A Privataria Tucana: Seeb-Rio faz lançamento e debate

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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FELIZ 2012

         Desejo  um Feliz Ano-Novo onde, se Deus quiser, todas as crianças, ao ligarem a TV,  recebam um banho de Mozart, Pixinguinha e Noel Rosa; aprendam a diferença  entre impressionistas e expressionistas; vejam espetáculos que reconstituem a  Balaiada, a Confederação do Equador e a Guerra dos Emboabas; e durmam após  fazer suas orações. 
 
         Quero um  Ano-Novo em que, no campo, todos tenham seu pedaço de terra, onde vicejem  laranjas e alfaces, e voejem bem-te-vis entre vacas leiteiras. Na cidade, um  teto sob o qual haja um  fogão com panelas cheias, a sala atapetada por  remendos coloridos, a foto do casal exposta em moldura oval sobre o sofá. 
 
         Espero um  Ano-Novo em que as igrejas abram portas ao silêncio do coração, o órgão  sussurre o cantar dos anjos, a Bíblia seja repartida como pão. A fé, de mãos  dadas com a justiça, faça com que o céu deixe de concentrar o olhar daqueles  aos quais é negada a felicidade nesta  terra.


         Um Feliz  Ano-Novo com casais ociosos na arte de amar, o lar recendendo a perfume, os  filhos contemplando o rosto apaixonado dos pais, a família tão entretida no  diálogo que nem se dá conta de que o televisor é um aparelho mudo e cego num  canto da  sala.
 
         Desejo  um Ano-Novo em que os sonhos libertários sejam tão fortes que os jovens, com o  coração a pulsar ideais, não recorram à química das drogas, não temam o futuro  nem expressem-se em dialetos ininteligíveis. Sejam, todos eles, viciados em  utopia. 
 
         Espero um  Ano-Novo em que cada um de nós evite alfinetar rancores nas dobras do coração  e lave as paredes da memória de iras e mágoas; não aposte corrida com o tempo  nem marque a velocidade da vida pelos batimentos  cardíacos.


         Um  Ano-Novo para saborear a brevidade da existência como se ela fosse perene, em  companhia de ourives de encantos, cujos hábeis dedos incrustam na rotina dos  dias joias ternas e  eternas.
 
         Quero  um Ano-Novo em que a cada um seja assegurado o direito ao trabalho, a honra do  salário digno, as condições humanas de vida, as potencialidades da profissão e  a alegria da vocação. Um novo ano capaz de saciar a nossa fome de pão e de  beleza. 
 
         Rogo por  um Ano-Novo em que a polícia seja conhecida pelas vidas que protege e não  pelos assassinatos que comete; os presos reeducados para a vida social; e que  os pobres logrem repor nos olhos da Justiça a tarja da cegueira que lhe  imprime isenção. 
 
         Um  Ano-Novo sem políticos mentirosos, autoridades arrogantes, funcionários  corruptos, bajuladores de toda espécie. Livre de arroubos infantis, seja a  política a multiplicação dos pães sem milagres, dever de uns e direito de  todos.


         Espero um  Ano-Novo em que as cidades voltem a ter praças arborizadas; as praças, bancos  acolhedores; os bancos, cidadãos entregues ao sadio ócio de contemplar a  natureza, ouvir no silêncio a voz de Deus e festejar com os amigos as  minudências da vida – um leque de memórias, um jogo de cartas, o riso aberto  por aquele que se destaca como o melhor contador de  piadas.

Desejo um Ano-Novo em que o líder dos direitos  humanos não humilhe a mulher em casa; a professora de cidadania não atire  papel no chão; as crianças cedam o lugar aos mais velhos; e a distância entre  o público e o privado seja encurtada pela ponte da coerência. 
 
         Quero um  Ano-Novo de livros saboreados como pipoca, o corpo menos entupido de gorduras,  a mente livre do estresse, o espírito matriculado num corpo de baile, ao som  dos mistérios mais profundos. 
 
         Desejo um  Ano-Novo em que o governo evite que o nosso povo seja afetado pela crise do  capitalismo, livre a população do pesado tributo da degradação social, e tome  no colo milhões de crianças precocemente condenadas ao trabalho, sem outra  fantasia senão o medo da  morte.



         Espero  um Ano-Novo cujo principal evento seja a inauguração do Salão da Pessoa, onde  se apresentem alternativas para que nunca mais um ser humano se sinta ameaçado  pela miséria ou privado de pão, paz e prazer.


 Um Ano-Novo em que  a competitividade ceda lugar à solidariedade; a acumulação à partilha; a  ambição à meditação; a agressão ao respeito; a idolatria por dinheiro ao  espírito das Bem-Aventuranças. 
 
         Aspiro a  um Ano-Novo de pássaros orquestrados pela aurora, rios desnudados pela  transparência das águas, pulmões exultantes de ar puro e mesa farta de  alimentos  despoluídos.



         Rogo  por um Ano-Novo que jamais fique velho, assim como os carvalhos que nos dão  sombra, a filosofia dos gregos, a luz do Sol, a sabedoria de Jó, o esplendor  das montanhas de Minas, a música gregoriana.


 Um ano tão novo que  traga a impressão de que tudo renasce: o dia, a exuberância do mar, a  esperança e nossa capacidade de amar. Exceto o que no passado nos fez menos  belos e bons.



Frei Betto é escritor, e autor, em parceria com  Leonardo Boff, de “Mística e Espiritualidade” (Vozes) entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.

 
Copyright 2012 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

Trabalhadores preocupados com ações regressivas do INSS

No ano de 2011 o INSS ajuizou 1.833 ações regressivas para reaver o dinheiro gasto com benefícios por acidente de trabalho e doenças ocupacionais. A expectativa do órgão é de que R$ R$ 363 milhões retornem aos cofres. A iniciativa, que já vem ocorrendo desde 2008, faz parte de um esforço do Ministério da Previdência de conscientizar as empresas a cuidarem melhor da segurança e das condições de trabalho que oferecem a seus empregados. O índice de sucesso do INSS nestas demandas judiciais é de 90 % .


 


Embora seja uma política que pode contribuir para a redução dos acidentes, o ajuizamento de ações regressivas não tem só aspectos positivos. A preocupação do sindicalista Edilson Cerqueira, diretor de saúde da Federação, é de que os trabalhadores acabem pagando um preço alto por isso. “Há muitos peritos que cedem à pressão das empresas. Com as ações regressivas aumentando, os empresários vão começar a pressionar cada vez mais para que sejam concedidos apenas benefícios B-31, o auxílio-doença, mesmo quando o problema de saúde do segurado tem nexo causal, provocado pelo trabalho”, ressalta Edilson.


 


A dificuldade dos trabalhadores com as perícias do INSS não é de hoje. Muitas vezes os segurados são tratados de forma desrespeitosa pelos peritos, o que pode até agravar seu estado de saúde. Sindicatos de todas as categorias denunciam esta situação, mas ainda não houve uma atitude firme do instituto para mudar este quadro. Em setembro de 2011 foi realizada uma audiência pública para tratar da humanização das perícias na Comissão de Trabalho, de Administração e de Serviço Público (CTASP) da Câmara dos Deputados. A audiência foi solicitada pela direção da CUT Nacional ao presidente da Comissão, deputado Vicentinho (PT-SP), como parte das atividades de 28 de Abril – Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. O evento teve a participação de sindicalistas – inclusive Edilson – , e também do secretário executivo do Ministério da Previdência, Carlos Eduardo Gabas; da pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno; do presidente do INSS, Mauro Luciano Hauschild; e de Geilson Gomes Oliveira, presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social. (saiba mais nas matérias da Contraf e do Seeb-SP).


 


Mudar as dinâmicas das perícias e transformar a relação entre os segurados e os peritos é fundamental para a melhoria do atendimento ao trabalhador e até mesmo para a saúde financeira do INSS. “Sabemos que as perícias são falhas e que, muitas vezes, os acidentes não são reconhecidos. É comum os peritos concederem o B-31, o auxílio doença, que é para situações em que os problemas de saúde do segurado não têm relação com o trabalho. Com a pressão das empresas sobre os médicos da previdência, diminui a concessão de benefícios acidentários, os B-91. Mas o perito que fizer isto estará trabalhando contra o próprio INSS, já que não existe ação regressiva para o auxílio-doença”, pondera Edilson Cerqueira.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Reunião com Citibank

Diretores da Federação se reúnem com o departamento de RH do Citibank, em São Paulo, nos dias 17 e 18 de janeiro, terça-feira e quarta-feira da semana que vem.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Itaú demite seis por justa causa na base de Niterói

Numa decisão arbitrária, o banco Itaú demitiu por justa causa cinco caixas e o gerente operacional da agência Alfredo Backer, na localidade de Alcântara, no município de São Gonçalo, base do Sindicato de Niterói. A demissão foi motivada, segundo o banco, por uma denúncia de manipulação do tempo de fila. Entre os demitidos, um trabalhador cuja esposa está grávida tinha motivos maiores de preocupação: com a justa causa, o plano de saúde é imediatamente cortado, ao passo que, se a demissão for comum, ainda há vinculação por alguns meses, de acordo


 


com o tempo de banco, como previsto na CCT dos bancários.O drama dos demitidos e a arbitrariedade e do banco levaram o Sindicato dos Bancários de Niterói a paralisar duas agências do Itaú no município de São Gonçalo na última sexta-feira, dia 06. As unidades foram totalmente envelopadas com cartazes denunciando a atitude do banco.


 


Para o Sindicato dos Bancários de Niterói, o Itaú puniu muito severamente os bancários. “Este tipo de situação é para uma advertência. Até mesmo a demissão comum é um exagero. Demitir por justa causa é uma coisa totalmente descabida. O banco apelou logo para o remédio mais forte”, avalia Heber Mathias Netto, diretor da entidade.


 


A unidade, que era do extinto Banerj, é uma agência grande, com muitos guichês e poucos funcionários na função de caixa, como é comum no Itaú. O movimento também é grande durante todo o mês e as filas são constantes. Nesta situação, a pressão para a rapidez do atendimento é comum e a famigerada “papeleta”, usada para controlar o tempo de espera dos clientes, assombra os bancários e gera adoecimento.


 


O banco, ao invés de contratar mais funcionários para atender os clientes e usuários, força seus empregados a intensificarem o ritmo de trabalho. Mas, além dos limites de processamento do próprio sistema, as limitações naturais dos seres humanos que operam as máquinas também impedem que o ritmo de autenticações aumente na proporção que o banco espera. E, nesta situação de pressão por produtividade, os bancários adoecem, tanto pelas LER/DORT quanto por transtornos psicológicos gerados pelo estresse a que são submetidos.


 


Reversão


 


Diante da gravidade da situação, o sindicato solicitou uma reunião com o representante do RH do Itaú no Rio de Janeiro, Bruno Cavalcante. A reunião ocorreu na Federação e, depois de muita negociação, o banco insistiu na demissão, mas revogou a justa causa.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Funcionários da Finep param dia 11

Numa assembleia expressiva, com mais de 200 pessoas, os funcionários da FINEP aprovaram por ampla maioria a deflagração de greve por tempo indeterminado a partir do próximo dia 11, quarta-feira. A princípio, a paralisação começaria no dia 04, de acordo com a plenária do dia 28 de dezembro. Mas, diante de fatos novos, o funcionalismo decidiu esperar.


Após uma reunião do Conselho Diretor da FINEP, realizada na terça-feira, dia 03, a direção da empresa sinalizou com a possibilidade de reavaliar algumas reivindicações e informou que está em contato com o DEST, órgão regulador das estatais. “As pedras do tabuleiro começam a se mexer”, avalia Carlos Alberto de Souza, diretor da Afin – Associação dos Funcionários da FINEP. Mas, para a comissão de negociação dos funcionários, não é momento de euforia, mas de manter e ampliar a mobilização. “O ovo ainda está dentro da galinha, não na nossa mão”, pondera José Amálio, dirigente da Associação. “Se algo está andando, é fruto da mobilização. Não podemos recuar agora”, pondera Ronald Carvalhosa, representante do Seeb-Rio na negociação.


Outro motivo para o adiamento da paralisação foi a situação familiar do economista Murilo Barella, diretor do DEST, que acaba de perder o irmão. A comissão sabe que, diante deste fato, não haverá qualquer reunião ou apreciação da situação da FINEP por uns dias. “Vamos adiar a greve também em respeito ao momento de perda do Barella”, informa Ronald Carvalhosa.


Queixa


A atuação firme do Seeb-Rio na negociação levou o presidente da FINEP a apelar para a política. “O Glauco Arbix foi fazer queixa sobre o sindicato à direção nacional do PT”, informou Ronald Carvalhosa. Mas o dirigente destaca que, embora parte dos membros da diretoria do Seeb Rio seja filiada ao PT, uma decisão vinda de cima não influi nas decisões da entidade. “Sempre soubemos separar muito bem o que é governo, partido e sindicato. Já contrariamos decisões governamentais e partidárias quando eram contrárias aos interesses dos bancários”, ressalta o diretor. Ronald destaca, ainda, que a atitude de Arbix demonstra que a pressão dos finepianos está surtindo efeito. “Ele só procurou a cúpula do PT porque sentiu o golpe”, avalia o sindicalista.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Petrópolis: Mais uma vitória contra o Itaú Unibanco

A funcionária do Itaú Unibanco de Petrópolis Célia Rosana da Silva é portadora de lesão por esforços repetitivos (LER) adquiridas no trabalho. Mesmo doente, foi demitida de forma irresponsável no dia 16 de novembro de 2011, sendo mais uma vítima da atitude covarde e cruel do banco. Como sempre, o Itaú Unibanco não levou em consideração os anos de serviços prestados e a doença ocupacional da funcionária.

O Sindicato tentou negociar com o RH do banco solicitando a reintegração da companheira, mas a instituição financeira insistiu na dispensa. Orientada pelo diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato a procurar seus direitos, ela se encaminhou à perícia do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social), que detectou a existência da doença profissional e lhe concedeu o benefício B91(acidente de trabalho) no dia 19 de novembro de 2011. Com o documento do INSS em mãos, entramos em contato, novamente, com o RH do Itaú Unibanco e solicitamos imediata reintegração da funcionária.

No dia 28 de dezembro fomos informados pelo banco que, finalmente, a dispensa da Célia foi cancelada. Um dos fatores determinantes da reintegração foi que a bancária procurou o Sindicato imediatamente após a sua demissão. Essa foi mais uma vitória de um coletivo. O SEEB Petrópolis vai sempre estar à disposição do trabalhador na luta em defesa dos seus direitos. A direção está vigilante a todo tipo de abuso praticado pelos bancos, que sacrificam seus funcionários na ganância por lucros cada vez mais altos.

Fonte: Seeb Petrópolis

Retrospectiva 2011: os bancários e o trabalho decente

Escolhido como tema da Campanha Nacional dos Bancários 2011, o tema do trabalho decente reúne algumas das principais linhas de reivindicação da categoria. O conceito é definido pela OIT como “aquele que é adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna a quem o exerce”. Baseada na Declaração dos Direitos Fundamentais do Trabalho, a Agenda do Trabalho Decente da OIT é uma reação à política neoliberal de flexibilizar as legislações trabalhistas e vem sendo adotada em muitos países. No Brasil, a Conferencia Nacional será realizada em maio e as estaduais, preparatórias, já foram concluídas.


 
Com uma organização antiga, forte e nacional, os bancários já abordam vários destes temas, nem sempre conquistando avanços. Veja, a seguir, algumas ponderações sobre estes princípios:


 
Remuneração adequada


 
Os bancários conquistaram, pelo segundo ano consecutivo, um aumento do piso com índice maior que o do reajuste salarial. Esta conquista é um caminho para a recuperação do poder de compra dos bancários, que caiu muito nos anos 90 e que vem sendo retomado com os sucessivos aumentos reais obtidos pela categoria.


 
No caso dos financiários – categoria também integrante do Sistema Financeiro e abrangida pela Contraf-CUT – a política de valorização de pisos também tem merecido destaque e foi garantida em Convenção Coletiva nos dois últimos anos.



Para o bancário Darby Igayara, presidente da CUT-RJ, os aumentos diferenciados do piso salarial são uma boa prática. “A elevação do piso valoriza e recupera o poder de compra dos salários. E, para o país, isso é fundamental, porque, quanto mais gente ganhando salários mais altos, temos mais consumo e mais produção, como o ex-presidente Lula sempre falava. E também temos o aumento do salário mínimo, que tem hoje o patamar mais alto dos últimos 30 anos, o que beneficia muitos trabalhadores. O aumento dos pisos das categorias e do mínimo leva a aumentos também nas categorias organizadas e joga para cima todos os reajustes”, avalia Darby.



Para os trabalhadores do sistema financeiro, falta agora discutir o modelo de PLR, para que a parcela de lucro distribuída aos trabalhadores seja mais justa e mais próxima da importância da mão de obra nos resultados alcançados pelas instituições financeiras.


 
Liberdade


 
Este ano, a liberdade sindical foi ameaçada por medidas arbitrárias da Justiça. Em Campos, por duas ocasiões o Procon local obteve liminares na Vara Cível que feriam as garantias constitucionais relativas à greve. Primeiro, foi na greve dos vigilantes, no primeiro semestre. Depois, na greve dos bancários, em setembro-outubro, obrigando as agências a realizar contingência.



A exemplo do que aconteceu em Brasília em 2010, no ano que passou o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro foi ameaçado de prisão. Uma liminar obtida pelo Bradesco decretou a detenção de Almir Aguiar caso as determinações do documento não fossem cumpridas. Por dois dias, até que a liminar fosse cassada, Almir esteve sujeito ao mesmo tratamento dispensado a um criminoso comum, embora fosse um trabalhador e dirigente sindical exercendo seu direito constitucional de greve.



Por outro lado, o número de interditos proibitórios obtidos pelos bancos na base da Federação foi menor que em anos anteriores. Talvez isso signifique que a Justiça Trabalhista está mais atenta aos direitos de organização e mobilização garantidos aos trabalhadores pela Constituição Federal.



Equidade



Os bancários estão na vanguarda da discussão sobre igualdade de oportunidades, levantando as discussões no dia a dia e em eventos específicos. Foi o caso do 1º Fórum Nacional Sobre Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado em dezembro deste ano. “O fórum foi um marco para o movimento sindical. É fundamental que nós, sindicalistas, passemos a ter um olhar mais crítico sobre o ambiente de trabalho das agências bancárias”, entende Iraciny da Veiga, diretora para Questões da Mulher da Federação.



A organização da categoria já havia realizado uma pesquisa nacional, que resultou na publicação “O rosto dos bancários – Mapa de Gênero e Raça do Setor Bancário Brasileiro”. No documento, fica clara a baixíssima participação de afrodescendentes no sistema financeiro e a diferença de remuneração entre brancos e negros. Mas, desde a publicação do material, em 2001, pouco se fez em direção à igualdade de oportunidades, embora o tema seja recorrente nas campanhas salariais da categoria. “A luta não é só deste segmento da população e sim do todos os brasileiros e brasileiras que buscam um país mais justo e mais igualitário”, defende Iraciny.



Na base da Federação, uma iniciativa pioneira comemorou sua maioridade: o jornal Mulher 24 horas, publicado pelo Sindicato dos Bancários do Espírito Santo, que está completando 18 anos de existência. No boletim, publicado mensalmente, são abordados temas relativos ao dia a dia da mulher bancária, com suas dificuldades no ambiente de trabalho e as demandas da jornada dupla, entre outras questões.



Mas, infelizmente, uma publicação sindical não pode, sozinha, promover as mudanças necessárias. As bancárias com cargos mais elevados nas agências ainda resistem a gozar da licença maternidade ampliada, conquistada na convenção coletiva de 2009. Mesmo com o avanço da ampliação da licença, permanece a relação desigual entre homens e mulheres no mercado de trabalho bancário, mantendo as trabalhadoras presas ao velho dilema de escolher entre crescer profissionalmente ou constituir família.



Isso sem falar na questão da diversidade sexual, que os bancos sequer aceitam discutir. Na base da Federação, o caso da funcionária do Itaú Márcia Líbano, que foi demitida após seu gestor descobrir que é lésbica, pode ser exemplar para toda a comunidade LGBT. O Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, ao qual a trabalhadora é filiada, já fez muita pressão por sua reintegração, mas precisou apelar para a Justiça do Trabalho. A demissão ocorreu em abril de 2010 e a segunda audiência está marcada para 10 de maio, mais de dois anos depois. Durante todo este tempo, a bancária continua sem emprego.



Segurança


 
A violência parece não assustar os banqueiros, que continuam se recusando a aprimorar segurança bancária. Os bancários e vigilantes, através de suas confederações nacionais – ContrafCUT e CNTV – estão lutando para que a Febraban aceite ampliar os dispositivos e medidas para reduzir o risco de assaltos e sequestros, mas a briga é feia. Tanto é que, só depois de muita pressão, os banqueiros aceitaram incluir na Convenção Coletiva que a periodicidade da mesa de Segurança Bancária fosse de três meses, a exemplo das outras mesas temáticas, e não semestral, como queria a federação patronal.


 
A deficiência dos dispositivos adotados pelos bancos tem impacto direto sobre as vidas não só dos bancários, mas também dos clientes. Os assaltos a agências, em pleno horário de funcionamento, voltaram a acontecer em todo o estado do Rio de Janeiro, expondo não só bancários, mas também a população ao risco. E as saidinhas continuam acontecendo, provando que a lei que proíbe o uso de celulares em bancos não é eficiente – no Rio de Janeiro, a lei entrou em vigor no primeiro semestre de 2011. “Esta é uma lei inócua. O que precisa ser feito é garantir a privacidade do cliente na hora do atendimento e reduzir o tempo de permanência das pessoas nas agências”, defende Pedro Batista, representante da Federação na Comissão de Segurança Bancária da Contraf-CUT e CNTV. O dirigente destaca que a triagem que é feita nas filas, com um bancário percorrendo a agência e perguntando qual operação cada cliente ou usuário precisa realizar, expõe ainda mais a população.


 
A participação dos trabalhadores nas discussões sobre segurança privada – que inclui a segurança bancária – tem trazido frutos, mas ainda tímidos. “Os bancos se limitam a cumprir a lei 7.102, que é de 1983 e está totalmente defasada. Os movimentos sindicais dos bancários e dos vigilantes estão trabalhando juntos para interferir na construção do Estatuto da Segurança Privada, que vai remodelar a legislação. Mas os patrões continuam se opondo às sugestões”, relata Pedro Batista. O sindicalista participou de reuniões entre a Comissão de Segurança da Contraf-CUT e CNTV e representantes do Ministério da Justiça para discutir o texto do novo Estatuto da Segurança Privada. “A proposta que foi apresentada aos trabalhadores era muito boa para prevenir prejuízos materiais para os empresários. A proposta que apresentamos prioriza a defesa da vida, que é o mais importante”, relata o dirigente.


 
Dignidade


 
A dignidade do trabalhador está ligada diretamente ao ambiente no local de trabalho. No caso dos bancários, o ar-condicionado ou as instalações modernas – em algumas agências – não garantem um ambiente adequado. O assédio moral imposto pelos gestores em razão da cobrança de metas tem levado os bancários ao adoecimento e os afastamentos por transtorno mental já rivalizam com os provocados por problemas osteomusculares – as LER/DORT.



Para buscar reduzir a ocorrência de assédio moral nos bancos, o movimento sindical bancário conseguiu arrancar da Febraban a assinatura do Acordo de Prevenção de Conflitos no Local de Trabalho. O documento foi assinado por representantes de sete bancos e dos sindicatos filiados à Federação no dia 23 de março.



Com nove meses de vigência, as mudanças trazidas pelo acordo são tímidas. “Este ano tivemos alguns avanços em relação ao acordo sobre o assédio moral, mas ainda há muitos pontos a serem acertados. Tivemos este ano um grande número de denúncias e entendemos que algumas medidas não atendem às necessidades dos trabalhadores. Por exemplo, é comum que gerentes ou administradores apontados como assediadores sejam transferidos, o que só muda o problema de lugar”, avalia Nilton Damião Esperança, vice-presidente da Federação.



A professora Teresinha Martins, doutora em Psicologia Social que vem se debruçando sobre o tema do assédio moral, também avalia que o acordo deixa a desejar. “O texto não fala sobre na diminuição de metas e de práticas que ocorrem dentro dos bancos e que contribuem para a ocorrência do assédio moral. No texto do acordo o problema está ali como se os bancários fossem responsáveis pelo assédio, porque não têm noção de ética. Isso é um absurdo. É um problema de gestão de pessoas”, defende a pesquisadora. Mas Teresinha entende que, apesar dos problemas, a assinatura do documento foi um passo importante do movimento sindical na luta contra o assédio. “Mesmo sendo insuficiente e vago, esse acordo é necessário, é um ponto de partida”, avalia a professora.
 


 

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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A ARTE DE REINVENTAR A VIDA

Finda o ano, inicia-se o novo. No íntimo, o propósito de “daqui pra frente, tudo vai ser diferente”… Começar de novo. Será? Haveremos de escapar do vaticínio do verso de Fernando Pessoa, “fui o que não sou”?


Atribui-se a Gandhi esta lista dos Sete Pecados Sociais: 1) Prazeres sem escrúpulos; 2) Riqueza sem trabalho; 3) Comércio sem moral; 4) Conhecimento sem sabedoria; 5) Ciência sem humanismo; 6) Política sem idealismo; 7) Religião sem amor.


E agora, José? No mundo em que vivemos, quanta esbórnia, corrupção, nepotismo, ciência e tecnologia para fins bélicos, práticas religiosas fundamentalistas, arrogantes e extorsivas!


Os ícones atuais, que pautam o comportamento coletivo, quase nada têm do altruísmo dos mestres espirituais, dos revolucionários sociais, do humanismo de cientistas como os dois Albert, o Einstein e o Schweitzer. Hoje, predominam as celebridades do cinema e da TV, as cantoras exóticas, os desportistas biliardários, a sugerir que a felicidade resulta de fama, riqueza e beleza.


Impossibilitada de sair de si, de quebrar seu egocentrismo (por falta de paradigmas), uma parcela da juventude se afunda nas drogas, na busca virtual de um “esplendor” que a realidade não lhe oferece. São crianças e jovens deseducados para a solidariedade, a compaixão, o respeito aos mais pobres. Uma geração desprovida de utopia e sonhos libertários.


A australiana Bronnie Ware trabalhou com doentes terminais. A partir do que viu e ouviu, elencou os cinco principais arrependimentos de pessoas moribundas:


1) Gostaria de ter tido a coragem de viver uma vida verdadeira para mim, e não a que os outros esperavam de mim.


No entardecer da vida, podemos olhar para trás e verificar quantos sonhos não se transformaram em realidade! Porque não tivemos coragem de romper amarras, quebrar algemas, nos impor disciplina, abraçar o que nos faz feliz, e não o que melhora a nossa foto aos olhos alheios. Trocamos a felicidade da pessoa pelo prestígio da função. E muitos se dão conta de que, na vida, tomaram a estrada errada quando ela finda. Já não há mais tempo para abraçar alternativas.


2) Gostaria de não ter trabalhado tanto.


Eis o arrependimento de não ter dedicado mais tempo à família, aos filhos, aos amigos. Tempo para lazer, meditar, praticar esportes. A vida, tão breve, foi consumida no afã de ganhar dinheiro, e não de imprimir a ela melhor qualidade. E nesse mundo de equipamentos que nos deixam conectados dia e noite somos permanentemente sugados; fazemos reuniões pelo celular até quando dirigimos carro; lidamos com o computador como se ele fosse um ímã eletrônico do qual é impossível se afastar.


3) Gostaria de ter tido a oportunidade de expressar meus sentimentos.


Quantas vezes falamos mal da vida alheia e calamos elogios! Adiamos para amanhã, depois de amanhã… o momento de manifestar o nosso carinho àquela pessoa, reunir os amigos para celebrar a amizade, pedir perdão a quem ofendemos e reparar injustiças. Adoecemos macerados por ressentimentos, amarguras, desejo de vingança. E para ficar bem com os outros, deixamos de expressar o que realmente sentimos e pensamos. Aos poucos, o cupim do desencanto nos corrói por dentro.


4) Gostaria de ter tido mais contato com meus amigos.


Amizades são raras. No entanto, nem sempre sabemos cultivá-las. Preferimos a companhia de quem nos dá prestígio ou facilita o nosso alpinismo social. Desdenhamos os verdadeiros amigos, muitos de condição inferior à nossa. Em fase terminal, quando mais se precisa de afeto, a quem chamar? Quem nos visita no hospital, além dos que se ligam a nós por laços de sangue e, muitas vezes, o fazem por obrigação, não por afeição? Na cultura neoliberal, moribundos são descartáveis e a morte é fracasso. E não se busca a companhia de fracassados…


5) Gostaria de ter tido a coragem de me dar o direito de ser feliz.


Ser feliz é uma questão de escolha. Mas, vamos adiando nossas escolhas, como se fossemos viver 300 ou 500 anos… Ou esperamos que alguém ou uma determinada ocupação ou promoção nos faça feliz. Como se a nossa felicidade estivesse sempre no futuro, e não aqui e agora, ao nosso alcance, desde que ousemos virar a página de nossa existência e abraçarmos algo muito simples: fazer o que gostamos e gostar do que fazemos.

Frei Betto é escritor, autor de “A arte de semear estrelas” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.



 


Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer  meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária ([email protected])

Fonte: Frei Betto

Finep: descaso da presidência pode levar funcionários à greve

A Finep é a única instituição financeira do país que vai encerrar o ano de 2011 sem assinar um acordo coletivo com seus funcionários. Com negociações se arrastando desde outubro e uma comissão de negociação patronal que volta atrás de promessas já feitas e nega todas as reivindicações, o clima na empresa é tenso. Numa assembleia com 173 empregados – um número expressivo para os padrões da FINEP – foi decidido que, se até a próxima quarta-feira, dia 04, a empresa não apresentar proposta, os funcionários podem entrar em greve.



A postura da presidência tem sido considerada pelos dirigentes da Afin – Associação dos Funcionários da FINEP como desrespeitosa e arrogante. Tudo porque a comissão de negociação nomeada por Glauco Arbix, o presidente da empresa, não tem nenhuma autonomia para negociar e já voltou atrás de propostas apresentadas em mesa. A desculpa padrão para os recuos e negativas é a limitação imposta pelo DEST – Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, órgão do Ministério do Planejamento. Mas os dirigentes da Afin têm informações seguras de que o DEST não foi oficialmente consultado pela direção da empresa sobre as reivindicações dos funcionários. “Esta é uma pseudo-negociação, até agora não apresentaram números”, relatou o presidente da Afin, Carlos Alberto de Souza, diante da assembleia.



Outro diretor da Afin e membro da comissão dos empregados que negocia com a empresa, Paulo Assis, relata ainda que a direção da FINEP está tentando fazer os empregados aceitarem que se empurre o problema para frente. “Eles dizem que todas as demandas seriam resolvida com a implantação do NMGP – Novo Modelo de Gestão de Pessoas. Mas o NMGP não está sequer previsto no Plano de Despesas Globais da empresa e já é sabido que houve cortes no orçamento de despesas com pessoal”, pondera Paulo. A preocupação dos empregados quando a esta insistência é justificada, já que a implantação do NMGP já foi adiada diversas vezes. A apreensão também tem uma causa externa: “Já é pública a decisão do governo de não colocar em vigor nenhum programa de PCS ou similar em estatais durante todo o ano de 2012”, destaca Ronald Carvalhosa, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e integrante da comissão de negociação dos empregados.



O diretor da Afin José Amalio destaca a questão política que perpassa o processo negocial. “Não podemos aceitar um acordo desta natureza, estaríamos deixando um péssimo exemplo para o próximo presidente da FINEP que vier a substituir Arbix. Qualquer um que chegue vai pensar que é só arrastar a negociação até dezembro e depois colocar qualquer coisa na mesa, que nós aceitaremos”, pondera Amalio.



Diante da situação, foi aprovado pelo plenário que nova assembleia será realizada na próxima quarta-feira, dia 04 de janeiro, para decidir pela deflagração de greve. “Será um misto de assembleia e ato público, para mostrar à sociedade o que está acontecendo aqui dentro”, define José Amalio.



Os empregados aprovaram também a ida ao gabinete do presidente para informar as decisões. No hall dos elevadores do 13º andar, um contingente de mais de cem funcionários foi recebido pelo chefe de gabinete do presidente, Celso Fonseca, que ouviu os comunicados oficiais de rejeição da última proposta apresentada em mesa de negociação. Fonseca foi informado também que, caso não seja apresentada uma nova proposta satisfatória até o dia 03 de janeiro, há possibilidade de deflagração de greve por tempo indeterminado a partir do dia 04.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES