância da preservação ambiental.


Por conta da  realização da 13º Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, a Federação está oferecendo mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, entre elas o ipê amarelo e o pau-brasil,  entre outras, como forma de iniciar nossa luta contra o aquecimento global. Por dialogar diariamente com todas as classes sociais, a categoria bancária tem importância fundamental na construção coletiva de uma sociedade mais justa e sustentável. Lutar pela sustentabilidade do Planeta é um dever de todos nós para que a nossa e as futuras gerações tenham qualidade de vida.










“Se descesse um enviado dos céus e me garantisse que minha morte iria fortalecer nossa luta, até que valeria a pena.
Mas a experiência nos ensina o contrário. Então eu quero viver. Ato público e enterro numeroso não salvarão a Amazônia. Quero viver.”
Chico Mendes

13ª Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo


 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Carta a Roberto Setúbal, presidente do Itaú/Unibanco

A seguinte carta foi elaborada pelo Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e será enviada ao presidente do grupo Itaú/Unibanco. O envio da carta foi aprovado pela plenária da 13ª Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, realizada no último sábado, dia 16, em Niterói.


 


Exmo. Sr.


 


A “lição de casa” que Vossa Senhoria prometeu aos acionistas do Itaú Unibanco, ou seja, os cortes de custos concentrados na redução do quadro de pessoal é a mais viva expressão do saudosismo que a elite brasileira nutre pela escravidão.


 


A prática cultural da mentira e da desfaçatez faz de pessoas como Vossa Senhoria os personagens mais presunçosos dessa elite. Nas demissões de hoje, o triste bordão do passado: “Empregado precisa de salário para quê?”


 


Seus porta-vozes alegam que estão revendo negócios, processos e gastos, para buscar mais eficiência, mas que não querem demitir. Dizem também que vão criar novas vagas. Vê-se que aqui, sim, os executivos estão fazendo a “lição de casa” – também mentir. As demissões seguem um curso quase torrencial, todos os dias, em todas as praças.


 


A fusão Itaú Unibanco pressupõe uma estratégia de expansão. Também nesse caso é preciso levar em conta a importância do binômio emprego e renda, uma lição que o presidente Lula ensinou ao mundo na crise financeira de 2008. A lógica de tratar os trabalhadores como “laranjas”, peças descartáveis, só é possível porque o Congresso Nacional ainda não votou a nova adesão do Brasil à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que inibe as demissões imotivadas, injustificáveis, especialmente considerando a lucratividade do Itaú Unibanco – R$3,35 bilhões no primeiro trimestre deste ano; e R$13,3 bilhões, ao longo de 2010.


 


Queremos expressar toda a nossa repulsa à iniciativa demissionária de Vossa Senhoria e exigir respeito aos trabalhadores, que constroem a riqueza do império dos Setúbal/Salles. Sua política de recursos humanos, cruel e destruidora, contradiz por completo os princípios de sustentabilidade, em que se baseou o prêmio recentemente auferido pelo Itaú Unibanco.


 


Demitir, tornando mais agudos os problemas administrativos que o banco enfrenta depois da fusão, é, sobretudo, um desrespeito à clientela, demonstrando despreocupação da empresa em relação à qualidade dos serviços que oferece.


Quanto aos bancários, além de conviverem há tempos com a pressão por metas absurdas, convivem, agora, com a imagem tenebrosa do desemprego criada pelo presidente da empresa.


 


Mas saiba Vossa Senhoria que os trabalhadores do Itaú Unibanco darão uma resposta à altura.


 


A diretoria

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES