Foto: Gianne Carvalho
Nilton (de pé) na abertura da 13ª Conferência Interestadual do RJ e ES
A delegação do Rio de Janeiro e Espírito Santo que vai representar a base da Federação na 13ª Conferência Nacional já está de malas prontas. Na bagagem, a proposta que vem norteando a atuação dos nossos sindicalistas nos últimos anos. “Na nossa conferência interestadual colocamos como prioridade que nossa delegação tenha como palavra de ordem a unidade. Conseguimos respeitar todas as forças políticas, entidades e centrais sindicais. Vamos levar a proposta de manter a negociação unificada, que tem alcançado resultados positivos para a categoria desde que foi adotada”, anuncia Nilton Damião Esperança, representante da Federação no Comando Nacional e coordenador da delegação.
A Conferência Nacional vai construir a minuta de reivindicações que será entregue à Fenaban em agosto. Haverá debates sobre os quatro temas-macro definidos pelo Comando Nacional: emprego e remuneração; saúde e condições de trabalho; igualdade de oportunidades; e sistema financeiro nacional. “Nosso movimento sempre foi pioneiro, alcançando conquistas que serviram de modelo e inspiração para outras categorias. A nossa expectativa é de que a Conferência Nacional defina mais reivindicações que venham a beneficiar os bancários”, deseja Nilton.
O assunto que mais desperta interesse dos bancários é sempre o mesmo: índice de reajuste. E a categoria bancária deve insistir na reivindicação dos últimos anos. “Estamos, mais uma vez, reivindicando aumento real e rechaçamos a ideia de que salário pressiona inflação. Este é um argumento ultrapassado que foi usado muitas vezes para conter a evolução salarial dos trabalhadores brasileiros. Mas nos últimos anos mostramos que foi justamente o contrário: com o aumento do poder de compra do trabalhador, toda a economia cresceu”, argumenta o dirigente. A questão da remuneração dos bancários tem merecido destaque não só no que diz respeito ao índice, mas também na valorização da categoria através da remuneração. “No ano passado já conquistamos um aumento do piso salarial e vamos insistir nesta posição. O piso melhorou, mas ainda não recompôs o poder de compra do bancário que foi reduzido a partir da década de 90”, defende o coordenador da delegação.
A questão da remuneração está intimamente ligada à do emprego, principalmente nesta época de fusões. As demissões estão acontecendo e os banqueiros garantem que se trata apenas de ajustes. Mas os bancários na base estão sofrendo diariamente não só com a sobrecarga de trabalho, mas com o fantasma do desemprego que lhes assombra diariamente. “Os bancos dizem que estão contratando, mas o que há é uma imensa rotatividade, com salários menores para os que são contratados para substituir bancários antigos, com salários mais altos. O número de postos de trabalho se mantém, mas a massa salarial da categoria está diminuindo”, esclarece Nilton.
Regra, saúde e igualdade
A organização do sistema financeiro nacional é uma questão que parece menor – ou tão grande que escapa à influencia do movimento sindical – mas, cada vez mais, tem merecido atenção do movimento. “Precisamos dar ênfase à luta pela regulamentação do artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro nacional. o que temos hoje, como Banco Central legislando, não pode continuar. A mudança da legislação sobre correspondentes bancários que pode trazer consequências graves para os bancários”, alerta Nilton. A resolução 3954/11 do Banco Central preocupou os sindicalistas, já que derruba as restrições que havia à criação de correspondentes bancários.
O problema do adoecimento da categoria também preocupa. Além das LER/DORT, que continuam maltratando os bancários, os transtornos mentais também têm se alastrado. “Apesar do acordo assinado no ano passado, continuamos com muitos problemas com relação ao assédio moral. As metas inatingíveis e a pressão das chefias, com conhecimento e aprovação dos executivos, estão levando os bancários a recorrerem a medicamentos de uso controlado, conforme contatamos em pesquisas realizadas com os trabalhadores”, informa o dirigente.
Outro ponto que, apesar de avanços no papel, ainda tem muito a melhorar é a questão da igualdade de oportunidades. “Conquistamos para os companheiros homoafetivos a inclusão dos parceiros nos planos de saúde, mas a discussão sobre igualdade de oportunidades, de maneira gral, não tem se desenvolvido como gostaríamos. Queremos que os bancos façam novamente a pesquisa do Mapa da Diversidade, desta vez incluindo a questão da orientação sexual. Mas é preciso que o formulário não identifique o bancário, para que o trabalhador não se sinta intimidado na hora de preencher a pesquisa”, defende Nilton. A mesa de Igualdade de Oportunidades, que discute este e outros temas, é a que avança mais lentamente, em razão da resistência dos banqueiros à discussão.
Arregaçar as mangas
A programação da 13ª Conferência Nacional é intensa e, desta vez, os trabalhos começam já na tarde do primeiro dia. Os grupos de trabalho vão elaborar as cláusulas da minuta e os pontos polêmicos serão apreciados na plenária final. O documento, construído democraticamente, é o ponto de partida para as negociações. “Nosso objetivo é, mais uma vez, fazer a melhor campanha da história. Temos que esquecer vaidades e divergências em nome do esforço para conquistar cada vez mais para a nossa categoria”, defende Nilton Damião Esperança.
Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES