Sindicalistas do RJ e ES se preparam para 3º Congresso da Contraf-CUT

Com a atual gestão da Contraf-CUT se aproximando do fim e o 3º Congresso da entidade – que elege a nova diretoria – já marcado para o fim do mês, as federações de todo o país estão realizando plenárias preparatórias. No último dia 1º, quinta-feira, foi realizada a primeira delas, na Federação dos Bancários do RJ e ES. O evento contou com a presença do presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, do Secretário Geral, Marcel Barros, do Secretário de Finanças, Roberto von der Osten, o Betão, e do Secretário de Organização, Miguel Pereira, que é oriundo da base da Federação. O objetivo destes encontros regionais é discutir previamente o texto-base elaborado pela direção da Confederação e tirar propostas de cada federação para o plano de ação que norteará a próxima gestão da entidade.



Após as saudações de abertura, Carlos Cordeiro começou sua fala destacando o aniversário de 20 anos da Convenção Coletiva Nacional dos Bancários. Mesmo depois de duas décadas, a categoria continua sendo a única formada por trabalhadores de diferentes empresas que tem uma CCT com abrangência nacional. Com isto, os bancários ficam livres de situações como a citada por Cordeiro: “As empresas do ramo do vestuário do ABC paulista deixaram a região porque consideravam os custos altos, já que os funcionários eram bem remunerados, graças à forte atuação sindical. As fábricas se mudaram para o interior de Minas Gerais e os salários passaram a ser cerca de 40 % menores. Com a nossa convenção nacional, um bancário de São Paulo ganha mesmo que um do Nordeste”, frisou o sindicalista.



O presidente da Confederação falou também sobre sua gestão à frente da entidade. Carlão fez um paralelo entre a escolha da diretoria para um mandato sindical e a compra de um imóvel na planta. “Este plano de ação é como a planta do apartamento, que tem que ser entregue daqui a três anos. Que apartamento vamos entregar?”, comparou. O dirigente citou a necessidade de avanços em temas como saúde, segurança e remuneração como algumas das mudanças que se espera que a Contraf-CUT e as entidades filiadas “entreguem” aos bancários ao fim da gestão que está para começar.



Processo democrático



Na parte da tarde, Miguel Pereira discutiu alguns dos itens do texto-base, explorando os temas mais críticos. A dinâmica do debate incluiu não só falas de sindicalistas presentes, mas uma definição do que deveria ser remetido ao 3º Congresso da Contraf-CUT como polêmica ou como proposta. Um dos assuntos que foram incluídos para serem levados ao evento nacional é a necessidade de valorização dos bancos estaduais. Esta particularidade, inserida pelos dirigentes capixabas, é comum a poucas federações, já que a maioria dos bancos de fomento dos estados foi privatizada ou federalizada. No Espírito Santo, apesar de diversas dificuldades, ainda existem dois bancos públicos estaduais, o Banestes e o Bandes.



A realização das plenárias nas federações é uma inovação no processo de definição da diretoria da Contraf-CUT. “Queremos um congresso em que os delegados discutam os temas com profundidade e façam disso um processo de amadurecimento. “Achamos válido criar a possibilidade dos dirigentes de todo o país lerem o texto antes do congresso para que houvesse tempo de se fazer debates mais aprofundados nas bases e apresentar sugestões”, concluiu Betão.



A iniciativa da Contraf-CUT de estimular as plenárias preparatórias e enviar seus dirigentes para participarem delas foi elogiada pelos sindicalistas da base da Federação. “Esta dinâmica é muito produtiva e dá oportunidade de todos participarem mais ativamente das decisões. O processo democrático que tem sido implementado pela Contraf-CUT nós tentamos reproduzir aqui na nossa base”, ressaltou Nilton Damião Esperança, presidente em exercício da Federação.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

BB: serviço aumenta mas número de funcionários continua o mesmo

A parceria com o Banco Postal e implantação do serviço “Compe por Imagem”, de compensação digitalizada, agravaram uma situação que já era crítica no Banco do Brasil: o número insuficiente de bancários e a sobrecarga de trabalho nas unidades do BB.


Até bem recentemente, a compensação de cheques era feito num setor específico do banco. Com a “Compe por Imagem”, o serviço passou a ser executado pelas agências, gerando trabalho extra para os funcionários. A parceria com os Correios também não trouxe resultados diferentes. Pelo contrário, ainda possui um agravante: a distribuição desigual das unidades de banco postal. Agências grandes receberam uma ou nenhuma unidade de banco postal, enquanto algumas agências pequenas, nível 4 e 5, com menos trabalhadores, receberam até duas unidades.


“Esses serviços foram direcionados para as dependências do banco sem o aumento de dotação nas agências, gerando acréscimo de serviços em equipes já sobrecarregadas. Como uma empresa que se diz socialmente responsável toma uma decisão dessas?”, questiona a diretora do Sindicato, Goretti Barone. Ela ressalta ainda que o excesso de trabalho prejudica o atendimento aos clientes e intensifica uma lógica interna do BB de se distanciar de seu papel social, tornando-se um banco mercado.


A diretoria do Sindicato enviou uma carta para a Comissão de Empresa do Banco do Brasil, solicitando a inclusão urgente dessa pauta nas mesas de negociação com o banco. A carta tem como objetivo dar início a um movimento nacional que exija do BB o aumento de dotação nas agências do banco.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Itaú terá de indenizar bancária demitida em período pré-aposentadoria

O banco Itaú foi condenado pela Justiça do Trabalho, em primeira instância, a pagar indenização a uma empregada demitida no período pré-aposentadoria, desrespeitando a Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários. A ação foi ajuizada pelo Sindicato dos Bancários/ES e a sentença do juiz Ney Álvares Pimenta Filho, da 6ª Vara do Trabalho de Vitória, saiu no último dia 9 de fevereiro.

O Itaú terá que pagar toda a remuneração que a bancária, demitida em 2 de agosto do ano passado, iria auferir se continuasse empregada até completar os 30 anos de serviço, em 4 de junho de 2012. Isso inclui salários, comissão de cargo, parcela “complemento AD/CD”, PLR e as gratificações semestrais que vierem a ser pagas aos bancários da ativa, férias proporcionais e 13º salário. O Itaú também fica obrigado a restabelecer, de imediato, os planos de saúde e odontológico.

Além dos valores relativos ao período de estabilidade, a Justiça também acatou o pedido do Sindicato de indenização por danos morais em função da demissão, considerada pelo juiz um ato ilícito com consequências “terríveis” para a vida da bancária. “E digo terríveis porque, justamente ao se aproximar o final de sua vida profissional e com a justa expectativa de se manter no emprego até a aposentadoria, a autora (bancária) se viu, injusta e ilegalmente, privada de seu trabalho, da remuneração dos meses seguintes que lhe eram certos e das garantias de saúde que vinham dos planos suprimidos”, afirmou o magistrado em sua sentença.

Reintegração

O direito primeiro da bancária seria a reintegração ao trabalho. Mas a Justiça considerou que isso não interessava nem ao banco nem a ela, conforme ata da audiência de conciliação. Na ocasião, a bancária desistiu do pedido de reintegração por considerar que não havia “clima” para seu retorno ao trabalho no Itaú. O banco também se opôs à reintegração, bem como à indenização.

Ainda cabe recurso por parte do Itaú nesse processo.

O que diz a Convenção Coletiva

São três hipóteses de estabilidade para quem está em período pré-aposentadoria. Confira:

1) Por 12 meses imediatamente anteriores à complementação do tempo para aposentadoria proporcional ou integral pela Previdência Social, respeitados os critérios estabelecidos pela legislação vigente, para os que tiverem o mínimo de cinco anos de vinculação empregatícia com o banco.

2) Por 24 meses imediatamente anteriores à complementação do tempo para aposentadoria proporcional ou integral pela Previdência Social, respeitados os critérios estabelecidos pela legislação vigente, os que tiverem o mínimo de 28 anos de vinculação empregatícia ininterrupta com o mesmo banco.

3) Para a mulher será mantido o direito à estabilidade pelo prazo de 24 meses imediatamente anteriores à complementação do tempo para aposentadoria proporcional ou integral pela Previdência Social, respeitados os critérios estabelecidos pela legislação vigente, desde que tenha o mínimo de 23 anos de vinculação empregatícia ininterrupta com o mesmo banco.


 

Fonte: Seeb-ES

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DILMA CRITICA O NEOLIBERALISMO


 “A senhora, presidenta Dilma, foi corajosa ao escolher participar do Fórum Social Temático de Porto Alegre, e não do Fórum Econômico de Davos”, enfatizou João Pedro Stédile, líder do MST, no encontro com dirigentes de movimentos sociais e organizadores do FSM, na capital gaúcha, na tarde de quinta, 26 de janeiro.

 Pouco antes, na suíte presidencial do Hotel San Rafael, Dilma Rousseff recebeu o ecoteólogo Leonardo Boff e sua mulher, Márcia Miranda, e a mim, acompanhados do ministro Gilberto Carvalho.

 Boff manifestou ceticismo diante do texto preparado pela ONU para a Rio+20, que reunirá na capital fluminense, em junho, chefes de Estado e a Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil.

 O Esboço Zero, como é conhecido o texto da ONU, é inconsistente; fala em pobreza mas evita abordar a desigualdade social, e alardeia a “economia verde”, mera falácia para evitar atacar a principal causa da devastação ambiental: o atual modelo predatório de desenvolvimento, baseado na prevalência da riqueza privada sobre direitos humanos e direitos da Mãe Terra.

 Às vésperas da viagem da presidente à Cuba, aproveitei para breve análise da conjuntura daquele país, que passa por mudanças substanciais, e no qual atuo, desde 1981, nos temas relações Igreja e Estado e metodologia da educação popular. No dia 9 de fevereiro, viajei a Cuba para participar do Congresso de Educação Superior e proferir palestra sobre Extensão Universitária e Educação Popular. A propósito, a 26 de março o papa Bento XVI inicia viagem de dois dias à Ilha, num reconhecimento da legitimação da Revolução.

Reivindicações e propostas

 No encontro com 70 líderes de movimentos sociais, Dilma ouviu seis oradores. Enfatizou-se o repúdio às mudanças no Código Florestal aprovadas no Senado; reivindicaram-se o veto à anistia aos produtores rurais responsáveis por crimes ambientais, a manutenção da reserva legal e a exigência de desmatamento zero. Ao responder, a presidente disse, com todas as letras, que o Código Florestal “não será o dos sonhos dos ruralistas”.

 Foram propostos um Programa Nacional de Reflorestamento para a Agricultura Familiar, financiado pelo BNDES; maior empenho na reforma agrária, de modo a assentar 180 mil famílias que continuam acampadas à beira de estradas; e a adoção, em larga escala, da agroecologia, para reduzir drasticamente o volume de agrotóxicos utilizados nas lavouras brasileiras, envenenando o solo e os consumidores.

 Sublinhou-se ainda a urgência de regularização das terras indígenas e ocupadas por comunidades quilombolas.

 Dilma iniciou sua intervenção frisando que representa um projeto de governo, iniciado pelo ex-presidente Lula, cujos objetivos centrais são reduzir a desigualdade social e imprimir qualidade aos serviços públicos, em especial à saúde, educação e habitação. Acrescentou que, após o fracasso de governos precedentes e tendo em vista a crise europeia, “o Brasil está vacinado contra o neoliberalismo”.

 Para a presidente, só foi possível tirar da pobreza 40 milhões de brasileiros, nos últimos nove anos, graças ao modelo de desenvolvimento sustentável que combina crescimento econômico com distribuição de renda. Criticou aqueles que consideram razoável o Brasil crescer apenas 2 % ou 3 % ao ano com baixo índice de inflação. É preciso crescer mais, gerar riquezas e aquecer a economia interna com distribuição de renda.

 Neste momento, enquanto na Europa se processam uma “perda de direitos sociais” e a adoção de ajustes fiscais, declarou Dilma, o Brasil – para o qual Davos olhou com uma ponta de inveja – adota uma política de subsídios a direitos fundamentais, como o acesso à moradia, e a combinação de transferência de renda com qualificação dos serviços públicos.

 Dilma considerou “uma barbárie” a desocupação das 1.700 famílias de Pinheirinho, em São José dos Campos (SP), e manifestou a esperança de que a Rio+20, sobretudo através da Cúpula dos Povos, apresente à crise global um novo paradigma, “um outro mundo possível”.

 Alertou ainda que o pós-neoliberalismo não pode coincidir com a pós-democracia… Manifestou, assim, o temor de que medidas tomadas para superar a crise financeira mundial “tornem as agências de risco econômico mais importantes do que os povos que elegeram seus governantes”.

Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros.  http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.
 


 
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Fonte: Frei Betto

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UNIVERSIDADE E INSERÇÃO SOCIAL

Por que dizemos universidade e não pluriversidade? Trata-se de uma instituição que comporta diferentes disciplinas. Multicultural, nela coabita a diversidade de saberes. O título universidade simboliza a sinergia que deveria existir entre os diversos campos do saber.

Característica lamentável em nossas universidades, hoje, é a falta de sinergia. Carecem de projeto pedagógico estratégico. Não se perguntam que categoria de profissionais querem formar, com que objetivos, de acordo com quais parâmetros éticos.

Ora, quando não se faz tal indagação é o sistema neoliberal, centrado no paradigma do mercado, que impõe a resposta. Não há neutralidade. Se o limbo foi, há pouco, abolido da doutrina católica, no campo dos saberes ele nunca teve lugar.

Um cristão acredita nos dogmas de sua Igreja. Mas é no mínimo ingênuo, senão ridículo, como assinala o filósofo Hilton Japiassu, um mestre ou pesquisador acadêmico crer no propalado dogma da imaculada concepção da neutralidade científica.

Em que medida nossas instituições de ensino superior são verdadeiramente universidades, ou seja, se regem por uma direção, um enfoque dialógico, um projeto pedagógico estratégico? Ou se restringem a formar profissionais qualificados destituídos de espírito crítico, voltados a anabolizar o sistema de apropriação privada de riquezas em detrimento de direitos coletivos e indiferente à exclusão social?

A universidade, como toda escola, é um laboratório político, embora muitos o ignorem. E a política, como a religião, comporta um viés opressor e um viés libertador. Como diria Fernando Sabino, são facas de dois legumes…

Um dos fatores de desalienação da universidade reside na extensão universitária. Ela é a ponte entre a universidade e a sociedade, a escola e a comunidade.

As universidades nasceram à sombra dos mosteiros. Estes, outrora, eram erguidos distantes das cidades, o que inspirou a ideia de campus, centro escolar que não se mescla às inquietações cotidianas, onde alunos e professores, monges do saber, vivem enclausurados numa espécie de céu epistemológico. Como assinalava Marx, dali contemplam a realidade, tranquilos, agraciados pelas musas, encerrados na confortável câmara de uma erudição especializada que pouco ou nada influi na vida social.


Essa crítica à universidade data do século 19, quando teve início a extensão universitária. Em 1867, a Universidade de Cambridge, Inglaterra, promoveu um ciclo de conferências aberto ao público. Pela primeira vez, a academia abria suas portas a quem não tinha matrícula, o que deu origem à criação de universidades populares.

Antonio Gramsci estudou numa universidade popular na Itália. A experiência o fez despertar para o conceito de universidade como aparelho hegemônico que se relaciona com a sociedade de modo legitimador ou questionador. Para ele, uma instituição crítica deveria, através dos mecanismos de extensão universitária, produzir conhecimentos acessíveis ao povo.

Na América Latina, antes de Gramsci houve o pioneirismo da reforma da Universidade de Córdoba, em 1918. A classe média se mobilizou para que as universidades controladas pelos filhos dos latifundiários e pelo clero se abrissem a outros segmentos sociais. Fez-se forte protesto contra o alheamento olímpico da universidade, sua imobilidade senil, seu desprezo pelas carências da comunidade entorno.

A proposta de abrir a universidade à sociedade alcançou sua maturidade, na América Latina, no 1º Congresso das Universidades Latino-Americanas, reunido na Universidade de San Carlos, na Guatemala, em 1949. O documento final rezava: “A universidade é uma instituição a serviço direto da comunidade, cuja existência se justifica enquanto desempenha uma ação contínua de caráter social, educativo e cultural, aliando-se a todas as forças vivas da nação para analisar seus problemas, ajudar a solucioná-los e orientar adequadamente as forças coletivas. A universidade não pode permanecer alheia à vida cívica dos povos, pois tem a missão fundamental de formar gerações criadoras, plenas de energia e fé, consciente de seus altos destinos e de seu indeclinável papel histórico a serviço da democracia, da liberdade e da dignidade dos homens.”

Sessenta e dois anos depois do alerta de San Carlos, neste mundo hegemonizado por transnacionais da mídia mais interessadas em formar consumistas que cidadãos, nossas universidades ainda não priorizam o cultivo dos valores próprios de nossas culturas nem participam ativamente do esforço de resistência e sobrevivência de nossa identidade cultural. O que deveria se traduzir no empenho para erradicar a miséria, o analfabetismo, a degradação ambiental, a superação de preconceitos e discriminações de ordem racial, social e religiosa.

Frei Betto é escritor, autor de “Alfabetto – autobiografia escolar” (Ática), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.
 


 
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Fonte: Frei Betto

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PRESERVAR A MEMÓRIA


“A memória abre expedientes que o direito considera arquivados” (Walter Benjamin).

O Brasil viveu 21 anos (1964-1985) sob ditadura militar. A esdrúxula Lei da Anistia pretende colocar uma pedra sobre as atrocidades cometidas naquele período contra os que lutavam por liberdade e democracia. E há escolas e universidades que ainda ignoram o terrorismo de Estado vigente no Brasil ao longo de duas décadas.

No entanto, as vítimas não se calam. Não admitem clandestinizar a dor de seu sofrimento e a de tantas famílias de mortos e desaparecidos. Segundo Primo Levi, sem memória da injustiça não há justiça possível.

No momento em que o governo Dilma Rousseff aprova a Comissão da Verdade é preciso lembrar que funciona em São Paulo o Núcleo de Preservação da Memória Política. Surgiu em 2007, no contexto das atividades do Fórum Permanente de Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, fundado para defender os interesses dos ex-prisioneiros políticos e perseguidos durante a ditadura.

Em 2008, logrou que o antigo prédio do DEOPS, no Largo General Osório, se transformasse em Memorial da Resistência. Desde então, promove ali os Sábados Resistentes. É o primeiro projeto museológico de memória no Brasil.

Em 2009, tornou-se uma instituição independente. Propõe-se a mobilizar pessoas interessadas na abertura dos arquivos da ditadura, preservar a memória das vítimas, incrementar a cultura de respeito aos direitos humanos, propiciar formação política às novas gerações.

Hoje, o Núcleo Memória é membro da Coalizão Internacional de Museus de Consciência em Lugares Históricos.

O objetivo do Núcleo Memória é preservar a luta pela liberdade e democracia; dignificar a história dos brasileiros que se empenharam nesse sentido; colher depoimentos e fontes documentais que permitam fortalecer o resgate histórico; e conhecer o passado recente da história do Brasil.

Empenha-se também em promover a recuperação dos lugares emblemáticos em que foram praticadas violações aos direitos humanos; realizar eventos culturais relacionados à resistência e à memória; exigir dos poderes públicos a preservação e divulgação dos arquivos existentes; valorizar os lugares simbólicos de atos da resistência democrática; participar de intercâmbios de experiências similares em outros países, em especial no MERCOSUL.

O Núcleo  integra o Conselho Consultivo do Projeto “Memórias Reveladas” do Arquivo Nacional.

Participe do Núcleo Memória: www.nucleomemoria.org.br <http://www.nucleomemoria.org.br> ¤ [email protected], Av. Brigadeiro Luís Antônio, 2.344 – conj. 45 – São Paulo – SP – 01402-000. Tel.: (11) 2306 4801

Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.
 


 
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Fonte: Frei Betto

NOTAS DE FALECIMENTO

Faleceu na noite do último dia 22 Georgina Pinheiro dos Santos Barra, mãe do Secretário de Finanças do Seeb Angra dos Reis, Nelson Pinheiro Júdice. Conhecida como D. Mocinha, a idosa foi vítima de complicações de seus problemas cardíacos. A Federação envia suas condolências ao companheiro e sua família.


 


A diretoria da Federação lamenta o falecimento de Josefina Bortolotto Kaezer, mãe do diretor Jonas Kaezer. D. Nininha, como era conhecida, vivia em Mar de Espanha-MG, e voltava a pé do culto na igreja Batista com duas filhas, Edna e Elza. Quando aguardavam para  atravessar a rua, um vizinho e conhecido de longa data, dirigindo alcoolizado e sem habilitação, invadiu a calçada e atropelou as três mulheres. A idosa faleceu na hora e as duas filhas foram levadas para o hospital na cidade vizinha de Juiz de Fora, de onde só tiveram alta 8 dias depois. Além de Jonas, Edna e Elza, D. Nininha tinha mais sete filhos, além de netos, bisnetos e até um tataraneto. Lúcida e forte, ela estava prestes a completar 95 anos e a família já organizava a festa para celebrar a data. O sepultamento ocorreu no dia seguinte, 13 de fevereiro.


 


O sindicalista Jonas agradece aos amigos e companheiros de luta pelo apoio que tem recebido neste momento difícil.


 


A diretoria e os funcionários da Federação enviam seus sentimentos e deseja que o pronto restabelecimento de D. Edna e D. Elza e que a família encontre o consolo para tão grande perda.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

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Salve o dia 24 de fevereiro!

Rita da Costa Pereira *


Em 2010 o Brasil e o mundo assistiram a um grande acontecimento histórico. Pela primeira vez na história da política brasileira uma mulher assume o Poder Executivo Federal. Dilma Roussef foi eleita presidenta da República Federativa do Brasil.

De tão novo o fato, houve dúvidas até em relação à variação de gênero da palavra: não seria presidente? Não, é presidenta mesmo.

Já acostumados à “nova” ideia, de uma mulher presidenta, seguimos sem nos perguntar quando foi e como foi a conquista desse direito.

Os movimentos pelo sufrágio feminino no Brasil começaram a surgir na década de 1920, mas tomaram força na década de 1930, período que foi um marco na mudança política do Brasil. Getúlio Vargas assumiu o poder com a difícil tarefa de reorganizar a economia brasileira após a instabilidade provocada pela crise da bolsa americana, em 1929. Essa nova ordem trouxe transformações importantes no mundo do trabalho e uma classe trabalhadora operária emergiu desse processo. Com o aparecimento dos operários de fábrica, veio o discurso socialista. No que tange à mulher, os socialistas não viam mudança da realidade feminina sem a suplantação do capitalismo. Porém, o movimento feminista via a emancipação social feminina através da conquista de sua cidadania e por isso lutava pelo sufrágio feminino.

Uma das principais bandeiras de luta das feministas do período era a conquista do direito ao voto. A participação política era vista como uma forma de emancipação da mulher, o que nos remete à ideia da igualdade entre os sexos. A participação das mulheres na política, através do voto e do direito a serem eleitas como governantes em seus países e cidades, as toranavam, pelo menos politicamente, iguais perante os homens.

Nesse contexto, em 24 de fevereiro de 1932, as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto e em 1934, o direito de serem eleitas. O Código Eleitoral Brasileiro, através do Decreto nº 21,076, definiu o seu eleitorado : “Art. 2º É eleitor o cidadão maior de 21 anos, sem DISTINÇÃO de sexo, alistado na forma deste código”.

Imprtante ressaltar que saímos na frente de outros paise das Américas, com exceção dos Estados Unidos, em que alguns estados adotaram o voto feminino a partir de 1896. Na Argentina e no México, esse direito só foi conquistado em 1946. E no país da Revolução de 1789, a França, as mulheres só conquistaram esse direito em 1944.

A liderança que lutou pela conquista do voto feminino durante as décadas de 1920 e 1930 tem nome e sobrenome: Bertha Lutz. Ela fundou, em 1922, a FBPF – Federação Brasileira pelo Progesso Feminino, que, dentre outros objetivos, pretendia promover a educação e a profissionalização das mulheres. Funcionária do Museu Nacional, Lutz dedicou sua vida profissional à causa da emancipação feminina. Graduou-se em Ciências Naturais pela universidade de Sorbonne, em 1918, e sua trajetória de luta acabou dando a ela uma cadeira na Câmara dos Deputados, que foi perdida quando do fechamento do Congresso Nacional, em 1937, com a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas.

Olhando hoje para as esferas de poder de nosso país, talvez não tenhamos a dimensão da importância dessa data para nossa história. Afinal, vereadoras, deputadas, senadoras e presidenta já foram incorporadas à nossa história política. Mas não nos esqueçamos que essa conquista foi fruto de um longo processo histórico, desencadeado por homens e mulheres comprometidos com a causa da igualdade de gêneros.

24 de fevereiro de 2012: 80 anos de uma grande conquista para as mulheres brasileiras.


 


 


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* Rita da Costa Pereira é graduada em História pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em História Contemporânea pela Universidade Cândido Mendes

Fonte: Rita da Costa Pereira

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A Glória da arte

Paulinho Santos *


 


 


Aconteceu, durante os dias 27 de janeiro a 05 de fevereiro de 2012, um evento artístico inédito para o local e que movimentou a Praça Paris, na Glória, RJ, até então relegada a atividades diurnas, com um contingente de pessoas que nunca tinham tido motivo ou estímulo para frequentar a praça. Famílias, casais de todas as idades, idosos, crianças, turistas do Brasil e de todo o mundo e fotógrafos amadores e profissionais passeando despreocupadamente pela Praça e pelo bairro sem medo ou pressa. Como foi bom ver a arte movendo as pessoas, numa festa alegre e segura.


 


O artista plástico italiano Giancarlo Neri espalhou pelos jardins da praça 9 mil globos de luz chineses brancos, que mudavam de cor, trazendo para o Rio a instalação que já exibiu em Roma, Madri e Dubai. A ideia da obra “Máximo silêncio em Paris” (o nome da versão carioca é uma citação da instalação original, de 2007, apresentada no Circo Massimo de Roma, durante evento chamado Notte Bianca) começou quando a mulher do artista comprou numa loja popular um globo para sua casa. Ela percebeu que o globo mudava de cor quando a luz estava acesa, e esse fato despertou em Giancarlo o desejo de montar uma obra de arte utilizando esses globos.


 


O resultado foi uma instalação singela, com os globos formando um mar de luzes e cores pelos jardins da Praça, atraindo a atenção e a visitação de milhares de pessoas, que lotaram a Praça das 19h às 00h durante uma semana. Durou pouco, mas deixará marcas no bairro e na cidade.


 


Pude visualizar a instalação diariamente do alto, da janela do meu apartamento, localizado em frente à Praça, e também a visitei por quatro noites. De cima, a visão era fantástica, com as luzes dos globos contrastando com todas as outras luzes do bairro, em torno da Praça. De perto, era simplesmente emocionante.


 


Foi impressionante constatar o poder da arte. Simples bolas coloridas iluminadas e o mundo ficou mais leve, naquele momento, para todos que visitaram a praça, e que foram tocados pela beleza da instalação. Os sorrisos de encantamento dos visitantes era uma demonstração clara de que a arte, para tocar a alma, não requer sofisticação ou grandes rebuscamentos. Basta a sensibilidade e o talento do artista, que entram em sintonia com o olhar do espectador, fazendo a conexão e a transmissão da emoção que se pretende atingir.


 


Este evento foi, para mim, uma demonstração clara de que o poder público pode, de forma racional e em parceria com entidades privadas, transformar a cidade para melhor, sem onerar o contribuinte e sem agredir visualmente o espaço público com publicidade ostensiva. Temos alguns recentes exemplos de parcerias equivocadas, como as bicicletas de aluguel da orla, que ferem o senso estético e agridem o bom senso em prol de um retorno econômico para a empresa patrocinadora, através da publicidade com a pintura e a exibição de sua logomarca na frente e na lateral das referidas bicicletas. No caso da instalação na Praça, a maioria dos visitantes nem deve ter sabido que havia o patrocínio de uma operadora de telefonia, que viabilizou a montagem.


 


As praças e jardins da cidade precisam ser ocupadas pela população para justificarem a sua existência. E para isso, é preciso que o município e o estado garantam limpeza,


 


manutenção e segurança, dia e noite, de todos os logradouros. A cidade tem que ser, cada vez mais, um espaço de uso coletivo, com o ordenamento e a racionalização do trânsito, com a melhoria da qualidade e a extensão do transporte coletivo, garantindo a plena circulação da população.


 


Quando as condições adequadas se apresentam, a população responde, prestigiando e valorizando as iniciativas positivas. Encerrada a instalação, a frequência cotidiana de pessoas na praça aumentou, o que demonstra que os bons e belos espaços públicos, depois de descobertos, passam a fazer parte da agenda dos cariocas. Ganha a cidade e ganham os moradores dela, pois a circulação e a ocupação desses espaços cria um círculo virtuoso, que só traz benefícios a todos.


 


Caminhando pelas ruas da cidade, principalmente no Centro, vemos a quantidade de espaços públicos que são desperdiçados para uso pela população, com ruas mal cuidadas, mal iluminadas, casario em péssimo estado de conservação, enfim, com um ar de abandono que desestimula a visitação e a circulação das pessoas. Essa situação pode e precisa ser revertida.


 


Iniciativas como essa do Máximo silêncio em Paris devem ser estimuladas pelo poder público, contribuindo para humanizar e transformar a cidade e a população com a magia da arte, justificando o título de Cidade Maravilhosa.


 


Nós, cariocas, agradecemos.


 


 


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* Paulinho Santos é bacharel em Letras e fotógrafo amador

Fonte: Paulinho Santos

COE-BMB reivindica novo critério para PLR e implementação de PCS

Representantes da Comissão de Empresa do BMB se reuniram com executivos de RH do banco no último dia 09, em Belo Horizonte. Foram discutidas pendências relativas a vários temas, inclusive a PLR, que será paga no próximo dia 17. O valor não foi informado, mas o banco já adiantou que os resultados foram insatisfatórios e deverá haver impacto negativo sobre a PLR. O movimento sindical reivindicou que sejam revistos os critérios para definição do valor a ser pago como participação nos lucros. Ficou acordado que haverá nova reunião no dia 06 de março para tratar do assunto.

Uma velha reivindicação dos trabalhadores também esbarrou na inflexibilidade do banco: a inclusão do cônjuge e dos agregados no plano de saúde sem ônus para o bancário. Atualmente, maridos e esposas podem ser incluídos, mas o preço pago pelo serviço é alto demais. O banco alegou que esta mudança acarretaria impactos econômicos e os sindicalistas solicitaram que sejam feitos estudos atuariais para verificar a variação do custo. Os representantes do banco ficaram de levar a reivindicação para a direção da empresa.

Outra demanda antiga, a implementação de um Plano de Cargos e Salários, teve uma resposta um pouco mais positiva. O banco admitiu o problema e informou que já está sendo feito um esforço para resolvê-lo o quanto antes. “Existiu há muito tempo um Plano de Cargos e Salários, mas foi extinto. Na época, foi produzido até um livreto explicativo”, lembra Marlene de Miranda, representante da Federação na COE-BMB. “A criação de um PCS estimula e motiva os funcionários, é preciso criar um novo modelo com urgência”, ressalta a sindicalista.

A reivindicação do reajuste do auxílio-educação ficou sem resposta objetiva. O valor das bolsas está em R$ 200 e o movimento sindical quer que haja um reajuste retroativo a 2011 no mesmo percentual usado para reajuste salarial. Os executivos do banco presentes à reunião comprometeram-se a levar a demanda à direção.

Ultrapassado

A segurança bancária foi tratada também na reunião. O BMB ainda mantém equipamentos de autoatendimento que são abastecidos por uma abertura frontal. Isso expõe o bancário que faz a retirada de documentos e abastecimento de dinheiro, já que ele é obrigado a ficar no hall, em meio aos clientes e usuários. Miguel Pereira, representante da Contraf na reunião, ressaltou que o BMB é o único banco do país que ainda não adotou o modelo de caixa eletrônico com abastecimento traseiro. Os representantes do banco pediram que seja enviado mais um ofício, endereçado ao Departamento de Segurança da empresa, solicitando a mudança. Miguel orienta aos sindicatos que encaminhem às Delegacias de Segurança Pública ofícios exigindo a troca dos equipamentos do banco.

Para Marlene de Miranda, a reunião foi produtiva em razão do preparo dos sindicalistas. “A pauta foi discutida ponto a ponto antes de nos reunirmos com o banco. Foi importante também a participação do representante da Contraf, Miguel Pereira, que contribuiu com informações sobre o que acontece em outros bancos, o que amplia os conhecimentos dos membros da COE”, ressalta a dirigente.

A reunião do último dia 09 foi um desdobramento da anterior, ocorrida em novembro de 2011. No próximo encontro, marcado para 06 de março, o banco deverá apresentar as respostas às demandas colocadas pelos sindicalistas.

Participaram da reunião, além de Marlene de Miranda, pela Federação, e Miguel Pereira, da Contraf, Magaly Fagundes, da Fetraf-MG, e Sérgio Marola, do Sindicato dos Bancários de Patos de Minas.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES