Conheça os vencedores do 1º Prêmio CUT Democracia e Liberdade Sempre

Escrito por: Marize Muniz



A 1ª edição do Prêmio CUT Democracia e Liberdade Sempre já tem os vencedores. Os mais votados pelo público nas cinco primeiras categorias do prêmio foram: Maria da Penha, Rosalina Santa Cruz, Frei Beto, D. Pedro Casaldáliga e o MST.



O ex-presidente Lula foi o escolhido para ser homenageado na 6ª categoria – “Personalidade de Destaque na Luta por Democracia e Liberdade”. A escolha foi pela Executiva da CUT com a colaboração de um grupo de parceiros, que também indicou os candidatos que concorreram nas outras categorias.



A cerimônia de entrega do prêmio será realizada no dia 13 de dezembro, às 19h30, no TUCA (Teatro da Universidade Católica), em São Paulo. Os premiados receberão o troféu símbolo do prêmio, criado pelo artista plástico Elifas Andreato.



Na ocasião, também serão homenageados os blogueiros progressitas e as quatro pessoas que colaboraram com a CUT na definição dos candidatos:  Denise Fon (jornalista, anistiada política e membro do Grupo Tortura Nunca Mais), Emir Sader (sociólogo), José Dirceu (advogado, ex-deputado federal, ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente da União Estadual dos Estudantes), e Rildo Marques (diretor do Movimento Nacional de Direitos Humanos e membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana/SP).



Os mestres de cerimônia serão os atores Paulo Betti e Ester Goes. O músico Wagner Tiso fará o show de abertura do evento, que terá também a participação do Teatro Popular União e Olho Vivo.



Saiba mais sobre os vencedores do 1º Prêmio CUT Democracia e Liberdade Sempre



Categoria 1 – Personalidade de destaque na luta pela Redemocratização do Brasil:



ROSALINA DE SANTA CRUZ



Rosalina é Assistente Social e professora doutora da Faculdade de Serviço Social da PUC/SP. Feminista, atuou desde a década de 1970 no Movimento de Mulheres. Foi uma das editoras do Jornal Brasil Mulher. Foi presa política no período da ditadura militar e seu irmão, Fernando, é um dos desaparecidos políticos daquela época. Ela integrou a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Depois, engajou-se na luta pela Anistia, sendo uma das ativistas do Comitê Brasileiro pela Anistia. Participou das lutas em defesa da LOAS (Lei da Assistência Social) e do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).



Categoria 2 – Personalidade de destaque na luta por Democracia, Cidadania e Direitos Humanos:



FREI BETTO



Frei dominicano e autor de 54 livros editados no Brasil e no exterior, Frei Betto é militante de movimentos sociais pelos direitos humanos na América Latina. Foi preso político da ditadura militar. Foi assessor especial do presidente Lula e coordenador da Mobilização Social do Programa Fome Zero.  Foi coordenador da Anampos (Articulação Nacional dos Movimentos Populares e Sindicais) e participou da fundação da CUT e da Central de Movimentos Populares. Assessorou o MST, Comunidades Eclesiais de Base e Pastoral Operária do ABC, entre outras organizações.  É membro do conselho consultivo da Comissão Justiça e Paz de São Paulo.Nos últimos anos, recebeu 15 prêmios no Brasil e no exterior por sua luta incansável em prol dos Direitos Humanos.



Categoria 3 – Personalidade de destaque na luta por Democracia e Direitos dos Trabalhadores



MARIA DA PENHA



A cearense Maria da Penha é Farmacêutica e símbolo do combate à violência doméstica no Brasil. Em 1983, foi vítima de violência doméstica por parte de seu marido, que lhe desferiu um tiro nas costas enquanto dormia, deixando-a paraplégica. Lutou por justiça por quase 20 anos e, não obtendo resposta, denunciou o Brasil na Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Isso resultou na condenação internacional do nosso país.  Como decorrência de sua luta, foi criada a lei 11.340/06 – Lei Maria da Penha – de punição à violência contra a mulher, em vigor desde 2006.



Categoria 4 – Personalidade de destaque na luta por Democracia e Justiça no Campo



DOM PEDRO CASALDÁLIGA



Espanhol radicado no Brasil desde 1968, Dom Pedro Casaldáliga é bispo emérito de São Félix do Araguaia (Mato Grosso). Por sua postura em defesa dos direitos humanos, foi alvo de perseguição pela ditadura militar e recebeu inúmeras ameaças de morte, por apoiar trabalhadores rurais e a luta pela reforma agrária. O bispo também é um dos fundadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Conselho Indigenista Missionário (CIMI).



Categoria 5 – Instituição de destaque na luta por Democracia e Liberdade



MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST)



O Movimento dos Sem Terra foi criado em 1984, com o objetivo de intensificar a luta pela reforma agrária no Brasil e buscar a justiça no campo. O Movimento pretende que o país adote medidas contra a concentração fundiária, garantindo a inclusão social dos trabalhadores no campo.



Categoria 6 – Personalidade de destaque na luta por Democracia e Liberdade (escolhida pela CUT com colaboradores do Prêmio)



LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA



Referência para os movimentos sindical e social, Lula é uma das mais importantes referências para a história recente do Brasil. Líder metalúrgico, na década de 1970 esteve à frente das greves que desafiaram o regime militar no ABC paulista e que mudaram o sindicalismo no país. Fundou o Partido dos Trabalhadores e foi um dos principais articuladores para a fundação da Central Única dos Trabalhadores. Foi eleito deputado Constituinte em 1986. Elegeu-se presidente da República em 2002, cargo para o qual foi reeleito em 2006. Em seus oito anos de mandato, promoveu profundas mudanças no Brasil, conciliando o desenvolvimento econômico com o social, que tirou milhões de cidadãos da condição da miséria. Hoje Lula é referência mundial em programas sociais, como o de combate à fome e à miséria, e carrega a marca de ter sido o presidente com maior aprovação da história do país.



O Prêmio



O objetivo do Prêmio CUT é homenagear personalidades e entidades que lutaram pela redemocratização do Brasil durante a ditadura militar de 64-85 e também as que lutam para aperfeiçoar o regime democrático brasileiro, defendendo o exercício da liberdade.



A história do Prêmio



No dia 13 de dezembro do ano passado, após o retrocesso nos debates políticos da última campanha eleitoral, com ataques aos direitos individuais dos brasileiros: discriminação contra união de pessoas do mesmo sexo e aborto, só para ficar em dois temas polêmicos -, a CUT realizou o ato Democracia e Liberdade Sempre, no Rio de Janeiro.



A data é simbólica. No dia 13 de dezembro de 1968 os brasileiros foram surpreendidos com um dos maiores atentos à liberdade individual e coletiva de toda a história do País.



A junta militar que governava o país com mãos de ferro desde o golpe de 1964, suspendendo as eleições direitas para o cargo máximo da nação – a presidência da república – instituiu neste dia o Ato Institucional 5. O AI-5 deu ao general presidente da República poderes para cassar mandatos eletivos, suspender direitos políticos, demitir ou aposentar juízes e outros funcionários públicos, suspender os habeas corpus em crimes contra a segurança nacional e legislar por decreto, ampliando os instrumentos de repressão da ditadura militar. 



A mobilização popular trouxe de volta ao Brasil o espírito da liberdade, contribuindo decisivamente para a redemocratização do País. A democracia é uma ferramenta que facilita a preservação do estado de liberdade, mas a sociedade civil organizada precisa se manter alerta na defesa permanente desse direito. 



Foi com esse espírito que a CUT realizou, no ano passado, o Ato Democracia e Liberdade Sempre, e é com este espírito que a CUT decidiu realizar a cada dois anos um evento de premiação em homenagem aos brasileiros e às brasileiras que lutaram e continuam lutando em defesa da democracia.



Com este prêmio, a CUT reafirma o princípio que rege a central desde a sua criação: a luta pela democracia e liberdade sempre.
 


 

Fonte: CUT Nacional

Bradesco descumpre legislação de segurança bancária em Três Rios

O Sindicato dos Bancários de Três Rios encaminhou denúncia à Polícia Federal sobre a abertura de agências do Bradesco sem os dispositivos mínimos de segurança bancária determinados pela legislação. As unidades não têm portas giratórias e as câmeras de vigilância das unidades inauguradas – em Areal, Pati do Alferes e Sapucaia – não estão funcionando. “Encaminhamos uma reclamação à direção do banco no último dia 24 e não tivemos ainda nenhum resultado”, informa o presidente do sindicato, Nilton Damião Esperança.

Segundo o sindicato, ainda há uma agência a ser inaugurada na base nos próximos dias, em Três Rios. Embora o acesso ao público ainda não seja permitido, já que a unidade ainda não está funcionando, é possível ver, por fora, que o estabelecimento também não tem porta giratória, um dos itens obrigatórios por lei. “Só o que ouvimos do banco é que este seria o novo padrão adotado para as agências que estão sendo inauguradas. O Bradesco vem ampliando sua rede de agências e postos de atendimento pelo país, mas não tem mostrado preocupação com a segurança de seus estabelecimentos. A garantia de vida das pessoas precisa ser colocada em primeiro lugar”, ressalta Nilton Esperança.

A denúncia foi encaminhada à Delegacia da Polícia Federal de Nova Iguaçu, que abrange a base do Seeb-Três Rios no último dia 05. O Sindicato solicitou à PF que faça fiscalizações nas agências recém-inauguradas para que os agentes autuem o banco pela infração. A entidade também solicitou que dirigentes sindicais tenham permissão para acompanhar a diligência.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

:: AGENDA :: Reunião do Sistema Diretivo

O Sistema Diretivo da Federação se reúne no próximo dia 13, terça-feira, às 14h,  no auditório da entidade, para discutir a seguinte pauta: Funcionários; Assinatura de Acordo Coletivo com o Bradesco sobre Sistema Alternativo Eletrônico de Controle de Jornada de Trabalho; Inauguração de novas agências do Bradesco sem condições de plena segurança para os/as trabalhadores/as e clientes; Esclarecimentos sobre CCV da Caixa (Maggi); e informes gerais.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Rio realiza Conferência do Trabalho Decente em dezembro

Depois de adiamentos e indefinições, a Conferência Estadual do Trabalho Decente do Rio de Janeiro finalmente foi marcada para os dias 14 e 15 de dezembro. As inscrições vão até o próximo dia 12 e podem ser feitas através do envio da ficha de inscrição preenchida para um endereço de e-mail criado especialmente para este fim (veja os links para download e demais informações de serviço ao fim da matéria).

A CUT elaborou uma cartilha, intitulada “O Trabalho Decente na Estratégia da CUT” (acesse aqui) e vem orientando as estaduais a realizarem eventos para sensibilizar os sindicalistas e prepará-los para os debates nos municípios e estados. A CUT-RJ e a Federação atenderam a esta orientação e realizaram conjuntamente um seminário para capacitar os dirigentes e esclarecer detalhes sobre a estratégia cutista e a realização da conferência. O Secretário de Relações do Trabalho da CUT Nacional, Manoel Messias Melo, e a diretora da Contraf-CUT Jô Portilho fizeram as exposições.

A velha correlação de forças

O Rio de Janeiro já está em desvantagem em relação a outros estados, por não terem sido realizadas as conferências municipais, o que tornaria a estadual mais rica. A ideia era que os debates fossem nas três esferas e que, na Conferência Nacional, fossem reunidos os tópicos comuns a todo o país e as especificidades de cada estado. Mas o governo do Estado não definiu o calendário a tempo, impossibilitando a convocação das conferências pelas prefeituras e todos os debates terão apenas dois dias para acontecer – e ainda há a todo o processo para a eleição de delegados. “O esforço agora é para que possamos construir, durante o evento estadual, uma Agenda que contenha as especificidades do Rio de Janeiro”, ressalta Manoel Messias Melo.

A disputa política nas conferências vai refletir o quadro atual das relações patrão-empregado no mundo todo. “A Agenda do Trabalho Decente é baseada na Declaração dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, adotada em 1998 pela Organização Internacional do Trabalho. Esta Declaração reúne as principais convenções da OIT que garantem dignidade ao trabalhador. O objetivo da Agenda é fazer frente à ameaça neoliberal de flexibilizar as leis trabalhistas”, esclarece Messias. O dirigente ressalta que a elaboração de uma Agenda que reúna compromissos definidos sob o regime tripartite – com representação equitativa do governo, trabalhadores e empresários – pode ajudar no combate às tentativas de precarização que estão em curso no Brasil. “O Congresso Nacional é hoje uma fábrica de maldades. Toda semana há votações ou para aprovar projetos nocivos aos trabalhadores, ou para derrubar aqueles que são favoráveis”, resume Messias. O movimento cutista entende que, se os compromissos da Agenda forem assumidos pelos três entes, os trabalhadores terão mais poder de cobrança sobre os outros dois, já que todos concordaram com o texto. Os sindicalistas têm expectativa de que, com as conferências, vai ser possível construir um documento que proteja os direitos já conquistados e ainda possa avançar em alguns pontos.

A Agenda, as Conferências e a CUT

A escolha do termo “decente” para tratar de garantias trabalhistas não é a mais acertada para a língua portuguesa. Embora o sentido da palavra em Inglês seja bem compreendido, em Português a noção de decência costuma ser associada à de pudor. Na língua inglesa, a idéia de trabalho decente tem relação com o trabalho digno. “A vantagem é que o termo ajuda a constranger os opositores. É difícil assumir publicamente uma posição contrária a algo que é definido como decente”, avalia Jô Portilho. A definição adotada pela CUT, com base nas convenções, na Declaração dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho e na Agenda da OIT é de que se considera decente todo trabalho “que é adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, capaz de garantir uma vida digna a quem o exerce”. O conceito parece óbvio para quem lida com a questão do trabalho, mas é necessário para explicitar o que é inegociável, aquilo de que a classe trabalhadora não pode abrir mão na negociação com os patrões.

A Cartilha elaborada pela Central tem origem na Plataforma da CUT para as Eleições 2010, que foi entregue à então candidata Dilma Roussef e a candidatos ao governo de vários estados. Sérgio Cabral, governador reeleito do RJ, recebeu a publicação das mãos de Artur Henrique, presidente da CUT, em cerimônia realizada no auditório do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro (saiba mais). A CUT elegeu como pontos fundamentais do tema o combate à precarização, com resgate do valor social do trabalho, e a democratização das relações de trabalho. “As políticas de emprego têm que estar no cerne da política de governo e é isso que a CUT pretendia com a Plataforma”, esclarece Messias. A realização da Conferência Nacional e das estaduais, regionais e municipais que a precedem faz parte do esforço para se construir uma política de emprego. “A construção da Agenda através das conferências fortalece os trabalhadores na correlação de forças em razão do tripartismo”, conclui o dirigente.

Briga dura

Mas a decisão conjunta não é somente positiva. “A OIT tem fomentado o tripartismo e a negociação coletiva, mas isso não é suficiente. É preciso que haja leis para garantir direitos trabalhistas. Mesmo que o organismo internacional coloque o emprego no cerne da discussão para a superação da crise para evitar retrocessos maiores, já vemos tentativas de flexibilização”, destaca o Secretário de Relações do Trabalho da CUT. Messias cita o caso da Europa onde, apesar de muitos países terem ratificado a maioria das convenções da OIT, já se fala em rever alguns pontos. Segundo o dirigente, mesmo entre as nações que assinaram a convenção que limita a jornada semanal em 40 horas, a maioria já tem previsão de jornada flexível. Além disso, a maioria dos países europeus está mudando seus padrões de securidade social, o que vai causar impacto nas aposentadorias. Messias ressalta, ainda, que, no Brasil, apostar somente na negociação coletiva sem um esforço por ampliação dos direitos pela via legislativa é arriscado justamente em razão da correlação de forças. “Nós sabemos que o governo e o parlamento têm lado. Por isso precisamos atuar para garantir uma legislação favorável aos trabalhadores”, conclui o sindicalista.

A Conferência Nacional acontece em maio de 2012 e será a primeira, podendo haver muitas outras e é possível que, ao final, já se defina a realização das seguintes. Isso significa que, por mais difícil que seja garantir avanços para os trabalhadores, ainda haverá espaço para avançar mais nas edições seguintes. “A Agenda pode ser uma barreira aos retrocessos obtidos no Congresso pelo lobby dos empresários”, destaca Manoel Messias. Por isso é importante que, nesta primeira e nas conferências seguintes, os dirigentes estejam preparados para os debates, que prometem ser duros. “A CUT elaborou material para subsidiar a atuação dos sindicalistas. Mas “do lado de lá” eles também estão se preparando. Agora é preciso que façamos nosso “dever de casa” para que possamos defender os interesses da classe trabalhadora”, conclui Jô Portilho.

Veja aqui a programação da Conferência do Trabalho Decente do Rio de Janeiro

Acesse aqui a ficha de inscrição


 


O e-mail para envio ficha de inscrição preenchida é: [email protected].

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Chefes abusivos prejudicam a vida familiar de seus subordinados

Ana Cláudia Xavier

Chefes abusivos complicam não apenas a vida profissional, mas também a vida pessoal de empregados. Uma nova pesquisa aponta que trabalhar com uma pessoa que apresenta esse comportamento pode causar tanto estresse a ponto de prejudicar o relacionamento familiar dos colegas.

Supervisores que são rudes, publicamente críticos e que frequentemente ignoram o bem estar de seus subordinados fazem com que seja mais difícil para esses empregados terem interações positivas com colegas de trabalho ou membros da família.

A pesquisadora Dawn Carlson, da Universidade Baylor (EUA), explica que “essas descobertas têm implicações importantes para organizações e seus gerentes. A evidência realça a necessidade de que organizações mandem uma mensagem clara para aqueles em posições de supervisão (alertando que) esses comportamentos hostis e danosos não serão tolerados”.

Fonte: Blog de Boa Saúde – boasaude.uol.com.br

BMB negocia, mas conversa não anda

A reunião que aconteceu no último dia 25 entre a direção do BMB e os dirigentes sindicais foi uma novidade, já que o banco dificilmente atendia às solicitações de negociação. Mas a reunião foi pouco produtiva. A notícia boa é que um novo encontro foi marcado para a primeira quinzena de fevereiro. A expectativa dos sindicalistas é de que algumas das demandas apresentadas sejam respondidas neste encontro.

Uma das situações apresentadas pelos sindicalistas diz respeito ao desconto da co-participação do plano de saúde. Bancários de várias bases estão relatando que está sendo feita de uma só vez a cobrança de vários procedimentos, espalhados por muitos meses. Isso faz com que o montante descontado seja muito alto, comprometendo o orçamento doméstico do bancário no mês em que é feito o desconto. O banco alegou que o problema é a demora no repasse da despesa pelos hospitais. Os sindicalistas apresentaram uma proposta de que o montante descontado em cada mês a título de co-participação não passe de 5 % do salário. Caso os valores sejam superiores, que o desconto seja feito em parcelas que não excedam este limite.

Os representantes dos trabalhadores reivindicaram também que o cônjuge e os agregados sejam incluídos no plano de saúde sem custo para o funcionário. O banco já adiantou que isto implicaria em aumento do custo e que atender a este pleito seria inviável.

Sobre o plano odontológico, o banco lavou as mãos. Bancários de várias bases vêm reclamando que os profissionais estão se recusando a realizar alguns procedimentos que são cobertos pelo convênio. Mas a direção do BMB informou que não tem como resolver o problema se limitou receber denúncias e enviá-las à ANS.

Ainda foi discutida a contratação do programa próprio de remuneração variável, que o banco negou. Nos últimos anos, o que tem acontecido é que o banco apresenta a proposta com prazo curto para aprovação, o que impede que os termos sejam negociados. Os bancários apenas têm tempo de realizar assembleias para aprovação. Foi reivindicado que a empresa disponibilize um profissional para apresentar detalhadamente a proposta e esclarecer as dúvidas dos bancários. O banco ficou de apresentar o novo modelo e responder às reivindicações dos trabalhadores na próxima reunião, em fevereiro.

Segurança e contato

Outro problema apresentado pelos sindicalistas foi o abastecimento de numerário dos guichês de autoatendimento. As máquinas do banco são abastecidas pela parte da frente, o que deixa o funcionário vulnerável, já que todo o público que está no hall eletrônico pode vê-lo. Os trabalhadores querem que estes equipamentos sejam substituídos por outros, que sejam abastecidos pela parte de trás.

Veio da base da Federação a denúncia de que o banco está impedindo os bancários de atenderem a ligações telefônicas particulares. Uma central telefônica localizada em Belo Horizonte, sede do banco, atende aos telefonemas feitos para as agências e não transfere aos bancários. O diretor da Federação Edilson Cerqueira, que representou a entidade na reunião, recebeu e comprovou as denúncias. “Eu ouvi a reclamação de vários colegas e um dia, liguei de dentro da agência, pelo celular, e pedi para falar com o funcionário que estava à minha frente. A telefonista perguntou se podia ajudar e, quando eu disse que era só com o trabalhador, ela disse que não podia transferir a ligação para não atrapalhar o trabalho”, relata o dirigente. No entender de Edilson, este impedimento é muito ruim e pode até gerar problemas pessoais graves. Como há uma lei que proíbe o uso de celulares nas dependências bancárias, ninguém pode se comunicar com um bancário que estiver na agência. “Imagina se um funcionário precisar ser informado de um problema com seus filhos, por exemplo?”, pondera Edilson. O banco informou que há, sim, um sistema de atendimento de ligações para facilitar o serviço ao público, mas que a orientação não é esta, e ficou de averiguar.

Vale e PCS

Os sindicalistas denunciaram que tem havido cobranças a maior no desconto do vale-transporte de muitos funcionários e pediu uma solução ao banco. Os representantes da empresa não se mostraram interessados em buscar uma forma negociada de resolver o problema e disseram que todas as pendências serão resolvidas na Justiça Trabalhistas. “A orientação é que os sindicatos ajuízem ações coletivas contra o banco para reivindicar a devolução dos valores cobrados a maior”, recomenda Edilson Cerqueira.

Quanto ao encarreiramento na empresa, a direção adiantou que não tem interesse em definir um PCS. O banco argumenta que somente bancos públicos dispõem deste tipo de plano e que utiliza um programa datado de 1999. “Mas ninguém conhece este PCS e pedimos que o banco apresente os documentos na próxima reunião”, relata Edilson Cerqueira. Quanto à contratação de mais funcionários, outra demanda apresentada pelos sindicalistas, o banco já adiantou que as contratações dependem de demanda das agências.

Para Edilson Cerqueira, a reunião foi uma boa notícia por reabrir o canal de diálogo. “Mesmo não tendo ouvido respostas satisfatórias, saímos do encontro parcialmente satisfeitos, não só porque o banco finalmente concordou em sentar-se à mesa para negociar, mas também porque já temos um novo encontro pré-agendado”, avalia o sindicalista.

Além de Edilson, o diretor do Seeb Campos Paulo Robson também representou a base da Federação na reunião.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

1º Fórum sobre Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro assume compromisso de combate ao racismo

O 1º Fórum Nacional: A invisibilidade Negra no Sistema Financeiro terminou nesta terça-feira (29), em Salvador, com a aprovação de uma carta compromisso reunindo objetivos e ações a serem implementadas pelas entidades sindicais no combate à discriminação de negros e negras nos bancos.

A mesa final do evento foi presidida por Deise Recoaro, secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, e contou com a participação de Júlia Nogueira, secretária de Combate ao Racismo da CUT, e Valmira Luiza, secretária de Combate ao Racismo da CTB. Também estiveram presentes o secretário-geral e o secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Marcel Barros e Miguel Pereira, respectivamente.

“Essa carta não pretende trazer constrangimentos às entidades sindicais, ao contrário. É uma forma de estímulo à reflexão sobre o tema para as entidades que não tiveram a oportunidade de presenciar as discussões do Fórum, que foram bastante ricas. Esperamos intensificar as ações em todas as entidades na luta contra o racismo”, afirma Deise.

A secretária de Combate ao Racismo da CUT elogiou o evento. “Quando reunimos trabalhadores de um setor para debater a discriminação de forma responsável, com números e pesquisas, isso dá subsídios para formular políticas sobre o tema. Chega de ficar falando sem ter ações concretas”, defende Júlia Nogueira.

O evento foi integralmente transmitido ao vivo pelo site da Contraf-CUT, graças à parceria com o Sindicato dos Bancários de Brasília.

Veja abaixo a íntegra da carta compromisso:

CARTA COMPROMISSO

1º Fórum Nacional: A Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro

A categoria bancária tem um compromisso de longa data no combate às discriminações de qualquer espécie por entender que esta prática não é benéfica para a classe trabalhadora independentemente do sexo, da cor da pele, da orientação sexual, de ter ou não uma deficiência e independentemente da idade. Está provado ao longo da história que as discriminações favorecem apenas aqueles que detêm o capital, aqueles que concentram as riquezas, aqueles que querem segregar os trabalhadores e trabalhadoras.

Considerando também o acúmulo e patamar que alcançamos com a temática de combate ao racismo na categoria, entendemos que este processo não tem mais volta, ou seja, que os bancos, denunciados pelo movimento sindical e pressionados pelos movimentos sociais, terão que abrir suas portas para uma parcela importante da população eles querendo ou não.

Acreditamos que para que a classe trabalhadora possa viver uma democracia plena é necessário que todos e todas possam exercer cidadania e que entre nós não haja trabalhadores de segunda ou terceira classe. Para que os sindicatos sejam verdadeiramente representativos dos anseios de classe, devemos intensificar as ações em curso neste país através das ações afirmativas. Orientamos e assumimos publicamente o compromisso com as seguintes ações e orientações:

– Promover formação sindical sobre a questão racial;


– Realizar atos e manifestações com material específico sobre a temática em datas comemorativas;


– Criar coletivos temáticos nas entidades e assim fortalecer a Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) através das representações;


– Ampliar parcerias com os movimentos sociais;


– Fazer a verificação da inserção da população negra nos locais de trabalho, tanto na admissão como na carreira, através de pesquisa ou outras formas de verificação;


– Dar também visibilidade aos/as dirigentes afrodescentes nos materiais sindicais, a fim de criar uma identificação com os bancários na base;


– Pautar na mesa temática de igualdade de oportunidades as ações afirmativas que visem ampliar a contratação de negros, negras e indígenas;


– Propor audiências públicas junto aos parlamentares sobre a temática e as situações que perpassam a questão da discriminação;


– Fazer uma articulação com a agenda das centrais;


– Promover qualificação profissional nos termos das certificações focada na população negra;


– Participar ativamente das ações governamentais através dos protocolos de intenções com a SEPPIR, SPM e MEC;


– Garantir a transversalidade de gênero, raça, orientação sexual e pessoa com deficiência na elaboração da minuta e na mesa de negociação;


– Desenvolver campanhas pela efetivação das Convenções 100 e 111 da OIT;


– Manifestamos nossa posição contrária à fusão da SEPPIR, SPM e Secretaria Nacional da Juventude em um único Ministério porque isso retira o protagonismo e a visibilidade para as mulheres, os negros e os jovens;


– Defendemos a regulamentação do Estatuto da Igualdade Racial para dar sequência ao processo virtuoso de promoção de igualdade de oportunidades iniciado nos últimos anos.

Salvador (Bahia), 29 de novembro de 2011.

Fonte: Contraf-CUT

Sindicalistas do Itaú, Santander, HSBC e BBVA se reúnem no Chile

Acontece nos dias 05, 06 e 07 de dezembro na capital do Chile, Santiago, a 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais. O evento reúne os dirigentes sindicais de quatro bancos internacionais com atuação no continente Americano – Itaú, Santander, HSBC e BBVA. O encontro é promovido pela Uni América Finanças e pelo Comitê de Finanças da CCSCS – Coordenadora das Centrais Sindicais do Cone Sul.

O objetivo é fortalecer a organização dos trabalhadores das Américas para contribuir com a luta pela construção de acordos-marco globais, ou seja, acordos coletivos que sejam adotados pelos bancos internacionais em todos os países do mundo onde atuem. O BB já assinou um acordo-marco com a Uni América Finanças e a Contraf-CUT, em junho deste ano, garantindo direitos iguais a todos os funcionários da instituição no continente americano.

Dos quatro bancos cujos dirigentes se reúnem, somente o BBVA não atua no Brasil – entrou em 1998, comprando o Excel Econômico e saiu em 2003, vendendo seus ativos para o Bradesco. Mas o banco é forte nos países de língua espanhola e já é o segundo maior da Espanha, atrás apenas do Santander. Os demais estão se fortalecendo cada vez mais no continente, inclusive o brasileiro Itaú.

Integrantes das COEs e da Contraf-CUT representam o Brasil e a Federação também vai enviar dirigentes.

Programação:

5 de dezembro: segunda-feira

Noite:


Plenária com os representantes de todos os bancos (os participantes devem chegar na maioria no período da manhã e tarde do dia 5).

– Abertura da 7ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais;
– Avaliação das atividades das Redes.

6 de dezembro: terça-feira

Manhã:


Plenária em que os representantes dos bancos discutirão:

– Visão do governo chileno sobre o Sistema Financeiro;
– Visão dos bancos sobre o Sistema Financeiro;

Tarde:


Continuidade da plenária em que os representantes de todos os bancos discutirão:

– Visão dos trabalhadores sobre o Sistema Financeiro e a elaboração de um documento.


 


7 de dezembro: quarta-feira

Manhã:


– Plenária com os representantes de todos os bancos para orientações das Redes;
– Reunião por bancos: Santander, BBVA, HSBC e Itaú.

Tarde:


– Reunião por banco: Santander, BBVA, HSBC e Itaú;
– Plenária geral com apresentação de propostas, avaliação e encerramento das atividades.

Fonte: Da Redação – FEEB-RJ/ES

Contraf-CUT participará de debates com Seppir sobre protocolo com Febraban

O combate à discriminação de negros e negras deve se tornar prioridade do movimento sindical e eixo de desenvolvimento nacional. Essas algumas conclusões da mesa “A experiência da categoria bancária no combate à discriminação”, ocorrida na manhã desta terça-feira (29), no 1º Fórum Nacional: A Invisibilidade Negra no Sistema Financeiro, em Salvador.

O debate reuniu o presidente da Contraf-CUT, Carlos Cordeiro, e a diretora de Programas da Secretaria de Políticas de Ações Afirmativas (SPAA) e da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Ângela Nascimento, que assumiu o compromisso de incluir o movimento sindical bancário nas discussões do protocolo de intenções entre governo e Febraban.

O painel contou ainda com a apresentação de Bárbara Vallejo, da subseção do Dieese na Contraf-CUT, que trouxe dados de diversas pesquisas realizadas sobre a situação dos negros e negras no sistema financeiro.

Lucros, rotatividade e discriminação nos bancos

Carlos Cordeiro chamou a atenção para o papel dos dirigentes sindicais frente aos desafios da exclusão e da discriminação racial. “Fizemos opção de sermos dirigentes, estamos à frente de nossas entidades e cabe a nós, brancos, negros e pardos, termos ação forte para modificar essa realidade”, declarou. “O Brasil está crescendo economicamente e será em breve a 5ª economia do mundo, mas continua entre os dez piores em termos de distribuição de renda. Isso é uma prova da exclusão, que atinge principalmente o negro e mais ainda a mulher negra”, denunciou.

O presidente da Contraf-CUT destacou os lucros do sistema financeiro, que têm rentabilidade de até 25 % sobre o patrimônio. “Isso quer dizer que a cada 3 ou 4 anos, o banco dobra de tamanho. Mas temos piso baixo, alta rotatividade e discriminação”, afirmou.

Outro ponto é a diferença de tratamento dos bancos entre os funcionários de cada país. “O lucro mundial do Santander veio 45 % das Américas, sendo 25 % do Brasil. Mesmo assim, o banco continua demitindo, paga baixos salários. Enquanto isso, na Espanha, o piso salarial é muito maior e não tem rotatividade. O Itaú comprou bancos no Chile, Argentina, Uruguai e pratica nestes países pisos maiores e lá também não tem rotatividade – que aqui atinge principalmente os negros”, comparou.

O dirigente sindical lembrou que uma alegação dos bancos para justificar a ausência de negros nos bancos caiu por terra: a grande diferença educacional. “Os bancos sempre usaram esse argumento, e antes isso era verdade. Mas os dados do Mapa da Diversidade mostram que hoje negros e brancos têm o mesmo grau de instrução. Mas o sistema financeiro continua discriminando e não tem ações para mudar isso. E aí entendemos por que a Febraban, mesmo convidada, não está aqui nesta mesa hoje”, criticou. “O sistema financeiro que temos hoje gera discriminação e sabemos hoje que essa discriminação tem rosto: ele é negro e feminino”, completou.

Desenvolvimento com inclusão social e sem discriminação

Para ele, isso é uma demonstração de que o Brasil tem muito que avançar e os dirigentes sindicais têm o desafio de se tornarem referência dos trabalhadores. “Temos que transformar o debate hoje colocado do crescimento econômico e pautar o desenvolvimento com inclusão social e sem discriminação. Não podemos terceirizar esse papel”, afirmou.

“No tema da reforma tributária, por exemplo, a referência dos trabalhadores são os empresários, que colocam lá o impostômetro. E temos dificuldade para entrar nesse debate que é fundamental, pois discute o tamanho do Estado, de quem arrecada e com quem gasta. Se não entrarmos nesse debate não vamos sair do lugar.”

Outro ponto fundamental para o presidente da Contraf-CUT é a reforma política. “Os negros são 51 % da população e apenas 5 % do Congresso Nacional. Se não levarmos isso em consideração, o trabalho que estamos fazendo aqui pode não significar nada, se chegarmos ao Congresso e perdermos.”

Carlos Cordeiro propôs uma autocrítica do movimento sindical, que não coloca o tema como prioridade. “Estamos abrindo espaços importantíssimos como este, mas não priorizamos esse tema. Temos que fortalecer, e muito, a ação sindical, colocando o tema como prioridade nos sindicatos e federações, fortalecendo a Comissão de Gênero, Raça e Orientação Sexual (CGROS) em todas as entidades e fazer um planejamento focado no tema racial. Temos a radiografia do sistema e vamos agora ver o tamanho das nossas pernas e até onde a gente pode ir. Tenho certeza de que podemos ir mais longe do que fomos até hoje”, avaliou.

Protocolo com a Febraban

A representante da SPAA/Seppir, Ângela Nascimento, falou sobre as discussões entre a Secretaria e a Febraban para o estabelecimento de um compromisso para o combate à discriminação no setor financeiro. Segundo ela, a Seppir está revendo compromissos de diversos setores assumidos com o governo à luz do Estatuto da Igualdade Racial, inclusive o protocolo com a Febraban.

“Quando vemos os percentuais de invisibilidade da mulher negra no sistema financeiro, evidenciados pelo Mapa da Diversidade, e comparamos com o crescimento de mulheres chefiando famílias na população brasileira, que atingiu 36,5 % , e no caso das mulheres negras, que são famílias que aglutinam o maior numero de crianças e adolescentes, é grande a preocupação e interesse da Seppir em reverter essa situação nos bancos”, afirmou.

Cobrada pelos dirigentes sindicais, a representante do governo afirmou que irá incluir a Contraf-CUT nas discussões das ações a serem tomadas pelos bancos, que deverão recomeçar no início de 2012. Ela destacou que, entre as medidas propostas pela Seppir, está a divulgação de indicadores com pesquisas a cada dois anos, garantindo um conjunto de dados que permita o acompanhamento das políticas adotadas.

“É de nosso interesse que ação seja articulada com os trabalhadores. É a realidade dos trabalhadores negros e negras que tem permitido que o governo e a sociedade assumam outra pauta. Nosso compromisso é deixar de ver a questão racial como questão dos negros e passar a trata-la como eixo do desenvolvimento nacional. Ela não é uma particularidade, mas um elemento que constitui as relações de poder, socioeconômicas e o próprio acesso à vida”, completou.

Fonte: Contraf-CUT

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Dimensão Holística da Ética

Frei Betto


 


Sócrates foi condenado à morte por heresia, como Jesus. Acusaram-no de pregar novos deuses aos jovens. Tal iluminação não lhe abriu os olhos diante do céu, e sim da Terra. Percebeu não poder deduzir do Olimpo uma ética para os humanos. Os deuses do Olimpo podiam explicar a origem das coisas, mas não ditar normas de conduta.

A mitologia, repleta de exemplos nada edificantes, obrigou os gregos a buscar na razão os princípios normativos de nossa boa convivência social. A promiscuidade reinante no Olimpo, objeto de crença, não convinha traduzir-se em atitudes; assim, a razão conquistou autonomia frente à religião. Em busca de valores capazes de normatizar a convivência humana, Sócrates apontou a nossa caixa de Pandora: a razão.


 


Se a moral não decorre dos deuses, então somos nós, seres racionais, que devemos erigi-la. Em Antígona, peça de Sófocles, em nome de razões de Estado, Creonte proibiu Antígona de sepultar seu irmão Polinice. Ela se recusou a obedecer “leis não escritas imutáveis, que não datam de hoje nem de ontem, que ninguém sabe quando apareceram”. Foi a afirmação da consciência sobre a lei, da cidadania sobre o Estado.


 


Para Sócrates, a ética exige normas constantes e imutáveis. Não pode ficar na dependência da diversidade de opiniões. Platão trouxe luzes ensinando-nos a discernir realidade e ilusão.  Em República, lembrou que para Trasímaco a ética de uma sociedade reflete os interesses de quem ali detém o poder. Conceito retomado por Marx e aplicado à ideologia.


 


O que é o poder? É o direito concedido a um indivíduo ou conquistado por um partido ou classe social de impor a sua vontade aos demais.


 


Aristóteles nos arrancou do solipsismo ao associar felicidade e política. Mais tarde, Santo Tomás de Aquino, inspirado em Aristóteles, nos deu as primícias de uma ética política, priorizando o bem comum e valorizando a soberania popular e a consciência individual como reduto indevassável.


 


Maquiavel, na contramão, destituiu a política de toda ética, reduzindo-a ao mero jogo de poder, onde os fins justificam os meios.


 


Para Kant, a grandeza do ser humano não reside na técnica, em subjugar a natureza, e sim na ética, na capacidade de se autodeterminar a partir da própria liberdade. Há em nós um senso inato do dever e não deixamos de fazer algo por ser pecado, e sim por ser injusto. E nossa ética individual deve se complementar pela ética social, já que não somos um rebanho de indivíduos, mas uma sociedade que exige, à boa convivência, normas e leis e, sobretudo, cooperação de uns com os outros.


 


Hegel e Marx acentuaram que a nossa liberdade é sempre condicionada, relacional, pois consiste numa construção de comunhões, com a natureza e os nossos semelhantes. Porém, a injustiça torna alguns dessemelhantes.


 


Nas águas da ética judaico-cristã, Marx ressaltou a irredutível dignidade de cada ser humano e, portanto, o direito à igualdade de oportunidades. Em outras palavras, somos tanto mais livres quanto mais construímos instituições que promovam a felicidade de todos.


 


A filosofia moderna fez uma distinção aparentemente avançada e que, de fato, abriu novo campo de tensão ao frisar que, respeitada a lei, cada um é dono de seu nariz. A privacidade como reino da liberdade total. O problema desse enunciado é que desloca a ética da responsabilidade social (cada um deve preocupar-se com todos) para os direitos individuais (cada um que cuide de si).


 


Essa distinção ameaça a ética de ceder ao subjetivismo egocêntrico. Tenho direitos, prescritos numa Declaração Universal, mas e os deveres? Que obrigações tenho para com a sociedade em que vivo? O que tenho a ver com o faminto, o excluído e o meio ambiente?


 


Daí a importância do conceito de cidadania. Os indivíduos são diferentes e numa sociedade desigual são tratados segundo sua importância na escala social. Já o cidadão, pobre ou rico, é um ser dotado de direitos invioláveis, e está sujeito à lei como todos os demais.


 


O capitalismo associa liberdade ao dinheiro, ou seja, ao consumo. A pessoa se sente livre enquanto satisfaz seus desejos de consumo e, através da técnica e da ciência, domina a natureza. A visão analítica não se pergunta pelo significado desse consumismo e pelo sentido desse domínio.


 


Agora, a humanidade desperta para os efeitos nefastos de seu modo de subjugar a natureza: o aquecimento global faz soar o alarme de um novo dilúvio que, desta vez, não virá pelas águas, e sim pelo fogo, sem chances de uma nova Arca de Noé.


 


A recente consciência ecológica nos amplia a noção de ethos. A  casa é todo o Universo. Lembrem-se: não falamos de Pluriverso, mas de Universo. Há uma íntima relação entre todos os seres visíveis e invisíveis, do macro ao micro, das partículas elementares aos vulcões. Tudo nos diz respeito e toda a natureza possui a sua racionalidade imanente.


 


Segundo Teilhard de Chardin, o princípio da ética é o respeito a todo o criado para que desperte suas potencialidades. Assim, faz sentido falar agora da dimensão holística da ética.


 


O ponto de partida da ética foi assinalado por Sócrates: a polis, a cidade. A vida é sempre processo pessoal e social. Porém, a ótica neoliberal diz que cada um deve se contentar com o seu mundinho.


 


Mas fica a pergunta de Walter Benjamin: o que dizer a milhões de vítimas de nosso egoísmo?


 


Frei Betto é escritor, autor  de “Sinfonia universal – a cosmovisão de Teilhard de Chardin”  (Vozes), entre outros livros. http://www.freibetto.org/>    twitter:@freibetto.


 



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Fonte: Frei Betto